A rebaldaria em Gondomar e a cumplicidade do Presidente da Câmara

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A besta proprietária deste carro mudou-se há pouco tempo para a rua e já encontrou o seu lugar privativo. Todos os dias, ao fim da tarde, chega a casa, estaciona no mesmo sítio de sempre e vai descansar. Se for 6ª Feira, só volta a pegar no carro na 2ª de manhã. Não interessa se há lugares uns metros mais à frente ou atrás – e muitas vezes há. Ali está melhor, porque fica à porta de casa.
E é ver os muitos jovens que vivem por aqui, numa rua muito movimentada, a terem de ir pelo meio da rua para atravessar. No dia em que forem atropelados, fora da passadeira, a culpa nunca será da besta que a ocupa, mas sim de quem atropelou.
Estou perfeitamente à vontade para falar do Marco Martins, Presidente da Câmara de Gondomar. Tinha 14 anos quando o conheci, na Escola Secundária onde cheguei a dar-lhe algumas aulas. Moí-lhe o juízo durante 2 anos, já ele era Presidente da Junta, para instalar uns pilaretes na minha rua que impedissem os condutores de estacionar em cima do passeio. Votei nele nas Autárquicas de 2013. Nele. Por ser ele. Não por ser do PS.
Mas ao fim de 3 anos, o que vejo, com desilusão, é uma mão-cheia de nada no que toca aos direitos dos cidadãos e em particular dos peões – aqueles que, na selva do trânsito, mais precisam de ser defendidos. E não me venham com a pesada herança do Major – é verdade que foi pesada, mas para isto a desculpa não cola.
Pintar passadeiras. Instalar sinalização. Criar baías através do estreitamento dos passeios nas zonas de atravessamento de peões. Reforçar a acção da Polícia Municipal nessas áreas. Pedir a intervenção da PSP e da GNR. Pilaretes. Sinais luminosos. Sensores. Bloqueadores. Quantos milhões eram necessários, Marco?
Não sei. Mas sei que estaria rico se ganhasse dinheiro de cada vez que vejo um carro estacionado em cima do passeio ou da passadeira. Há avenidas inteiras, no concelho de Gondomar, onde não há uma única passadeira livre. Há escolas – ESCOLAS, CRIANÇAS – onde a passadeira está sempre ocupada por carros.
Longe vão as promessas de 2013. Longe vai um Programa Eleitoral onde se prometia que o mais importante passaria a ser a «qualidade de vida das pessoas». Onde se prometia «valorizar as vias pedonais e velocipédicas, sem olvidar os cidadãos de mobilidade reduzida». «Criar medidas activas de segurança rodoviária, com a eliminação de pontos negros e a melhoria da travessia pedonal, nas vias mais movimentadas; Ordenar e implementar uma polí­tica de gestão dos semáforos no concelho, aumentando estes equipamentos nomeadamente junto a estabelecimentos de ensino e em locais críticos».
Na altura, o PS confessava que nem sequer era preciso muito dinheiro. «A segurança rodoviária merece também a nossa atenção, porquanto estamos convencidos de que algumas medidas simples e de fácil execução poderão ter resultados imediatos e muito positivos, desde logo no que se relaciona com a sinalética que tem de ser melhorada». Tão simples e tão fácil que o PS se comprometeu com um prazo: 18 meses. «Promover a mobilidade para todos, fazendo o levantamento dos constrangimentos do ponto de vista urbanístico e apresentar um programa de soluções (no prazo máximo de 18 meses)».
Já passaram 18 meses. Aliás, já passaram 36. E se há sectores onde o PS nada fez por manifesta falta de dinheiro (como na Educação, onde as Escolas Básicas do concelho continuam sem ter as condições mínimas exigíveis), na segurança rodoviária simplesmente não há desculpas.
É por isso que em 2017, com muita pena minha, o Marco Martins não terá o meu voto. Nada que vá preocupá-lo excessivamente, estou em crer. Afável e bem-disposto, sempre muito perto das pessoas, é um Presidente de quem as pessoas gostam. E as pessoas valorizam muito o conforto, a qualidade de vida que representa estacionar onde lhes apetece. E agradecem a quem não os chateia por causa disso.
Não admira. Vivemos num país onde os políticos não andam a pé, onde acham indigno andar de Clio e onde o Presidente da República que estaciona em lugares para deficientes tem uma popularidade ímpar.
O exemplo vem sempre de cima.

Comments

  1. Afonso Valverde says:

    Efectivamente, se o civismo não é capaz de fazer o que é certo, estacionar em lugar adequado, a polícia municipal deve atuar e autuar se forma célere. O Presidente deve dar orientações no sentido de colocar avida pública mais saudável nomeadamente a circulação de pessoas e viaturas.

  2. Carlos Vieira says:

    Sr.Ricardo esse pelintra “marco” tenho a certeza k só se lembrará de si no dia das eleições… bom seria se nesse dia o fizesse amargamente lembrar ao dito cujo k o Senhor e mais umas centenas de milhares de votantes se tinham esquecido de quem ele se tinha esquecido…….só assim esses merdas aprendem

    CAVIEIRA

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