Boa malha

o essencial do grande lobby friedmaniano a favor do cheque para escolher a escola da sua fé e credo é absolutamente contra o apoio do tipo cheque alimentar para os mais desfavorecidos da sociedade, porque diz que eles assim se habituam e ficam uns parasitas sociais.

Paulo Guinote

Violência no Colégio

Foi mais ou menos isto que aconteceu, há meia dúzia de anos, no Colégio Paulo VI em Gondomar. Um aluno do 1.º ciclo destruiu uma sala de aula durante um ataque de fúria, provocado por um distúrbio do foro psicológico.
Acto contínuo, o aluno foi convidado a deixar o colégio. O Encarregado de Educação ainda argumentou com os problemas emocionais do seu educando, a professora saiu em sua defesa, mas a decisão estava tomada. A mãe teve de encontrar à pressa uma escola pública que o acolhesse. O aluno foi diagnosticado e rapidamente enquadrado no Ensino Especial. Apesar de continuar a ter Necessidades Educativas Individuais, é hoje um menino que adquiriu uma grande capacidade de auto-controle.
Esta história nunca poderia ocorrer no sentido inverso. Ou seja, um aluno do 1.º Ciclo nunca poderia ser expulso da sua escola e, ao mesmo tempo, ser acolhido de braços abertos por um colégio privado.
Porque a Escola Pública é democrática, universal, inclusiva. O ensino privado não.

Paulo Baldaia

Passa o cheque, que eu ensino.

Xeque ao Ensino: a minha escola é melhor do que a tua

Cheque-ensino na mão, o encarregado de educação está, aparentemente, apto a escolher a melhor escola para o filho. E como saber qual é a melhor escola?

No texto anterior, referi, de passagem que o critério que a opinião pública utiliza para avaliar as escolas está limitado aos rankings: segundo esta teoria (que é, na realidade, um reflexo), uma escola é tanto melhor quanto mais perto estiver dos primeiros lugares. Dito de outra maneira: o único critério para avaliar a qualidade de uma escola estaria nos resultados que os respectivos alunos obtêm nos exames. A imposição de exames nos finais de todos os ciclos de ensino contribuiu para aumentar a obsessão com os rankings.

A verdade é que a avaliação da qualidade de uma escola não se pode fazer de modo tão simplista, ignorando, nomeadamente, o estatuto socioeconómico/sociocultural dos alunos, como sabem todos aqueles que conhecem verdadeiramente o terreno. Essa diferença é decisiva e se as escolas privadas têm direito a escolher os alunos, as estatais não têm e não devem ter.

Só gente muito ignorante e atrevida é que pode acreditar na magia de um cheque-ensino. Nuno Crato junta a essas duas características uma terceira: não quer saber.

Imaginemos, por instantes, que um aluno de um bairro difícil, com um percurso escolar carregado de dificuldades, consegue entrar num colégio de elite, bem classificado nos rankings. Alguém acredita que o bairro e as dificuldades desaparecem como que por magia? Será que a simples frequência de um colégio com vários alunos que conseguiram entrar em Medicina tem efeitos milagrosos sobre um aluno com um percurso carregado de insucesso?  [Read more…]

Xeque ao ensino: o meu cheque-ensino é melhor do que o teu

escolaImaginemos uma pequena povoação em que existam três escolas, uma privada e duas estatais. Para que o cenário fique, apesar de tudo, verosímil, será importante afirmar que a primeira, ao longo dos anos, tem sido sempre a mais bem classificada nos rankings. Não reflictamos, para já e novamente, sobre as virtudes ou os defeitos dos ditos rankings, mas não esqueçamos, a bem da verosimilhança, que a escola privada tem sido frequentada, ao longo dos anos, por filhos de pessoas de estatuto socioeconómico elevado, uma vez que as mensalidades não estão ao alcance de todas as bolsas.

Entretanto, as duas escolas estatais têm sido frequentadas por jovens cujas famílias não têm possibilidades de os matricular na escola privada ou não estão interessadas nisso, o que pode acontecer por desinteresse ou por confiarem que os filhos podem ter acesso a um ensino de qualidade sem que isso dependa da frequência da escola privada. Aproveitemos, de qualquer modo, para fingir, por momentos, que o estatuto socioeconómico ou sociocultural não tem influência no rendimento e nos resultados escolares dos alunos.

