Christine Lagarde, a poderosa líder do FMI que tem nas mãos o poder de vergar nações, foi condenada pela justiça francesa por negligência, num processo que remonta ao tempo em que era ministra das Finanças de Nicolas Sarkozy, e que previa uma moldura penal correspondente a um ano de prisão e uma multa de 15 mil euros. Em tribunal ficou provado que a conduta negligente de Lagarde custou 404 milhões de euros aos cofres franceses, porém, como é previsível neste tipo de casos, o poder sobrepõe-se à justiça e a directora do FMI, apesar de condenada, não foi alvo de qualquer tipo de sanção. Como é belo, o admirável mundo da imunidade absoluta das elites. [Read more…]
Apanha-se mais depressa um anglófilo do que um coxo
Até tenho o Rui Rocha em conta de alguém de quem se discorda mas que produz leitura agradável, mas… touche pas a mon pote. Não fosse o delito de ter escrito que “o contributo decisivo para a modernidade veio da Inglaterra“ (a pérfida Albion do God Save the Queen) ainda passava, uma vez ultrapassados os limites aqui fica a explicação óbvia para as ilusões criadas pela fotografia que publica.
Não que isso me afecte muito (até tenho a mesma altura, só não uso é calçado para fingir que tenho outra), só que uma foto enganadora num texto onde cuidadosamente se omite que Daniel Cohen-Bendit tem tanto de francês como de alemão, necessitava de um contraponto da verdade a que temos direito
A seguir ao corte, a fotografia original com Hollande e Sarkozi, juntos e aos mortos. [Read more…]
Mário Soares ao Jornal I
“Toda a gente percebeu tanto em Portugal como na Espanha que só com austeridade não se vai lá.”
Eu não sei se TODA a gente já percebeu, mas há pelo menos dois tipos de pessoas que perceberam: os desempregados e os funcionários públicos!
PSD e CDS perdem as eleições em França
A derrota de Sarkozy não é suficiente para acreditar que a Europa se vai transformar num bloco solidário, deixando de ser uma multidão que marcha ao ritmo dos tambores alemães, tenha ou não pernas para isso. Hollande oferece-me tanta confiança como António José Seguro e, portanto, ficarei à espera de saber que promessas irá deixar de cumprir e se se irá desculpar com os erros do antecessor ou com as combinações prévias com o vizinho germânico.
Uma coisa é, para mim, iniludível: mesmo tendo escolhido Hollande como mal menor, houve uma multidão de franceses a votar contra a austeridade cega, contra a macroeconomia distante, ou seja, contra as políticas seguidas pelo governo português.
Moddy’s e mercados vencem a ‘Cimeira de Merkel’
Um par é sempre o dobro de um. Aritmeticamente é 2 = 1 + 1. Outra regra: a soma das parcelas é sempre maior do que qualquer partes. E por mais truques linguísticos que se inventem, matematicamente falando, Merkozy não é igual à soma Merkel + Sarkozy. É mera sinopse de linguagem.
Raciocínio complicado? Talvez. Serve, no entanto, para ilustrar que sendo Merkel uma fracção maior e Sarkozy um fragmento mínimo, a primeira parcela supera a segunda, criando uma falsa paridade à qual a Europa, excepto o RU de Cameron, está submetida.
Assim, a salvífica Cimeira de 9 de Dezembro, cujo desfecho foi aceite com subserviência por 17 + x países – e o x é simultaneamente uma incógnita e uma variável de 1 a 9 – está a corresponder a uma derrota para a Sra. D. Angel Merkel – e Sarkozy cai por arrasto. Não por acção do grego Papademos, do italiano Monti, do espanhóis Zapatero (de saída) ou Rajoy (de entrada), do português Passos ou de tantos outros que, na Áustria, Finlândia, Holanda e outras paragens, se juntam na confraria da sociedade do ‘bem estar e dominar’ alemão.
Europa: o centralismo germano-francês
O pós-2.ª Guerra e a fundação da CECA
Robert Schuman, em 9 de Maio de 1950, e tendo avisado apenas na véspera o secretário de estado dos EUA, Dean Acheson, publicitou o acordo estabelecido com a Alemanha, de Konrad Adenauer, nos seguintes termos:
O governo francês propõe que toda a produção franco-germânica de carvão e de aço seja colocada sob uma alta autoridade conjunta no quadro de uma organização que estaria também aberta à participação de outros países da Europa.
O acto, dos dois políticos democrata-cristãos, viria a dar lugar à fundação em 1951 da CECA (Comunidade Europeia do Carvão do Aço), integrando a seguir os países do Benelux e a Itália; esta, pela mão do também democrata-cristão, Alcide de Gasperi. Foram considerados os “pais da Europa”, depois transformada em CEE e hoje em União Europeia.
As remotas origens da UE tiveram, pois, motivações de ordem económica do pós-2.ª Guerra. Então, o “sistema económico” prevalecia sobre o “sistema financeiro”.
A União Europeia e a Zona Euro, na actualidade
O protagonismo, na altura, centrou-se no eixo ‘franco-alemão”, o qual, nos dias de hoje, sofreu uma inversão de carácter hierárquico; pois, em boa verdade, deve designar-se como eixo ‘germano-francês’. Temos, assim, dois grandes actores: a líder Angela Merkel, alemã, e o submisso Nicolas Sarkozy, francês.
