Eu, lisboeta, indignado em Março, Outubro e sempre

indignados S.Bento

Em diálogo com Trasímaco, o autor do conceito de que “a justiça consiste no interesse do mais forte”, Sócrates, o autêntico, afirmou-lhe:

Sim, meu caro, não é porque o homem injusto exista e possa fazer mal, às ocultas ou às claras, que eu me convenço de que a injustiça é mais vantajosa do que a justiça. E não sou talvez o único, aqui, a pensar deste modo…

A meu ver, a citação tem sentido à luz das motivações dos indignados que, ontem, se manifestaram em quase 1.000 cidades de 82 países.

Percorri mais de 300 km, de ida e volta ao Alto Alentejo, para comparecer na marcha dos indignados em Lisboa. Hoje, soube em primeira-mão pelo ‘Público’, está reunida nova Assembleia Popular, frente à AR.

Estive na manifestação de Março, voltei em Outubro e estarei sempre presente para, em conjunto com muitos milhares por esse mundo fora, lutar contra a injustiça de um vil e arrastado crime servir de álibi aos governos para massacrar e destruir a vida de milhões de famílias; defendem, contraditoriamente, aqueles que o perpetraram, ao abrigo de um sistema financeiro em roda livre e sem supervisão.

Relevo a reprovação de politicas, medidas e cumplicidades  de  organizações ou estruturas do género do FMI, do Banco Mundial, da OMC, do G-8, do G-20, da União Europeia e demais areópagos de sustentação da  desigualdade, pobreza e miséria brutais, em expansão entre a população mundial.

À semelhança de outros manifestantes, de todas as classes etárias, declaro-me, pois, indignado com os dirigentes políticos mundiais, mas, nesta ocasião, em particular com o falso manso Coelho que esta semana saiu da toca para me subtrair, em 2012 e 2013, exactamente 14,2857% (=2/14*100%) da pensão anual da segurança social – mais de 40 anos de trabalho e descontos no sector privado.

Tolero a indignação inversa, contra os indignados, por parte de quem se sente reconfortado com o estilo de vida de que, com mérito ou sem ele, beneficie. Todavia, rejeito a infâmia da ofensa de outros, os falsos assépticos, que nos classificam de ‘feios, porcos e maus’. Além de, como faço diariamente, ter tomado duche e ir de roupa e alma limpas, não fui atacado, na manifestação, por bactérias ou vírus próprios de quem se move, a preceito, na lixeira anti-ética e anti-social em que se transformam alguns antros da política e das grandes negociatas.

Enquanto perdurarem as razões, indignar-me-ei em Março, Outubro e sempre.

(Obs.: Este ‘post’ apenas foi publicado agora, por razões de ordem pessoal, entre as quais o regresso tardio de Lisboa ao Alto Alentejo, na última madrugada)

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