A tromba alheia e o desejo sexual

Segundo um estudo recente, o cérebro dos adeptos de futebol mostra sinais de “amor romântico”. Nada que já não soubéssemos há muito, tendo em conta as figuras tristes que fazemos quando assistimos a um jogo do nosso clube ou quando só vemos virtudes nos claríssimos defeitos da nossa agremiação amantíssima.

Como qualquer apaixonado, achamos piada a toda a graçola proferida pelo nosso presidente, pelo nosso querido treinador ou por um dos lindíssimos jogadores da nossa equipa, porque o nosso amado tem sempre graça. É, ainda, o nosso amor desmesurado que consegue ver num corte adversário uma agressão criminosa e um desarme estética e eticamente irrepreensível num varrimento cego do nosso central tão fofo.  É graças à mesma paixão que a mão com que o nosso atleta alcança o golo não é mão, porque todo ele é pé. [Read more…]

Pai e filho

O futebol não é tem muitas explicações – é tão simples, que não dá para teorizar.260520132503-001

É um jogo e não é mais que isso, apesar de ser MUITO mais que isso. Sim, parece confuso, mas quem ama um clube entende isto. Não é verdadeiramente importante porque hoje, depois da derrota, o rio continua a correr para o mar e ao dia, inevitavelmente, segue-se uma noite e novamente um dia…

Mas, o futebol é aquela coisa que nos faz andar menos atentos no emprego, que nos faz acelerar no trânsito, que nos faz manipular a agenda familiar e até nos faz dizer ou escrever coisas complicadas sobre os amigos e os clubes dos amigos.

Não dá para para explicar, muito menos a quem recorrer com mais facilidade à ciência do que à escrita.

O futebol é essa coisa estranha que nos leva a fazer viagens, sacrifícios e a ter vontade de ajudar – aquele sentimento do eu quero lá estar a fazer a minha parte. E estive, estivemos: pai e filho! Juntos, a fazer a nossa parte. [Read more…]

Obrigado MALTA

enzo

Salvo por uma paixão

Morreu o «fotógrafo de Auschwitz», Wilhelm Brasse (1917-2012), o antigo prisioneiro que foi obrigado a fotografar os milhares de novos prisioneiros que chegavam àquele campo de concentração.

O polaco cedo se apaixonou pelos segredos da fotografia, “sem nunca imaginar que este seria o seu passaporte de sobrevivência no campo de extermínio nazi”: um certo dia, corria o ano de 1941, o comandante do campo incumbiu-o de fotografar os prisioneiros, já que ele era o único fotógrafo profissional da unidade. Os alemães precisaram dele e isso permitiu-lhe sobreviver!

O Museu Auschwitz-Birkenau conta com mais de 39 mil fotografias de Brasse…

Hoje dá na net: Paixão de Cristo (Mel Gibson)

A “Paixão de Cristo” é um filme de 2004 realizado por Mel Gibson.

Em inglês, com legendas.

(Se preferirem uma versão com mais qualidade, está disponível, mas sem legendas)

Laila

adão cruz

Laila nunca fora feliz. Nem muito nem pouco. A felicidade não engraçara com ela, talvez por ser feia. Feia não era. Até era muito bonita por fora, o que não acontecia por dentro. Tinha sempre a alma do avesso e os sentimentos fora do corpo. Nunca atravessava a rua pela passadeira, entrava nas portas sempre às arrecuas e não beijava o Senhor na visita do compasso. Puxava o manto do Senhor dos passos na procissão da Paixão e fazia caretas às zeladoras do Coração de Jesus. Assistia à missa de costas para o padre. Não rezava nem comungava. A bruxa já havia dito que algum mau-olhado caíra sobre ela quando era criança ou que o diabo lhe cravara as garras na gola do casaco. [Read more…]

Explicar a paixão pelo futebol

Há imagens que explicam de forma bem simples o que é o futebol!

a paixão que acaba em amor

a doçura da ternura que pode acabar em amor e paixão

…para à mulher que sabe que a amo…

Falar de amor, não é um assunto simples. Especialmente por existirem várias espécies de afectividade entre as pessoas de diversas gerações e de diversas idades. Nada simples, também pelas diversas hierarquias de sentimentos pelas que passa o verbo amar, especialmente se um casal vive junto através do tempo. Finalmente, é difícil, porque é um sentimento dentro do qual a adrenalina tem um papel importante na actividade de amar.

A palavra amar seria simples, se fosse uma análise sintáctica do conceito. No entanto, estamos a falar de sentimentos: sentir, imprimir, compelir, entregar todo o nosso ser pela pessoa que amamos. Freud definia amor, como um sentimento que existe para além do prazer de se entregar a outra pessoa, não tem dimensões, nem tempo nem cálculo, como analisa no seu livro, de 1920, a ideia de para além do princípio do prazer. Aliás, é a hipótese que intitula o livro. Normalmente, temos um ego que sai de si para se entregar a um outro ego, com a observação sistemática de um outro princípio que

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Simplesmente fantástico

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Benjamin Zander sobre música e paixão. 20 minutos de puro prazer (tem legendas em português).

homossexual

mãos de corpos do mesmo sexo que se amam e exprimem o seu desejo

Para tod@s os que tiveram a ousadia de não esconder os seu sentimentos.

É preciso distinguir. A primeira distinção, é que uma actividade, substantivo ou adjectivo, deve começar por um verbo, como o verbo ser ou não ser. Esta frase de Shakespeare, é um segundo dilema, que remete para a vida ou a morte, solucionada pelo autor com a morte de todas as personagens.

