O escuro é muito grande, o tempo é muito frio

Os imigrantes africanos que morreram no mar de Lampedusa, a ilha cemitério, tiveram direito à nacionalidade italiana póstuma. Os que chegam vivos vão parar a “centros de acolhimento”, onde não fazemos ideia de como estarão a ser tratados. O vídeo que agora se tornou público, gravado com um telemóvel e exibido ontem à noite na RAI, obriga-nos a lembrar o pior de que a Europa civilizada foi capaz.

Em fila, nus perante toda a gente, ao frio, os imigrantes são lavados à mangueirada, um procedimento de desinfecção alegadamente por causa da sarna. Qualquer semelhança com campos de concentração nazi será apenas porque, para nossa desgraça, é deles que nos vamos aproximando.

Nota: O seu a seu dono, o título pertence ao Fausto e a outros naufrágios.

Draghi amigo, a Albuquerque, o Coelho e o Portas estão contigo!

Mario DraghiDraghi está revelar-se aparentemente um homem instável. Transmite a ideia de sofrer da patologia de mudança comportamental, com súbitas e contraditórias transformações cognitivas e comunicacionais.

Na Comissão de Assuntos Económicos do PE, ontem, admitiu a possibilidade de Portugal não ter o sucesso de “saída limpa” (idêntica à da Irlanda) do PAEF e, portanto, estar em risco de, terminado este, vir a recorrer a um ‘programa cautelar’ até ao regresso normal aos mercados.

Ao arrepio deste alarme perante os parlamentares europeus, com a subsequente divulgação pela comunicação social, hoje enviou uma mensagem às redacções a declarar:

Cabe exclusivamente às autoridades portuguesas decidir sobre um possível novo programa

Será que o homem é vítima de doença bipolar? Não creio. Acções de bastidores, e muito possivelmente de Washington, de Bruxelas e da inevitável Berlim, levaram o presidente do BCE a desfigurar o que havia afirmado, menos de 24 horas antes.

Perdida a bússola da Irlanda, de quem o governo português esperava a facilidade do trabalho ‘copy and paste’, tipo aluno cábula, a insegurança e a dúvida do que fazer agravaram-se nas preocupações da Albuquerque, do Coelho e do Portas.   [Read more…]

Esta homem ainda vai a Chanceler

O sector de serviços alemão tem que ser mais competitivo, mais aberto a diferentes agentes económicos.

Bruno Maçães espetando o indicador no nariz de Merkel.

Food for thought

passos socrates

© Público/Pedro Cunha (http://bit.ly/1dgyuTw)

Matéria para todos reflectirmos: anteontem, José Sócrates criticou Pedro Passos Coelho por este, aparentemente (não vi esta entrevista) e num determinado contexto, ter adoptado o verbo ‘entregar’ como tradução portuguesa de ‘to deliver’.  Não sei porquê, mas a associação do conceito ‘língua portuguesa’ aos nomes ‘José Sócrates’ e ‘Pedro Passos Coelho’ fez com que imediatamente me lembrasse da RCM n.º 8/2011 (promovida e criada pelo primeiro; herdada, não rejeitada e executada pelo segundo) e das consequências (aqui ali). Esperemos que esta incursão pelo maravilhoso mundo da língua portuguesa (embora em registo prescritivo e moralista) seja uma indicação de que os políticos irão, por fim, começar a dedicar-se à leitura dos pareceres que solicitam e a seguir a direcção por estes apontada.

Um outro ponto interessante da entrevista do senhor primeiro-ministro foi quando ele falou — e mais uma vez utilizando também uma linguagem que se inspira nos anglicismos que ele adora… Diz ele que o Governo ‘entrega’ resultados. Quer dizer, em português, diz-se: “o Governo ‘apresenta’ resultados”. Mas, enfim, o verbo ‘deliver’ inglês é muito inspirador para o primeiro-ministro: ele acha que o Governo entrega resultados.

— José Sócrates, RTP, 15 de Dezembro de 2013

Post scriptum: As aspas [Read more…]

Qual praça, qual quê

O Porto tem uma coisa nova, arraçada de praça, dizem, e que dá para as traseiras dos prédios que foram reabilitados, e ainda bem que o foram, para que “os jovens” venham viver e procriar na baixa. “Os jovens”, sempre a puxar para a subversão, viram os preços das casas e fugiram antes para as ruas velhas, com prédios em ruínas, mas com rendas que lhes permitem manter luxos como três refeições por dia. Ficou a coisa arraçada de praça lindamente decorada para o Natal, com luzinhas, toda fechadinha sobre si mesma como uma couve-penca, com muitos cartazes de T0, T1 e T2 para venda, e uma arvorezinha nua, estilizada como deve ser uma árvore chique. Às janelas dos prédios ainda não se assoma ninguém, nenhuma mãozinha pequena a acenar cá para baixo, nenhuma velhota a despejar alpista no prato do canário, nenhuma peça de roupa no estendal (co’ horror, estendais). [Read more…]

O Que Diz a Raposa?

 What the Fuck Say?

Lisboa Rossio

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The Miguel Relvas Connection

E as festas de Tecno(forma) para todos.

Tradução da Declaração 10.ª Avaliação da ‘Troika’ (CE, BCE e FMI) – 16-Dez-2013

Transformou-se em tradição no ‘Aventar’. A intenção é preencher a habitual e lamentável lacuna do governo e da comunicação social do País em proporcionar aos portugueses os textos, em língua portuguesa, de documentos relevantes sobre a austeridade na vida dos cidadãos, bem como as condições socioeconómicas e o desenvolvimento da nossa sociedade.

É importante salientar o ignóbil topete da ‘troika’ ao tentar chantagear o Tribunal Constitucional, na linha da ingerência da soberania de um País que cometida por organizações supranacionais a que Portugal está vinculado tornam a atitude ainda mais abjecta.

Os actos de comunicação de governo, temperado de demagogia (Portas), de incertezas (Maria Luís Albuquerque) e silêncio cúmplice (Carlos Moedas), foram comentários superficiais sobre a 10.ª avaliação que, no tom e ligeireza com que foram expressos, estão longe de corresponder ao direito de acesso à informação dos cidadãos, limitando-se a curtos espaços televisivos e notícias breves na imprensa em geral. [Read more…]

History DIY

history

Numa das incubadoras de boys, secção azul, vivem-se tempos agitados, com direito a um momento História-DIY, mas sem terem previamente lido o livro de instruções. A linha retórica consistiu em enumerar umas quantas desgraças, numa perspectiva maniqueísta de socialismo mau e capitalismo, depreende-se, bom. Não valendo a pena defender nenhum dos lados e apenas para recolocar as coisas em perspectiva, de repente lembro-me do Vietname, do Iraque e de mais uma catrefada de sítios com petróleo. Tanto trabalho para chegar à punch line de chamar paleomarxista ao João José Cardoso, parecendo-me parvo, até é uma forma de elogio. Bolas João, configuras no manual de História de algumas pessoas! [Read more…]