Por iniciativa da actriz Maria João Luís, apoiada pela autarquia local, foi criada em Ponte de Sor a companhia ‘Teatro da Terra’. Promete trazer, a gentes esquecidas do interior, uma saudável aragem de cultura e entretenimento.
A escolha da primeira peça incidiu sobre a CASA DE BERNARDA ALBA, do granadino Frederico Garcia Lorca, poeta e dramaturgo assassinado pelos nacionalistas em 1936, justamente no ano em que escrevera a referida peça.
Há alguns anos tinha assistido em Lisboa à ‘Casa de Bernarda Alba’. Tive agora a oportunidade de a reviver, com uma encenação de Maria João Luís, e a representação de grande força e talento de Custódia Gallego, no papel de Bernarda, da veterana Cremilda Gil, e de um grupo de actrizes jovens que estão à altura do vigor e da autenticidade exigidos pelo texto de Lorca (Inês Castelo-Branco, Maria João Falcão, Joana de Carvalho, Maria João Pinho e Diana Costa e Silva, pese infelizmente o facto de só serem conhecidas pelas presenças em telenovelas de cordel).
Rememorei com prazer a obra de Lorca, centrada nos dramas e sofrimentos do povo andaluz, transformado em personagem colectiva de uma luta pela liberdade e contra a tirania fascista; luta essa que custou a vida ao autor. Nos tempos do salazarismo, não era fácil aceder às obras proibidas de Lorca e só as li, graças à venda clandestina pela saudosa Livraria do Sr. Barata, na Avenida de Roma. O despotismo e os paradoxos da ditadura chegavam a este ponto.
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