Porque é que o Chega odeia a dona Rosa?

Eis Rosa Pinto, uma mulher que trabalha desde os 11 anos, que comeu o pão que diabo amassou e que recebe 189 miseráveis euros de RSI. Ou, nas palavras da extrema-direita muito católica e pela família, uma parasita subsídio-dependente.

Porque é que o CH e o exército de André Ventura odeiam a dona Rosa?

Chega: disparar primeiro e depois se vê

Uma das bandeiras do Chega é, como se sabe, a subsidiodependência. E o Chega, quando agita bandeiras, faz uma barulheira desgraçada.

Penso que podemos entender subsidiodependência como um sinónimo de parasitismo. Não haverá apoios sociais sem parasitismo, como não há medicamentos sem efeitos secundários.

A questão está em se a dimensão do parasitismo e dos efeitos secundários é suficiente para medidas mais drásticas. Depreende-se, então, do discurso do Chega, que a subsidiodependência é uma praga social, com multidões de parasitas alojados no erário público ou, para usar o chavão de Ventura, num país em metade vive à custa da outra metade, o que inclui Mercedes à porta e telemóveis e o diabo a quatro.

Diga-se, de passagem, que o parasitismo endémico, pandémico ou localizado deve ser combatido.

Nos Açores, o Chega alcançou uma boa votação com este discurso de combate à subsidiodependência como um problema, defendendo que é preciso reduzir os apoios sociais. A responsabilidade epistémica, a que se refere o César no seu magnífico texto, obrigaria a que o anúncio deste problema estivesse ancorado num conhecimento profundo.

Parece que, afinal, falta ao Chega-Açores esse mesmo conhecimento profundo, como se pode deduzir do pedido que fez à Assembleia dos Açores, com o deputado do partido a pedir informações sobre o RSI na região.

Diz um ditado antigo: “Quem não tem vergonha, todo o mundo é seu.” Nem responsabilidade, nem epistémica – o Chega é o pistoleiro bêbedo do faroeste que dispara primeiro e depois se vê.

André Ventura, a voz de toda a direita

Entre muita direita, mesmo a católica, há a ideia de que só está desempregado quem quer ou só é pobre quem não tem mérito para ganhar dinheiro.

O Chega, para viabilizar a geringonça açoriana, impôs a redução dos apoios sociais no arquipélago. Os pobres e/ou os desempregados têm é de se fazer à vida.

Essa mesma direita – que inclui o PS do Manuel Pinho que aconselhava a investir em Portugal, porque temos salários baixos – está sempre a gritar que é preciso criar uma legislação laboral mais flexível, que é preciso poder despedir mais facilmente.

André Ventura vem, agora, com a ideia de que é preciso pôr essa malta do Rendimento Social de Inserção (RSI) a trabalhar, continuando a pagar-lhes o mesmo.

Não sei se isto é próprio da esquerda, mas acredito que, num país civilizado, é assim: o trabalho implica salário e não esmola ou subsídio. Há trabalho para se fazer? Pague-se um salário.

É verdade que o Estado é um dos patrões que mais se alimentam de vários embustes, como o de não abrir vagas necessárias na Função Pública, impondo a precariedade – basta ver os milhares de professores que trabalham há anos sem vínculo, o que mostra que são necessários ao funcionamento de um sistema que só lhes quer pagar o mínimo possível, uma espécie de trabalhadores à jorna, carne para canhão. O inaceitável praticado por uns não torna aceitável qualquer inaceitável.

Ventura não diz as verdades, mas diz aquilo que muita gente de direita gosta de ouvir e nem sempre tem coragem para dizer, por saber que é eticamente vergonhoso. A subida do Chega faz-se à custa, aliás, desta gente que não gosta de sociedade e que prefere a selva, aquela em que apenas sobrevivem os mais fortes. Ventura é só um PSD que perdeu a vergonha.

João Miguel Tavares, a culpa lusitana e o mito de Mário Nogueira

Na sua crónica de hoje, João Miguel Tavares (JMT) consegue o milagre de se afastar de muita direita que vê nos apoios sociais o grande problema da economia portuguesa. Há dias assim, em que JMT escreve menos abjecções.

Quanto ao resto do texto, concordo que Portugal é um país mal gerido, com desvios de receitas – impostos ou fundos europeus – para gastos desnecessários, numa sucessão de actos de corrupção legal e ilegal que fazem de nós um país bastante pior do que deveria ser.

Note-se, no entanto, a diferença: no princípio do texto, JMT consegue, como se viu, explicar claramente quem não tem a culpa. Quando começa a identificar os culpados, limita-se aos últimos dez anos e, pelo meio, como era previsível, deixa a Passos Coelho o papel de alguém obrigado a executar uma política pela qual não era minimamente responsável, o que é uma ficção querida a muita direita.

