49 do 25 no Porto

Milhares de pessoas reuniram-se hoje no Porto para celebrarem os 49 anos da Revolução de Abril.

Crianças, jovens e idosos em comunhão para nos lembrarem todos do mesmo: a Liberdade conquistada em 1974 é um dos marcos mais importantes da História de Portugal, marco esse que é preciso nunca esquecer, zelando pelos valores de Abril, especialmente nos dias de hoje em que o bafio fascista dos tempos antigos parece querer assolar o nosso bem mais valioso – a Democracia.

E essa, a nossa Democracia, continuará a ser o pior de todos os regimes, com excepção de todos os outros. Não a percamos, pois então. Celebremo-la.

25 de Abril sempre. Fascismo nunca mais.

 

Fotografias: João L. Maio

Pão para os pobrezinhos

broker

Qual rainha santa dos tempos modernos, uma senhora broker de Vigo, cuja pose de senhora broker de Vigo podem admirar na foto que encima estas linhas, decidiu atirar, no próximo fim de semana, três mil pãezinhos de leite para que os pobres galegos possam afoitamente apanhá-los e assim matar a fome.

A senhora broker de Vigo chama-se Cristina de Andrés e já há algum tempo que cultiva o generoso acto de lançar coisas para os pobres da varanda dos seus escritórios. No ano anterior, por exemplo, fez chover neve e 500 quilos de caramelos. [Read more…]

À espera do pão debaixo das rosas

Pobres aguardando a refeição da noite. Coimbra, 2012

O tempo fora do tempo

 (pormenor da Ribeira Negra) 

 O verão entra hoje, lembrou a velha a comer um pedaço de pão. à porta da padaria.

Meio triste por vir tão cedo, meio contente por vir tão tarde, já que a primavera o deixa de mãos a abanar com este tempo sem tempo. Ainda agora caiu um aguaceiro que fez as gaivotas encolherem-se e o rio cobrir-se de um espesso véu.

O verão está à porta como a velha na padaria. Nem entra nem sai.

Também à porta passa o eléctrico na sua lenta e gemida marcha de outros tempos, que nada tem a ver com as velocidades de hoje. O tempo fora do tempo. [Read more…]

Maias à porta no 1º de Maio

Na minha vila, ainda se colocam as maias à porta. São mais as casas com elas que sem elas! É bonito de ver. Também eu as fui apanhar… Ainda conheci um ribeiro aqui perto e ouvi a àgua correr nele…
As ‘maias’ são giestas de flor amarela que florescem em princípios de Maio e como que anunciam a chegada deste mês, define o Dicionário da Língua Portuguesa.
Não as sabia tão macias. («Macias» sem c lê-se maias, reparo agora na coincidência).

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O pão nosso de cada dia devia ser assim todos os dias

Alemanha confisca dinheiro escondido em pães

Um manifesto simples

 

 

(óleo sobre tela de Fernando Ikoma)

 

Queremos a normalidade e a simplicidade no nosso quotidiano, sem sobressaltos

Queremos o pão de cada dia

Queremos a manutenção dos nossos postos de trabalho

Não queremos ser ricos – basta-nos o suficiente para viver com dignidade

Não queremos precisar de ganhar a lotaria – antes desejamos a felicidade de ter trabalho e uns trocos ao fim do mês para o mealheiro dos nossos filhos e para oferecer um jantar aos amigos lá em casa

Não quis, não pedi o Euro 2004

Não quero o TGV nem o aeroporto da OTA nem autoestradas que não me levam a lado nenhum

Não quero mais decisões erradas dos nossos Governos – Basta!

Perguntem-nos primeiro o queremos, o que precisamos! Afinal não vivemos em Democracia?

Pão por deus

2711

Eles fazem a festa e eu invadi a sala…

Lembrar

o regato e o moinho

(Foto de José Magalhães e poema de adão cruz)

Se eu soubesse dar às palavras
que tenho dentro de mim
o cantar deste regato
se entre as pedras do meu leito
saltitassem estas águas
que me fizeram criança
se fosse de menino este chão
que tenho dentro de mim
numa caixinha de esperança
e de sonho fosse o moinho
que mói o trigo da ilusão
não queria outro moinho
para a farinha do meu pão.

Insossos por decreto

film strip - sal no pão

Mais: The Portuguese way.

Imagem de fundo: Creative Food Sculptures.

The Portuguese way

Entra hoje em vigor a lei que impõe limites ao teor de sal no pão.  Como se escreve no editorial do Público, «países como a Inglaterra ou a Finlândia conseguiram bons resultados apenas com campanhas, sem nenhuma lei, mas Portugal, que tem por hábito inventar leis para tudo, aprovou mais esta». O fim é de salutar mas os meios para lá chegar são discutíveis.

Será certamente por decreto que lá vamos. O facto de actualmente quem quiser comer pão sem sal o poder fazer sem problemas não tem importância. Urge, isso sim, uma lei de costumes à boa moda do Socialismo. Porque, como se sabe, o proletário é ignorante e precisa do Estado-Papá para lhe dizer o que pode ou não pode levar à boca.

Pão e vinho

Lembrei-me de escrever este artigo, a propósito da “missa do galo”.

Sou membro da igreja católica, baptizado, comungado e crismado por opção própria, coisa que nem qualquer católico se pode gabar.

Embora nunca tenha sido muito dado a missas – porque raro é o padre que consegue cativar a minha atenção com o seu discurso -, o certo é que tenho desde há muito um complicado sentimento contraditório quanto aos rituais da missa.

Por um lado aprecio o modo cuidadoso com os padres tratam das questões de “menage”. O modo como limpam o cálice do vinho e o prato da hóstia no fim de cada comunhão cuidando das migalhas e do asseio dos utensílios.

É, sem dúvida, um bom exemplo até mesmo para os homens casados e que, estou certo, as mulheres apreciam.

Por outro lado, quanto aos modos como se realiza a comunhão, acho, com o devido respeito, que não são os melhores. Entendo mesmo que violam o princípio da igualdade apregoado pelo ideal cristão, e acaba por ser um entrave á participação de mais gente nas missas e á concretização de uma das mais importantes missões da Igreja, além da evangelização.

Primeiro porque só o padre bebe, o que acho mal pois a hóstia não se pega só no céu-da-boca dos padres, mas sim de toda a gente. Além de que o vinho é produto nacional e há todo o interesse em promover o seu consumo, desde que com moderação.

Em segundo lugar, porque a distribuição daquela película que é a hóstia, não satisfaz o paladar e muito menos o estômago. Obviamente que a hóstia tem um valor simbólico, e deverá ser encarada numa perspectiva litúrgica. Mas se Cristo dividiu pão, deveria ser o pão, e não aquela coisa que se cola na boca, e, pior, nas próteses dentárias dos crentes.

Pão e vinho, sempre com moderação, deveriam ser os elementos da comunhão. Porque essa é a raiz histórica, e essa é uma das missões maiores do cristianismo: matar a sede e a fome ao próximo.