Dili

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Foi assim
há 25 anos.

A Psicóloga Cristã

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“Mas, ao mesmo tempo, como acolher os homossexuais?
A psicóloga acompanha famílias e pais e salienta que para aceitar o filho não é preciso aceitar a homossexualidade.
«Eu aceito o meu filho, amo-o se calhar até mais, porque sei que ele vive de uma forma que eu sei que não é natural e que o faz sofrer.
É como ter um filho toxicodependente, não vou dizer que é bom.»

in Família Cristã. A sério?

Rui Rio a querer levar a água ao seu moinho

Apontou a segurança social como exemplo de direito não sustentável. Se é um direito, pode ser recusado? E o buraco da banca, foi um direito? Quanta insustentabilidade não se resume a pagar a factura do BPN, do BES e do BANIF?

Se esta sopa requentada, impregnada de discurso sobre viver acima das possibilidades, é a alternativa a Passos Coelho, então muito obrigado, mas já tivemos que chegue para uma congestão.

Rui Rio, supõe-se, não é parvo, pelo que estará consciente das críticas que afirmações destas lhe trazem. Sobra, portanto, a intencionalidade das palavras, uma espécie de declaração dirigida, não aos eleitores, mas sim àqueles que podem mexer os cordões para o fazer chegar ao poder. Esses mesmos que ganharam com a política pafiosa de empobrecimento do país. Uma proclamação simples, na qual se lê nas entrelinhas “o Passos está em queda, mas podem apoiar-me sem risco, que eu continuarei a obra.” O discurso para os eleitores virá depois, devidamente polido, como no lobo vestido de cordeiro.

O eleitor não é inocente

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(publicada no diário As Beiras a 10/11/2016)

A propósito das eleições americanas, regressou ao debate uma questão que é um clássico da ciência política. Devemos criticar ou não os eleitores pelos resultados de candidatos com potencial destrutivo para a sociedade, como Marine Le Pen, Donald Trump ou o britânico Nigel Farage? Há quem julgue que não se deve culpar o eleitor. A culpa é remetida exclusivamente para os restantes candidatos e respetivos programas, desculpabiliza-se o eleitor argumentando, por exemplo, que nenhum candidato é bom, logo é aceitável votar num candidato desbocado.
A própria definição de democracia requer que ninguém deve estar à margem da crítica ou do escrutínio, inclusivamente o eleitor. Mas mais do que catalogar negativa e cegamente todos os eleitores deste perfil de candidatos, interessa sim interpelá-los em questões concretas e fundamentais. No caso dos candidatos referidos é especialmente difícil debater diretamente assuntos basilares da sociedade, como a igualdade de género, o respeito pelas minorias, a orientação sexual ou a laicidade. Mas quem não pode fugir a estes debates são as respeitáveis figuras públicas que apoiam personagens deste calibre. Entre os apoiantes de Trump estão veneráveis mecenas, banqueiros e personalidades como Clint Eastwood, Slavoj Žižek ou Rudolph Giuliani. É a estes que deverão ser colocadas as questões que dolorosas que vão do racismo à misoginia de Trump.

O nervosismo de Carlos Carreiras

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Carlos Carreiras, um dos mais fiéis súbitos da corte passista, reagiu com incómodo à entrevista de Rui Rio, sugerindo que o ex-autarca do Porto se candidate às Autárquicas. Seria um alívio, para Carreiras, se Rio seguisse esse curso. Afinal de contas, o coordenador autárquico do PSD está a demonstrar uma absoluta falta de competência para encontrar alternativas para os dois grandes centros urbanos, e, desta forma, matava dois coelhos com uma só cajadada: mantinha o ventilador do passismo ligado, adiando a anunciada morte política do chefe, e enviava Rio para o matadouro, onde o outro Rui, o Moreira, com uma alargada base de apoio popular e partidária, o retalharia alegremente, enfraquecendo a posição do mais recente pesadelo de Passos Coelho.

Compreende-se o nervosismo de Carreiras. O fim político de Passos Coelho poderá retirá-lo da ribalta laranja e remetê-lo para o exílio político em Cascais, que não sendo propriamente o inferno na terra, não tem paralelo com o poder de ser um dos homens fortes do líder do maior partido da oposição. Os poleiros, grandes ou pequenos, deixam sempre saudades a quem vive para eles.

