Lettres de Paris #8

Les grandes villes n’existent pas*

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e Paris aqui está para o demonstrar. Não existem as cidades grandes. Existem muitas cidades dentro de uma cidade. Cidades pequenas que, eventualmente, formarão a cidade grande. Paris é uma cidade formada por muitas cidades e bairros e pessoas e pontes e o rio Sena. Paris é uma cidade tão bonita que custa a descrever e as fotografias jamais dirão dela aquilo que deveriam. Paris é a cidade do amor, ou é isso que as pessoas pensam, pelo menos. E agem de acordo. Nunca vi em mais lado nenhum tantas pessoas a beijarem-se cinematográficamente, tantos casais de mão dada, tantas noivas em cima das pontes, tanto cadeado, tanto amor, no fundo ou aquilo que parece ser amor.
 
‘Et moi je vais seule’, como na canção da François Hardy ’touts les garçons et les filles de mon âge’. Vou sozinha mas bem acompanhada pelas cidades que Paris é e pela beleza de todas elas. Quando saio da Rue Suger vou direita ao Quai des Augustins para chegar à Pont Neuf, que cruza a ponta mais estreita da île de la Cité. Atravesso-a, vejo os namorados e os cadeados, a meio, e continuo para o outro lado, para o Quais du Louvre. Continuo, admirando o outono absoluto de Paris. O cinzento de vidro do céu, as cores quentes das árvores, o sena da cor de um espelho. Percorro o Quai du Louvre até entrar no Quai François Miterrand, aqui vou até meio da Pont des Arts para ver melhor a île de la Cité e a Pont Neuf que se parte em duas, ao cruzá-la. Ando à beira do Sena a reparar nas pessoas sentadas nos bancos, nas mãos dadas dos casais e depois entro no Louvre. Ou melhor, entro no exterior do Louvre. Só lá fui uma vez, mas desta tenho tempo e o Louvre não se vê numa tarde. Descobri ontem à noite que há ciclos de cinema no Louvre (neste momento Abel Ferrara). Adoro os franceses e o seu amor ao cinema, acho que já tinha dito, mas direi as vezes que me apetecer. Um povo que adora tanto o cinema não pode ser mau, nem antipático. Um povo que enche salas de cinema só pode ser o que os parisienses parecem ser: um pouco românticos, um pouco ternos, um pouco intelectuais, um pouco despassarados, até. Todos os ingredientes que me agradam, portanto.

A mesma história

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O quente abraço de vitória de Chrystia Freeland, actual ministra do comércio do governo liberal do Canadá, ao ex-ministro do comércio do anterior governo conservador, por ocasião da “conclusão” do CETA.  Rótulos diferentes, conteúdo igual.

Faz algum sentido eliminar o feriado de “Todos os Santos”?

Rui Nadinho

O dia de ” Todos os Santos”, sendo um feriado religioso, não deixa de ser acima de tudo uma evocação à nossa ancestralidade. Aqueles que num passado recente resolveram por sua alta recreação apagar o feriado de 1 de Novembro, só demonstraram uma enorme insensatez, uma falta de princípios morais e éticos confrangedora, perante o seu apetite pelo neoliberalismo.

Cemitério de São João de Areias, Dia de Todos os Santos, 2014

Cemitério de São João de Areias, Dia de Todos os Santos, 2014
Foto: Lino Dias @Farol da Nossa Terra

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Um Durão enlameado

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Foto: Reuters

O Comité de Ética da União Europeia concluiu que Durão Barroso não violou as “regras de integridade” ao ir para a Goldman Sachs, terá sido somente insensato…

“Totalmente inaceitável” tinham sido as palavras de Martin Schulz, presidente do Parlamento Europeu, mas pelos visto íntegro, segundo os critérios da comissão de ética.

De que nos servem estas regras rasteiras???  A provedora de justiça da UE, Emily O’Reilly, anunciou agora estar a considerar novas medidas, incluindo uma investigação sobre o caso, mas enfim…

Só da vergonha é que já não se safa, este servil adorador do deus mamon.

Eleições na América

O Medo, o Susto.

Em defesa de Miguel Relvas

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No Facebook, Carlos Abreu Amorim (CAA) spinou uma interessante teoria, procurando transformar o caso da licenciatura de Miguel Relvas num exemplo de ética e boas práticas do anterior governo, por oposição aos dois recentes casos envolvendo um adjunto e Costa e um chefe de gabinete da secretaria de Estado do Desporto e Juventude. Relvas até podia ter um canudo na mão, mas não o terá feito, conforme refere CAA, “de acordo com as regras que a própria universidade aplicou“. A menos que as regras aplicadas tenham sido desenhadas à medida de Miguel Relvas, porque mais ninguém teve a oportunidade de fazer cadeiras com base na discussão oral de sete artigos da sua autoria, discussão essa que foi tida com o reitor da universidade e não com o respectivo docente. E se as regras foram efectivamente desenhadas à medida de Relvas, então estamos perante uma pouca-vergonha e um insulto ao ensino superior. [Read more…]

Lettres de Paris #7

«le comptoir d’un café est le parlement du peuple»

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E se o povo francês tem coisas a dizer! Falam bastante os franceses e em geral são absolutamente amistosos. Bem sei que a maioria das pessoas que não são francesas acha este povo antipático e arrogante. Eu, exceção feita às meninas do RER no aeroporto Charles de Gaulle, no dia em que cheguei, ainda não tive – nem das outras vezes que aqui estive – qualquer razão de queixa. Até já arranquei um sorrisinho à velhota da padaria, que tem umas baguettes excelentes. Por outro lado, o alegado racismo dos franceses também ainda não o experimentei. Quando digo que sou portuguesa ninguém me ostraciza ou me olha com pena (embora, convenhamos, no que se refere a esta última parte, devessem, por muitas razões de que agora não vamos falar).
Hoje ao jantar ali na brasserie da esquina – a Brasserie Saint-André des Arts – o empregado reconheceu-me de ter lá ido beber um chocolate quente no dia em que cheguei de armas, mas sobretudo bagagens, à Rue Suger. Reconheceu-me e apesar de eu estar sozinha – ou talvez por isso, e estes gestos dizem muito acerca de um povo – sentou-me numa mesa boa, bem no centro do café. Deve ter intuído que a mim me agrada observar as pessoas. E ali havia imensas para observar. Não levei o telemóvel a jantar e por isso estava absolutamente preparada para o meu desporto preferido: peoplespotting.

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