42% ? Porreiro , pá !

Assanham-se uns senhores muito em sintonia com o governo, por causa do manifesto dos 28 economistas contra o TGV e os Megaprojectos.
Conforme a discussão vem para a luz do dia , vão-se conhecendo alguns números até aqui cuidadosamente escondidos.
Sabe-se hoje que o trajecto Porto – Vigo não tem qualquer possibilidade de ser viável, é deitar dinheiro à rua só de pensar no assunto.
O trajecto Lisboa – Porto cobre, em receitas, 48% do investimento .Para quem não quer perceber, isto equivale a dizer que 52% do investimento vai ser pago com os nossos impostos, contribuindo ferozmente para o empobrecimento acelerado em curso.
O trajecto Lisboa – Madrid gera cash-flows da ordem dos 54% ,deixando para os nossos impostos 46% do investimento. Outra ajuda para a pobreza que o PS, socraticamente , está a instalar no país e que se fará sentir nos próximos 30 anos!
Se juntarmos a tudo isto que o dinheiro tem que ser emprestado, porque não o temos, e vai juntar-se aos 110% de dívida pública que temos que pagar, a uma economia perto da estagnação e que não gera riqueza, só cabe perguntar.O que levará esta gente a querer estes mega e ruinosos investimentos?
Porque não apoiam os investimentos que geram emprego rapidamente ? Que dão trabalho às PMEs e não às tecnologias lá de fora ?
A reabilitação urbana tem trabalho para 10 anos, esgotando a capacidade instalada!
Não bastam os Mega investimentos em autoestradas que nos dão o rídiculo recorde de sermos o país com mais autoestradas por habitante?
E se são assim tão importantes porque somos tão pobres e vamos continuar pobres?
Não seria honesto mudar de estratégia?

Mr. Pescanova

O Zezinho há tempos participara num ‘casting’, realizado por agência de publicidade de projecção internacional. Mais tarde, foi informado que tinha sido o candidato seleccionado, assim como do objectivo do filme: inaugurar uma unidade de aquicultura da Pescanova em Mira.
Ontem, chegou o ambicionado dia da inauguração. O Zezinho lá se apresentou com vários companheiros de brincadeira, entre os quais o inigualável Manel, personagem que não dispensa uma oportunidade que seja de lançar a bronca da ordem: – os economistas fazem sempre confusão, quando falam de investimento – asseverou. O Manel, também economista em acumulação com o papel de comediante, largou ‘tal bernarda’ e disse para si próprio: – é preciso que o povo saiba que aqueles 28 gajos sofrem todos de insanidade e só produzem confusão. Loucos e ignorantes!
Mas regressemos ao Zezinho. Ele vestiu-se a rigor e com estilo à altura da elevada responsabilidade do acto publicitário. Camisinha branca muito, muito, leve, metáfora da espuma marinha, e gravatinha do vermelho igual ao do logótipo da Pescanova. Alegoria perfeita. Entre os amigos, houve logo quem afirmasse: – O nosso Zé está um autêntico Mr. Pescanova. E quando ele extraiu da água o pregado, com mãozinhas delicadas para não magoar o peixinho e evitar molhar os punhos da camisa, foi o delírio. Toda aquela gente tributou ao herói entusiástica salva de palmas, sorrindo de felicidade. O Manel e o Jaime foram dos mais satisfeitos, no meio dos presentes, rodeados de tanques e pregados por todos os lados.
Agora até ao final do Verão, o Zezinho tem a carteira de compromissos preenchida. De inauguração em inauguração, lá vai estar ele, vestido a preceito e em estrito respeito pelos ‘briefings’ dos criativos publicitários. Não é despicienda, antes pelo contrário, a vontade de vencer, de vencer folgadamente. Com grande foguetório, se ganhar absolutamente, porque significará ganhar por muitos e também derrotar muitos mais, de hoje e de amanhã. É a vida de um artista do género dele.

Nuno Cardoso e as consciências

NunoCardoso

Nuno Cardoso foi condenado a três anos de prisão com pena suspensa por crime de prevaricação. Em 2001, quando presidente da Câmara do Porto, assinou um despacho perdoando uma coima ao Boavista por o clube ter começado uma obra de construção sem licença. Se assim foi, deve ser penalizado. A lei é para cumprir.

