Rui Alves – Aventar, um blogue monárquico*

Vim ter a este blogue por acaso, depois de receber um mail sobre a iniciativa da Semana Aberta, que acho muito interessante.
Não conhecia o Aventar. Gostei do que vi e, após a leitura de alguns «posts», achei muito curiosa a lista dos autores. Peço desculpa pelo que vou dizer, mas acho que nem toda a gente bate bem no vosso blogue. Nem todos jogam com o baralho todo. Alguns parecem terem dificuldade em fechar a mala.
Quanto aos políticos, parabéns pela diversidade. Têm Ricardo Almeida do PSD, o famoso turbo-deputado; têm Teixeira Lopes, um dos homens-fortes do Bloco de Esquerda; e até têm um monárquico, o Pedro Namora, como pude ver noutro dia no site dele – http://combate.blogspot.com/2009/05/comentario-necessario.html.

*Rui Alves é leitor do Aventar

Vitalino Canas despedido


Vitalino Canas foi despedido. Já não é o porta-voz do Partido Socialista.
E agora, quem mais nos vai proporcionar, como ele, aqueles excelentes momentos de humor com que nos presenteava regularmente?
Ainda não acredito que Vitalino Canas foi despedido. Será que a culpa da derrota eleitoral foi dele?

Sofre Coração

“Parte-se-me o coração”, disse ontem Sócrates na SIC.

E dizem hoje muitos benfiquistas depois de verem a recusa de Moniz. A tristeza de uns é a alegria de outros e logo no dia em que se soube que o Cissó nem pedindo peças ao Mantorras pode ir para Milão. Já que se fala em peças, na Autoeuropa os trabalhadores decidiram. Ao decidir, bem ou mal não discuto (não vou falar do que não sei), abriram uma janela de esperança numa qualquer República Checa da Europa de leste.

Realmente, isto não está para corações frágeis.

O Benfica sequestrado

Perante o resultado vergonhoso dos últimos anos, o Presidente do Glorioso deveria demitir-se e preparar o terreno para que aparecessem bons projectos para o Clube.  Mas não, Luis Filipe Vieira, fez o contrário do que faria um Benfiquista autêntico.

Marcou eleições antecipadas para não permitir que candidatos interessados num novo tempo, e com projectos consolidados, se apresentassem a eleições.

Moniz, viu bem o que o esperava, e saiu pela porta mais simples. Está tudo minado e só quando Vieira cair de podre é que alguém encontrará condições para avançar.

Pobre benfica!

BPN – só há uma certeza

Vamos ser nós a pagar!

Constâncio diz que o prejuízo é menos de 1.000 milhões (e chama ignorante ao Deputado)

Nuno Melo diz que são 2.500 milhões, tanto quanto lá meteu o Estado.

Teixeira dos Santos diz que vai andar no intervalo entre 1.900 milhões e 2.200 milhões!

Isto é, nenhum deles sabe o que está dizer. Ao fim de seis meses de nacionalização, com gestores milionários e todos eles muito importantes, nem o prejuízo conseguem fixar.

Tem a ver com a valorização dos activos ? Pois tem , mas isso já todos sabemos não são precisos gestores nem nacionalizações !

E, é por isso, que ninguem percebeu porque se nacionalizou o Banco, onde estão os prejuízos e se deixou de fora o Grupo, onde estão os activos.

Depois nós, os pagantes, é que somos mal intencionados!

PS e Sócrates continuam a não perceber II

No dia das eleições europeias e nos seguintes fiquei com a ideia clara que o Governo, o PS, o inginheiru e os seus guapos continuavam a não perceber.
Obviamente, o problema deles não foi a comunicação. Foi o CONTEÚDO! c-o-n-t-e-ú-d-o.
Ó sr. inginheirú veja lá se entende de uma vez por todas o pessoal. Nós não somos burrinhos, percebe. A gente percebeu a sua mensagem e a vossa forma de comunicar. A sério. A gente percebeu.
O Vosso problema é que a gente também percebeu as políticas, ok?
Na educação, vem agora dizer que o modelo era burocrático e exigente? Mas, isso não foi parte do que sempre dissemos?
Em nota de rodapé – o problema do PS é a vontade ter poder. E agora tem um drama: se volta atrás com os erros, perde os burros e os teimosos. Se não voltar atrás, continua a perder…
Mas, é mesmo isso que vai acontecer: vão perder o PODER!

