Voz (a alguns) dos "pequenos"

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Infelizmente, não tenho muito tempo para acompanhar o percurso sempre esquecido (e pouco divulgado) dos “pequenos” partidos. Mas, como eu sou por todos os “pequenos”, a informação vem ter comigo. Por outras fontes que não os media, soube da agressão verbal ao líder do MMS. Pesquisei, pesquisei, pesquisei e encontrei aqui na net (finalmente) que “O presidente do Movimento Mérito e Sociedade (MMS) apresentou esta terça-feira queixa-crime na PSP de Portimão contra um cidadão inglês que o empurrou e que chamava os portugueses de «fascistas, idiotas e corruptos», informa a Lusa. O episódio aconteceu durante uma acção de campanha do MMS em Portimão, tendo a comitiva sido abordada pelo cidadão inglês, que segundo o líder do MMS, Eduardo Correia, será dono de uma loja de tatuagens. O líder do MMS explicou ainda que foi apresentada de imediato, na PSP de Portimão, uma «queixa-crime por tentativa de agressão e por maus-tratos verbais a toda a campanha e aos portugueses em geral». Nada de grave. É um partido “pequeno” portanto também deve ser um acontecimento “pequeno”. Olha se fosse com o Vital “Cabelo de Aço” Moreira…

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Adiante! Segundo o profiler aventado pelo José Freitas e pelo João Paulo eu votaria no Movimento Partido da Terra. É normal. É um partido pequeno com vertente ecológica e humanista. Um partido pequeno nos números, assim como já o foi, esse antigo, esquecido e pequeno PSR. Dei uma vista de olhos e descobri que o MPT (segundo o próprio site) foi o primeiro partido com site em Portugal, já no longínquo ano de 1993. Confirmei no Wayback Machine e só têm registos desde 2000. Mas é bem provável que seja assim, pois eu ainda me lembro da internet em Portugal em 1995 e era a “preto e branco”.

Estes dois “pequenos” partidos políticos lembram-me de certa forma um artigo publicado no (excelente) livro “Marketing Político”, da autora Margarida Ruas dos Santos de 1996. Lembram-me que, antes de mais nada, classificar como “pequenos” pode ser injurioso e injusto. Deve ser por isso que, sempre que aparecem mencionados como pequenos, estão “entre aspas”. São, mas não “são”. Ou não deveriam ser. Ou então, só são “pequenos”, não por falta de apresentarem alternativas credíveis bem fundamentadas e serem naturalmente partidos políticos “normais”, mas porque não têm as ferramentas e poder de comunicação em massa para difundirem melhor a sua mensagem. Se calhar é isso mesmo que define um partido “pequeno” do partido “normal”: o poder do marketing e a força dos números. Resta saber qual a influência do marketing no acumular da força dos números. O artigo sobre marketing político é do político e economista Francisco Louçã.

Políticas sem máscaras

Pois claro que o marketing vai dominando a política – e, a propósito, também a literatura, de modo a que os autores como os candidatos se promovem com métodos que roubam o exclusivo aos automóveis de luxo ou às margarinas. Talvez assim tenha sido desde sempre, quando Kennedy enfrentou Nixon num debate de televisão e lhe mentiu acerca da invasão de Cuba, ou quando Miterrand perguntou a Giscard d’Estaing qual o preço do bilhete de metro em Paris. Ou quando Pilatos lavou as mãos, ou quando o pão e circo bastavam, ou quando se canta um hino nacional de convocação em defesa de um império colonial ameaçado pelos ingleses no século XIX, ainda agora e em nome de uma república que já não tem vergonha de nada.
Tudo isto é marketing: linguagem de símbolos, floresta de enganos, técnica de persuasão, imitação das regras de mercado que definem o ritmo dos mundos.
Do outro lado, está o desafio mais exigente, fazer uma política de comunicação oposta ao marketing porque é intransigente conta a mistificação ou até à simplificação. Uma política de apresentação contra uma política que se reduz à representação. Correndo até ao risco de isso parecer outro marketing, mas sabotando-o com a mais intransigente das violências: a que não permite facilidades nem reduz a comunicação à forma ou o defeito aos seus métodos. Compreendam portanto porque é que me oponho e desconfio solenemente de todo o argumento que escolhe a política em nome do marketing.”

Comments

  1. Luis Moreira says:

    Isac, o curioso da notícia é que o Eduardo Correia ,presidente do MMS, tem ascendentes Escoceses!

  2. isac says:

    Vá lá. Ao menos consegui perceber porque foi insultado por um inglês.

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