O Imposto Portas

E porquê esta designação? Porque foi um imposto criado no governo Passos/Portas e incide sobre portas de garagem com acesso pelas estradas nacionais. É forçado? Um bocadito, mas menos do que aquilo a que chamaram de Imposto Mortágua – neste não foi a Mortágua que o criou, ela não está no governo e nem foi um imposto imaginado no governo apoiado pelo partido dela. Independentemente das atribuições, a bem da decência, o Imposto Portas tem de acabar.

Crónica do Rochedo XI – A morte de Rita Barberá

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Há uns dias vi uma reportagem do canal televisivo espanhol Antena 3 sobre Rita Barberá. Nesse momento decidi que tinha de escrever sobre a reportagem em causa. A preguiça foi adiando a empreitada. Até que ontem, Rita Barberá foi encontrada morta num quarto de hotel em Madrid.  Sofreu um enfarte, segundo o que se pode ler nos jornais espanhóis.

Vamos por partes. Quem foi Rita Barberá? Foi a presidente da Câmara de Valência (Alcaldesa como se diz por aqui) durante 24 anos, pelo Partido Popular (PP) e grande obreira das vitórias do seu partido na “Comunidad Valenciana”. Adaptando à nossa realidade, foi um dinossauro político e daqueles bem grandes – a ela muito deve o PP de Aznar e ainda mais o de Rajoy, de quem era amiga pessoal. Enquanto autarca revolucionou Valência (para o bem ou para o mal dependendo das opiniões e dos alinhamentos partidários de cada um). Uma coisa é certa, existe um antes e um depois de Barberá em Valência. E só isso já é relevante. Até que…

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Apesar de Trump, ainda há quem queira pôr o seu dinheiro neste país comandado por bloquistas e comunistas

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O título do Expresso, para quem se dedica exclusivamente à leitura de títulos, poderá levar o leitor a pensar que o leilão de dívida de ontem, no qual Portugal colocou 700 milhões de euros em Obrigações do Tesouro, terá corrido mal. Nem por isso. A procura superou a oferta e a taxa paga pelo governo português foi inferior às yields do mercado secundário. Pelos vistos, ainda existem uns quantos maluquinhos dispostos a meter o seu dinheiro neste país comandado por bloquistas e comunistas. E a oferta, pasmem-se, não chega para satisfazer a procura. Só pode estar tudo doido. [Read more…]

Depois de Cristiano Ronaldo

ter ficado com aftas, chegou a vez das “ulceras [sic] *afectosas“.

O Imposto Portas tem de acabar

Rampas de garagem pagam taxa em estradas nacionais. Portaria é de Outubro de 2015 e já há proprietários a serem intimados pela GNR para regularizar a situação.” Portanto, Passos Coelho. Sem alteração de Costa. Lembram-se da conversa da direita sobre taxas e taxinhas? Pela boca morre o peixe, ó hipócritas da paf. E vamos lá falar de reversões, António Costa, ou isso é só para a capa de noticiários?

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Um país que secou

A propósito dos chineses que passaram a controlar o BCP, Nicolau Santos faz uma análise daquilo em que se tornou o país em meros 5 anos. É um retrato desolador, de uma nação que deixou de ter controlo sobre os seus mais sensíveis e estruturais elementos. Ilustra, ainda, como estavam profundamente errados aqueles que defenderam (e defendem) um Estado minimizado, vendido ao sector privado.

O cronista do Expresso aponta o mandato de Passos Coelho e Paulo Portas como a causa do problema. Foram anos de completa reviravolta, é verdade, mas não chega para explicar onde chegámos. Apesar do fanatismo ideológico que atingiu o expoente máximo com o anterior governo, a loucura já vem de trás. É anterior a Sócrates, o mal do mundo, veja-se só.
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Lettres de Paris #29

«Mais qu’est ce qu’on veut?

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papiers!». Era a resposta gritada e acompanhada de punhos no ar e tambores. Estava eu, tranquila, a admirar o carrossel do Hotel de Ville quando começo a ouvir gritos e tambores. Vou até à esquina da Place de l’Hotel de Ville e da Rue du Renard avançam umas 20 pessoas, com megafones e tambores. Gritavam de forma articulada com o tambor, como se fosse uma canção, a canção dos sem-papéis, que o que queriam era tê-los. Ainda pensei em juntar-me à manifestação, animada pelos punhos erguidos principalmente, mas curiosamente (ou não, melhor dizendo) não havia uma única pessoa branca na manifestação e, mais a mais, tenho papéis. Podia ter-me juntado em solidariedade, bem entendido, mas pensei que os manifestantes tomassem isso como desrespeito ou gozo da minha parte e, portanto, deixei-os continuar para a Rue do Rivoli, poucos mas barulhentos, timidamente acompanhados por uma ou duas motas da polícia. Voltei ao Parvis de l’Hotel de Ville para admirar outra vez o carrossel, enquanto os gritos dos manifestantes e os tambores se ouviam cada vez mais ao longe.
Antes desta pergunta – ‘Mais qu’est ce qu’on veut?’ ter entrado na minha tarde, de forma inesperada, tinha saído não muito cedo da Rue Suger, bebido o café servido pela Julie, que foi simpática comme tous les jours, quero dizer aqueles em que vou lá. Atravessei a Place Saint-André des Arts e fui ao quiosque comprar uma carteira de bilhetes de metro (e de autocarro e de comboio, já que dão para tudo isso). A seguir voltei a atravessar a praça, entrei na Place Saint-Michel, depois na Rue de la Huchette, atravessei a Rue Saint-Jacques e depois entrei na Rue de la Bucherie. Passei em frente da Shakespeare and Company, segui pelo Quai de Montebello, atravessei a Pont au Double e entrei no Jardim João Paulo II, onde se ergue uma estátua ao agora santo e continuei, reparando nas cores das folhas contra a brancura da pedra da catedral de Notre Dame, até à Place Jean XXIII onde as cores das folhas das árvores continuaram a surpreender-me. Estava um casal de noivos sentado num banco a posar para fotografias. A noiva, coitada, com este frio, mantinha o sorriso, mas estava com os ombros e os braços descobertos. Reparei também nas pessoas sentadas nos bancos de jardim, por baixo das árvores quadradas da Place Jean XXIII e saí do jardim pela Rue du Cloître Notre Dame. Fui até à Pont Saint-Louis, que justamente cruza o Sena entre a île de la Cité e a île Saint-Louis. A ponte está fechada ao trânsito e estava bastante gente. Um rapazinho bastante novo tocava acodeão sentado num banquinho. No mesmo instante em que reparei nas nuvens por cima do Sena e e da Pont de la Tournelle, o rapazinho começa a tocar, e bem por sinal, ‘sous le ciel de Paris…. la la la la la’. Um clássico, portanto, mas no momento certo.

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Os bons, os maus e o comboio

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Dou por mim parado na estação de Coimbra B e recordo-me do dia em que vi, pela primeira vez, o João José Cardoso. O João José, a Noémia e o Ricardo, a Carla e o petiz, o Dario, o Orlando e o Nabais e acho que, do pouca-terra que partira de Campanhã, éramos estes. Em Coimbra, naquele belo tasco forrado a retalhos de individuais de papel, com palavras de ordem e devaneios boémios, conheci mais uns quantos. Se a memória não me trai estava lá o Valada, a Eva, o Jorge e o Fernando, que chegou mais tarde. Um dia bem passado, bem regado e de pança cheia. Um raro dia de convívio em que ocupamos o mesmo espaço físico, não descurando todos os dias em que nos encontramos, virtualmente, para arquitectar conspirações, parvoíces e coisas sérias. [Read more…]