Com mais de 50% de abstenção, Cavaco conseguiu metade dos votos. O que significa que o presidente de todos os portugueses foi eleito com dois milhões e tal de votos. Cerca de 25% dos eleitores e de 22% dos portugueses. Uma fatia apenas do queijo eleitoral.
Isto numa eleição onde os votos em branco não contaram, já que, caso contrário, Cavaco ficaria aquém dos 50% e haveria segunda volta. Cavaco é pois um Alegre’2006 em dobro, apesar de mais magriço. Já Alegre’2011 passou de um milhão para 800 mil votos, o que representa uma nítida quebra no valor bolsista. Ai, os mercados…
Falta agora saber da apetência do reconduzido presidente para o bombas atómicas e cogumelos nucleares. Por bolo-rei já sabemos que é considerável mas há que mudar a dieta. Um fondue de queijo em molho de parlamento dissolvido far-lhe-á o gosto? Vamos ver o que diz a ASAE, já que estamos perante um prato com validade de alguns anos…
E este é o proverbial elefante na sala.
Os verdadeiros resultados foram:
Que legitimidade tem este presidente? Que força política têm os outros candidatos?
Este tipo de resultados, não são novos têm acontecido em todas as eleições, pelo que não podem ser atribuídos ao frio ou a outra treta qualquer.
Na minha opinião estes resultados mostram tão só e apenas que o nosso sistema de partidos está morto e já podre. Como esse mesmo sistema é defendido com unhas e dentes pelos políticos o país, o povo, tenta sobreviver ignorando o melhor que pode esta corja que tudo destrói.
E no entanto, dizem os dos partidos que não há política sem os partidos… Como se o que aqui se escreve, por exemplo, fosse poesia.
Tens razão, isto é política.
Agora, temos de nos livrar das estruturas corruptas dos partidos (e das excrescências que concorrem às presidenciais) e talvez daqui a cinquenta anos este país seja um lugar decente e digno para a maioria dos portugueses viverem.
Vê, a propósito, o trabalho que o José Lopes fez no tretas: Análise da Abstenção.