Foto@Jornal de Negócios

Obamacare: o primeiro recuo de Trump?

Depois de prometer acabar com a reforma do sistema de saúde de Obama nos primeiros 100 dias de mandato, Trump parece agora inclinado para aceitar uma versão alterada da lei. Sai um chá para a mesa do Tea Party.

Exactamente, Paulo Baldaia

De mal a pior

Um conselho a Donald Trump…

Juncker afirmou que Trump desconhece o funcionamento da Europa, pelo que teremos dois anos desperdiçados até que o próximo inquilino da Casa Branca adquira a noção da realidade para lá das fronteiras dos EUA. Talvez seja avisado Trump perguntar ao antigo Secretário de Estado, Republicano, nascido na Europa, Henry Kissinger, se já tem o indicativo para marcar o número e fazer a chamada para o cada vez mais velho, ultrapassado e irrelevante Continente…

Muros e pontes

Não queria comentar isto, mas com a insistência no tema e a ridícula e empertigada interpelação que o PSD fez sobre este assunto, não resisto. Não, oh alaranjadas criaturas, os cartazes que ornam as entradas do Web Summit, que terminam com o justo propósito de “fazer pontes, não muros”, não são uma proclamação anti-Trump. Se esquecermos a gralha da primeira versão – entretanto corrigida -, esta metáfora, com esta exacta formulação ou outras muito semelhantes, é antiga como a noite. Não foi inventada por Hillary Clinton – donde a sintomática indignação do PSD que, pelos vistos, anseia por agradar ao novo chefe. Já a encontramos, implícita ou explicita, em textos antigos, em documentos de evangelização e ecuménicos, em obras de filósofos. O grande – enorme! – Isaac Newton (se os laranjas não sabem quem é,vão ao Google) escrevia “construímos muros de mais e pontes de menos”. E, só para ficarmos nos Newton, Joseph Newton escreveu, dois séculos depois, “as pessoas estão sós porque constroem muros em vez de pontes”. E até o Papa Francisco, há já algum tempo, afirmou, em Auschwitz, “lancem-se na aventura de construir pontes e destruir muros, vedações ou redes”. E não vale a pena continuar. O problema, portanto, não é da Câmara de Lisboa, oh PSD, que atacais, fogosos, sem antes procurar informação.
O problema é o da vossa arrogante iliteracia.

Lettres de Paris #18

Presque tous les auteurs de la sociologie rurale que j’avais lu à l’université, il y a prés de 30 ans, ils sont ici et je peux les connaître

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Não é pouca coisa, desculpem lá. Quero dizer poder conhecer uma parte importante de sociólogos rurais que li e reli e voltei a ler quando me sentava, como estudante de sociologia, nas carteiras do ISCTE. Isto foi há quase 30 anos. 27 para ser mais exata. Todas estas pessoas eram bastante mais jovens. Eu também. Alguns deles deviam ter, nessa altura, a idade que tenho agora mais ou menos. Falo, por exemplo, de Marcel Jollivet que já mencionei nestas cartas. Ou de Nicole Mathieu que se prontificou para me receber aqui e me escreveu a carta de recomendação para ficar alojada na Maison Suger (que pertence à Fondation Maison des Sciences de L’Homme e onde não é assim tão fácil ter lugar) mais simpática de sempre. E exagerada, claro. Conheci a Nicole Mathieu em 2004, creio, em Trondheim, Noruega, por ocasião de um Congresso Mundial de Sociologia Rural. Cheia de vitalidade e energia. Aproximei-me dela, cheia daquele nervoso miudinho (e algum temor, confesso) que temos quando conhecemos alguém que admiramos e disse-lhe que na universidade, quando era estudante, tinha lido tudo o que ela escrevera até então. E que continuava a ler. Aliás, para o meu doutoramento, os trabalhos dela com o Marcel Jollivet (sobretudo o livro que editaram ‘Du Rural a l’Environment’) foram importantíssimos. Ela olhou para mim surpreendida com o francês num sítio onde todos supostamente falariam inglês. E riu-se. E ficámos ali a conversar.

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