Será Jorge Moreira da Silva o que o PSD precisa?

Em fevereiro escrevi sobre o futuro do PSD tendo presente a direita e as direitas (Aqui e Aqui). De entre várias coisas, escrevi isto:

Ora, o PSD não percebeu que o nascimento e a afirmação da Iniciativa Liberal mataram, de vez, a possibilidade do PSD continuar a ser o albergue espanhol de todas as correntes do centro direita e da direita. Como antes escrevi, os liberais não voltam ao PSD. Por sua vez, os conservadores em todas as suas vertentes não são social democratas. E o PS, enquanto casa dos social democratas, não vai desbaratar esse capital que, como bem sabem, lhe é fundamental eleitoralmente. Por isso mesmo, o caminho do actual PSD é a afirmação do PPD como a casa do centro direita e da direita não conservadora nos costumes deixando para o CDS ou para o que dele resta os conservadores “tout court”. A maioria absoluta do PS e de António Costa é uma oportunidade de ouro para a transformação do PSD. E será um erro e um suicídio de o actual PSD se dedicar a escolher simplesmente um líder em vez de debater o futuro – debater o futuro é compreender o que resta do PSD, o que realmente representa e para onde quer ir para ser uma alternativa credível aos olhos dos portugueses“.

Só hoje tive tempo suficiente para ler a entrevista de Jorge Moreira da Silva, candidato à liderança do PSD, ao Diário de Notícias. Depois de um discurso de apresentação demasiado longo mas muito bem estruturado e detalhado, esta entrevista veio confirmar a primeira boa impressão que tive. E todos sabem que não há uma segunda hipótese para uma primeira boa impressão. Nesta sua entrevista, a dado momento, Jorge Moreira da Silva afirma: “O PSD precisa de fazer duas coisas. Uma é reposicionar-se ideologicamente como um partido que tem de abandonar a conversa do centro, da esquerda e da direita. Esses pontos cardeais estão completamente ultrapassados. O PSD tem de ser um partido à frente, não tem de ser um partido que se posicione como centro, centro-esquerda, ou como direita, essa é uma conversa datada. Temos de ser o partido que agrega os reformistas, essa é a marca identitária do PSD, capacidade de reformar, de ousar, de ultrapassar obstáculos. O partido que integra os sociais-democratas, mas também os liberais-sociais. Julgo que esta forma de definir o PSD nos cria condições para captar muito facilmente as expectativas que as pessoas têm. A segunda questão é a organização interna. Como disse, gostaria que o PSD fosse conhecido como o partido mais moderno de Portugal, que utiliza a inteligência artificial, que utiliza o big data, que tira partido das tecnologias digitais, que substitui a lógica meramente residencial pela lógica temática. Eu sou do PSD de Famalicão, mas se calhar os meus filhos preferiam ser do PSD Ambiente, do PSD Saúde, ou do PSD Educação”.

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Mil águas tem o Rio

Fotografia: José Coelho/EPA

Rui Rio foi reeleito, no Sábado, líder do PSD, derrotando Paulo Rangel nas directas do partido.

Depois de meses a dá-lo como morto, Rui Rio consegue, mais uma vez, uma importante vitória (sobretudo pessoal), sempre com aquela postura de cão-que-ladra-e-não-morde mas, quando consegue as vitórias que nem o próprio acredita serem possíveis (foi assim com Montenegro, foi assim nas Autárquicas em Lisboa, foi assim agora nas directas frente a Rangel), lá se agiganta no discurso e faz do seu latir um rugir que ecoa… na sua própria consciência. [Read more…]

Directas PSD 2021 – Final

Rui Rio ganhou as eleições directas.

Eu Apoio: Médio-Prazo-Memória-Curta

Em 2019, Paulo Rangel, em entrevista ao Diário de Notícias, revelava o seu apoio incondicional a Rui Rio. 

Dois anos volvidos, o que mudou? Dois anos de distância são curto, médio ou longo prazo? Paulo Rangel estará confuso agora? Ou estaria confuso em 2019? E quando Rui Rio era presidente da CM do Porto e Paulo Rangel auxiliava nos assuntos jurídicos, pondo ao seu serviço a CuatreCasas, sociedade de advogados representada por Rangel? Também estaria confuso?

E é assim, na espuma dos dias e no cavalgar da fraca memória dos portugueses e da opinião pública, que Paulo Rangel montou todo um cenário diabólico acerca de Rui Rio, conseguindo até, no entretanto, jogar a cartada do ‘coitadinho’ (desengane-se quem achar que os timings do vídeo da bebedeira em Bruxelas e da saída do armário – do PSD – foram coincidência) e, com isso, que dele se falasse – a estratégia do “bem ou mal… falem de mim!” é por demais conhecida à direita.