Em tribunal, Nuno Cardoso garantiu que não se recorda de ter assinado o documento. Estaria, talvez, distraído. Tão distraído quanto eu tenho andado, uma vez que não encontro muitas placas identificativas da realização de obras autorizadas em muitas construções em curso.

Diz o jornal Público que o juiz do tribunal de São João Novo aventou a existência de uma “teia” entre o poder autárquico e os clubes de futebol e apresentou a sanção como um exemplo contra o sentimento de impunidade que muitos cidadãos descrevem. “Que tudo isto sirva para um alerta de consciências”, afirmou o juiz. Acho bem que se alertem as consciências e que se acabe o sentimento de impunidade dos titulares de órgãos políticos.

Agora, uma pergunta: E se Nuno Cardoso ainda fosse presidente da Câmara do Porto? Também seria condenado para alertar consciências? Se não houvesse necessidade de alertar consciências, seria condenado?

50 milhões de Americanos sem direito a cuidados de saúde

É inadmíssivel, diz o Presidente Obama, que 50 milhões de pessoas não tenham seguros de saúde, nem acesso a cuidados médicos !
A reforma não é um luxo é uma necessidade ! Preciso da vossa ajuda médicos, para os americanos vocês são o sistema de saúde, diz ainda Obama.
O custo do sistema de saúde é uma das maiores ameaças para a economia. Tem um peso significativo nas contas das famílias e das empresas. É uma bomba relógio para o orçamentto federal.
Sublinhou ainda que as despesas de saúde compradas a preços demasiado altos contribuíram para a falência das construtoras automóveis GM e Chrysler.”Se não agirmos já, acabaremos todos como a GM : a pagar mais, receber menos e na falência.”
Os EUA gastam 50% mais por pessoa do que o segundo país com maior despesa na saúde. “Mesmo assim, temos cada vez mais cidadãos sem seguro, a qualidade tem-se deteriorado e a população não está mais saudável!
Uma das ideias da Casa Branca é criar um Plano Público de Saúde que sirva como opção para a população que não tem condições para comprar seguros de saúde!
E o que dirão disto os nossos liberais blasfemos e quem quer destruir o nosso SNS?

Nova Esquerda – partido novo ?

Os Alegristas correm atrás do milhão de votos de Alegre.
Com um PS sem ideologia, perfilhando na prática politicas que qualquer governo social-democrata subscreve, um PC que sabe que o protesto lhe rende os votos dos indefectíveis e um Bloco sem apetência e não preparado para o poder ( Oxalá me engane, João) a Nova Esquerda vem a caminho.
Mesmo que não conseguisse o milhão de votos, o pleno, o novo partido podia ser o aglutinador das políticas à esquerda, o degrau ideológico que facilita o deslocamento do PC e do Bloco.
No presente cenário partidário, e sendo a Esquerda maioritária, dificilmente se obterão consensos e arranjos parlamentares à volta das grandes questões nacionais.
Estranhamente, é na Direita minoritária que esses consensos e arranjos ao nível do governo, mais facilmente se encontram.
O PSD e o CDS, evidentemente, que se coligam se isso for necessário para governar .Poucas coisas importantes os afastam, ao contrário das evidentes contradições e desajustamentos que se encontram à Esquerda.
Desde logo porque o PS é um partido que sempre tem tentado e nos últimos anos conseguido, a “mexicanização” da vida partidária, precisando do poder como pão para a boca, tal são já hoje os interesses cruzados que tem ao nível da Banca, do tecido empresarial e da Alta Administração Pública. Esta teia de interesses aprisiona o PS e isso explica as suas políticas em tudo contrárias ao que se esperaria de um partido social-democrata e socialista.
Não é por acaso que tem como prioridade salvar bancos privados e não as PMEs. Que insiste, contra toda a evidência, no lançamento de Megaprojectos direccionados para as grandes empresas. Que partilha com o grande capital a gestão das grandes empresas de serviços públicos.
Mas será que este Nova Esquerda não se afundará ao primeiro canto de sereia , tal como aconteceu ao próprio Manuel Alegre?