Ricardo Ferreira – Uma Aventura no Gerês – A fenda da Calcedónia*

placas

Boas dia, boa tarde, boa noite, dependendo do fuso horário e país e, quem sabe, planeta. Ora “Bámos lá”: para quem não me conhece eu sou o “miúdo da Trofa”, sim essa bela localidade, que em muitos aspectos é parecida com o Gerês, pelos seu vastos espaços verdes montanhas e buracos nas estradas. Quem conhece o Gerês sabe que o que não falta são locais para aventuras, desde andar de kayak, fazer rappel ou slide, btt, passear a cavalo, fazer trekking (as famosas caminhadas), ou seja é uma maravilha, só aquele ar puro que se respira lá, haaaaaa que maravilha.

No passado fim-de-semana fui até la acampar, para o Parque de Cerdeira, que fica nas Terras de Bouro. Este é o meu retiro espiritual, muita mosquitada; aranhitas; formigas de todos os géneros e feitios; abelhas do tamanho das orelhas do Vieira, e as malandrecas andam de mota, suspeito que seja uma zundapp; dormir em cima de pedras, sem almofada, não há melhor vida que esta.

Depois de montar o estaminé, por volta das 17h00 de sexta, resolvi ir dar uma volta seguindo um dos muitos trilhos que vai dar à beira do rio para ir chapinhar na água. Até aqui, tudo bem, nada a relatar a não ser que a água estava fresquinha. De volta ao parque para uma boa jantarada e uma noite mal dormida (a pedra que fazia de almofada não era la muito fofa). Segue-se o sábado, aqui sim, de mochila às costas com um litro de água, umas sandes e dois pacotes de belgas, a máquina fotográfica e o GPS do iphone, fui dar o meu passeio pedestre até à aldeia de Vilarinho das Furnas, submersa nas águas do Rio Homem.

Infelizmente não tive o prazer de ver as ruínas propriamente ditas pois estas só se vêm se o leito do rio estiver baixo, ou se levarmos uns óculos de mergulho, mas o passeio em si de cerca de 10 km vale bem a pena, pela beleza natural da zona. Chega o domingo com umas alturas de chuva mas com sol e calor, depois de uma noite bem dormida após ter trocado de almofada, embora os meus vizinhos tenham feito um certo barulho durante a noite. Acho que o colchão de encher que levaram não era muito confortável, então resolveram começar a pinchar em cima dele para ver se estourava.

fenda 1

Da parte da tarde, antes de seguir rumo para a minha bela localidade, resolvi fazer uma última caminha, (música do Indiana Jones) à fenda da Calcedónia, trilho não muito complicado se for feito sem ser a partir da Vila de Covide pois aí são 3,5km a subir com partes medonhas. Pelo lado contrario até é razoavelmente fácil até chegarmos à própria fenda, que, basicamente, é uma mini montanha rachada a meio, com pedras como obstáculos que vão dar à superfície, onde parece que a vista sobe o Gerês é fantástica. Não fui lá cima, como tinha chovido, as rochas da fenda estavam molhadas e as sapatilhas estavam a escorregar muito, por isso a fenda, em bom português, quilhou-me.

Da próxima ela não vai ter hipótese, vou de botas hahahahah (riso à Darth Vadher). Resumindo, o Gerês é cinco estrelas, recomendo a toda a gente passar la uns dias, pois ir lá e vir no mesmo não dá para ver nada, nada mesmo.

Cumprimentos do “miúdo da Trofa” e boas caminhadas.

*Ricardo Ferreira é leitor do Aventa

Auto-europa

O país ficou espantado com a posição dos trabalhadores da Autoeuropa. O sempre interessante Ministro da Economia, com voz de velório, apela aos trabalhadores… etc.. e tal.
Admito, caro leitor, até eu fiquei surpreendido.
Mas pense nisto: o que a administração quer é reduzir o pagamento das horas-extras feitas em 6 sábados durante o ano.
Ou seja, estamos a falar de muito menos do que 0,001% dos custos de produção da Empresa. Percebem? Isso mesmo: isto representa pouco mais que nada.
É que daqui a pouco começam a discutir os feriados e os Domingos.
De forma Pública, o meu obrigado aos trabalhadores por nos mostrarem que não estão à venda!

