O homem é presidente, mas está a abusar. Mandar a ninhada corrupta do ditador para o olho da rua é uma jogada arriscada. Ainda há dois dias o clã dos Santos mandava naquele país, fazia grandes negócios com o seu dinheiro, alimentava uma oligarquia (aparentemente) fiel e já é desafiado desta maneira? 38 anos a liderar o partido e o país de forma quase absoluta, para que tudo desvaneça em menos de dois meses? É estranho. Mas talvez estejamos perante um revolucionário, daqueles sobre os quais se escrevem poemas, que esteve à espera da sua vez, pacientemente, para fazer história e derrubar o regime. É estranho, mas é preciso coragem para demitir Isabel dos Santos. [Read more…]
Coisas silly da season
encontradas nesse antro de hereges que é a taberna d’Os truques da imprensa portuguesa. Mas desta vez compreende-se, Truques: Paulo Portas é um actor político irrelevante, que não desperta grande interesse mediático e que não exerceu os mais altos cargos de governação. Para quê gastar tempo de antena com ideias soltas que, só por coincidência, se ligam na perfeição e parecem indiciar um caso com contornos pouco transparentes? Ganhem mas é juízo, que estamos em Agosto. São coisas silly da season – e porreiras -, pá! [Read more…]
Entretanto, na monarquia absoluta de Eduardo dos Santos
dois filhos do rei-sol são propostos para Comité Central do MPLA. Isabel dos Santos continua em stand-by para suceder o ditador. Alguém disse nepotismo?
Angola: à direita, nada de novo
Em teoria, MPLA e PSD professam da mesma ideologia: ambos se assumem como social-democratas. No mundo real, os primeiros agem como os colonos que outrora combateram, explorando um país vasto em recursos, enquanto a esmagadora maioria da população definha. Os segundos, reféns de uma variante muito particular de liberalismo, sacrificaram o Estado Social em detrimento dos apetites do capital privado. Muito mais é o que os une, do que aquilo que os separa.
Sem surpresas, o PSD integrou a coligação (im)provável que chumbou os votos de condenação apresentados por PS e BE contra a prisão dos activistas angolanos que ousaram debater e lutar pela liberdade. Tal como o CDS-PP, a argumentação dos “social-democratas” não difere muito da argumentação dos comunistas: soberania e não-ingerência nos assuntos internos de Angola. [Read more…]
Quantos de nós estaríamos dispostos a morrer por uma causa?
Uma pergunta de Patrícia Fonseca, na Visão, num belo resumo sobre o que se passa em Angola.

(c) Luaty Beirão fotografado por João Pacheco
O momento do nosso embaixador João da Câmara
João Pacheco, jornalista
Já deve ter passado ao lado do grande momento. Já deve ter passado ao lado daquele momento em que poderia ter feito a diferença, o nosso embaixador português em Luanda. Ao embaixador João da Câmara exigia-se coragem na representação da república portuguesa. Nada disso se viu até agora, mas o nosso embaixador ainda vai a tempo de tomar uma última atitude digna em Luanda, uma última atitude que o salve como homem e como diplomata.
O nosso embaixador João da Câmara visitou Luaty Beirão passados mais de trinta dias de greve de fome deste preso político luso-angolano. Consta que cá fora não quis falar. E já mais tarde, o respectivo ministério contou ao mundo o que o nosso embaixador português em Luanda teria a dizer de útil.
Parece que Luaty Beirão está a ter um bom acompanhamento médico, acha o nosso embaixador em Luanda.
E acompanhamento político? [Read more…]
O que faz falta é vergonha na cara
Angola tem um regime presidencialista cujo chefe de Estado é José Eduardo dos Santos, também presidente do MPLA, partido que venceu as últimas eleições legislativas (2012). O MPLA é uma derivação do braço do PCP em Angola (década de 1950). Por razões de aceitação internacional, alterou, oficialmente, a sua ideologia, passando do marxismo-leninismo para a social-democracia, conseguindo, depois, ser aceite na Internacional Socialista onde se mantem filiado. Na prática, mantem uma organização, completamente, estruturada, orientada e pensada de acordo com os antigos partidos únicos do bloco de Leste.
É este o Presidente e é este o partido que são responsáveis pela ignóbil e terrível situação atual de Luaty Beirão.
Com indiferença, segurança e comprimidos?
«Não sei como José Eduardo dos Santos dorme à noite. Não sei como Isabel dos Santos dorme à noite. Não sei como milhares de homens e mulheres de negócios dormem à noite. Não sei como o Governo português dorme à noite. E o PCP podia arranjar melhor companhia do que o governo português nesta matéria (…)».
[Alexandra Lucas Coelho no Público]
Já agora, falando de lambe-botas…
Num normalizado artigo de encher pneus em que requenta a sua expressa opinião do costume, o balsemado valentão-anti-cobardes Daniel Oliveira espuma por Passos Coelho não ter aderido ao documento glosado por David Cameron. Em boa verdade, muito daquilo que lá está escrito poderia ser suficiente para o governo português assinar de cruz, como aliás habitualmente tem feito desde há mais de trinta anos. Mas simplesmente não pode agora fazê-lo de ânimo leve. Porquê?
O sistema que pariu e tem mantido os danieisioliveiras, é precisamente aquele que hoje se encontra em apuros e sob o fogo cerrado dos mesmos eternamente irados danieisoliveiras. É o esquema do subsídio à farta para o mau cinema votado às moscas, para os grupos teatrais do rebola no chão e bate na lata, o subsídio para resmas e resmas de ilegíveis opúsculos de e para amigos, das fundações e gabinetes de comparsas, etc. O dinheiro acabou e isso parece insuportável, urgindo recorrer à chantagem para que o caudal volte ao leito a que se habituaram. Tarde demais, é impossível. [Read more…]
4 de Fevereiro de 1961 – Acontecimentos de Luanda
Na Madrugada do dia 4 de Fevereiro de 1961, grupos de guerrilheiros angolanos, comandados por Neves Bendinha, Paiva Domingos da Silva, Domingos Manuel Mateus e Imperial Santana, num total de cerca de duzentos homens, armados com catanas, desencadearam uma série de acções na cidade de Luanda,
Um desses grupos montou uma emboscada a uma patrulha da Polícia Militar, neutralizando os quatro soldados, tomando-lhes as armas e as munições. Com o objectivo de libertar os presos políticos, assaltaram a Casa da Reclusão Militar, o que não conseguiram.
Outros alvos foram a cadeia da PIDE, no Bairro de São Paulo e a cadeia da 7ª Esquadra da PSP, onde havia também presos políticos. Tentaram igualmente ocupar a «Emissora Oficial de Angola», estação de rádio ao serviço da propaganda do Estado.
Nestas acções, morreram quarenta guerrilheiros, seis agentes da polícia e um cabo do Exército Português, junto da Casa da Reclusão.
O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), considera o 4 de Fevereiro como data do início da luta armada em Angola. No entanto, na origem desta rebelião esteve o cónego Manuel Joaquim Mendes das Neves (1896-1966), mestiço, natural da vila do Golungo-Alto, missionário secular da arquidiocese de Luanda, o qual não estava ligado ao MPLA.
(Fonte; BRANDÃO, José, «Cronologia da Guerra Colonial», Prefácio Editora).
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