Uma mãe em greve de fome

Que a criança tenha sido protegida estes dois anos no Refúgio Aboim Ascenção, enquanto as condições familiares se iam reunindo, parece ter sido uma boa medida. Compreende-se mal que reunidas essas condições a criança não seja devolvida à mãe e à família.
A mãe tinha na altura 13 anos, hoje tem 15 anos, deixou de estar referenciada pela Segurança Social. O pai da criança perfilhou o filho e vive com os pais que dizem nunca terem sido ouvidos pelos serviços. E tambem reclamam o bébé.
Inexplicavelmente, o entendimento é que é muito dificil que uma decisão destas de um Tribunal venha a ser revogada.
Mais uma vez o superior interesse da criança não é o o bjectivo final. Se a criança tem uma família com as condições suficientes e que dão garantias, não há que hesitar.
A criança deve voltar para o seio da sua família, devidamente enquadrada pelos serviços sociais.
Pese, embora, o extraordinário trabalho do Refúgio nada nem ninguem substitui, com vantagem, a família!

O Hotel Estoril – Sol

Lembram-se do Estoril – Sol aquele hotel ali em plena marginal, à porta de Cascais ?
No seu lugar, já se erguem três torres em nada mais pequenas ou mais baixas que o “mamarracho” anterior.
No velho Hotel guardavam-se “memórias” de grandes figuras e eventos que fizeram sonhar gerações .
Mas o local maravilhoso, ali sobre a baía azul de Cascais, há muito que tinha despertado apetites. E cá no sítio a propaganda começa pelo “mamarracho”. Se não for “mamarracho”, à força de se repetir, toda a gente começa a ver uma coisa que, por décadas, foi obra de orgulho e ninguem viu como de mau gosto.
Grande volume, mal aproveitado, não respeitador da paisagem, todos à uma martelam a cabeça dos cidadãos que acabam por aceitar por exaustão.
Lembro-me bem da cobertura que a imprensa fez, com especial ênfase para o Expresso.
Um arquitecto com nome (Byrne) o que é à partida garantia de bom trabalho, um desenho integrado com a paisagem, deitado sobre o morro que cresce atrás, menos volume…
Depois vem a realidade, com a maioria do pessoal já esquecido do prometido, mudo e quedo, com o que cresce à força de guindastres e cimento armado.
Passei lá hoje !

Falando de transportes – A Falácia do Ministério das Obras Públicas: O TGV (VI)