Emília Fernandes – A intervenção da Câmara Municipal de Tarouca na escolha do Director do Agrupamento*

Daqui de Tarouca, terra de corrumbeiras, queria dar notícia de um episódio escandaloso ocorrido recentemente na escolha do Director do Agrupamento de Escolas de Tarouca.
Houve dois concorrentes: a antiga Presidente do Conselho Executivo, que estava há vários anos no cargo e que, apesar de estar a fazer um trabalho sofrível, tinha sido apoiada nas últimas eleições pelo Presidente da Câmara; e o «sr. Eduardo», como é conhecido por aqui – candidato derrotado do PSD nas últimas Eleições Autárquicas e irmão do padre Armindo, professor da escola, pároco local e falado à «boca cheia» para vir a ser, um dia, bispo de Vila Real.
Ora, o «sr. Eduardo» preparava-se para ser de novo o candidato do PSD à Câmara Municipal de Tarouca, nas Legislativas de Outubro, e era o único que poderia fazer sombra ao actual Presidente, Mário Ferreira. Ora, este ter-se-á movimentado nos bastidores para tirá-lo da corrida, conseguindo que vencesse as eleições para a Direcção do Agrupamento.
Tem o caminho livre, agora mais do que nunca, para ser reeleito. Acho que é uma vergonha tudo isto, não pelo nome das pessoas envolvidas, mas pelo princípio em si e pela intromissão do poder político nas escolas.
Alguém tinha dúvidas de que, com o novo modelo de gestão das escolas, iria ser assim?

* Emília Fernandes é leitora do Aventar.

Elisa muda de casa – já não tem mobília em Bruxelas

Isto se não fosse cómico, seria trágico.
A Dr. Elisa Ferreira, ou alguém da sua equipa, acabem de colocar no Twitter esta mensagem:
“Hoje estou a fazer a minha mudança para o Porto. Já não tenho nem casa nem mobília em Bruxelas.”

Twitter  de Elisa Ferreira

Adeus Professor

Com lágrimas nos olhos,
permitam-me que partilhe com todos os leitores do Aventar uma carta entregue hoje por uma das minhas turmas.
Tal como eles a escreveram, mas creio vale a pena a leitura – especialmente porque este ano foi um ano muito complicado. No entanto, estou também certo que todos conseguimos deixar fora da sala de aula as lutas com o Ministério. Só por isso a nossa luta já valeu a pena.

Por eles...

Por eles...

Professor,
estamos a escrever esta carta para lhe dizer que a nossa turma gosta muito de si e para que não se esqueça de nós.
Ao longo destes dois anos não fomos propriamente o que o professor queria mas prometemos que para o ano nos vamos esforçarmo-nos mais. Apesar disso o professor ensinou-nos a crescer como pessoas porque eramos muito infantis e melhor professor não há.
Queremos pedir-lhe desculpas pelos momentos menos bons. Obrigado por tudo.
Esta carta também é para despedirmos de si com amor e carinho. Nunca nos vamos esquecer de si. Sabemos que também é o último ano que está na escola por isso gostavamos de nos despedir de si com um carinho especial.
Um beijinho para si e obrigado por tudo, esperamos que seja feliz!

Assinado: Turma 6º__

O varão de Ana Malhoa


A cantora Ana Malhoa vai actuar na próxima sexta-feira em Cinfães, no âmbito das festas de S. João. Na pacata vila, por estes dias, não se fala de outra coisa. Em Ana Malhoa e, claro, no incontornável Tony, que vai abrilhantar a véspera de S. João antes de partir, no Sábado, para o mega-piquenique do Modelo.
E sabem como são as estrelas, caprichosas. Fazem exigências que não lembram ao Diabo. Quem não se lembra de Mariah Carey, por exemplo, que ainda há pouco tempo exigiu, durante uma digressão, uma garrafa de champanhe de cristal, gelada, um pacote de palhinhas com a ponta dobrável, quatro taças de champanhe e um serviço de chá para oito. Ou de Jennifer Lopez, que costuma solicitar uma sala branca, com flores brancas, mesas brancas e/ou toalhas de mesa brancas, cortinas brancas, velas brancas e sofás brancos.
Pois bem. Fontes da organização do S. João de Cinfães, que reputo de credíveis, informam-me que Ana Malhoa, qual estrela de Hollywwod, pediu um varão para o seu espectáculo de sexta-feira.
E parece que é para ficar no centro do palco. Eu que até já fui a alguns concertos, só me pergunto: mas porque raio é que a rapariga há-de querer um varão mesmo no meio do palco? O que é que ela vai fazer com aquilo?
As estrelas são mesmo extravagantes…

