Faz parte da cultura portuguesa sermos muito rápidos a acusar e lentos a reconhecer. Afinal nem todos os políticos ( ex-políticos ? ) permanecem reféns dos aparelhos partidários que os alcandoraram aos lugares que ocupam. Guilherme d’Oliveira Martins tem sido um exemplo disso. Com este novo chumbo, o Tribunal de Contas põe em causa um dos eixos da política de betão do governo para o "relançamento da economia".
Os motivos, presume-se, são os mesmos que conduziram aos chumbos anteriores, entre eles uma violação dos cadernos de encargos que implica uma derrapagem dos custos previstos para a seis auto-estradas a construir ( Transmontana, Douro Litoral, Baixo Alentejo, Baixo Tejo, Algarve Litoral e Litoral Oeste ) de 2 790 milhões de euros para 3 900 milhões.
Além disso, o TC manifestou-se perplexo ao verificar que nos casos da Transmontana e Douro Litoral o estado perdoou 430 milhões de euros de contrapartidas à Mota-Engil e à Soares da Costa.
Sócrates e Jorge Coelho devem andar fulos, já que, com estas decisões e por uma vez, algumas "economias" privadas sofrem mais do que a da generalidade dos portugueses. É chato, é injusto e revela que o homem não passa de um mal-agradecido…
E quando não há golpaças destas, temos ajustes directos que dá no mesmo. Ninguem controla, derrapagens, enfim, obras com os chamados contratos de “geometria variável” em que a única coisa que não varia é o prejuízo fica sempre do lado do Estado.