«Por CR7. Y también por Camoes»

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Manual sobre perda de competitividade

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Imagine que tem um nicho de mercado com ar modernaço. Seja, a título de exemplo, uma rede de carregamento de carros eléctricos. Suponha que essa rede foi construída sem que existissem clientes que a usassem, apesar de ter custado uma pequena fortuna. Como era algo modernaço, bastou-lhe o élan para justificar a sua concretização. Imagine, ainda, que passados 7 anos essa rede continua com uma utilização residual e que a adesão de novos clientes não passa, digamos, de 1% das vendas anuais desse mercado. Isto, apesar de os novos clientes terem um subsídio de adesão na casa dos 12%.

Ainda está a seguir este exercício criativo? Óptimo. Suponha, por fim, que o Estado decide dar, a fundo perdido, 4,2 milhões de euros para renovar e ampliar essa rede que não teve nem se antevê que tenha, em tempo útil, utilidade.

Imaginou tudo isto? Muito bem. Fique então sabendo que o cenário não é hipotético. É real. A sociedade Mobi.E gere de facto a rede descrita e vai receber os milhões indicados. Dizem que estes vêm de fundos comunitários, como se o dinheiro não fosse um lençol que se puxa para tapar de um lado, enquanto destapa do outro.

Para criar este “incentivo”, algo teve que ser desincentivado, seja por não ter recebido incentivo, seja porque foi contribuinte líquido para o incentivo. É tudo uma questão de competitividade.

Bem-vindo à função pública, caro Carlos Martins

0Depois de, em 2011, Miguel Macedo ter prescindido de um subsídio de alojamento, Carlos Martins, actual Secretário de Estado do Ambiente, veio fazer o mesmo, confirmando que les beaux esprits se rencontrent.

Julgo que não há muitos funcionários públicos que tenham mais do que uma casa; Carlos Martins tem, o que é, decerto, bom sinal. Uma delas, onde vive actualmente, localiza-se em Cascais; a outra, em Tavira, foi indicada como residência permanente. Assim, e de acordo com a lei, foi contemplado com o referido subsídio, ajuda aproveitada para pagar as prestações do empréstimo bancário concedido para a compra do imóvel algarvio. [Read more…]

Admirável Nova Europa

Schäuble prepara plano para “nova UE”, incluindo poder de veto sobre orçamentos.

Um ministro errante

Santana Castilho*

A discussão em torno do financiamento de novas turmas com contratos de associação ocupou a atenção da opinião pública nas últimas semanas. A contestação daí decorrente, desviando-nos de problemas mais importantes, acabou por ser favorável à imagem do Governo e ao errante ministro da Educação. Uso o adjectivo errante com o seu duplo significado: aquele que erra e aquele que vagueia sem rumo certo. Vejamos algumas justificações para o que digo, agora que a fase aguda da zaragata dos colégios acabou e o ano lectivo também.
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Não, os ingleses não foram aos magotes pesquisar no Google o que é a UE

brexit

Na sexta-feira, estava o abanão do Brexit ainda fresco quando o Washington Post escrevia que “muitos britânicos poderão nem saber em que é que votaram”, num artigo com um título desdenhoso afirmando “Os britânicos estão a pesquisar freneticamente  sobre o que é a UE, horas depois de votarem pela saída“.

No entanto, a notícia espalhada pelo Washington Post, e amplamente disseminada, é falsa. Este jornal baseou-se num tweet gerado pela ferramenta Google Trends, a qual analisa em tempo real o que é que as pessoas estão a pesquisar. [Read more…]

Eurocídio

Não consigo acompanhar os meus amigos que conseguem ver na actual situação da União Europeia, após o brexit, uma oportunidade para uma virtuosa reforma da organização. Pelo contrário. Todos os sinais indicam o caminho oposto. A preparação de sanções contra Portugal e Espanha – depois das eleições…- são apenas mais um sintoma. As ameaças a todos os países que hesitem na obediência, as reuniões restritas à clique dominante, as interpretações abusivas e distorcidas, quer do comportamento dos britânicos, quer da resistência democrática noutros países, tudo conduz ao mesmo fim. Os mandantes alegam que querem curar a UE. Parece mais que querem fazer-lhe eutanásia. Isto já não é só uma crise aguda do capitalismo. Também é, claro. Mas há aqui uma sombra, talvez de crueldade social, quiçá de sociopatia ou, quem sabe, uma vertigem de pura estupidez que, como estabeleceu Einstein, pode tender para infinita em condições determinadas.