As regras da zona euro passam a boas intenções
Na sequência do post anterior, mais uma tradução caseira sobre o que se diz na Alemanha, novamente segundo o Frankfurter Allgemeiner Zeitung.
A reforma da união monetária
O pacto de Merkel já não é pacto
A União Europeia baixa as exigências alemãs para a competitividade dos estados da zona-euro: os países devem comprometer-se reciprocamente a algumas reformas gerais e availá-las anualmente.
A União Europeia vai absorver alguns elementos do “pacto de competitividade” apresentado há quatro semanas pela chanceler Angela Merkel no seu pacote de reforma para a união monetária, mas formulando-os da forma mais vaga possível. As sanções por incumprimento das exigências formuladas por Merkel (e que foram apoiadas presidente francês Nicolas Sarkozy) não existirão. Em vez disso, os países da zona euro vão-se comprometer reciprocamente com algumas reformas gerais e discuti-las anualmente. É esta a orientação que vai ser defendida no próximo encontro dos chefes de estado e governo da zona euro no dia 11 de Março em Bruxelas. (…)
1.Março.2011
Boas notícias para estados disciplinados e com grande rigor orçamental como é o caso de Portugal. É de sublinhar que a própria Alemanha passou a fasquia dos 3% de défice do produto interno bruto (em 2010 ficaram nos 3.3%).
A Europa e a nossa incompetência
As peripécias das negociações orçamentais entre os proprietários do regime, PS e PSD, não passam de novas manifestações de incompetência de políticos do arco do poder; aliás, o que se repete ao longo de mais três décadas. Agora, ao que tudo indica por pressão do par Merkel – Sarkozi, Sócrates prepara nova proposta para favorecer o acordo e, das hostes do PSD, Nogueira Leite vem a terreiro afirmar categoricamente “a direcção nacional do PSD vai deixar passar o Orçamento”.
A falta de sentido de Estado é fenómeno corrente, com a subsequente degradação da imagem do País no exterior, em especial na UE e na ‘Zona do Euro’. De resto, desta ‘comédia de vaudeville’, já houvera a representação do 1.º acto por Teixeira dos Santos e Eduardo Catroga. Afastaram o acordo por cerca de 230 milhões, num orçamento que envolve de 80 mil milhões de euros. Contabilizemos prejuízos decorrentes para a economia portuguesa, entre os quais a subida imediata das taxas de juros de empréstimos públicos em mais de 0,5%. Isto em cima de um péssimo orçamento.
Como a crise é grande, o dinheiro e o juízo não abundam e a dependência externa, relativamente à Europa em particular, é imensa, a nebulosidade que nos conduz às trevas intensifica-se a cada passo. Merkel e Sarkozy não desistem do objectivo de impor a reformulação do Tratado de Lisboa – já de si é consabida manta de remendos – com vista a punir com avultadas multas e perda do direito de voto os países incumpridores em termos de objectivos do Pacto Estabilidade, nomeadamente a ultrapassagem do deficit público.
A Portugal e a outros estados-membros da ‘Zona Euro’ está a valer, na circunstância, a posição de Jean-Claude Juncker, presidente do ‘Eurogrupo’. O político luxemburguês, em entrevista ao ‘Die Welt’, considerou inaceitável o projecto de revisão que Merkel e Sarkozy combinaram, em encontro bilateral de há dias, em Deauville, França.
Proibição do véu integral em França
“A defesa patrimonial da laicidade é levantada pelos gauleses contra as mudanças culturais. Mas é difícil lutar contra essas mudanças quando trazidas pelos próprios franceses. Já não podemos brincar ao nós e eles quando são francesas convertidas ao Islão a usar o niqab”.
Muito se tem falado em relação á presença Islâmica na Europa, sobretudo em França, sobre o facto de os imigrantes tentarem impor os seus costumes enquanto estrangeiros mal agradecidos á sociedade ocidental, a qual os acolheu benevolentemente.
Vou-me centrar em França, país onde o debate está na ordem do dia e que personifica a meu ver a contradição ocidental entre tolerância e xenofobia.
Em primeiro lugar convém lembrar que a população de origem magrebina existente em França resulta do facto de os franceses terem colonizado os seus países durante décadas, concedendo posteriormente a esses povos o direito de viverem e trabalharem em França.
Em França, onde fazem o trabalho sujo que os franceses não querem fazer e onde pagam os seus impostos, que contribuem para pagar as reformas dos franceses.
Hoje em dia os franceses de origem magrebina são aproximadamente 5.000.000 de pessoas, quase 10% dos 65.000.000 de franceses, cidadãos de pleno direito desse país e maioritariamente muçulmanos.
Algumas das mulheres que professam a religião muçulmana, cerca de 2.000, usam o niqab, um véu que esconde a face, associado ao hijab ou ao xador, que lhes cobrem a cabeça e o pescoço.
Essas 2.000 mulheres representam cerca de 0,003% da população de França e 0,08% do total de mulheres muçulmanas francesas.
É deste “problema” que estamos a falar, ainda por cima com uma nuance _ a grande maioria dessas mulheres são jovens de origem magrebina nascidas em França ou francesas convertidas ao Islão.
Segundo as estatísticas existem cerca de 60.000 franceses convertidos ao Islão, a maioria dos quais mulheres, número que aumenta anualmente em cerca de 3.600 cidadãos.
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