Falando sobre Transportes – A Falácia do Ministério das Obras Públicas: o TGV (II)

(continuação de aqui)
No que se refere às velocidades comerciais a adoptar, limito-me a citar as recomendações de um órgão de topo, altamente especializado, isto é, a European Rail Research Council (ERRC) – bem conhecido pelos especialistas de caminhos-de-ferro, como local de reflexão, estratégia e concertação a alto nível e reunindo operadores, industriais e centros de pesquisa.
Este organismo, para o horizonte 2020 aconselha, entre outras medidas, encarar perspectivas moderadas, realistas, da ordem dos 150 km/h de velocidade média para o tráfego de passageiros e de 80 km/h para o de mercadorias.
É, por vezes, muito difícil fazer compreender que a modernização dos caminhos-de-ferro, a AV ou a VE são matérias essencialmente técnicas, muito embora a escolha dos grandes objectivos, as alternativas e as prioridades sejam escolhas políticas; isto tem sido votado ao esquecimento, dando origem a afirmações erradas, irrealistas, de que resultaram custos muito pesados para os contribuintes.
Quer-me parecer que a MOPTC, através dos seus responsáveis, envolve-se demasiado com problemas que manifestamente não domina; são matérias muito complexas, multidisciplinares, exigindo conhecimentos especializados que ultrapassam em muito a “técnica do computador” e necessitam, também, de um saber de experiência feito que só aquele lhe confere – nomeadamente quanto ao estudo dos traçados e aos problemas de tracção que lhes estão intimamente ligados.
Não é o facto de alguns políticos – que também são técnicos – ocuparem cargos de responsabilidade nesse ministério, lhes dá os conhecimentos necessários para tomarem sozinhos (ou apoiados num grupo restrito, muito dependente e por si escolhido), as decisões que são fundamentais para o nosso país. E que se irão repercutir por muitas e muitas gerações.
O que justifica, em nosso entender, que as linhas mestras dessas políticas devam ser objecto de um pacto alargado nas suas linhas orientadoras, para o médio e longo prazo, de forma a evitarem-se alterações drásticas ao sabor dos sucessivos governos.
Ninguém duvida que o desenvolvimento do país depende, em larga escala e como sempre, das decisões que irão ser tomadas pelo aparelho de Estado. Este define estratégias e marca os prazos que, ao serem concretizadas, irão implicar, inevitavelmente, investimentos vultuosos e sacrifícios evidentes, nomeadamente no período de estagnação que atravessamos; investimentos estes cuja escolha deverá corresponder a critérios de prioridade indiscutível. E é de mais elementar bom senso, nestes processos de interesse generalizado, permitir-se (ou mesmo fomentar-se) um confronto de argumentos, atempadamente, de forma a evitar-se a concretização de erros por vezes irreversíveis.
Uma coisa é certa: se continuarmos a acumular atrasos na implementação dos projectos estruturantes, será Madrid que irá preencher este vazio, ficando definitivamente prejudicada a estratégia que visa colocar Portugal como primeira plataforma atlântica da Europa.
Dado o dinamismo dos espanhóis, arriscamo-nos a permanecer mais uma vez “orgulhosamente sós”, agarrados que estamos à bitola ibérica, mesmo em tempos mais recentes (veja-se o que aconteceu com a modernização das linhas de Braga e Guimarães). Esta falta de visão continua a favorecer, cada vez mais, os portos espanhóis que ficam numa situação que lhes permite captar mais facilmente o tráfego marítimo atlântico, sabendo este, desde logo, que poderá ficar ligado directamente à rede europeia dos caminhos-de-ferro.
Olhando para o futuro, diremos que a modernização das nossas linhas de caminhos-de-ferro e as velocidades mais elevadas que se pretendem (não necessariamente a AV), deverão apostar numa rede – passageiros e mercadorias – que se possa incluir na U.E., da qual somos parte integrante; o que pressupõe, à partida, a mudança de bitola. Caso contrário, o transporte ferroviário deixará de ter sentido.
