Nem a Volkswagen se mete com o Diabo. A Autoeuropa pode respirar de alívio

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A Volkswagen prepara-se para despedir 30 mil funcionários. Se os delírios da confusa e transtornada direita tivessem qualquer tipo de adesão à realidade, a decisão do grupo alemão teria forçosamente impacto na operação de Palmela. Se, como afirmou em tempos o apagado líder da oposição, investidor algum estivesse disposto a pôr o seu dinheiro num país dirigido por comunistas e bloquistas, seria de esperar que a VW se preocupasse em reduzir o investimento nesta república soviética e que Autoeuropa fosse um dos alvos da anunciada reestruturação. Infelizmente, para os seguidores do culto profético da desgraça, claro, a Autoeuropa não será afectada pelos despedimentos que o gigante automóvel prepara. Aliás, o plano para recrutar entre 800 e 1300 novos trabalhadores mantém-se inalterado. Só pode ser coisa do Diabo.

Foto@Autoviva

O surrealismo da loucura na Caixa

PSD quer ver “o acordo” do Governo com a Caixa
O prazo dado pelo PSD já terminou. Agora o líder da bancada laranja acredita que existe mesmo um entendimento escrito entre o executivo e a administração da Caixa Geral de Depósitos.

CGD: Governo garante que não há documento que dispense declaração de rendimento
Governo garante à TSF que não existe um documento escrito que dispense a equipa de gestão de António Domingues de apresentar a declaração de rendimentos e património no Tribunal Constitucional.

Ultimatos e garantias. A Caixa Geral de Depósitos tornou-se num autêntico campo de batalha, com os guerrilheiros do PSD entrincheirados na única frente que lhes resta para fazer os estragos que o diabo não trouxe.

Mas se o governo está a conduzir este processo da nomeação de uma maneira completamente desastrosa, alguém em perfeito juízo acredita que esta forma de fazer oposição trará votos? A situação do banco público não é boa e a actuação da oposição tem por objectivo ainda a piorar mais. É a continuação da única estratégia que Passos Coelho teve enquanto líder da oposição, tanto no tempo de Sócrates, como agora com Costa: esperar que o pior chegue, para lhe abrir o caminho do poder.

Lettres de Paris #25

Un combat perdu

lembram-se de há uns dias ter dito que em frente ao Collège de France, nas escadas que se sobem a partir da Rue des Écoles estava escrito no chão ‘la sociologie est un sport de combat’? Nunca mais tinha passado naquele sítio desde esse dia. Hoje passei e olhando para o chão, vejo em frente a ‘combat’ a palavra ‘perdu’, a vermelho, seguida de vários pontos de exclamação. Fiquei a olhar para aquilo até que me resolvi a tirar uma fotografia. Fui até à esquina com a Rue Jean de Beauvais e depois subi a pequena Rue de Lanneau a pensar na palavra que acrecentaram á frase de Pierre Bourdieu. ‘Perdu!!!’. ‘Un combat perdu’, três pontos de exclamação. Creio que o autor da palavra a vermelho não estaria exatamente a pensar na sociologia, como área científica, mas no que ela permite revelar e no que os decisores podem (ou não podem) fazer com aquilo que o sociólogo revela. Aí darei razão ao autor do acrescento. A maior parte das vezes, apesar de tudo, também me parece que esse combate está perdido. Basta ver o que se passa à nossa volta, onde quer que nos encontremos. Nas grandes cidades, principalmente. Paris, como grande cidade que é, ou como conjunto de cidades que é, está cheia de mendigos e sem-abrigo. Já o disse de outras vezes, mas reparo cada vez mais neles ou serão eles que são cada vez mais.
 

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