A história da má gestão portuguesa vem de longe e inclui, entre tanta coisa, a visão deslumbrada de gente que quis ficar na História, com base no folclore de obras inacabadas, como a subordinação de Soares e de Cavaco a uma Europa que impôs a destruição do nosso tecido produtivo, com passagem por uma longa tradição de favores com dinheiros públicos a interesses privados, com bancos e parcerias público-privadas a mamarem na teta dos impostos e na tendencial supressão de direitos ou nos cortes salariais (sempre em nome de uma produtividade sem verdadeiros incentivos que não sejam os de não cair na miséria). A dívida pública, que, por ser pública, todos somos obrigados a pagar, continua por ser verdadeiramente explicada, talvez porque não convenha a quem andou criá-la enquanto parecia estar a governar o país. [Read more…]

O violento ataque do «Chega» de André Ventura aos Bancos e Grandes Grupos Económicos

Licínia vive aqui

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(c) Daniel Rocha/Público

Vai mas é trabalhar Ricardo Salgado!

Ricardo RSI

Imagem@Notícias ao Minuto

Para além da intensa actividade no âmbito do terrorismo financeiro, descobrimos esta semana que Ricardo Salgado é também um alegado mandrião, um parasita diriam alguns, pois ao invés de ir trabalhar, prepara-se para pedir o Rendimento Social de Inserção. Pelo menos é o que avança a imprensa cor-de-rosa e o PT Jornal.

Apesar de insultuoso para quem verdadeiramente precisa deste apoio social, é interessante ver o Dono Disto Tudo nesta posição, principalmente quando há exactamente dois anos atrás surgiam declarações deste sujeito que, relativamente à entrada de mão-de-obra estrangeira em Portugal para trabalhar em explorações agrícolas na zona do Alqueva, diziam assim:

Há imigrantes que substituem os portugueses que preferem ficar com o subsídio de desemprego (…) Se os portugueses não querem trabalhar e preferem estar no subsídio de desemprego, há imigrantes que trabalham, alegremente, na agricultura e esse é um factor positivo.

Tanto quanto sei, até porque metade da minha família vive no Alentejo profundo, continua a existir muito trabalho nos campos e escassez de mão-de-obra em algumas zonas da região. E nesta altura do ano, com as temperaturas a subir em flecha e o clima cada vez mais hostil para a labuta na aridez do Baixo Alentejo, estou certo que haverá um óptimo emprego à espera de Ricardo Salgado, o precário. A menos que, tal como as pessoas que criticou em tempos, Ricardo Salgado não queira trabalhar e prefira agarrar-se a um subsídio ao invés de, por uma vez que seja na vida, enveredar por um trabalho honesto. Nesse caso (e noutro qualquer) faço votos de que o seu pedido seja prontamente negado porque Portugal não está em condições de sustentar mais parasitas. Se não estiver bem pode sempre ir para a Comporta, brincar aos pobrezinhos. Com sorte, alguém há-de reconhecê-lo por lá e dar-lhe uma côdea de pão.

O que é uma susana valente?

fb11É decerto um espécime criado num dos viveiros das juventudes partidárias, o que lhe permitiu desempenhar papéis de relevo na política espinhense e no mundo das anedotas de louras. Na sua página de linkedin, usando uma língua semelhante ao português, apresenta-se:

Destaco o empenho, o rigor e a dedicação para ser bem sucedida e prestar uma efetiva e produtiva colaboração em todos os projetos que participo.
Capacidade de gestão de prazos e cumprimento de deadlines.
Organizada, responsável, capacidade de liderança, de gestão, maturidade, dinamismo, pró-atividade, de análise e de comunicação aliada a um forte espirito de equipa.

Palavras para quê? É uma mulher que participa projectos e que não só tem capacidade para gerir prazos como para cumprir deadlines. [Read more…]

RSI – rendimento social de inveja?

O CDS-PP fez do rendimento mínimo (agora chamado de rendimento social de inserção) uma bandeira.

E, se me permitem o abuso, caras e caros leitores, antes de continuar a mostrar a demagogia da velha direita, sugiro uma visita ao site da segurança social para ficar a saber mais sobre os 189 € / mês que os malandros recebem.

Paulo Portas, a cara da velha direita, não tem qualquer problema em se chegar à frente nas críticas ao RSI. Muitas delas, justas, mas como em quase tudo, o problema não está no conceito, mas na sua aplicação. Esta forma de apoio social é fundamental para que algumas pessoas, em situação de exclusão total consigam ter o que comer. E, quanto a isso, não vejo qualquer problema. Há abusos? Claro que sim. Então que se garantam as condições para que a fiscalização seja eficaz.

