O que é preciso é ter saúde

Não conheço bem Fernando Araújo, nem sei o que poderá acrescentar politicamente. E confesso que a terminologia de CEO, num serviço público, me faz alguma confusão.

No entanto, do pouco que conheço das ideias do antigo Secretário de Estado-Adjunto da Saúde, se conseguir, como pretende, alargar o SNS ao serviço da saúde oral (e se alargasse essa sua ideia à psicologia, ganharia mais pontos) e contratar mais profissionais (se fosse em exclusividade – facultativa, como alguns partidos propõem -, tanto melhor), já dará alguns passos para que a rota lamacenta por onde os sucessivos governos PS/PSD/CDS conduziram o serviço público de saúde (e para onde as novas forças radicais de direita, o CH e a IL, as querem levar à força) seja transviado.

Mas, com a denominação de CEO, temo que se abram, ainda mais, as portas aos privados, entregando, como já acontece, quase metade do Orçamento de Estado destinado à saúde ao negócio da saúde privada. Se Manuel Pizarro não oferece garantias neste parâmetro, a bem que as ofereça Fernando Araújo, que terá, diz-se, autonomia na gestão.

Esperemos que não se confirme a destruição do SNS e que Fernando Araújo consiga distanciar-se dos lobbies que assolam, hoje, o Estado português, do qual as forças neo-liberais são capatazes. Desconfio que não conseguirá, mas dar-lhe-ei o benefício da dúvida.

Fernando Araújo. Fotografia: Nelson Garrido.

Passos Coelhização do PS?

Fonte: SIC Notícias

Depois de António Costa ter saído de uma reunião com a CIP a pedir desculpa aos patrões, qual amigo de quatro patas a aninhar-se junto ao dono, depois de fazer cocó no hall de entrada, eis que é agora Marta Temido, ministra da Saúde, a reagir às demissões no SNS, com, como dizer?… Alguma piada.

Disse assim, a ministra: “queixem-se menos, senhores doutores!”.

O fantasma de Pedro Passos Coelho deixou marcas tão profundas no país que, ao ver o seu partido de pau mole, decidiu infiltrar-se no PS. Realmente, há gente muito piegas[Read more…]

Avaria provocou aftas nos sistemas de informação da Saúde

Segundo o Jornal de Notícias.

Viva o “status quo”

Eduardo Barroso trava nomeação e pressiona ministro a retirar convite

Ministério da Saúde: guerra aos bombeiros!

Guerra contra bombeiros e taxistas, em favor de transportadores anónimos

O Ministério de Saúde (MS), dirigido pelo bancário Macedo e pejado de protegidos ‘laranjas’ que há anos têm a garantia do “tacho” pelo “tacho”, está a comprar uma guerra contra os bombeiros, metendo-os, inclusivamente, no mesmo saco dos taxistas; e juntando à festa uns outros, cujo perfil não é nítido, mas que, diz o governo, estarão habilitados a transportar doentes não urgentes.

O MS está, pois, a criar mais um imbróglio na saúde em nome do economicismo. Mas, ponderadas as contas, poderá causar graves prejuízos – até o mais grave de todos, a morte – a gente idosa e sujeita a elevadas prevalências de doenças crónicas no interior do país. Que é o caso da maioria da população do interior.

Um pergunta óbvia urge ser formulada:

Como é que os tais outros, alternativos aos bombeiros, estão em condições de se garantirem que os doentes que transportam não têm carácter de urgência?

Um esclarecimento simples: até bombeiros socorristas, por vezes, enfrentam dificuldades em súbitos agravamentos do estado do doente tido por não urgente à partida. Não devendo esquecer-se de muitas situações de sucesso  – atente-se ao número de partos que realizam em plena estrada.

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Assuntos de mercearia

Lembro-me bem de um merceeiro, que, por razões que nunca consegui estabelecer, volta e meia embirrava e dava-lha para conferir primeiro o dinheiro que o cliente levava consigo, e só depois aviar o pedido: –  “Mostra lá dinheiro, rapaz!”, ordenava de dentro do balcão. A chamada grande distribuição acabou por lhe roubar a clientela: ali não só se vendia mais barato, como também só se pedia o dinheiro no final, na caixa.

O merceeiro de serviço no ministério da Saúde decidiu aumentar brutalmente as taxas ditas “moderadoras”, adiantando uma atenuante, nunca devidamente quantificada: mais gente será abrangida pelas isenções. O aumento entra em vigor a 1 de Janeiro; mas, conforme se pode ler de uma informação prestada pelo ministério, o diploma que “estabelece os critérios de verificação da condição de insuficiência económica dos utentes para efeitos de isenção de taxas moderadoras” só foi publicado a 27 deste mês, e ”o formulário online ainda não se encontra disponível no Portal da Saúde”. O formulário é que, depois de preenchido por algum técnico superior de entendimento e confirmado pelas chamadas entidades competentes, a bem da nação, entenda-se, será sujeito a aprovação “de quem de direito”, também a bem da nação. Ou seja: a 1 de Janeiro toda a minha gente mostra o dinheirinho à entrada dos estabelecimentos do SNS, ou então não há consulta para ninguém. A sorte deste merceeiro é que ele gere uma mercearia não sujeita às leis da concorrência, e se der prejuízo os clientes é que pagam – não ele, que tem uma reforma dourada à espera, no grupo Mello ou no grupo BES, os grandes beneficiários do ataque cerrado ao Serviço Nacional de Saúde.