O Partido Popular Democrático caminha, a passos largos, para um enterro cada vez mais inevitável. Uma coisa é certa: Pedro Passos Coelho matou o PPD/PSD, Rui Rio abriu a cova; e agora, só falta que Paulo Rangel, mais um incapaz, comece a atirar-lhe a terra para cima. Mais depressa se apanha um troglodita no PSD do que um santo numa igreja.

Isto faz todo o sentido.

Canonize-se o Pedro

PPC

Fechado que está o ciclo do passismo, que teve na candidatura de Pedro Santana Lopes o seu último suspiro, é chegada a hora das exéquias. Para lá das expectáveis vénias de circunstância, do mais empedernido apoiante de Pedro Passos Coelho ao tom conciliador do novo homem forte da São Caetano à Lapa, outrora crítico do mandato do líder cessante, passando por um exótico conjunto de mulheres e homens-bomba que, a partir das redes sociais e da Fox News lusitana, choram a partida do querido líder e anunciam novos demónios, pactos e cataclismos, aqui e ali emerge um simpatizante envergonhado, que procura contribuir com os seus 5 tostões para a canonização de Pedro.

Na edição desta semana do Expresso, logo na segunda página, a habitual secção de altos e baixos, assinadas pelo director-executivo do semanário, Martim Silva. Em sentido descendente bate-se em mortos, com a mira fixada em João Rendeiro, banqueiro caído em desgraça, e Hugo Soares, protagonista de várias tragicomédias laranjas, com quem Martim Silva não deixa de ser simpático. A subir temos Rui Rio, por motivos óbvios, Hugo Vau, surfista português que conseguiu a proeza que cavalgar uma das maiores ondas que a Nazaré viu rebentar contra a sua costa, e Pedro Passos Coelho. Hein? [Read more…]

Imobiliária Cacique

Fotografia: Rui Duarte Silva@Expresso

Paulo Morais, antigo vereador de Rui Rio e candidato presidencial, defendeu recentemente, num artigo publicado no jornal Público, que as directas do PSD deviam ser invalidadas por estarem viciadas:

O novo presidente do PSD será escolhido por dois tipos de militantes: os genuínos, que aderiram livremente ao PSD e se preocupam com o seu destino; e um imenso grupo de milhares de cidadãos que foram artificialmente inscritos no PSD por caciques. Estes, de forma organizada e sistemática, pagam convenientemente as quotas e controlam as listas como quem tutela um rebanho. No dia das eleições, em grupo, em manada, milhares serão transportados em carrinhas e camionetas até às sedes, votando em Rio ou Santana, dependendo de quem os arrebanhou. Esta prática ilegítima, que envergonha a democracia, assenta numa ilegalidade maior e que só é possível através da violação da informação confidencial dos dados dos militantes constantes da base de dados do PSD.

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PPD-PSD

Imagem via Daily Cristina

A forma como ele o entoa, como nunca ousa deixar o PSD órfão do PPD, é algo que me fascina. Isso e a insistência em esbarrar-se eleitoralmente. Mas ainda há esperança, caso Rui Rio ganhe as próximas Legislativas e seja chamado para servir em Bruxelas a meio do mandato. E poucas coisas seriam tão belas como ver Marcelo dissolver a Assembleia da República. Karma can be a bitch. O problema é se sai dali outro Sócrates. E outro Passos a seguir.

Luis Delgado está nas instalações do grupo Impresa

mas desta vez não foi lá comprar nada. Foi comentar as directas do PSD. Um homem multifacetado.

E Portugal, Passos? Já não está à frente?

Fotografia: Luís Barra@Expresso

Pedro Passos Coelho, como tantos outros políticos que caem do seu pedestal, decidiu renunciar ao seu mandato de deputado, como é seu direito. Muito poderia ser dito a este respeito, sobre uma decisão que é absolutamente legítima, mas a mim causa-me sempre alguma perplexidade, ver um tipo que andou em campanha para eleições legislativas a declarar o seu amor à pátria e à causa pública, e que agora renuncia ao mandato para o qual se propôs e foi eleito (para exercer as funções de deputado e não de primeiro-ministro, que ao contrário do que defendem hoje alguns fanáticos negacionistas da democracia representativa, não existem, neste país, eleições para eleger directamente governos ou primeiros-ministros) apenas porque deixou de ser o alfa da São Caetano.