Mas, vamos a contas: na contabilidade do CDS foram depositados 1.060.250 euros, isto é, mais de 56 mil meses de RSI. Nas contas do Ministro, em média o RSI teve a duração de 22 meses. Fazendo as contas, os depósitos do CDS dariam para 2549 pessoas receberem o RSI durante 22 meses.

Os últimos dados indicam que há 330 mil pessoas a receber RSI, o que daria, se todos recebessem o valor máximo, qualquer coisa como 62 milhões de despesa mensal para o estado.

A despesa com o BPN corresponde a quantos meses de RSI? A mais de sete anos completos. [Read more…]

Voluntários à força

RSI: quem recebe obrigado a trabalhar

Tarrafal está de volta?

Foto de Paulo Pimenta

Foto de Paulo Pimenta

Em tempos conheci por dentro o Bairro S. João de Deus, o Tarrafal! Lembro-me de uma conversa com o Cardoso, responsável máximo pela rede de tráfico de droga no bairro. Dizia-me ele:

– “Professor, esta é única forma que esta gente tem de viver. Se chega a algum lado, é cigano e diz que é do Tarrafal, ninguém lhe dá emprego”. [Read more…]

Quem rouba aos pobres…

…pode dar aos pobres, mas é ladrão na mesma. Os 70 milhões do CDS explicados pelo José Vítor Malheiros.

Rendimento social de inserção: a próxima vítima

Em vésperas de concluir o 2º ciclo Cristina Oliveira da Silva escreve no Diário Económico, e o revisor concorda:

No período homólogo, eram precisamente este último grupo – os rendimentos de trabalho – que assumiam a liderança.

Também descobriu que 18% dos chulos do Rendimento Social de Inserção têm conta bancária, e 29% outros rendimentos como “acções, depósitos a prazo, contas-poupança ou outros.” Não se percebe se os 29% incluem ou não os 18%, e nem isso agora interessa para nada, como diria a grande Teresa de outros embustes.

Qual o valor dessas poupanças, e já agora quanto rendem, não é notícia. Notícia são os 18% que têm a lata de receber do estado tendo conta num banco. Que horror. Vão já pedir para a porta das igrejas, seus malandros (rosnar miudinho).

A rede viral dos jornalistas em vésperas da conclusão de qualquer coisa lá funciona: no I Cláudia Reis troca um cerca por um quase. Estão feitos ao bife, os quase 18%, os quase 29%  ou, o mais provável, os cerca de 47%, levam já com o corte do RSI, vão lá viver por conta dos rendimentos, cabrões de merda, e a partir de agora o pagamento é feito por transferência bancária, seus chulos, não tens conta? vai pedir para a porta da igreja, filhodaputa, moinante, gatuno (rosnar já muito grande). É por causa disto que este país não avança, não é Cristina Oliveira da Silva? (cães a ladrar muito alto, em primeiro plano).

Guerras, cortes orçamentais e outras desgraças

Afirmou ao Público de hoje o sr. Pedro Marques, secretário de estado da Segurança Social a quem se conhecem as anteriores profissões de “consultor“, “assessor” e “coordenador de comissão“, que em Agosto o Estado conseguiu reduzir em 10 milhões de euros a despesa com o RSI e poupou 2,8 milhões com o subsídio social de desemprego.

Conta ao I de hoje o sr. Santos Silva, ministro da Defesa:

Em 2010, o esforço nacional no Afeganistão rondou os 25 milhões de euros. Digo, e repito, que é um dinheiro muito bem gasto até ao último cêntimo.

Ou seja, em dois meses rouba-se aos muito pobres para fazer um ano da guerra dos ricos. Como entretanto o mesmo ministro anunciou que vamos enviar espiões para o Afeganistão e até para o Líbano, podemos anunciar em primeira mão que Obama já telefonou ao chefe do governo português, tendo ameaçado não meter os pés na cimeira da NATO se insistirmos em tal ideia montypyntoniana.

“Deixa-me perder as guerras com alguma dignidade“, terá afirmado. Conhecendo o anedotário dos nossos serviços de informação, compreende-se perfeitamente. Para quem ande esquecido recomendo este auxiliar de memória. E muito mais anedotas haveria para contar.

Orçamento de Estado 2010 #3:

Hoje o i faz uma bela pergunta: “Alguém gosta deste orçamento?”. Já sabemos que a Função Pública não gosta, tal como não vão gostar os doentes e os pobres. Desconfio que Belmiro de Azevedo, além de não gostar de cavaco, também não. Pelo menos a Moody’s dá o benefício da dúvida, o que já não é mau. Quem também não gosta é Pedro Passos Coelho (afirmou-o ontem na apresentação do seu livro, no Porto). Já Manuela e Portas certamente gostam, caso contrário não teriam alinhado.

Numa análise fria: Estamos tramados!