2 – Salvo melhor opinião, transversalmente, há duas ligações internacionais prioritárias e não uma só.
O percurso Porto / Aveiro / Salamanca / Valladolid / Hendaye … para passageiros e mercadorias, em bitola europeia e para a VE, é urgente e indispensável; caso contrário, o Porto e toda a Região Norte (incluindo os seus portos) serão os grandes prejudicados ao verem retirada, de forma aparentemente distraída, a obrigatoriedade de construção atempada dessa linha.
Daí resulta que o tráfego continua obrigado a descer mais de 100 km até à Pampilhosa e, depois, a subir em direcção a Nordeste, isto é, mais 202 km até à fronteira de Vilar Formoso; o que é um desperdício de tempo e dinheiro, conforme tenho vindo a escrever em vários trabalhos publicados neste sítio, desde 2003.
Contudo, é a partir do Grande Porto (mais especialmente das zonas industriais de Braga, Guimarães, Porto e Aveiro) que saem muitos dos produtos que exportamos; só a Província do Minho é responsável por cerca de 20% das nossas exportações.
A ligação Lisboa / Badajoz / Madrid justifica-se, igualmente, na medida em que irá funcionar como linha mista (de passageiros e mercadorias) e servindo, também os portos de Lisboa, Setúbal e Sines. E, em Espanha, as poderosas Regiões industriais de Madrid e a da Catalunha.
Porém, a pouca importância de tráfego previsível torna indispensável recorrer ao transporte de mercadorias nessa nova linha ferroviária que, sugiro mais uma vez, seja de VE em todo o seu percurso e não em AV, em território nacional, conforme pretende a MOPTC (velocidade máxima de projecto de 350 km/h).
Julgo que é necessário e urgente esclarecer este ponto, sem ambiguidades, tanto mais que, em Espanha, as linhas de AV são exclusivamente destinadas a passageiros e só a rede de VE (com as restantes linhas clássicas) admite o tráfego misto.
É preciso que os nossos responsáveis não esqueçam que todas, mas todas, as ligações transfronteiriças previstas no PEIT (Plano Estratégico de Infra-estruturas e Transporte, espanhol) foram fixadas para VE, ou seja, velocidades máximas da ordem dos 220 km/h. Acrescente-se que esse Plano está a ser concretizado, em bom ritmo.
Na verdade, a fixação das velocidades a praticar numa determinada linha é fundamental para a escolha de um traçado com determinadas características técnicas, como sejam: o comprimento das rampas e as suas inclinações; os raios das curvas e o tipo de concordâncias; a distância entre os eixos das vias; a sobreelevação do carril exterior nas curvas; a dureza do balastro a colocar sobre a plataforma e a sua espessura; as condições de alimentação de energia e a afinação das catenárias para determinadas velocidades; a definição dos gabaritos das obras de arte (não esquecendo, p.e. o “ferroutage” que abriu excelentes perspectivas ao transporte de camiões e atrelados); os parâmetros a adoptar nos cálculos, tendo em vista as solicitações dinâmicas, etc. etc.
Os critérios e as normas que foram fixadas irão condicionar, futuramente, de modo inequívoco a circulação do material rolante e irão permitir, ou não, a adopção de um determinado tipo ou marca de equipamento rolante.
Daí o interesse dos grandes construtores em colaborar estreitamente, ab initio, na escolha do traçado. Procurando esclarecer e, também, influir o mais possível nas soluções a encarar, mediante a colaboração de assessores, consultores e cronistas mais ou menos especializados, divulgadores de propaganda, etc.
Tudo isto é natural e, direi mesmo, compreensível. Peço, simplesmente, aos responsáveis do MOPTC que veiculam atempadamente as escolhas tomadas, aceitem o princípio da crítica e permitam o contraditório, com lealdade, divulgando publicamente a argumentação se esta for devidamente fundamentada. O que não tem sido feito, em me
u
entender.
Em resumo: que se estenda o direito à crítica a todos os portugueses, não a limitando aos mesmos de sempre. A importância do que está em causa assim a justifica.