5 – Ana Paula Vitorino, Secretária de Estado dos Transportes, tem dado a cara pelas soluções ferroviárias defendidas por este Governo. Relativamente à nova linha de AV ligando Lisboa com Madrid, com um tempo de percurso estimado em 2h e 45m informou, finalmente, que esta será uma linha mista (passageiros e mercadorias) com uma velocidade de cálculo, em território português, de 350 km/h. Segundo afirma, estima-se que a procura seja de 6,1 milhões de passageiros no seu primeiro ano de funcionamento e possa atingir os 9,3 milhões de passageiros, 20 anos depois.
A SET esclarece, ainda, que só a Ponte Chelas-Barreiro poderá garantir o cumprimento deste tempo de percurso: esta travessia irá receber, também as linhas convencionais, o que permitirá ligar por caminho-de-ferro as margens Norte e Sul do rio Tejo fechando, assim, o anel ferroviário na Área Metropolitana de Lisboa (AML). Está em estudo, presentemente, a possibilidade da introdução do modo rodoviário, nesta Ponte.
Julgo que a SET está profundamente equivocada e proponho-me, mais uma vez, demonstrá-lo.
a) tempo do percurso ferroviário Lisboa / Madrid:
 o troço português, passando por Évora / Elvas e Caia foi estimado em 206 km pela RAVE. Ainda há pouco tempo essa estimativa apontava para os 207 km entre Lisboa e Elvas; admitindo, sem exagero, mais uns 10 km até ao Caia, na fronteira, o total perfaz uns 217 km em território português.
Mais recentemente, a RAVE admitiu que o troço Caia / Poceirão andará à volta dos 170 km; se juntarmos a estes uns 42-43 km (conforme o raio das curvas) entre o Poceirão e a Gare do Oriente, o total rondará os 213 km.
Se este percurso se fizer em AV, como pretende a RAVE, o que é um absurdo se atendermos ao número de passageiros previsível e aos gastos de exploração – já para não lembrar que se trata de uma linha mista – iremos fixar a velocidade comercial máxima em 228 km/h, a mesma que é praticada na nova linha de AV inaugurada há pouco mais de um ano entre Paris / Metz (315 km). Foi nesta linha que o TGV bateu o recorde do Mundo da velocidade máxima atingida numa linha ferroviária (v. meu texto de 3 Setembro 07).
Sendo assim, este troço irá ser percorrido em 56m, aos quais teremos de acrescentar mais uns 5m de agravamento resultantes do abrandamento de velocidade, obrigatório, no túnel e no viaduto Chelas-Barreiro, à chegada a Lisboa.
Porém, em consonância com os espanhóis, quanto mais não seja por uma razão de interoperabilidade, este mesmo percurso, em VE, seria percorrido em 77,5 + 5m = 82,5m, à velocidade média de 165 km/h. Há, pois, uma diferença de cerca de 21m entre as duas velocidades: a AV e a VE.
Esclareço, para os profanos, que os 165 km/h que me serviram de referência equivalem ao que está a ser praticado na linha Estocolmo / Goteborg (455 km), mediante um comboio pendular X 2000; ou a 154,2 km/h, com duas paragens intermédias, no percurso entre Estocolmo e Skovde (311 km).
O nosso Alfa Pendular, entre a Gare do Oriente e V. N. Gaia consegue uma média de 131 km/h, com duas paragens intermédias, numa linha que todos nós conhecemos e que, por isso, não comento.
 o troço espanhol, entre Madrid e Badajoz, passando por Talavera, Cáceres e Mérida perfaz, actualmente, 461 km; pelos meus cálculos, admito que um traçado de AV poderia baixar para os 392 km, na melhor das hipóteses, atendendo à existência de alguns obstáculos naturais a evitar: serras, rios e albufeiras.
Nesta ordem de ideias e dado que os espanhóis adoptaram há muito – e bem – o traçado misto para esta linha, este troço será percorrido em 2h e 22,5 minutos, para uma velocidade média comercial de 165 km/h, sem qualquer paragem.
Estamos, agora, em condições de calcular o tempo gasto na totalidade do percurso Lisboa / Madrid. Assim:
1ª hipótese – AV em território português (o que considero errado) e VE no espanhol: 61 + 142,5 m, ou seja 3h e 23,5m
2ª hipótese – VE em todo o percurso: 82,5 + 142,5m = 225m, ou seja, 3h e 45m.
A diferença entre estas duas performances seria, pois, de cerca de 22 minutos e os tempos de percurso (em qualquer das hipóteses) muito superiores aos pretendidos pelo MOPTC o que arrasa, completamente, a sua estratégia – se é que ela existe.
Obs.: Este trajecto não contempla a passagem pelo novo aeroporto (NAL); para isso, está prevista uma linha ferroviária com cerca de 20km de extensão, entre o Pinhal Novo e a aerogare, a percorrer por uma lançadeira (shuttle).
Deste modo, se os passageiros provenientes de Madrid desembarcarem em Lisboa, terão de esperar pela chegada de uma lançadeira que os conduza até ao aeroporto, a 48 km de distância, segundo o LNEC. Admitindo que esta distância possa ser percorrida à velocidade média comercial de 150 km/h, serão necessários mais uns 20m de viagem a acrescentar ao tempo de espera.
Se os passageiros provenientes de Madrid optarem por descer no deserto, perdão, no Pinhal Novo, terão de aguardar aí a lançadeira para fazerem mais 20 km até à aerogare.
Aliás, o percurso rodoviário do Campo Pequeno até ao NAL, também foi estimado em 48 km passando pela Ponte Vasco da Gama; e, caso se opte pela solução rodo-ferroviária na Ponte Chelas-Barreiro, essa distância sobe para os 59-60 km, com as dificuldades de trânsito que se conhecem.
Caso curioso: um dos argumentos mais badalados contra a localização do novo aeroporto, na Ota, era precisamente a distância exagerada a que se encontrava de Lisboa mas que, afinal, seria inferior à localização agora escolhida.
A SET, porém, procura desvalorizar este óbice e afirma, peremptoriamente, que “uma linha de AV serve para ligar capitais europeias e não aeroportos”. Julgo que é uma afirmação “distorcida” e, por isso duvido, e pergunto: se uma linha de AV serve para ligar capitais europeias e estas, pela sua importância, dispõem de aeroportos, será ou não desejável que estes dois modos de transporte estejam ligados entre si? A minha resposta é sim, sempre que possível. A título de exemplo, cito o aeroporto CDG, um dos que serve Paris (a 25 km de distância), com acesso directo ao TGV.
Com efeito, os aeroportos, antes de mais, devem servir as pessoas; a dificuldade consiste na sua localização, uma vez que as cidades têm vindo a ser construídas há muitos séculos, os aeroportos desde o século passado e a AV terá, quando muito, umas três dezenas de anos. E o solo disponível é cada vez mais escasso.
b) Número de utentes previsto pela SET. Direi que os 6,1 milhões de passageiros no primeiro ano de funcionamento desta linha e os 9,3 milhões de passageiros, 20 anos depois, é pura e simplesmente a confissão de um fracasso anunciado. Por várias vezes escrevi sobre esta matéria e citei vários especialistas de caminhos-de-ferro, espanhóis e franceses (Prof. Miguel Beggarin, Prof. Ginés de Rue, Phillipe Reuvilles, Martinand, entre outros) os quais consideram indispensável para que uma linha de AV seja rentável, um tráfego de passageiros da ordem dos oito a dez milhões de utentes, logo no seu primeiro ano. Um deles propõe, mesmo, que não se devem construir linhas que não possam garantir o tráfego de mais de 13 milhões de passageiros/ano, logo de início.
No meu último trabalho dei conhecimento de números relativos ao tráfego internacional, em 2006, no Eurostar, nos Thalys e no Lyria (França / Suiça). Ainda antes, em 24.12.05, fiz referência ao que se passava na vizinha Espanha com a linha Madrid / Sevilha, na qual os passageiros transportados 13 anos após a sua inauguração, rondavam os 6 milhões dos quais, mesmo assim, quase um terço pertencia a serviços que podem considerar-se regionais (Madrid / Puertollano).
c) Uma linha para comboios de mercadorias, paralela à AV, entre Évora e Caia.
Confesso que não percebo. Se a linha Lisboa / Madrid é uma linha mista e, infelizmente com um número de passageiros previstos inferior ao que ju
st
ificaria uma linha de AV, para que serve a construção de uma nova linha paralela, entre Évora e Caia, só para mercadorias? Estimei este traçado em cerca de 95 km de via férrea; não será deitar dinheiro fora?
Julgo que nem vale a pena fazer qualquer referência às previsões de custos, sistematicamente subavaliados, de todas estas obras. Pena é que não possam ser responsabilizados os seus autores.