Num país em que os rankings se transformaram, mal ou bem, num critério quase único para se avaliar a qualidade de uma escola, é natural que a maioria dos encarregados de educação da nossa pequena povoação gostasse de ver os filhos entrar na “melhor escola” da terra, ou seja, a privada. Por outro lado, o lugar nos rankings, mal ou bem, passou a ser uma preocupação das escolas, pelo que a privada tem recorrido, sempre que necessário, à selecção de alunos, preferindo os que possam garantir melhores resultados e convidando a sair os que acabem por ter um rendimento escolar mais baixo ou que tenham problemas de comportamento, ao contrário das estatais cuja autonomia é menor e cujo espírito é o de tentar integrar todos os alunos, independentemente das limitações e dos problemas. [Read more…]

Contratar Professores com o cheque-ensino

Lá das Américas, sempre ouvi dizer, nem bons ventos, nem bons casamentos.

Se calhar, não era das Américas, mas para o caso dá jeito que seja. É só seguir em frente e no meio do Atlântico podemos encontrar meia dúzia (de nove) de rochas. Inspirados no ponto de partida e nas americanices resolvem tentar contratar uma professora, de Leiria, por oitenta euros por mês.

Não deixa de ser irónico que isto aconteça quando Nuno Crato volta a colocar em cima da mesa o cheque-ensino. Ao que parece o país está falido e é preciso cortar na Educação, na saúde, nos apoios sociais… Certo?

Errado! Se não há dinheiro para a escola pública, como é que há dinheiro para o privado?

Isso até poderá ser um detalhe menor, dirão alguns. O importante é que cada família possa escolher a escola para os seus filhos.

E se todos os alunos, por exemplo de Vila Nova de Gaia, quiserem ir para a Escola Secundária Almeida Garrett ou para a Secundária de Valadares, as duas escolas públicas com mais nome na praça? Quem é que vai escolher quem? Serão os alunos a escolher a escola ou será que cada escola vai escolher os seus alunos? [Read more…]

Ainda o cheque-ensino

Santana Castilho*

O presidente do “Fórum para a Liberdade de Educação”, Fernando Adão da Fonseca, interpelou os leitores do artigo que escreveu neste jornal, no passado dia 25, sob a epígrafe “A liberdade de educação e os inimigos da liberdade”. Antes, referindo-se à proposta de revisão do Estatuto do Ensino Particular e Cooperativo, classificou os comentários que se têm produzido sobre o tema em dois exclusivos grupos: os que visam “simplesmente confundir o esclarecimento do que está em causa” e os que demonstram “uma oposição reacionária a qualquer mudança”. Porque sou um dos interpelados (li o artigo) e porque sou um dos visados (ousei comentar o tema), importa dizer algo. Comecemos pelas interpelações. Pergunta Adão da Fonseca se o reconhecimento de pertencer aos pais a tutela primeira sobre a educação dos filhos traduz valores de “esquerda” ou de “direita”. A resposta é óbvia e é o articulista que a dá, quando nos recorda que o conceito está contido na Declaração Universal dos Direitos do Homem. [Read more…]

As “swapadelas” de Crato e as piruetas de Grancho

Santana Castilho*

Nos tempos que se sucederam ao 25 de Abril, os meses de preparação do ano-lectivo não eram fáceis. Recordo períodos de agitação social, sobretudo pela carência de espaço para albergar todos. Hoje, a meio de Agosto, temos professores sem horários, alunos sem escola e directores sem directivas. E, pesem embora os protestos, que são muitos, prevalece uma paz podre, que escancara portas à “swapagem” da competência mínima (para servir o público) pelo golpe máximo (para anafar o privado). Esta abulia cidadã, esta ausência de eficácia cívica perante as engenhosas formas de corrupção do futuro, permite, diariamente, o atropelo do Direito, da Moral e da Ética. Quanto mais tarde reagirmos, mas reagirmos de facto, com firmeza que diga não, não de verdade e para durar, maior será o número dos que ficam pelo caminho e mais tempo necessitaremos para reconstruir o que este Governo destruiu em dois anos de criminosa política educativa. Duas velhas frentes adormecidas foram reabertas para apressar a implosão do ensino público: o exame de acesso à profissão docente e o cheque-ensino. A manobra justifica público comentário. [Read more…]

Ferramenta de Justiça Social

No Expresso de hoje, Martim A. Figueiredo, sugere que o cheque-ensino de Nuno Crato é uma grande ferramenta de justiça social.

Segundo o autor, metade dos portugueses é pobre antes dos apoios sociais e grande parte da população não é livre para escolher o melhor para si.

Defende que uma família de um bairro social ganha uma nova possibilidade com esta oferta de Nuno Crato ao conseguir ir para uma escola de uma outra área urbana, por exemplo, da classe média.

