que o Montepio é o senhor que se segue? Foi a sensação que me ficou da entrevista de António Costa.
A História do Banco do Meu Avô
Carlos Paz
Vamos IMAGINAR coisas…
Vamos imaginar que o meu avô tinha criado um Banco num País retrógrado, a viver debaixo de um regime ditatorial.
Depois, ocorreu uma revolução.
Foi nomeado um Primeiro-Ministro que, apesar de ser comunista, era filho do dono de uma casa de câmbios. Por esta razão, o dito Primeiro-Ministro demorou muito tempo a decidir a nacionalização da Banca (e, como tal, do Banco do meu avô).
Durante esse período, que mediou entre a revolução e a nacionalização, a minha família, tal como outras semelhantes, conseguiu retirar uma grande fortuna para a América do Sul (e saímos todos livremente do País, apesar do envolvimento direto no regime ditatorial).
Continuemos a IMAGINAR coisas…
Após um período de normal conturbação revolucionária, o País entrou num regime democrático estável. Para acalmar os instintos revolucionários do povo, os políticos, em vez de tentarem explicar a realidade às pessoas, preferiram ser eleitoralistas e “torrar dinheiro”.
Assim, endividaram o País até entrar em banca-rota, por duas vezes (na década de 80).
Nessa altura, perante uma enorme dívida pública, os políticos resolveram privatizar uma parte significativa do património que tinha sido nacionalizado.
Entre este, estava o Banco do meu avô.
E, continuando a IMAGINAR coisas…
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Dinheiro do BANIF III
O Governo vai meter 1100 milhões de euros no BANIF. O que vão dar aos ladrões daria para pagar 5114138 meses de pensão social de velhice, isto é, daria para pagar esta pensão a 426178 pessoas durante um ano…
O BANIF é do povo
Acabámos de doar 1,1 milhões a mais um banco pré-falido. Sim, nós todos. Coisa pouca, mais pagaremos pela reestruturação da banca, assegurando que os empreendedores manterão os seus capitais intactos num offshore qualquer, longe daqui.
Para começar as acções estão em alta. A este tipo de refundação económica chama-se desde o séc. XIX acumulação de capital. Pode ocorrer de diversas formas, em Portugal mete sempre uma ajudinha de um governo solícito e obrigado.
Na cabeça tonta de um Gaspar e de quem o ama, estas acumulações, e salvações fazem todo o sentido porque o capital obtido ou salvaguardado será posteriormente investido na economia. Deixando de lado as passagem de ano do impagável Dias Loureiro em Copacabana, acredito que sim. Serão reinvestidas algures, numa economia qualquer, paguemos então a viagem às ratazanas que abandonam o navio. Ocorrido o naufrágio, não deixarão de nos enviar um postal de boas-festas no final do ano.
Imagem: cartaz sobre a nacionalização da banca (1975), ephemera
Homem mau
Lembro-me de ter ido pela 1ª vez a um comício por alturas da campanha de Mário Soares em 1986, contra o Freitas do Amaral. Quando tudo era bem mais simples, perguntei porque é que ia a um comício do Soares e não ia a um do Freitas. A resposta foi de uma limpeza cristalina:
– Soares é o bom! Freitas é o mau.
Mesmo quando tento explicar a crise a quem vê o mundo nessa simplicidade, tenho dificuldade em explicar algumas coisas. É verdade que, na situação presente, é fácil identificar os maus!
A complexidade do dia de hoje é o de procurar um significado para a sigla BPI.
Sim, claro que é complicado e não estou a misturar a árvore com a floresta- quando fala Cavaco eu não estou a ouvir o sr. Silva. É o Presidente que fala.
E quando ouço Vítor Gaspar é o Primeiro-Ministro que estou a ouvir- não é o familiar do Louça.
Logo, quando fala o tipo, é o BPI que eu estou a ouvir.
Felizmente não sou, nunca fui e, por este andar, nunca serei, cliente do BPI!
(Se és, deverias, desde já, deixar de o ser!) [Read more…]
Meu filho
Que sou livre, dizem-me.
Porém se quisesse ter outro filho
teria de o levar ao banco da esquina
porque sua é a minha casa.
O meu menino chamaria pai ao gerente
e mãe à caixa
aprenderia a andar com uma cadeira
de rodinhas de escritório
dormiria numa gaveta dos arquivos
e eu seria apenas um parente afastado
que lhe sorriria do meu lugar na fila.
Passaria por lá de vez em quando com a desculpa de aumentar a hipoteca
só para ver como o criam
como o ar condicionado o afecta
se sabe enviar um fax
e se o gerente lhe oferece um jogo de frigideiras
pelo seu aniversário.
Ana Pérez Cañamares, roubado ao Trapézio sem rede
Por favor, deixem-me transcrever este texto
Por: José Niza – In ”O Ribatejo”1. Depois do que aqui escrevi na semana passada sobre “o dinheiro”, não esperava tão depressa voltar ao assunto: preferia que, em tempo de Natal, a caneta me conduzisse para outras paragens, e me levasse por caminhos que fossem de procura, ou de descoberta, de uma réstia de esperança, de uma festa numa praça de amor, de paz e de canções. Mas não. O homem põe. E a banca dispõe. 2. Um relatório há poucos dias divulgado pela CMVM – a Bolsa – deu-me um murro no estômago. Não é que eu tenha andado distraído da ganância e dos festins da nossa alta finança. Mas tudo tem que ter limites: os números revelados nesse relatório sobre os salários dos administradores dos bancos e das empresas mais importantes do País, para além de aterradores, são um insulto ao povo português e, em especial, aos mais de 500 mil trabalhadores que estão no desemprego. 3. O salário mínimo em Portugal é de 450 euros por mês. 90 contos por mês. 3 contos por dia. Muito pouco para pagar a renda da casa, a comida, as roupas, os sapatos, a água, a luz, os transportes, talvez o telemóvel… [Read more…] |
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