Henrique Raposo espatifa Ronaldo e outros futebolistas ao serviço do carniceiro de Riade

sem espinhas, no Expresso.

Putin e o mercado livre

O documentário que passou ontem na CNN, Putin: o Caminho da Guerra, não é apenas claro sobre a natureza totalitária e monstruosa de Vladimir Putin. É todo um tratado sobre a hipocrisia do Ocidente, que sempre soube quem ela era e quais eram os seus métodos, mas preferiu assobiar para o lado.

E porquê?

Para evitar a fuga dos rublos e, sobretudo, para garantir que a economia russa se mantinha perfeitamente integrada nessa ilusão predatória a que chamam “mercado livre”. Porque os interesses das grandes multinacionais europeias e americanas não poderiam ser afectados por temas menores, como os direitos humanos. [Read more…]

UE apoia esforço de guerra russo com 35 mil milhões de euros

Holanda, Grécia, Itália, Hungria, Bulgária e Alemanha continuam a comprar petróleo russo. Se falarmos em compra de gás, o número de democracias (calma, não estou a incluir aqui a Hungria) que continua a financiar o massacre de ucranianos aumenta ainda mais. Entre o branqueamento comunista da barbárie e a hipocrisia colaboracionista de liberais, conservadores e social-democratas, venha o Diabo e escolha. Não se aproveita um.

Como chegamos até aqui

A Abecásia e a Ossétia do Sul foram ocupadas pela Federação Russa em 2008. A península da Crimeia em 2014. Desde então, nunca foi segredo para ninguém que os separatistas do Donbass eram apoiados financeira e militarmente pelo Kremlin, que garantiu a subsistência dessa agressão à soberania ucraniana, no plano militar e financeiro, ao longo de oito anos.

Paralelamente, a oligarquia russa continuava a expansão dos tentáculos de Moscovo pelo continente europeu, de Bruxelas às sedes das principais organizações internacionais, sob tutela directa de Vladimir Putin, movimentando milhões de rublos e negociando diariamente nas principais praças financeiras do Ocidente, de Frankfurt a Wall Street, com escala em Amsterdão, Zurique e na City de Londres, ou Londongrado, alcunha que nos diz tudo o que precisamos de saber sobre a colonização levada a cabo pelo Kremlin.

Quando não estavam a transformar o produto do saque ao povo russo em dividendos e propriedades de impensável luxo, a corte de oligarcas russos ocupava os tempos livres em actividades como a compra e gestão de alguns dos principais clubes de futebol da Europa, fazia férias em Puerto Banús, no Mónaco e na Costa Esmeralda, licitava obras de arte na Christie’s, comprava diamantes em Antuérpia e fazia shopping em Paris e Milão, o que ajuda a explicar o lobby que grandes estadistas como Mario Draghi tentaram inicialmente fazer, para que as insígnias italianas e francesas de luxo, bem como a indústria belga de pedras preciosas, fossem poupadas à lista de sanções. Acabar com a guerra sim senhor, mas deixem o lifestyle dos senhores oligarcas em paz.

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Capitalismo, o melhor amigo da máfia oligárquica de Vladimir Putin

Os oligarcas russos, como os seus congéneres chineses ou angolanos, navegam livremente nas águas neoliberais do capitalismo de casino, distribuindo as suas fortunas por diferentes ilhas paradisíacas, onde mais do que não se colocar a maçada de ter que pagar impostos, é possível depositar legalmente o produto de todo e qualquer crime, desde que efectuado na ordem dos milhões. É para isso que servem os paraísos fiscais: são o porquinho mealheiro da máfia contemporânea. O mercado livre também é isto.

Não deixa de ser curiosa, a facilidade com que os regimes autoritários e totalitários se movimentam na economia global, alegadamente construída sob a lógica da liberdade do indivíduo, e que, paradoxalmente, subsiste, em larga medida, da subjugação de milhões de indivíduos, à mercê do chicote ou da bota cardada, como acontece na China ou com as monarquias absolutas do Golfo, sem as quais o modelo económico que nos governa de facto entraria em colapso já amanhã.

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A invasão da Ucrânia e o novo politicamente correcto – O Equilíbrio do Terror #13

Andamos há anos a ouvi-los, aos berros, a anunciar o fim do mundo, porque a maleita do politicamente correcto se abateu sobre nós. Já não se pode gozar com homossexuais, não se pode poluir à vontade, não se pode ser nazi descansado, não se pode ser racista sem aparecer um woke zangado. Uma tragédia de proporções só comparáveis às do Holocausto.

Fora de tangas, é verdade que o policiamento da linguagem, em alguns momentos, tem ido longe de mais. Que a linguagem dita inclusiva, não raras vezes, atropela a integridade da língua portuguesa e a liberdade de expressão, para não falar em episódios absolutamente ridículos como aquele em que os seus proponentes defendem a substituição da palavra “mãe” por pessoa lactante, para não incomodar a ala mais radical da génerosfera.

O politicamente correcto tem sido associado à esquerda, criando, à direita, uma espécie de contra-cultura de inconformados, que não aceitam nenhum dos pressupostos associados ao conceito. No entanto, desde o início desta guerra, emergiu um novo politicamente correcto, com um nível de policiamento da linguagem sem precedentes. Já não se trata de apontar o dedo a quem discrimina ou agride verbalmente. Trata-se de rotular de ditador quem ousa meter o dedo numa ferida, que é real e factual.

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Capitalismo pró-Putin: as empresas ocidentais que continuam a preferir os rublos à democracia

Eis a lista da vergonha: Auchan, BASF, Bayer, British American Tobacco, Bosch, Burger King, Henkel, Imperial Tobacco, KFC, LG, Nestle, McDonald’s, Metro AG, Miele, Pepsico, Philip Morris, Pirelli, Starbucks, Stellantis, Swatch, Tesco.

Talvez não estejam aqui todas, e mais haveria a dizer sobre as empresas do ramo da energia, mas, sobre essas, escreverei mais tarde. Sobre estas, assumo o meu absoluto radicalismo: boicote total a quem contribui para que Putin continue a oprimir a Ucrânia.

Colaboracionismo

Sandra Capela*

“La palabra colaboracionismo deriva del francés collaborationniste, término atribuido a todo aquello que tiende a auxiliar o cooperar con el enemigo. Entendida como forma de traición, se refiere a la cooperación del gobierno y de los ciudadanos de un país con las fuerzas de ocupación enemiga. La actitud opuesta al colaboracionismo –la lucha contra el invasor– es representada históricamente por los movimiento de resistencia.
Los “colaboracionistas'” suelen serlo por diferentes motivos: por afinidad ideológica, por simpatía por el enemigo, o por coincidencia en los objetivos, aunque también pueden serlo por coacción o incluso por miedo. En otros casos, los colaboracionistas esperan obtener ganancias, enriquecimiento o favores del enemigo.”

Link: https://es.wikipedia.org/wiki/Colaboracionismo