.
(junção, revisão e complemento de textos anteriores)
Saí à rua perfeitamente absorto nos meus mais profundos pensamentos.
Nem me lembrei que, os adeptos de um clube da capital estariam todos muito contentes pois tinham, ao fim de alguns anos de jejum, ganho o campeonato de futebol da primeira liga.
Como se esse facto fosse de algum modo importante para a felicidade do nosso povo.
Na realidade, o facto em si não é importante, digo eu, para a felicidade do povo. A vitória de um campeonato de futebol será coisa pouca e de pouca valia, muito embora, para o embrutecer (ao povo) e para o fazer esquecer as reais coisas importantes, muita gente, desde o tempo da outra senhora, entenda que o melhor será dar-lhes (ao povo) os três efes, Fátima (muito na moda nestes dias), futebol (sempre na moda) e fado (este último muito arredado da sua importância, hoje em dia), sendo dessa forma muito importante qualquer festejo que faça esquecer a realidade do dia-a-dia. Como exemplo, veja-se a atitude do governo da nossa República, ao conceder tolerância de ponto, feriado para todos os efeitos, nos três dias da visita Papal à capital, a Fátima e ao Porto, mesmo para aqueles que não sejam católicos. Quantas horas de trabalho se terão perdido?
Ao fim da tarde, o SLB tinha ganho um campeonato de futebol.
Ao fim da tarde, os seis milhões (?) de adeptos e simpatizantes do SLB, saíram para as ruas, do mundo civilizado, e não só, gritando a plenos pulmões a sua categoria, e a sua alegria.
Mas, afinal era com eles, pensava eu, com eles e com os da terra deles, e estariam todos cheios do direito de festejar.
A barulheira era enorme, com carros a buzinar por todo o lado, quase me impedindo de pensar. Estes festejos são sempre uma barulheira, venham eles dos adeptos do Porto, do Benfica, do Sporting, do Braga ou de qualquer outro clube, obstruindo o pensamento, fosse qual fosse o caso.
De repente apercebi-me que estava no Porto, a mais de trezentos quilómetros da capital.
Esquisito, dei comigo a cogitar. Aqui tão longe, tão longe que nem se vê bem daqui para lá, e nada de lá para cá, andam estas pessoas todas a gritar, contentes como se fora um dos da sua terra que tivesse ganho? E, convenhamos, o espanto só está na quantidade de pessoas que, no Porto, festejaram o título. Muitas mais do que eu poderia imaginar.
Andamos às avessas? O sermos contra os da nossa terra não poderá ser entendido como contra-natura?
Depois, cansados dos festejos, bem regados com cerveja, tarde da noite, os simpatizantes do SLB foram descansar, com um sorriso nos lábios. Afinal, no dia seguinte era dia de trabalho, para quem o tinha.
Por causa dos gritos, das buzinadelas, do restante barulho em geral, e da pouca importância que dou a esta espécie de festejos, já há muito que eu me tinha recolhido.
Nesse entretanto, o sr. Fernando, o melhor Ministro das Finanças da Europa, às três da manhã, madrugada em Portugal, anuncia possíveis aumentos de impostos a curto prazo. É preciso diminuir o déficit em mais um ponto este ano, disse o Ministro, e agradar a Bruxelas, e já só temos seis meses, pensando-se já na eventual possibilidade de um novo imposto especial sobre todos os salários ou tão só uma tributação especial do subsídio de Natal, e uma nova subida do IVA em um ou dois pontos. Como não há, nunca há, fumo sem fogo, as possibilidades serão certezas, de certeza.
Fará, este senhor, parte do governo que nos prometeu a todos, repetidamente, que isso (o aumento dos impostos) seria coisinha que nunca fariam, desse por onde desse? Se bem me lembro, ainda há bem poucos dias o nosso Primeiro se insurgiu com uma deputada de Os Verdes, por causa de essa senhora se ter atrevido a duvidar dessa certeza que, ele mesmo e o PEC nos asseguravam.
A escolha do momento do anúncio (três da manhã do dia em que o SLB foi campeão), foi esquisita, mas para além disso terá sido só uma infeliz coincidência, ou teve como fito, o escapar à leitura e percepção da maior parte dos seis milhões de convivas satisfeitos, sendo por isso uma sacanice?
Agora, dias passados, poucos, no meio da visita Papal, tudo se prepara para, hoje, ser assinado um acordo entre o governo e o PSD de PPC, para a subida do IVA, e do IRS sobre os vencimentos.
E ainda querem que ignoremos o cais das lágrimas e da esperança que é Fátima.
Coincidência!
Será, Luis?
Tenho sinceramente as minhas muitas dúvidas.
Ter o povo distraído, seja com o futebol , seja com o Papa dá muito jeito
Caros amigos,
Chama-se a isto, fazer bem!
Não é por acaso que ele é o Primeiro Ministro de Portugal e sabe fazer bem política, quer se goste, quer não.
Não há melhor nesta altura.
Pedro, o pobre do homem ainda a semana passada dizia que não aumentava os impostos. Falei aqui no PEC (oura mentira) e mostrei as reticências das autoridades financeiras e disse logo que vinha aí porcaria.Ele é o único responsável pela situação a que se chegou.
Quer se goste ou não dele o que é certo é que não foi o PM que pôs o povo distraido… outros o fizeram e agora … parece que andam para aí a ressuscitar todos