Mais do mesmo (França)

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10 de Setembro de 2013: Manifestação em Lyon, França, contra a nova reforma do sistema de pensões

Contra os alunos, marchar, marchar!

(Texto para ser lido com voz de locutor radiofónico dos antigos)

Jovem, os teus pais têm dinheiro suficiente para te matricular num colégio onde não é obrigatório haver turmas de trinta alunos e a mensalidade dá direito a aulas de apoio? Ou tu, jovem, mesmo estando na escola pública, tens acesso a explicações para te ajudar nas disciplinas em que tenhas mais dificuldades? Os teus pais tiveram a preocupação de te ler histórias à noite e incentivaram-te, desde pequeno, a ler e a saber mais? Já te levaram ao teatro e inscreveram-te numa escola de música, fazendo de ti um cidadão mais completo? E os teus encarregados de educação são daqueles que se preocupam com a tua vida escolar e que se deslocam à escola, com frequência, para recolher informações? Estás de parabéns, jovem, porque vives num país em que é preciso ter sorte.

E tu, jovem, tens pais com baixas habilitações académicas e que não valorizam a escola e o saber? Não quiseram ou não puderam preocupar-se com o teu enriquecimento pessoal? Tens problemas de aprendizagem? Podes desesperar, que, para ti, o governo encontrou várias soluções.

Se por várias razões, tiveres tido um percurso de insucesso, o governo do teu país não só não pondera diminuir o número de alunos por turma, como decidiu aumentá-lo. Deste modo, jovem, não esperes que os professores possam dar-te o apoio que poderia dar-te a possibilidade de resolver as dificuldades.

Se tiveres algum problema do foro psicológico, jovem, fica a saber que o ministério conseguiu criar uma situação em que, para cada quatro mil alunos, há um psicólogo, o que, como compreenderás, tornará improvável que te possas sequer cruzar com um dos profissionais que poderia ajudar-te.

Como, por todas estas razões e mais algumas, as escolas terão cada vez mais dificuldades em ajudar-te a resolver os teus problemas cognitivos ou as tuas insuficiências, o ministério integrar-te-á num ensino profissionalizante, que te permitirá obter um diploma que servirá para fazer de conta que os teus problemas desapareceram, o que será publicitado como uma vitória por todos aqueles que são responsáveis pela tua derrota, o que acaba por fazer sentido.

Hoje há música nas ruas do Porto (e é tudo de borla!!!)

A baixa (e não só) do Porto volta a encher-se de gente e música em mais uma D’Bandada! Hoje não há argumentos “financeiros” para ficar em casa!

O capital no século XXI

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Thomas Piketty (n. 1971) é um economista francês que estuda os ciclos económicos numa perspectiva histórica e comparativa – isto é, séria e profunda, ao arrepio do horizonte curto (e tantas vezes meramente local) que parece bastar aos economistas do presente presentismo. É que apesar da tentativa de apagamento da memória (essa coisa muito pouco rentável do ponto de vista da uniformização presentista a que pretendem sujeitar um mundo que não nasceu hoje), o passado ainda serve para aprender. Nele residem as raízes, os começos do que herdámos, a explicação de quem somos, e que podemos também ver nos outros  (também ditos, com justeza, nossos semelhantes), espelhos da nossa humanidade.

Entre outras coisas, Thomas Piketty tem analisado as heranças materiais (o património material adquirido) como factor de desigualdade nas sociedades. Mas também os mitos do crescimento, os verdadeiros beneficiários das dívida públicas, as transfigurações da escravatura, as novas oligarquias, etc. Le capital au XXIème (Editions du Seuil, Setembro 2013), acabado de sair do forno e resultando de quinze pacientes anos de investigação, promete ser uma pedrada no charco lamacento dos actuais estudos económicos, tantas vezes rendidos ao fascinante mundo das oportunidades (ah, essa palavra) que transformariam pobres em ricos, e as actuais sociedades em lugares de grande e dinâmica mobilidade social.

Portugueses pessimistas

O Diário de Notícias de hoje desenvolve, com grande chamada de 1ª página, uma longa abordagem dos resultados de um estudo sobre a representação que os vários povos europeus fazem da realidade social e política. Os portugueses, calcule-se, mostram-se o povo mais pessimista da Europa, o que menos expectativas têm em relação ao futuro. Caramba! Que surpresa! Ninguém diria. O que nos vale são os sociólogos e politólogos para nos mostrar a luz. E há mais: os portugueses, esclarecem-nos, são os que mais acreditam no inferno. Claro. Experimentam-no todos os dias. Ver para crer.

Ai os meus ricos critérios jornalísticos!…

televisões
Reina um histérico pânico nas televisões – não tanto nos jornais, honra lhes seja -, subitamente preocupadas com a liberdade de informação – sejam bem-vindas – e com o que dizem ser um assalto à sua liberdade editorial. Tudo porque a Comissão Nacional de Eleições, no estrito cumprimento das suas funções, lembrou a legislação que, desde 2001, rege, entre outras coisas, esta questão.

A CNE, valha a verdade, não diz nada de especialmente novo quando chama a atenção para a necessidade de tratar com igual disponibilidade informativa todas as candidaturas. Isso já acontecia antes e sempre levantou problemas mais complexos nas eleições autárquicas, como é natural. Tais problemas, com mais ou menos queixas e protestos, sempre foram superados. Porquê tanto nervosismo agora? O que justifica esta operação – perpetrada pelo conjunto dos canais televisivos – de redução do parecer da CNE a uma caricatura, atribuindo-lhe determinações que lá não estão ou, pelo menos, não com o sentido que se lhe pretende atribuir? E porquê só nestas eleições, uma vez que a lei é de 2001? [Read more…]

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Poderiam ser as medidas de combate ao desemprego em Gaia – uma por cada um dos desempregados que a Gestão de LFM piropoajudou a consolidar e, nisso, Gaia continua na FRENTE.

Mas, ao pensar no candidato forte à Junta de Campanhã, confirmo a apetência forte para resolverem problemas de desemprego. Aliás, quase conseguia resolver um problema semelhante a um vereador de matosinhos, não fosse terem aparecido umas trapalhadas pelo meio.

E assim continua a democracia a norte.

Faça um depósito, ganhe o brinde!

nunp crato
Nuno Crato (peço desculpa ao honrado Concelho alentejano com o mesmo nome, mas o homem assina assim…) tirou um novo coelho – soit-disant – da sua piolhosa cartola. A partir de agora – “ai, tia, que coisa tão chic…”- os testes de inglês do 9º ano (leram bem, nono ano) serão elaborados em Cambridge, patrocinados por um banco, duas editoras e uma empresa de software ( e, quem sabe, “por uma bebida qualquereee…”).

Exultai, alunos. Não mais aqueles professores portugueses licenciados em Universidades propriamente ditas e cheios de vontade – têm dito os governos do centrão aos vossos pais e, sobretudo, seus eleitores – de reprovar as suas discentes vítimas. Agora a coisa será “autonomizada” ( ou “externalizada” – adoro estes neologismos… ) , diz ele, consignada a privados que, como se sabe, são peritos nestas matérias e impolutos como jamais serão os serviços públicos, garantem-nos. E patrocinada!

Estou a ver tudo: acabaram-se os trabalhos da GNR e os complexos e confiáveis processos de segurança e sigilo que sempre vigoraram; agora são os bancos – entidades de bem-fazer em que se pode confiar!- , as editoras – que são completamente desinteressadas nesse sigilo, claro – e uma empresa de software que sempre pode dar uma ajuda a pescar um enunciado antes dos outros. [Read more…]

Mudemos de assunto, sim?

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