Finanças penhora conta bancária por 24 cêntimos

Aqui está a prova que me chegou às mãos, à qual retirei dados de identificação.

Finanças penhora conta-ordenado por 24 cêntimos

Clicar para ampliar

A história é simples. Houve um erro quanto a juros de mora e as finanças penhoraram a conta da pessoa em causa, na totalidade, por causa de 24 cêntimos.

Quem vai ser responsabilizado por uma pessoa ter sido impedida de aceder à sua conta durante 6 dias? Quem a vai indemnizar pelos danos causados? Pagamentos recusados, cheques devolvidos, lista negra dos cheques, não ter dinheiro para o dia-a-dia. Haverá responsabilidades técnicas mas há, sem dúvida, responsabilidade política por parte de quem decretou estes automatismos. E esses responsáveis são Paulo Núncio, Maria Luís Albuquerque e Pedro Passos Coelho (também conhecido por “Aquele Que Se Esquece Das Suas Obrigações Fiscais Mas Ao Qual Nenhuma Consequência Aconteceu”).

O erro foi das finanças mas isso nem sequer é relevante, já que em causa está uma insignificância que nunca deveria dar origem a uma penhora. Mesmo que o erro fosse do contribuinte, não é admissível usar um canhão para matar uma mosca. O Estado não pode ser pessoa de mal!

Eis o país onde não falta dinheiro para prémios de produtividade em função das cobranças coercivas no fisco, para perdões fiscais ao ex-BES e para os buracos da banca.  Mas é o país, também, onde falta seriedade e esta não se saca com uma penhora a quem não a tem.

 

O projeto e a acção

acção socialista

O Partido Socialista tem um projeto (sic) de programa eleitoral e um jornal que se chama Acção Socialista. Anteontem, foi apresentada a versão para debate público do Projeto (sic) de Programa Eleitoral. Como o Projeto (sic) é para debate público, convinha que se discutisse publicamente aquilo que o PS “procurará dinamizar”. Por exemplo, convém debater

A implementação das ações [sic] necessárias à harmonização ortográfica da língua portuguesa e da terminologia técnica e científica, nos termos dos acordos estabelecidos.

Harmonização gráfica da língua portuguesa” é exactamente a mesma expressão adoptada na página 59 do documento estratégico orientador Agenda para a Década (ou Agenda pára a Década? — a dúvida mantém-se) e é algo que nem sequer o aspirante a dinamizador das “ações (sic) necessárias à harmonização ortográfica da língua portuguesa” consegue fazer na sua própria estrutura, pois apresenta-nos um Projeto (sic) e tem um jornal que se chama Acção Socialista.

Aliás, o Acção Socialista presta um esclarecimento («O “Acção Socialista” já adotou [sic] as normas do novo Acordo Ortográfico») ortograficamente desarmonioso e que encerra em si mesmo uma contradição, uma incorrecção e uma inexactidão.

Quanto à contradição, das duas, uma:

1) «O “Acção Socialista” não adoptou as normas do novo Acordo Ortográfico»

ou

2) «O “Ação Socialista” adotou as normas do novo Acordo Ortográfico».

Tertium — ou seja, «O “Acção Socialista” já adotou as normas do novo Acordo Ortográfico» — non datur.

No que diz respeito à incorrecção, efectivamente, o número 1396 do Acção Socialista, além de ter ‘diretora’ (sic), ‘reacionárias’ (sic), ‘dececionadas’ (sic), ‘deceção’ (sic), ‘rutura’ (sic) e ‘ótica’ (sic), contém ‘perspectiva’, ‘actual’, ‘objectos’, ‘actividade’, ‘activismo’, ‘abstracto’ e ‘aspectos’.

Por fim, a inexactidão: “novo acordo ortográfico”. Como escrevi há uns tempos, “Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990” é o nome da coisa.

Aproveitando a coincidência de encontrarmos esta matéria extremamente controversa no projecto de programa eleitoral do Partido Socialista e de António Costa ter admitido “proceder a partir de agora a uma discussão mais focada sobre as matérias mais controversas constantes no projeto [sic] de programa eleitoral“, ficamos então à espera dessa “discussão mais focada”.

Desejo-vos um óptimo fim-de-semana.

Existe petróleo em Palmira?

Palmira

Foto@Expresso

A escumalha do Estado Islâmico continua a deixar um rasto de destruição por onde quer que passe. Depois de Hatra, Nimrud ou da destruição das estátuas em Mossul, os radicais que empunham armas ocidentais amavelmente cedidas para combater o demónio Al-Assad controlam agora as ruínas da cidade de Palmira, património da UNESCO e um dos registos históricos mais antigos da humanidade. Pelo caminho, pilhas de cadáveres acumulam-se nas bermas das estradas e mulheres que nunca chegaram a conhecer o significado da palavra liberdade são agora escravas sexuais destes vermes sunitas.

Não consigo, por muito que me esforce, encontrar uma justificação para a passividade dos polícias do mundo. Invadiram o Afeganistão com o pretexto de apanhar Bin Laden, invadiram o Iraque usando pretextos absurdos quando o seu único intuito era controlar os recursos do país e substituir o outrora amigo Saddam por novas marionetas, armaram terroristas para derrubar Al-Assad e agora que este lixo humano mata e destrói tudo a sua volta é vê-los quietos e calados, entre ocasionais ataques aéreos que não parecem sequer beliscar a rolo compressor que oprime a Síria e o Iraque. Será que as jazidas secaram por aqueles lados?

Desvendado o mistério da “longevidade” de Dias Loureiro

DL

Creio ter desvendado o mistério da longevidade de Dias Loureiro. Não me refiro, claro, aos 63 anos bem vividos, parte deles a mamar na teta do Estado, outra parte no banco fraudulento do cavaquismo. Refiro-me a forma com vem fintando a “extinção”. Até porque trafulhas políticos é o que não falta neste país. Dias Loureiros são mais raros. E o segredo parece estar nos amigos e aconselhados. E nessa massa una que é o bloco central.

[Read more…]

O fosso da austeridade

Segundo estudo da OCDE, o fosso entre ricos e pobres nos 34 países que integram a organização é o maior dos últimos 30 anos e constituiu um obstáculo ao crescimento económico no longo prazo.

E rir de nós próprios?

André Serpa Soares

11220916_10204094556304517_7658779421112771579_n
Levamo-nos demasiadamente a sério em quase tudo o que dizemos ou fazemos. As nossas opiniões parecem ter sempre aquele tom profético de “verdade óbvia” que ninguém parece ainda ter visto, apesar de tão evidente.
Dependendo de nós, o mundo seria muito melhor, o problema são os outros.

Passeamos um pouco pelas redes sociais ou pela blogosfera, perdemos uns minutos a ver ou ouvir a insanidade que uiva em cada “fórum” da rádio ou TV e eis que encontramos milhões de detentores da verdade revelada e da solução para todos os males.

Pudéssemos nós mandar, e outro galo cantaria. Somos verdadeiros D. Quixotes da opinião e, bastas vezes, da solução.

Mas depois… Os defeitos e os vícios são privados. Públicas, só as supostas virtudes. [Read more…]