Carlos Candal (1938-2009) e o Manifesto Anti-Portas


O «Público» acaba de noticiar a morte de Carlos Candal, um histórico do Partido Socialista.
Carlos Manuel Natividade da Costa Candal nasceu em 1938. Licenciado em Direito, participou, em 1973, na fundação do PS. Foi eleito Deputado à Assembleia Constituinte, em 1975, e em todas as Legislaturas, à exepção da III, entre 1976 e 1999. Nas eleições legislativas de 1995, foi cabeça de lista do PS por Aveiro. Ficou célebre o «Breve Manifesto Anti-Portas em Português Suave» que então escreveu, e que, ao contrário do que o título indica, criticava de forma violenta, ao «bom» estilo da I República, a ideologia política do seu adversário, Paulo Portas, e mesmo a sua intimidade sexual. Entre 1995 e 2004, foi Deputado ao Parlamento Europeu.
O Manifesto Anti-Portas celebrizou-o. A sua importância, na hora da sua morte, justifica que o relembremos.

BREVE MANIFESTO ANTI-PORTAS EM PORTUGUÊS SUAVE
«Real Senhor ía passando… Encostado à bananeira, diz o preto para preta: está bonita a brincadeira.”

1.- Estava eu ‘posto em sossego’ – aprestando o barquito da família para umas passeatas na Ria -, quando soube que vinham albergar em Aveiro nada menos que 2-intelectuais-2 de Lisboa, apostados em trocar a missanga de meia-dúzia de refervidas ideias por um açafate cheio do marfim eleitoral deste Distrito.
De pronto apostado em estragar-lhes o negócio, ainda ponderei então a conveniência de dar um salto algarvio à Praia dos Tomates – para um tonificante estágio ‘à la minuta’, junto da elite bem-pensante e vegetariana da Capital em férias.
Todavia, depressa desisti desse passeio para o sul – confiado em que a singela funda-de-David, que sempre me acompanha, bastaria para atingir e abater essas aves de arribação.
Não é que não goste de pássaros. Gosto. Mas detesto os cucos políticos – que usurpam e se instalam com à-vontade nos ninhos feitos por outros companheiros (ía a escrever ‘camaradas’ – expressão regional caída em desuso, mas recuperável).

2.- Deixando os eufemismos, a verdade é que venho lutando desde há muitos anos (frustradamente embora) contra o latrocínio institucional de que a região de Aveiro vem sendo vítima: designadamente, tiraram-nos o Centro Tecnológico da Cerâmica; o Centro de Desportos Náuticos foi também para Coimbra; o discreto porto da Figueira da Foz vem sendo privilegiado em relação ao porto-de-mar de Aveiro; a nossa Universidade só começou a receber dotações decentes depois de saturada a Universidade do Minho; as questões da bacia do Vouga são tratadas na Hidráulica do Mondego; a Direcção dos Serviços da Segurança Social de Aveiro foi transferida para Coimbra; os nossos Serviços de Saúde foram degradados para ‘sub-regionais’; a Agricultura do Distrito passou a ser dirigida pela Lusa Atenas e por Braga (!); e a supervisão da Educação na região foi repartida entre o Porto e a dita Coimbra.

3.- Só nos faltava agora mais essa: sermos doravante representados no Parlamento por dois intelectuais da Capital!
Era o cúmulo passarem os Deputados por Aveiro a ser gente de fora – ‘estrangeiros’ para aqui impontados por Lisboa, como ‘comissários políticos para zona subdesenvolvida’ ou ‘tutores de indígenas carecidos de enquadramento’.
Tinha que reagir – e reagi !

4.- Na verdade, o Distrito de Aveiro sempre foi terra de franco acolhimento para quem vem de fora – para aqui trabalhar e viver, valorizando a região (que se torna também sua). Aliás, é esse um dos segredos do nosso crescimento e desenvolvimento. É esta uma das características da nossa identidade: somos gente aberta e hospitaleira, tolerante e liberal, civilizada, moderna, culta e progressiva; todavia – até por isso – nunca tolerámos que nos impontassem mentores!

