O que pensa Henrique Neto sobre o polémico Tratado Transatlântico

Paulo Pereira

Imagina um documento, desconhecido pela maioria da população da União Europeia e dos Estados Unidos, que substituía as leis nacionais e comunitárias de uma só vez. Imagina que esse documento era discutido atrás de portas fechadas, com as negociações entregues a burocratas não eleitos e representantes de empresas multinacionais. Imagina que esse documento quebrava à partida a legislação comunitária ao ser discutido em segredo. Imagina que o documento entrava em vigor e tu nem sabias de nada. Não precisas imaginar mais. Esse documento chama-se Tratado de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (sigla TTIP) e está em discussão há meses em Bruxelas e Washington. Imagina agora que o país em que ocorrem esses “investimentos” não aceita revogar as suas leis perante o investidor estrangeiro. Que não aceita destruir a legislação de proteção do ambiente, da legislação laboral… Vão para os tribunais, certo? Não. O TTIP cria o mecanismo de “Resolução de Litígios entre os Investidores eo Estado” (ISDS) , que, não sendo um tribunal, decidirá sempre que uma empresa processar um Estado por pôr em causa ganhos futuros. O ISDS mais não é que uma reunião de advogados das principais firmas privadas em que está proibido levar em conta questões de saúde pública, direitos humanos, protecção ambiental, direitos laborais e direitos sociais. Só o comércio e o investimento livre interessam. Dá às empresas o poder de estados, e podem exigir não só a alteração de leis em vigor como impedir a criação de novas leis por parte de organismos eleitos democraticamente como os parlamentos

A única sondagem credível é o voto, mas entretanto…

É cedo para dizer se a coligação está a subir: se assim for, isso terá forçosamente de ser confirmado nas próximas sondagens da Aximage e da Eurosondagem. (…)  Podemos gastar os rios de tinta e os biliões de píxels que quisermos sobre a “descida” do PS, mas até agora não se infere descida alguma. Imediatamente antes das Europeias, o PS estava estimado em 37,4%. Em Dezembro, 37%. Hoje está em 37,5%. (…) A CDU, depois de uma descida em relação aos melhores valores da legislatura, cujo início coincidiu com a chegada de Costa à liderança do PS, tem estado estável em torno dos 10% desde o início de 2015. PDR e Livre não aparecem discriminados na sondagem da Católica, pelo que ficam na mesma na nossa estimativa. O Bloco, com um resultado muito bom nesta última sondagem, sobe um pouco.

Pedro Magalhães, a partir das estimativas do POPSTAR.

Estranha forma de rigor

Festa dinheiro

 

Quando nos vêm falar sobre a má gestão da coisa pública, recordo-me sempre desta intervenção da parlamentarmente saudosa Ana Drago, que durante menos tempo do que seria desejável representou efectivamente os portugueses na Assembleia da República e foi entalando uma série de boys e outros fantoches arregimentados como quem tirava doces a crianças. Era inspirador vê-la reduzir produtos de universidades de Verão, do abanamento de bandeiras e de outras formas de parasitismo político-partidário ao absoluto ridículo. Tenho saudades dela e o Parlamento ficou, com a sua saída, indubitavelmente mais fraco.

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O Labirinto de Costa

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Olho para a sondagem de hoje da Católica para o JN/DN/Antena 1/RTP e recordo-me dos primeiros dias de António Costa na liderança do PS.

O Secretário-Geral do PS, António Costa, tinha tudo para estar a um passo de ser o próximo Primeiro-ministro. Reparem: a classe média praticamente desaparecida em parte incerta. Os jovens viviam entre a certeza do desemprego cá e a esperança de qualquer coisa lá fora. Os professores estavam revoltados. Os médicos descontentes. Os funcionários públicos (essa enorme massa eleitoral) furiosos. Os trabalhadores frustrados. As empresas no fio da navalha. Depois temos os velhos problemas e os problemas velhos: BPN, BPP, privatizações, parcerias público-privadas, justiça, listas de espera nos hospitais, etc, etc, etc. Uma tempestade perfeita.

Entretanto veio a detenção de José Sócrates. E antes dele a “tralha socrática” dentro do partido e Mário Soares a falar em barda. Depois as eleições na Grécia. Uns cartazes espalhados pelo país com uma menina em pose religiosa, ao mais puro estilo de seita brasileira. E a demora em largar o lugar de presidente da Câmara de Lisboa. E as pressões internas para falar à comunicação social sobre tudo e um par de botas. O labirinto crescia em proporções dantescas.

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Mas além mentir com semântica, PPC mente factualmente.

Governo aumenta IVA para 23,25% e agrava TSU aos trabalhadores“. Notícia de 30 Abril 2014. Que se saiba, passar de 23% para 23.25% é um aumento.

Um mentiroso que se esconde na semântica continua a ser um mentiroso

PPC: “Não aumentámos o IVA. Passámos foi o IVA da electricidade de 6% para 23.5%”. O que dizemos quando o IVA aumentou? Referimos-nos à taxa ou ao valor do imposto? Importa lá! O IVA da electricidade aumentou.

É que o objectivo é também isso

“Quando chegarem as subconcessões [dos transportes públicos] acabam-se as greves”, PPC hoje no Parlamento.

Tem toda a razão

Lagarde só quer discussões com adultos na sala. Acho muito bem, já era altura de ela sair.

Não é a Grécia, é Portugal

portugal nao e a grecia

A campanha contra a Grécia já chegou à xenofobia germânica (o Die Welt acusa a Grécia de ter destruído a Europa de Metternich em 1821 e manda umas bojardas arianas sobre a “composição étnica do povo grego”), para não lhe chamar outra coisa.

Por cá, entre mentiras e manipulações de números, fica a acusação de que a culpa é dos gregos porque votaram no Syriza. Ora precisamente os gregos, que votaram durante décadas no seu bloco central, mudaram o rumo.

Quem ainda tem um governo inventado por um Relvas e um Marco António, facilitadores de negócios profissionais, não é a Grécia, é Portugal.

Quem tem um ministro Portas que escapa do caso dos submarinos e Portucale, não é a Grécia (que até julgou e condenou o ministro que fez o mesmo), é Portugal.

Quem tem um primeiro-ministro que andou a sacar fundos europeus para coisa alguma, caloteiro da Segurança Social e que teve uma longa carreira entre a política e os negócios, não é a Grécia, é Portugal.

Quem tem um ex-primeiro-ministro preso, que tudo indica será acusado de corrupção e absolvido porque impediu que as propostas de Cravinho fossem aprovadas, mantendo a corrupção política como crime quase impossível de provar, não é a Grécia, é Portugal.

Quem nas próximas eleições vai eleger os do costume, porque tem uma esquerda de egos incapaz de se unir e avançar para o poder, não é a Grécia, é Portugal.

Portugal não é a Grécia, pelo menos por enquanto. Tenho pena, muita pena, essa parte os gregos já resolveram.

Fotografia: Rogério Santos