Ser um mero deputado, um simples representante do povo, não parece ser função que agrade ao mais recente barão do PSD. Com certeza que surgirão novas oportunidades no sector privado, onde Passos tem fama de indivíduo hábil a abrir portas, pelo que passar a ser um autómato que levanta a mão quando o próximo líder assim lhe ordenar não é hipótese a considerar. Eis o líder que põe Portugal à frente, que põe o país primeiro e que alegadamente o leva a sério a virar-lhe as costas mal cai do poleiro. Não surpreende.

Hugo Soares acautela o futuro

Fotografia: Lusa@Sapo24

Foi há coisa de ano e meio que o António Fernando Nabais trouxe a este espaço o epidémico flagelo dos resíduos de botas na língua dos jotas, sobre o qual não me alongarei em face do diagnóstico cabal apresentado pelo meu amigo e colega blogosférico. Sugiro a todos os frequentadores do Aventar a sua leitura, a meu ver essencial para compreender a evolução do homo politicus neste início de século, não só pela minúcia do relato, mas porque nos permite compreender, de forma mais objectiva, uma ocorrência que teve ontem lugar no encerramento das jornadas parlamentares do PSD.  [Read more…]

Pedro Santana Lopes, a Teresa Leal Coelho das directas do PSD

Fotografia: José Carlos Carvalho@Expresso

Segundo Rui Rio, Pedro Santana Lopes foi a quarta escolha do passismo para o defrontar nas internas. Uma espécie de Teresa Leal Coelho das directas do PSD. E tem a sua razão. Passos atirou a toalha ao chão, Luís Montenegro, inteligente, preferiu não queimar a sua carreira política a longo prazo – lá chegará a sua vez – e Rangel, que até foi triturado pela máquina passista no passado, leva uma vida confortável em Bruxelas, pelo que se entende que não tenha grande interesse em liderar um PSD à deriva, pelas ruas da amargura.

Fotografia: Adriano Miranda@Público

Santana Lopes foi o senhor que se seguiu, conta com décadas de experiência em derrotas internas, pelo que, mais uma, menos uma, não fará assim tanta diferença, e vai a jogo com um conjunto de altos oficiais da direcção cessante na rectaguarda. Se ganhar, o regime perpetua-se. Se perder, os ratos abandonam o barco e, a seu tempo, dobrarão o joelho e prestarão juras de fidelidade eterna ao homem do Norte. Pena que se perca mais uma oportunidade de renovação, no seio do maior e mais poderoso partido político português.

As Redes Sociais e as Directas no PSD:

Eu já o tinha afirmado aqui e até destacado alguns dos principais animadores com quem tive o privilégio de partilhar grandes momentos ao longo destes últimos meses. Agora, no Sapo, leio Artur Alves a destacar a importância das Redes Sociais nestas eleições. Sobre o tema espero, daqui a alguns meses, partilhar convosco muito do que consegui escrever e o resto, imenso, que ainda falta.

Estamos a viver uma revolução silenciosa na comunicação política.

Quem quer saber primeiro lê o Aventar:

O Aventar não é apenas um blogue de política. Mas também. Ao longo deste primeiro ano de vida fomos habituando os leitores a antecipar a realidade.

Nas últimas legislativas, hora e meia antes das televisões publicamos as sondagens à boca das urnas e os nossos leitores souberam em primeira mão os resultados. Não foi o único exemplo nem foi uma excepção, é a regra no Aventar. Os leitores sabem e já se habituaram.

Por isso, quando ontem, 26 de Março, antecipamos em mais de meia hora o nome do vencedor das directas antes de tudo e todos, boa parte de vocês já não ficaram espantados. É prática corrente por estes lados. Mas não posso deixar de destacar um pormenor que poucos conhecem. O trabalho colectivo.

Ontem, o Luís Moreira teve de me aturar. Eu berrava ao telefone os resultados e ele tratava de os escrever e postar. Passados 10 segundos já estava eu a mandar vir com ele, com maus modos, por não ver o post publicado – nunca mais uso computador no carro, de noite, de janela aberta por causa do cigarro e a todo o gás!!! – e ele, senhor de uma enorme paciência e maior educação, respondia-me que estava quase. Desta vez foi assim. Noutras são outros os protagonistas. Mas o objectivo é sempre o mesmo: informar os nossos leitores. E estes brindam-nos com a sua presença maciça.

Obrigado Luís.

Directas PSD: resultados finais

Pedro Passos Coelho é o novo líder do PSD com 61% dos votos. Paulo Rangel obteve 34%, Aguiar Branco, que anunciou que deixará de ser líder parlamentar, ficou-se pelos 3% e Castanheira de Barros obteve uns residuais 0,23%.