5.- Disposto a barrar a promoção (à nossa custa) a tais intrusos, procurei apurar quem realmente sejam.

6.- Quanto ao Dr. Pacheco Pereira, foi-me fácil saber que, antes e depois do ’25 de Abril’, foi comunista radical – daqueles que (aos gritos de “nem mais um soldado para as colónias”) impediram designadamente que Portugal pudesse ter evitado a guerra civil em Timor (e a subsequente invasão indonésia – com os dramas e horrores tão sobejamente conhecidos).
Com sólida formação marxista-leninista, o Dr. Pacheco Pereira tem vários livros publicados sobre o movimento operário e os conflitos sociais em Portugal no início do século.
Constou-me ter agora no prelo um longo escrito sobre as motivações íntimas que o terão levado a renegar o comunismo – opção ideológica que (a manter-se) não lhe teria permitido ‘fazer carreira’ no PSD, como é evidente…
Todavia, segundo notícias de certo semanário, o Dr. Pacheco Pereira recusa o jogo de equipa que a social-democracia pressupõe: ditadorzinho, não quer na campanha eleitoral em curso a companhia do Dr. Gilberto Madail – que limita às vulgares tarefas de motorista: guiá-lo pelo Distrito (que mal conhece). Realmente, o Dr. Pacheco Pereira ainda carece de alguma reciclagem democrática…

7.- Quanto ao Dr. Portas, esfalfei-me a correr bibliotecas e alfarrabistas – à procura dos livros que tivesse dado à luz, donde pudesse inferir qual seja afinal a corrente de pensamento que o norteia. Baldadamente. De facto, o Dr. Paulo Portas apenas publicou um ‘folheto de cordel’ (que me custou 750$00) sobre os malefícios da integração do nosso país na Comunidade Europeia – opúsculo sem qualquer novidade em relação aos numerosos bilhetes-postais que vem subscrevendo no seu jornal (sem erros ortográficos, mas com pouco fôlego – valha a verdade).
Digamos que tais escritos estão para o ‘ensaio’ como as quadras populares para o ‘poema’ – na forma e no conteúdo.
Trata-se de breves crónicas fúteis (embora não tanto como as do MEC, que aliás lhe leva a palma no sentido de humor e imaginação). Espremidas – pingam apenas cinco ou seis ideias, que não chegam sequer para conformar o anarco-conservadorismo (?) que se arroga ser a sua actual matriz ideológica.

8.- Certo é porém ter sido com essas ‘quadras soltas’ que o Dr. Portas concorreu aos jogos florais da política recente – ganhando (por ‘menção honrosa’) a viagem turística ao círculo eleitoral de Aveiro, que o Partido Popular oferecia como prémio para o melhor trabalho apresentado por amadores sobre o tema do ‘antieuropeísmo primário’.
Tenho-me esforçado por lhe estragar tal passeio – com algum êxito.

9.- Julgavam o Dr. Portas e o enfadado Pacheco Pereira (outro excurcionista) que as respectivas candidaturas a deputado por Aveiro eram ‘favas contadas’. Não nos conhecendo, supunham que os aveirenses (‘provincianos’ como nos chamam) ficaríamos enlevados e até agradecidos pela sorte (grande) de passarmos a ser representados no Parlamento por ‘lisboetas de tão alto gabarito’ (a expressão não é minha, evidentemente).
Terão assim ficado surpreendidos pelo ‘impedimento’ que – logo após a 1ª anunciação – eu próprio (parente muito chegado da noiva) entendi opôr firmemente ao casamento-de-conveniência que pretendiam contraír com a minha querida região de Aveiro (num escandaloso golpe-de-baú eleitoral – para usar linguagem de telenovela).
Como consequência imediata, eles – que tencionavam ‘casar por procuração’ (que é como quem diz sem-sequer-cá-pôr-os-pés) – tiveram que se dar ao incómodo inesperado de interromper as regaladas férias que gozavam e vir mesmo mostrar-nos os seus dotes.
Estraguei-lhes o arranjinho!

10.- O primeiro a comparecer foi o Dr. Portas.
Chegou de fato novo e ideias velhas.
E instalou-se num hotel da região – escolhido pela mãezinha (no Guia Michelin).
Desde então, quase
n

Nova Esquerda sem Alegre (mas com Roseta?)