Pois bem, creio que fica, na argumentação, por explicar uma coisa: se todos os lisboetas decidirem ir para a Escola Secundária Camões ou se todos os Gaienses pretenderem ir para a Secundária de Valadares, quem vai decidir? O pai? Ou a Escola?

Se me permite, Martim sugeria que alterasse ligeiramente os seus argumentos e procurasse defender uma outra ideia que se enquadra, escrevo eu, na sua ideia: vamos aceitar esse cheque-ensino, por exemplo, para as famílias com RSI, para os filhos de emigrantes africanos ou para as crianças de etnia cigana, quase sempre à margem do sucesso no sistema educativo.

Depois, abra as portas dos melhores colégios, com esse cheque e permita que os alunos, das zonas desfavorecidas, possam integrar as melhores escolas e os melhores projectos educativos. Aqui no Porto podemos começar por levar alguns habitantes do Cerco ou do Viso para o Colégio Alemão ou para o Luso – francês.

Se quiser tornar a coisa ainda mais eficiente sugiro outra coisa: os alunos do Luso-Francês passam, no próximo ano, integralmente para a Escola do Viso. Os alunos desta passam para o Luso-Francês. Depois, poderá comparar melhor o sucesso do seu cheque-ensino.

Certo da sua adesão a esta ideia, aguardo pelo próximo sábado. E, já agora,  poderá tentar fazer uma conta: desse cheque, que parte fica para o lucro do colégio? Não faria mais sentido, numa lógica mais aberta de mercado, que cada colégio procure o lucro sem ser à custa do Estado?

Escolher a escola dos filhos

O Governo que (não) nos governa pode ser dividido em dois grupos:laranja-podre

– o dos boys incompetentes e sem qualquer tipo de valor ou pensamento político. Limitam-se a viver à nossa custa – passaram todos pelas jotinhas;

– o dos boys de extrema-direita que sabem muito bem o que têm para fazer e que têm tentado cumprir com eficácia a missão que têm em mãos.

Este último é claramente mais perigoso e Nuno Crato é a prova disso mesmo. Nos últimos dois anos arrumou para canto mais de vinte mil professores e até conseguiu passar a ideia que havia, na Escola Pública, professores a mais. O que ele fez foi simples: acabou com o Estudo Acompanhado, reduziu as horas de algumas disciplinas, etc… Ou seja, diminuiu a resposta da Escola Pública e o apoio aos alunos. E, como sempre, são os mais fracos que vão perder mais.

Mas, a marca ideológica de Nuno Crato, já vincada com o exame da 4ª classe, atinge agora um novo patamar. Numa proposta entregue à FENPROF abre as portas ao cheque-ensino e à liberdade de escolha da escola. Não é uma ideia nova e é mais um passo no caminho que tem vindo a ser trilhado – entregar a Educação ao deus Mercado.

Tenho a certeza que a esmagadora maioria dos eleitores do PSD estarão contra a entrega do serviço público de educação aos colégios, mas neste momento, quem tem o poder laranja está longe de ser do PSD.

Claro que um leitor menos atento (que não passam pelo Aventar, claro) poderia pensar que é excelente a possibilidade de escolher a escola do filho, ainda por cima se lhe for possível optar pelo colégio xpto lá da terra. Mas, seria mesmo uma boa ideia? [Read more…]

Ensino e genuflexão do estado

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Grupo GPS à parte, a ideia em cheque é esta: as escolas católicas seleccionarão os meninos e meninas bem comportados que frequentarão as suas catequeses. Quem paga? nós. Legitimidade? nenhuma. Estado laico? fica para os meninos e meninas mal comportados que ainda não foram despejados no esgoto, perdão, no ensino vocacional.

Mais cara, de pior qualidade, sustentado por todos nós,  pretende-se engordar esta gordura do estado. Numa altura em que nas pensões o governo separa a autoridade judicial e armada dos cortes, faltava a prendinha à igreja.

Deus, Pátria, e uma família governamental de netos de putas com mães em igual meretrício. É o que temos.

No reino do absurdo

Um “liberal” a defender subsídios do estado a negócios privados.  Absolutismos.

Vítor Cunha não foi à escola

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Começou com uns gráficos, aldrabados até dizer chega (esquecer o secundário para comparar número de docentes com número de alunos não é de cábula, é de asnídeo).

Seguiram-se quatro perguntas, em que a factual tinha resposta e as ideológicas são de anedotário.

Continuando, em dia de greve de professores falou do que não sabe, e levou uma ensaboadela óbvia.

Como não chegasse, entrou agora no território do delírio: compara o sector da distribuição alimentar, que é privado, com a rede de ensino, que é pública, misturando RSI e educação com a maior das naturalidades.

