O jornal Expresso avançou ontem que o Estado português paga a um consultor francês para fazer lóbi junto das agências de rating. Os plebeus convencidos que a economia e os mercados, acima das paixões e defeitos do comum dos mortais, funcionam sem necessidade de intervenção humana, e, vai-se a ver, é preciso sustentar um antigo economista-chefe da Moody’s para interceder pelo país junto dos terroristas de colarinho branco que comandam as agências de rating.
Quem resgata Passos Coelho?
Vergonha alheia é o sentimento que se apodera da minha pessoa de cada vez que vejo Pedro Passos Coelho profetizar uma nova desgraça. É muito triste, para mim que acredito na nobreza da social-democracia, ver um partido com a dimensão histórica do PSD entregue a este vazio de ideias comandado pelo histerismo, que aposta todas as fichas em sucessivas catástrofes que tão rápido se anunciam como se transformam em motivo de chacota para um partido que merecia mais. [Read more…]
A Moody’s que os pariu
As agências de rating, sabemos, assemelham-se a mercenários do mundo financeiro, focadas em servir quem lhes paga salário no final do mês e nem minimamente interessadas na situação real da economia mundial. Vai daí sobem e cortam ratings conforme lhes convém. E nada melhor para ilustrar a bandalheira que impera nestas instituições do que o triplo A com que a Moody’s classificou o Lehman Brothers, poucas horas antes do colapso. Mas, gostemos ou não, enquanto optarmos pelo caminho dos carneiros esta gente continuará a decidir por nós.
Acontece que o regime neoliberal, ao serviço do qual se encontram os partidos com assento parlamentar da direita nacional, tende a ter em elevadíssima consideração tudo o que estas entidades macabras verborreiam. Afinal de contas, elas fazem parte integrante do esquema. Mas os pequenos e médios vassalos acabam por sofrer as consequências, ainda que sempre servis e sem protestar muito. Quando a Moody’s cortou o rating de Portugal em 2011, Pedro Passos Coelho sentiu “um murro no estômago“ e deixou-se ficar prostrado aos pés dos senhores do dinheiro. Os funcionários do seu ministério das Finanças bem tentaram dizer que a agência teria ignorado o impacto das medidas de austeridade impostas mas de nada lhes valeu. O rating foi cortado e as perspectivas eram de novos cortes no médio prazo. [Read more…]
Mais más notícias(*). Será que isto não pára?
Moody’s aplaude Governo pela aprovação do Orçamento. (*) Para a direita que continua com a narrativa “não estraguem [que isso é connosco]”.
Hit the road, Passos
A Moody’s atribuiu a Portugal um crédito positivo pela aprovação do OE e entende que “fica de fora o risco de novas eleições”.
Moody’s Europe Tour
Moody’s cortou rating da Irlanda para “lixo”
GréciaPortugalIrlanda- Itália
- Espanha
- Talvez ainda dê para mais um país se não faltar o gasóleo
Good mood & bad Moody’s
A Antena 1 anunciou-o mas errou. Já o ionline esteve bem. O site da Moody’s não esteve em baixo nas sim a bloquear os acessos a partir de Portugal. Com efeito, o moodys.com está a dar erro mas acedendo a partir de um proxy internacional, funciona. Malandrecos, têm a lixeira cheia.
A Moody’s cor de rosa
Desde 1884 que não se via nada assim: a pátria levantou-se, do Facebook ao presidente dos outros portugueses, e brama: contra a Moody’s marchar, marchar.
Os mesmos que se riram quando a mesma agência fez o mesmo à Grécia agora indignam-se (pimenta no orifício alheio é sempre refresco). Os mesmos que querem pagar a dívida toda com os juros ainda mais altos e nos prazos mais apertados, indignam-se. Os mesmos que insistem na austeridade acreditando no milagre da multiplicação das falências no deserto e da sua transformação em crescimento económico, indignam-se. Os que se indignavam com os indignados, indignam-se. Valham-nos os crentes da mais absolutista fé nos mercados, que não se indignam. E em solidariedade com as minorias confesso que me indigna muito mais a troika e o eixo bancário franco-alemão que as agências de ranking.
Espero ao menos que esta cavalgada heróica inspire músicos e vates, resolvendo um problema já secular: saía um novo hino para este país do canto da Europa, sff. Tirando a graça de ser contra os ingleses, o actual já cansa, os nossos egrégios avós merecem repouso e um país também renasce refazendo as suas canções guerreiras.
Orçamento de Estado 2010 #3:
Hoje o i faz uma bela pergunta: “Alguém gosta deste orçamento?”. Já sabemos que a Função Pública não gosta, tal como não vão gostar os doentes e os pobres. Desconfio que Belmiro de Azevedo, além de não gostar de cavaco, também não. Pelo menos a Moody’s dá o benefício da dúvida, o que já não é mau. Quem também não gosta é Pedro Passos Coelho (afirmou-o ontem na apresentação do seu livro, no Porto). Já Manuela e Portas certamente gostam, caso contrário não teriam alinhado.
Numa análise fria: Estamos tramados!
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