Sebastião Bugalho, a negação do mérito e o festival de memes que aí vem
A não perder! 😂 pic.twitter.com/xqo1CEPyna
— Helena Marques 🟩🟡🟥 (@Helena_M75) April 22, 2024
Sebastião Bugalho, um jovem de 28 anos cujo percurso profissional e de vida se resume a ter andado na escola e ao comentário político que faz nas TVs e jornais, foi o escolhido por Luís Montenegro para liderar a lista da AD às Europeias.
Representa a total negação do mérito, numa lista repleta de laureados pela lealdade ao líder.
É a rendição total de Montenegro ao mediatismo e à política do espectáculo.
E é mais uma cedência à extrema-direita, colocando-se à AD disponível para esgrimir arremessos de lama na arena do espalhafato populista.
Vai correr muito mal.
Que lhes sirva de lição.
Optimismo revisto em baixa
Que passou-se, Montenegro?
O facto mais extraordinário desta eleição foi a vitória de pirro de Luís Montenegro. Esteve dois anos em campanha e, ainda assim, foi incapaz de capitalizar com os problemas estruturais no SNS, na Educação, na Justiça e na generalidade da Administração Pública. Não foi além de uma vitória tangencial, apesar dos casos e casinhos que enfraqueceram o PS. E permitiu que o CH ocupasse parte do seu território natural. Quando se exigia uma vitória expressiva, não foi além dos 30%. Como diria o amigo de Ventura, “que passou-se”?
Legislativas 2024 – Sosseguem: isto ainda pode piorar
Nada ficará decidido hoje.
E será interessante perceber o que farão os protagonistas nos próximos dias.
O PS não quer acordos com o CH.
Montenegro disse que “não é não”.
Ventura já se fez à AD e até avisou, há dias, que tinha amigos no PSD. Apesar de se referir ao partido como “prostituta”.
Problema: se PS e AD se entenderem, a oposição fica entregue ao CH. E isso fará com que o CH cresça ainda mais.
Outro problema: se a AD fizer um acordo com o CH, perde a face e será penalizado no futuro.
Terceiro problema: o PS até pode ganhar, mas não tem ninguém com quem se entender.
Tenho o pressentimento que teremos novas eleições em breve.
Por isso sosseguem: isto ainda pode piorar.
Vá lá que o ADN não elegeu um chalupa. Mas faltou pouco.
Ventura e o orgulho de ter Miguel Relvas como aliado
Mesmo que não se confirme, o facto de André Ventura apresentar o nome de Miguel Relvas como aliado diz-nos tudo sobre a farsa anti-sistema que o seu partido tenta vender.
A escolha de Pedro Passos Coelho
Pedro Passos Coelho entrou na campanha da pior maneira.
No Algarve, região do país que, de forma literal, não sobrevive economicamente sem os imigrantes que chegam ao país, o antigo primeiro-ministro escolheu a demagogia, associando a imigração ao aumento da insegurança em Portugal, sem um único dado ou facto que sustente a sua insinuação.
E, de uma assentada, o discurso de Passos Coelho teve 3 efeitos imediatos:
- Revelou a permeabilidade do espaço político da AD a uma das mais perigosas ideias populistas defendidas pelo partido de André Ventura, o que nos dá indicações preocupantes sobre o futuro.
- Demonstrou que o PSD está disponível para combater o CH no lamaçal da demagogia. Um erro já tentado noutros países, sempre com o mesmo resultado: com a derrota da direita moderada.
- Fez mais pela mobilização do eleitorado à esquerda que qualquer aprendiz de fascista. Um erro táctico.
Dir-me-ão que Passos estava só de passagem. Mas eu sou céptico e não acredito em coincidências na política. E elas começam a ser muitas.
Como a proposta de Paulo Núncio para referendar o direito ao aborto.
Caminhamos sobre gelo fino.
Teatro, lo tuyo es puro teatro
Entretanto, na Madeira, Gonçalo da Câmara Pereira aproveita um momento de distracção dos carcereiros e consegue escapar ao cativeiro.
“Durante 10 anos, fui contratado para ser um machista na televisão, nos programas do Goucha, e transportaram isso para a política.”
Como perder um debate no primeiro minuto
Luís Montenegro perdeu o debate na primeira pergunta.