Carlos de Sá

Cromo do Dia: Ministério da Saúde e Hospitais

O cromo de hoje é triste e não adianta estar com trocadilhos humorísticos ou apontamentos caricatos. Seja porque houve desinvestimento nos transplantes (Paulo Macedo, ministro da saúde), seja porque os hospitais se consideram insuficientemente pagos, a lista de pacientes à espera de transplante de orgãos não pára de aumentar e estes não cessam de diminuir, com um número indeterminado de mortos por conta desta situação.transplantes.

Já não se trata de empobrecer o país em nome da “economia futura”, de emagrecer o nível de vida da população, ou de cortar no Natal e nas férias. Aqui a diferença é entre a vida e a morte. E isso povo nenhum devia tolerar.

Somos a Injustiça, Somos o Desperdício, Somos o Ministério da Saúde!

Hoje é a minha vez de secundar  o que o António Fernando Nabais disse aqui, a propósito dos gastos de 21 milhões de euros pelo Ministério da Saúde, via SUCH-Serviço de Utilização Comum dos Hospitais.

A minha intervenção é simples de justificar. Esta tarde acedi ao publicitado Relatório do Tribunal de Contas, exarado em 890 páginas. E mais: tive a paciência de ler mais de 150 dessas páginas. Recolhi, naturalmente, informação cuja divulgação no Aventar me parece oportuna.

No ano de 2007, ainda com Correia de Campos como ministro e mediante despacho favorável do seu gabinete, foram criados três Agrupamentos Complementares de Empresa (ACE), com as originais designações: Somos Compras (CapGemini), Somos Contas (Accenture) e Somos Pessoas (SGG-Serviços Gerais de Gestão). O capital social desses agrupamentos foi realizado na maioria, entre 86 e 95%, pelo SUCH. Os privados, indicados entre parêntesis, subscreveram 5% em cada ACE, com a particularidade de, no Somos Compras, a CapGemini ter alienado a participação a favor do SUCH. Uma das faltas que o TC assinala é a escolha dos citados parceiros ter sido realizada sem ‘procedimento concursal’ (ver pág. 99, por exemplo).

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Dantes já era mesmo a sério, mas agora é que vai ser mesmo mais a sério

Desde que criou a crise, o governo define a sua atitude mais ou menos assim: “nós sempre fomos muito rigorosos e justos e planeámos tudo muito cuidadosamente, mas agora é que vamos ser ainda mais rigorosos e justos e vamos planear tudo ainda mais muito cuidadosamente.”

Foi graças a uma capacidade de planeamento que atravessa todo o aparelho governativo que a Saúde conseguiu gastar 21 milhões em consultoria, em 2009, para exclusivo benefício de três empresas privadas de consultoria e gestão. Os estudos encomendados a estas três empresas, contratadas sem passar por concurso público, serviram apenas para o habitual: lucros privados e prejuízos públicos. [Read more…]

Os Méritos da PT Inovação na Telemedicina

PT é acrónimo muito associado ultimamente a suspeições de negócios duvidosos. Diga-se, porém, que a vida deste grupo empresarial não se confina a sarilhos e à busca de interesses em gabinetes da administração, e outros antros, em torno de poderes e benefícios inerentes à “golden share” do Estado.

Menos mediáticos, mas de interesse público autêntico, os desempenhos da parceria entre a PT Inovação SA e a Universidade de Aveiro, no desenvolvimento tecnológico de soluções de telemedicina ‘Medigraf’, merecem especial distinção.

O País foi informado da conclusão do projecto de telecomunicações LTE (Long Term Evolution) – 4.ª Geração, a utilizar em ambulâncias para comunicação síncrona (tempo real) ou assíncrona (“store and forward”) de imagens médicas. Tornou-se, assim, possível a transmissão remota de imagens de ecocardiogramas durante a viagem de uma ambulância, abreviando, deste modo, o tempo de diagnóstico e da acção terapêutica dos médicos da urgência hospitalar que acolhem o doente.

Tecnologia semelhante é há muito utilizada em comunicação à distância entre dois pontos fixos, o Hospital Pediátrico de Coimbra, Dr. Eduardo Castela, e uma unidade distrital, o Hospital da Cova da Beira, por exemplo.

A PT Inovação avança mais um passo no progresso da telemedicina em Portugal, progresso, aliás, desnecessariamente lento, devido à injustificada falta de um plano nacional do Ministério da Saúde para o sector.

Num País de encerramentos e limitações de actividade em unidades de saúde de zonas de baixa densidade populacional, por alegada falta de meios para garantir serviços médicos, é estranho que o Ministério da Saúde continue a ignorar a telemedicina como uma das soluções possíveis para ultrapassar barreiras de tempo e espaço, ou seja, de acessibilidade a cuidados médicos especializados, por parte de doentes isolados e carecidos desses cuidados.

Com esta abstrusa posição governativa – e não apenas do governo actual – mais justificado é o louvor prestado à PT Inovação SA e à Universidade da Aveiro.