Noticia o «Público» que vai ser criado um novo Partido político, a Nova Esquerda, fruto da iniciativa de um conjunto de pessoas que apoiavam Manuel Alegre e que ficaram descontentes pelo facto de o político não abandonar o PS.
Estando este movimento ainda muito no início, é difícil prever quais serão as consequências no panorama partidário português e, em especial, nas próximas Legislativas. Se Alegre tivesse avançado, não teria de novo um milhão de votos, mas teria os suficientes para, por si só, roubar a maioria absoluta e mesmo a vitória ao PS. Sem Alegre, tudo é uma incógnita, mas o certo é que é mais uma força de Esquerda a dividir os votos de que Sócrates tanto precisa.
Não me admirava que aparecesse Helena Roseta como a líder deste novo Partido.

O Estado a que chegamos

– 110% de dívida pública ( o que quer dizer que precisamos todos de trabalhar 13,2 meses para a poder pagar)
– 6,7% de déficit orçamental (depois de todos os sacríficios estamos como há quatro anos)
– -3.7% crescimento (negativo) para o PIB ( desde há 10 anos que vimos a divergir da UE)
– 10% de desempregados ( o que corresponde a 500 000 pessoas)
Este é o estado a que chegamos após estes quatro anos de magnífica propaganda socialista. Pior , bem pior, do que no ínicio da legislatura.
Cabe perguntar. Afinal o que pode Sócrates oferecer? Mais do mesmo ? A sua obsessão pelos grandes grupos económicos, pelos bancos, pelos megaprojectos?
A Justiça está pior que nunca. A Saúde dá sinais de grande dificuldades financeiras. A educação está em roda livre.
Só há uma maneira de sair desta crise. Investir em projectos de proximidade, ajudar as PMEs, ajudar as empresas exportadoras.
Se não conseguirmos crescer em produtividade, na exportação, o nosso futuro vai ser muito dificil.
O nosso futuro enquanto país, está sequestrado , com a enorme carga de pagamentos a efectuar aos consórcios Público/Privados, e que este governo quer aumentar com TGV, autoestradas e ponte.
Temos que dizer basta!

A mudança de estilo de José Sócrates: Memórias de um animal feroz

 
A propósito do debate de ontem e da nova postura do primeiro-ministro.

Os supervisores

Isto é o que se passa no Banco de Portugal e nas supervisão bancária em geral!
Montes de gente, muitos doutorados, professores e licenciados, mas trabalhadores poucos. Muito poucos. Como aqui já disse, o Banco de Portugal está transformado num gigantesto e milionário Gabinete de Estudos, onde toda a gente trabalha em part time.
De manhã dão aulas e à tarde estão em comissões, observatórios e grupos de trabalho. Produzem imensos relatórios no calor dos gabinetes, mas meter a “mão na massa”, ( no caso nem é a expressão apropriada) deslocarem-se aos bancos onde acontecem as coisas, nem por isso!
Mas, no fim ninguem tem culpas e se lhes tivessem dito o que eles próprios tinham a obrigação de descobrir, tinham feito vários relatórios sobre a marosca.
Assim não há supervisão que aguente!

José Calvário vive na música que imaginou

Morreu o maestro e o compositor. Tinha apenas 58 anos.
Nasceu no Porto em 1951 e apenas com seis anos deu o seu primeiro recital de piano, no Conservatório de Música.
Depois do Porto, foi para a Suíça, onde os pais queriam que seguisse Economia. Aí, aceita o convite de colegas estudantes para integrar uma orquestra de jazz. Já em Lisboa, em 1971, concorre a um anúncio do Festival da Canção. E tudo começa…
Entre muitas outras, compôs a música de “E Depois do Adeus” e “Flor sem tempo”.
Mais do que a homenagem póstuma, a genialidade e importância de um homem “à frente do seu tempo” é demonstrada na obra que deixa para a posteridade.

No álbum “Mapas”, gravado com a Orquestra Sinfónica da Hungria, um agradecimento:
“Escrever sobre a minha obra é escrever sobre mim próprio. Prefiro agradecer àqueles que, de uma forma invisível e subtil, me apoiaram empenhada e desinteressadamente durante o seu longo processo de produção.”