Sobre a manifestação dos polícias à porta do Capitólio – oh, the resemblance – Pedro Nuno Santos afirmou estar disponível para resolver o problema, para dialogar com os representantes das forças de segurança, mas sublinhou algo que é basilar em democracia: não negoceia sob coação.
Já Luís Montenegro fugiu à questão, divagou, viajou na maionese. Para o eleitorado à direita, apreciador da autoridade do Estado, poderá ter sido fatal.
Pedro Nuno Santos ganhou o debate, parece-me evidente, mas não foi o único vencedor da noite. Porque André Ventura, perante a frouxidão do líder do PSD, ganhou ainda mais terreno à frágil AD.
E Luís Montenegro, que teve boas prestações durante as duas semanas de debates, sobretudo contra Ventura, desapareceu em combate. Perdem-se eleições por muito menos.
Luís Montenegro não quer honrar a palavra dada
Luís Montenegro, como todos os líderes partidários com assento na AR, aceitou o convite e as regras dos debates.
Agora, recusa-se a debater com Rui Tavares e Paulo Raimundo.
Ou seja: palavra dada não foi palavra honrada.
E sem surpresas, claro. Não é a primeira vez que acontece.
Mas isto levanta outra questão: se não podemos confiar na palavra de Montenegro em algo tão secundário como um debate que não decide nada, será que podemos confiar no que toca a acordos pós-eleitorais?
Não sabemos.
Mas o risco de termos uma desilusão no dia 11 de Março é elevado.
E não seria, de novo, a primeira vez.
Açores: a escolha que se impõe
Os açorianos foram chamados a decidir a nova composição do parlamento regional e, mais deputado, menos deputado, ficou “tudo como dantes, quartel-general em Abrantes”.
A AD, que congrega PSD, CDS e PPM, consegue 26 deputados. Em 2020, PSD tinha conseguido 21, CDS 3 e PPM 2. Ou seja: 26 deputados.
O PS perde 2 deputados, o BE perde 1, a IL mantém o deputado que tinha e o CH consegue mais 3.
Contas feitas, as alterações na aritmética parlamentar são insignificantes.
E, sobretudo, não mudam o essencial: sem maioria, José Manuel Bolieiro deve encontrar uma solução para garantir a governabilidade da região autónoma dos Açores.
Espero que essa solução não passe por acordos com a extrema-direita.
E que o PS esteja à altura dos tempos que vivemos e se abstenha de chumbar os orçamentos da AD.
Porque quando a escolha é entre a democracia e o retrocesso iliberal, conservadores, liberais, social-democratas e socialistas estão na mesma trincheira. E devem saber entender-se para a preservar.
Foi assim que se derrubou a extrema-direita na Polónia.
É assim que se impede a extrema-direita de chegar ao poder em França.
E talvez seja essa a solução para impedir o regresso da marioneta de Putin à Casa Branca.
Acima de tudo, é essencial preservar a democracia.
Porque sem democracia, as diferenças ideológicas não contam.
São todas suprimidas.
É este o “valor mais alto que se alevanta”.
Democracia.
O “descrédito total” de Miguel Pinto Luz
Miguel Pinto Luz, vice-presidente do PSD e da CM de Cascais, nascido e criado em Lisboa, será o cabeça de lista da AD pelo distrito de Faro, ao qual não tem qualquer ligação relevante.
Não é o primeiro e, seguramente, não será o último. No PSD e noutros partidos, como o PS, em que a aritmética e a ambição por lugares elegíveis são quem mais ordena.
Mas este é o mesmo Miguel Pinto Luz que, em 2009, falava em descrédito total para caracterizar um militante de um partido, julgo que do PS, que foi “de paraquedas para o algarve para ser deputado”.
Que triste figura.
O possível ministro da Educação da AD ou Mudam as moscas
Vídeo roubado à Missão Escola Pública. Alexandre Homem Cristo é, pelos vistos, um especialista em Educação, estatuto que parece ser atingido sobretudo por gente que procura soluções para enfraquecer o poder reivindicativo dos professores.
O especialista em Educação nem sequer esconde que a concessão de maior poder aos directores das escolas serve para retirar poder aos sindicatos, como se esse poder fosse incomensurável e correspondesse a um problema. É um problema para quem gosta pouco dessas manias da democracia e dos direitos dos trabalhadores. Educação é outra coisa.
AD????
Os fundadores da AD, a verdadeira Aliança Democrática, estão a dar voltas no caixão….
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