Há dias em Espanha dei com um grande painel sobre a fachada da “Confedaration Intersindical Galega”, que dizia: “Solidariedade con Palestina. Deixadeos vivir en paz”. Isso levou-me a deixar aqui o poema:
Palestina
Não há sol nos céus da Palestina
não há luz nos olhos da Palestina.
Roubaram o sorriso à Palestina!
São de sangue as gotas de orvalho da madrugada
e o vento só é vento quando as balas assobiam.
Roubaram as manhãs à Palestina!
O céu de chumbo esmaga as almas e os ossos
e é de lágrimas a chuva quando cai.
Não há sol nos céus da Palestina!
Do ventre da lua cheia – cheia de aço e de amargura –
nasce a cada hora
um menino com bombas à cintura.
Mataram a infância na Palestina!
Rasgam as mães os seios com arroubos de ternura
para alimentar a raiva
– por cada filho que perdem outro nasce da sepultura -.
Semearam a dor na Palestina!
Nas casas esventradas
rompem por entre as pedras leitos de sofrimento
onde à noite se acoitam os amantes
queimando a dor na paixão de um momento.
Fizeram em pedaços o amor na Palestina!
Cada instante é uma vida na vida da Palestina
cada momento uma taça de vingança clandestina
cada gesto um vulcão de raiva que nem a morte amansa.
Roubaram a paz à Palestina!
Na sombra do dia ou na calada da noite
cravam os vampiros nazis seus dentes de ferro
no coração da Palestina
– não há sangue que farte a fúria assassina- .
Sangraram cobardemente a palestina!
Para atirar contra os tanques uma pedra
Agiganta-se o ódio a cada bater do coração.
Por não haver sangue de tanto sangue vertido
outra força não há para erguer a mão…
e dar à Palestina algum sentido.
Adão Cruz

(adao cruz)
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