PSD não andará com o governo ao colo“- afirmou Pedro Passos Coelho no discurso de vitória.

“O único adversário que tivemos ao longo da campanha foi o PS”- declaração final de Paulo Rangel.

Faltam 413 dias para o Fim do Mundo

Hoje é dia de directas mas parece que não se pode falar no tema. É a ERC. Pois. Deve ser por isso que ninguém fala nas directas, ninguém publica sondagens, nade de artigos de opinião. Nada.

É dia de reflexão no laranjal. Imaginem se os barões apanham um desgraçado a caminho da mesa de voto, é devorado. Noutros casos, podem verdadeiras ilhas ser engolidas pela força da maré ou pior. Nada lhes escapa.

Uma coisa é certa, o Aventar vai acompanhar tudo a par e passo. Diz quem sabe que vai ser o Aventar o primeiro a anunciar o vencedor das directas. Não acreditam? Então estejam atentos a partir das 23h.

Aconteça o que acontecer, não vamos estar a dormir. Na verdade, vamos dormir menos horas…

Chiiiiiuu, não digam nada à ERC…

…mas segundo a sondagem do SOL, o Pedro Passos Coelho está com 49%, o Paulo Rangel com 39% e Aguiar Branco com 5%. Mas, por favor, não digam nada a ninguém pois se a ERC descobre lá vai o Aventar abaixo outra vez. Chiiiiiiuuuuuuu.

Força Vasco!

E se o 31 da Armada se transforma em 31 da Sarrafada isso não é “impulse“, é a malta mais à direita que anda com o nervoso miudinho. Calma, daqui a 24 horas isso passa.  É estranho verificar o interesse de certos militantes de outros partidos nestas eleições. Ou não.

Por isso, desde aqui, do Aventar, envio uma mensagem solidária e de apoio ao Vasco:

Força, força companheiro Vasco
Nós seremos a muralha de aço

Há quem goste de marcha atrás
Há quem prefira meter mão no travão
Mas o povo laranja acelera e faz
O caminho da revolução

Há quem queira mandar para os quartéis
Os soldados, nosso povo armado
Mas a casa dos amigos certos
É na rua e do nosso lado

Há quem queira deixar esta terra
Ao alcance dos da carlsberg
Mas o povo não desarma e diz
Não queremos o do Bildberg

Há quem queira deixar como está
O poder entregue aos morcões
Mas o povo não alinha mais
Co’a preguiça dos senhores Barões

Directas PSD #4:

Eu gosto mais de usar a seguinte frase: “Rabo escondido com o gato de fora“. Vejamos:

1. O famoso, pelas piores razões, António Preto apoia e colabora afincadamente com Paulo Rangel. Este não sabia. Nem eu.  Nem o Pedro Picoito

2. Morais Sarmento consegue ser, simultaneamente, árbitro e jogador. Alguém acredita que Aguiar Branco não consegue as assinaturas?

3. Call center de António Preto + Actores contratados = Ruptura

Sobre as eleições directas no PSD podemos sempre recorrer a uma conhecida frase publicitária: “Ele há coisas fantásticas”!

Adenda de última hora:

“Tome-se, só para exemplo, o caso da educação. Sócrates não teve pejo em apresentar como relatório da OCDE um estudo privado encomendado à la carte. Sócrates não hesitou em lançar os quadros interactivos perante uma plateia de estudantes simulada, composta por crianças contratadas. Sócrates nunca enjeitou a encenação, repetida dezenas de vezes, da distribuição de computadores Magalhães, que, no minuto seguinte, eram retirados aos alunos. Este padrão de comportamento diz tudo sobre a substância da política do PS.” Escrito por Paulo Rangel em 17/9/2009…

PSD:

Hoje, no Correio da Manhã, temos Moita Flores a apoiar Pedro Passos Coelho. Fiquei surpreendido. Pelo apoio e pela violência das palavras:

“Quem segue com atenção a vida do PSD não deixa de questionar, com perplexidade, quais as razões que levam a que os núcleos mais desgastados, embora poderosos, semana após semana, num rodopio frenético, testem uma procissão de candidatos, mais ou menos forçados, sebastiânicos, alguns feitos de barro, outros produzidos em laboratório. Aquilo que mais surpreende e desgosta é vermos inimigos jurados de ontem, abraçados, aplaudindo-se com o entusiasmo de um amor novo”.

Pela amostra, as próximas directas no PSD prometem.

E já que estamos a falar do PSD, o que dizer da reportagem na Madeira de Miguel Carvalho na Visão desta semana? Infelizmente não está online. É uma história com muitas estórias dentro dela e que merecem uma análise profunda.