No meu post “onde escreves os teus posts” a Carla, fina e sensível como só as mulheres sabem ser, descobriu-me “os pecados que não revelo escondidos atrás dos livros”.
Sempre vi os livros como biombos onde encontramos e depois escondemos o que demais íntimo podemos ter e que só partilhamos com quem é de absoluta confiança. Quem nos dá tudo e não pede nada em troca!
O conforto no desassossego, a compreensão na culpa, a partilha na angústia.
Num livro fabuloso, a que sempre regresso, “O velho e o Mar” de Hemingway, está lá tudo o que nos ajuda a viver, a suportar, o que está para além da nossa essência.
Numa frase do Virgilio Ferreira, encontrei “O desejo é a sua ausência”, o que me ajudou a encarar a vida sem dramatismo, numa fase da minha vida tumultuosa e em que não cabia no mundo que conhecia.
No outro dia encontrei um amigo silencioso e amável, “A culpa” (ele até me vai perdoar por eu não me lembrar do seu autor ).
Sussurou-me: “que a perfeição não mate a tolerância”, na verdade sem sentido, inútil, que usamos para humilhar, para vencer a qualquer custo.
Os livros protegem a alma dos que querem encontrar razões para a vida imperfeita a que estamos todos condenados, biombos de emoções que não nos julgávamos capazes de experimentar, fugas a prisões a que não somos capazes de resistir.
E os mais afortunados encontram nos livros a vida que não conseguiram viver, os sonhos que não realizaram, a beleza que as circunstâncias, que não escolheram, lhes negaram!
Só temos que estar atentos, respirar, amar o que nos rodeia.
Como a Carla fazia com o seu banquinho…
Também ontem, o guião da exposição “Olhares sobre os caminhos de ferro” terminava assim : «Agora antes de sair e prometendo voltar… passe pela Cancela de Passagem de Nível e aprecie as maquetas e a exposição temporária. Por fim, descanse um pouco num estafado Banco de Estação… »O velho e usado banco de estação lá estava, sem cordões à volta como costuma haver nos museus, era mesmo um convite real ao descanso… e esperar pela visita guiada à rotunda de locomotivas.
QUE DUPLA AQUI TEMOS!! NEM A ALQAIDA
Ah, Luís, pedem sim, os livros pedem bons leitores e só se oferecem a esses, como é o teu caso