d) Viaduto Chelas-Barreiro
Este viaduto, além de um fortíssimo impacto ambiental, irá condicionar ou, mesmo, inviabilizar:
 a navegabilidade do rio Tejo, nomeadamente nos seguintes canais: canal da Quimigal (bifurcando para o terminal dos sólidos e dos líquidos e prolongando-se este, depois, para o do Montijo); irá afectar as carreiras fluviais do Montijo e do Barreiro e, também, o canal do Cabo Ruivo que permite o acesso a V. F. Xira.
Os navios que acostam ao cais do Beato ou no Poço do Bispo terão as suas manobras muito dificultadas e condicionadas ao ciclo das marés e às condições atmosféricas, principalmente a força do vento. E, no cais da Matinha, ainda mais próximo da Ponte, a situação ainda será pior.
Numa sessão efectuada em Março de 2007, na Sociedade de Geografia, esteve presente o Senhor Comandante Ferreira da Silva que, além de outros esclarecimentos, afirmou: “Já pelo exemplo de outras implantações no rio (bóias, por exemplo) uma ponte com tão elevado número de pilares irá assorear velozmente o rio e que fará afastar a navegação destes cais ou, então, não há dinheiro que chegue para as drenagens. Exemplo comprovativo, o que se passou no Cais da Expo actualmente todo assoreado, custou milhões e não cabe lá um iate de recreio”.
“Relativamente ao Mar da Palha, o maior espelho de água portuário da Europa ficará inutilizado. Não somente porque a Ponte destruirá a área das 16 pontos actuais de fundeadouro (já lá estiveram 22 navios da VI esquadra americana…)”.
No que se refere aos cais do Rosairinho e o da CUF, o Senhor Comandante acrescentou: “Os pilares da ponte não permitiriam a passagem de navios com galope (altura) de superestruturas (mastros, chaminés, gruas, etc.) acima dos trinta metros do nível do mar”.
 o futuro terminal de cruzeiros de Lisboa, em Sta. Apolónia, dada a proximidade da Ponte e as grandes dimensões dos navios previstos para acostagem; a não ser que se reduza o seu número a acostar simultaneamente (está projectado para cinco).
Seria, verdadeiramente, algo sem sentido na medida em que Lisboa está a entrar na rota mundial do turismo de cruzeiros (305 mil passageiros em 2007). E este ano, sabe-se, aguardam-se ainda mais, transportados por navios cada vez maiores.
A Câmara Municipal de Lisboa não terá uma palavra a dizer?
 a operacionalidade da actual Base Aérea do Montijo, ficará fortemente prejudicada no cone de acesso das aeronaves à pista principal, com prejuízo evidente à movimentação de aviões dos vários tipos.
 a navegação dos grandes navios no rio Tejo, dado que a cota do tabuleiro desta Ponte foi fixada em 47 metros acima das águas, ou seja, uma cota igual à da Ponte Vasco da Gama situada cerca de 7 km a montante, numa área onde não são de considerar acostagens de navios de alto bordo. Na Ponte 25 de Abril, esta cota é de 70m.
Se for adoptado o proposto, isso vai limitar de modo sensível, o gabarito dos grandes navios de cruzeiro que desejam escalar o porto de Lisboa, com prejuízo evidente para este tipo de turismo.
 o acesso às estações de Sta. Apolónia condicionando, fortemente, a do Braço de Prata e a Gare do Oriente, dado que o gradiente admissível para esta o.a., destinada ao tráfego misto, não deverá ser superior a 15-16 por mil. Talvez seja este o motivo que levou o actual Presidente da Câmara de Lisboa a dizer que “A expansão da Gare do Oriente é uma oportunidade para repensar se devemos manter o ramal ferroviário de Sta. Apolónia…” “… a libertação deste canal é uma grande oportunidade para sanear as finanças das empresas ferroviárias e dar uso eficiente ao edifício da actual estação”.