Tudo isto para defender o cheque-ensino, esse santo milagreiro que faria brotar colégios eficientes como outonais cogumelos numa húmida floresta, enquanto as escolas existentes seriam convertidas, imagino, em supermercados. O esforço para defender o capitalismo à portuguesa, sempre a viver das rendas do estado, merece mais e melhor que ser assistido por um manifesto caso de insucesso escolar.

Cheques, ensino e bom senso

Não percebo o entusiasmo à volta da ideia do cheque ensino. Quem põe os filhos num colégio, não procura apenas a excelência do ensino, o rigor e a exigência. Procura, sobretudo, a segurança da segregação social. É a segregação social que dá garantias de sucesso. Quem opta por certos e determinados colégios fica sossegado por saber que deixa os filhos numa espécie de condomínio privado, onde se ensina a caridade, se cultiva comedidamente a piedade, enobrece sempre o carácter, mas longe de pretos, ciganos, brancos que são como pretos, demais proscritos.  (…) O cheque ensino, em abstracto, elimina constrangimentos financeiros, permitindo que famílias mais pobres possam optar por estabelecimentos de ensino privados, mas não apaga o resto. Quem é da Brandoa, da Buraca, de Unhos, do Catujal, será sempre desses lugares. Os pais que escolhem o ensino privado, se, de repente, vissem a prole acompanhada pela prole das suas empregadas, procurariam rapidamente outro colégio onde a selecção se continuasse a fazer. Não condeno as preocupações dos pais que assim agissem. Percebo-os perfeitamente. Se a escola dos meus filhos fosse, assim de repente, por imposição do governo, inundada por camafeus pequenos, tratando-se por você, armados ao pingarelho, também eu correria a tirá-los de lá. Gosto pouco de misturas.

Ana de Amsterdam

Pró ano, vamos estudar no Colégio de S. João de Brito


Ouvimos dizer que vem aí a liberdade de escolha das escolas. E os nossos pais querem o melhor para nós. Ainda ontem ouvi a minha mãe a dizer: «A escola do meu filho sou eu que a escolho».
Com o cheque-ensino, já decidimos: vamos todos estudar no Colégio de S. João de Brito. Se não houver vagas, aceitamos o Colégio Mira-Rio ou, em alternativa, o Colégio Valsassina. Em algum deles deve haver vaga para nós, não?
É boa, a liberdade de escolha no ensino. Estamos muito gratos a quem tomou esta medida.

as escolas privadas e a demagogia do cheque-ensino

Não custa imaginar que, perante um aumento da procura superior à capacidade de oferta, as melhores escolas privadas (que pretendem legitimamente manter a sua reputação nos rankings), escolheriam os melhores alunos. Ao mesmo tempo que, com a transferência de fundos para o ensino privado, a pauperização e degradação das condições de financiamento e funcionamento das escolas da rede pública se veriam ainda mais agravadas, generalizando um sistema dual, que hoje – apesar de todas as desigualdades económicas conhecidas – o sistema público tem, em certa medida, impedido.

É a conclusão de um excelente artigo do meu amigo Nuno Serra, já disponível para leitura pública e gratuita.

Cheque dentista – guerra aos desdentados

3 200 dos 7 000 dentistas  existentes aderiram livremente ao esquema, que tem permitido que crianças e idosos recebam cuidados médicos.

 

Como seria de esperar, já há quem esteja contra o sistema, porque só permite três visitas ao dentista por ano, que os níveis etários baixem para dar acesso a mais utentes, que os cheques sejam pagos em tempo e que o valor aumente.

 

E o rabinho lavado com água de azeitonas, como se diz lá na Beira?

 

Para metade dos dentistas este esquema é importante, pois são os que passaram a ter trabalho,  mas a outra metade, só vê nisto mais uma forma de facturação. Se levam cem euros por uma consulta,  como vão eles trabalhar por quarenta euros? Podiam deixar esse nicho de mercado para os colegas mais jovens, mas isso é coisa que  não encaram.

 

Neste país, mesmo as boas medidas governamentais e, esta, é uma boa medida do governo Sócrates, beliscam sempre uns senhores muito importantes que acham que o direito de exercerem a profissão é só deles, o governo tem que atender às suas reinvindicações, tal como o Júdice acha que as três maiores empresas de advogados deveriam ser sempre ouvidas pelo governo e, na função pública, acham que devem ganhar mais, ter mais férias, trabalharem menos horas, que o comum dos portugueses. Porquê? Porque sim!

 

É esta a guerra que se desenvolve entre dois candidatos à Ordem dos Dentistas, um defende a coutada, outro defende os que precisam de trabalho. Afinal, como em todas as Ordens!