Os “fantasmas” do Irão

No Irão, como em Portugal, há fantasmas nas secções eleitorais. Por cá, são os falecidos que ainda continuam vivos nos cadernos eleitorais, inflacionando os dados da abstenção. São ainda aqueles que estão inscritos em mais de um local e há até os eleitores clones, como os senhores que votaram duas vezes nas eleições europeias.

No Irão, há três milhões de votos a mais, cidades onde houve mais votos que eleitores. Ainda assim um porta-voz do conselho eleitoral “assegurou que a votação nesses locais não afectou os resultados finais das eleições, ainda que os «votos-fantasma» rondem os três milhões”.

Três milhões de votos “fantasma” e os senhores dizem que não afectaram os resultados eleitorais? 

O círculo vicioso do País

Há razões adicionais para se prever para o país, a médio prazo, um fraco crescimento ou mesmo a estagnação económica.

O país está endividado a todos os níveis, o que se reflete num enorme desiquilibrio externo, o que irá travar o investimento e o consumo. O déficite das contas do Estado voltou a níveis muito preocupantes. São necessárias políticas de redução do déficit o que só se consegue com a contenção da despesa ou com o aumento da receita, ou com ambas. Com a receita, o esforço da máquina Fiscal dos últimos anos, recuperando grande parte, já não tem margem para arrecadação de muito mais. A despesa é o que se sabe com este Estado cada vez mais prisioneiro de interesses corporativos. Assim o crédito a obter lá fora ficará cada vez mais caro. Estamos num circulo vicioso, é dificil baixar déficites orçamentais sem crescimento da economia.