O terceiro dilema, central, é ser ou não homossexual. É um desejo, um sentimento, uma atracção passageira, espontânea, calculada, de nascimento ou aprendida? Parte deste dilema consiste em não se saber definir nem sentimentos nem acção. Hoje em dia, dizem, estar na moda ser homossexual, ou seja, sentir atracção por pessoas do mesmo sexo. Nunca esqueço a frase do filme Retornar a Brides’Head mencionada pela actriz em Veneza, quando fala sobre a amizade entre dois adolescentes: é melhor que dois jovens se amem em tenra idade, assim sabem depois o que fazer na sua vida adulta. Também não esqueço o texto de Didier Ansieur, de 1958,

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amar uma mulher

o amor dos meus amores, pela sua doçura, paciência e dcompanhia

…para a mulher que trata de mim… ela sabe quem é

 

Não é simples definir a palavra amor. Ainda mais, se estamos apaixonados por ela.

Por ser um sentimento, é capaz de não precisar definição. Os sentimentos vivem em nós, multiplicam-se em nós, fuzilam-nos sem morrer e fazem de nós seres felizes, especialmente se tratam da nossa saúde, não no sentido calão de ironia, mas na realidade tomam conta de nós e ficam tristes se vêm que nos próprios, aparentemente, não cuidamos estes corpos doentes e envelhecidos, que, não entanto, ainda têm a força de trabalhar com ímpeto e gracejo.

Amar uma mulher hoje em dia, e que o amor permaneça ao longo do tempo, com a fiel companheira da nossa cronologia, que apenas tem um homem, esse que a ama e mais nenhum, que eu saiba. Não pior felonia que as mulheres que amamos, por causa da sua libido, andem também com outros, esse amor que em todos os meus textos, denomino amor de meia hora, que não exprime sentimentos nem apoio. Se assim for, seria uma prostitua e era mais fácil pagar às senhoras de rua que amar a nossa

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Carta de uma sapa a Sua Alteza Real

Sua Alteza Real,

Queridíssimo Príncipe

Fosse eu uma sapa sensata, cumpridora do pouco que se espera de uma criatura da minha espécie, e jamais me atreveria a dirigir-me a Vossa Majestade.

Saiba, porém, Vossa Alteza que tentei certa vez chamar-vos a atenção, quando, a caminho da fonte de S. Bento, passou a real comitiva junto ao meu pequeno charco. Mas a passarada andava inquieta nesse dia, com uma invasão de gaivotas dadas à ladroagem, acabadas de chegar do litoral, e o ruído era tanto que Vossa Alteza não pôde ouvir o meu humilde coaxar. Afastastes-vos com passos rápidos, e com tamanha pressa, que das vossas reais botas saltaram uns salpicos de lama, que me acertaram em cheio. [Read more…]

a paixão que mata o amor

A morte de Beatriz

Para a mulher que respeito e amo, ela sabe quem é….

O povo português anda preocupado pelas batalhas políticas. Nem sabemos quem nos governa: se é o primeiro-ministro ou a oposição. E se é a oposição, qual é, entre todos os presidentes dos partidos das bancadas que fazem do governo uma minoria, o que exerce o poder? Minoria que, estrategicamente, procurará convénios com os partidos mais pequenos que apoiam o governo minoritário, com condições eternas.

Devo confessar que é um tema interessante, apaixona-me no meu querer saber de como vamos resolver a crise económica que nos atormenta e empobrece, como vamos criar mais postos de trabalho, como vamos agasalhar os que têm frio e fome especialmente em dias de festa, como o carnaval. Povo teimoso que, com frio e tudo e sem dinheiro, passeia e anda pelas ruas da alegria, esquecendo assim as da amargura.

No entanto, quando estamos no meio de outros problemas, sobretudo emotivos, o que o governo faça ou não, passa para segundo plano nos nossos interesses. Até um certo ponto. A crise económica entra nos nossos sentimentos e ficamos fracos para o amor. Bem queríamos amar sem preocupações e oferecer presentes, mas a carestia de vida em que este fraco governo nos meteu, faz-nos mais pobres ainda: de recursos e de emoções.

Os recursos, podem ser resolvidos, o amor também. Um nada de optimismo coloca-nos nas portas da serenidade e da paz. Requisito mínimo, para sabermos conviver em permanente conflito político, especialmente nós, que apoiamos o governo de minoria e os seus aliados. [Read more…]

O meu dia de S. Valentim

Até fazia anos neste dia. Ela, talentosa, caprichosa, namoradeira, linda e eu tinha perdido a minha vida, deixado para trás os meus amigos, as minhas leituras, a minha vida profissional, um completo desvario que me fazia infeliz, como um vício que a que não conseguia escapar.

Naquele dia de S. Valentim, fui a uma “romeira” e comprei um belo ramo de rosas, juntei-lhe um poema e uma prenda que nenhuma mulher como ela esquece, paguei o serviço de tudo entregarem na sua morada, corri à TMN para mudar o número do telemóvel, abri a porta ao apartamento que, há um mês, tinha alugado em morada pouco provável e apanhei um avião e fui passar o fim de semana a Barcelona.

Quando voltei, tinha recuperado a minha vida, S. Valentim segredara-me que eu não conseguia transformar em amor aquela paixão destruidora.

Tornei a ve-la dois anos depois, apanhou-me com um telefonema para um telefone fixo que me esquecera de mudar numa casa de praia onde poucas vezes vou. Jantamos, fizemos sexo como loucos, mas S. Valentim há muito que tinha decidido.

Vivemos perto um do outro, mas passam anos sem nos vermos. Espero que faça muitos anos e seja feliz, hoje seu dia de aniversário, dia bem apropriado para uma criatura como ela.

S. Valentim é sábio e bondoso.

Os meus pais não são pessoas*

Pai repreende filho

Nem sempre os adultos falam entre si das suas crianças. Quando falam fazem-no por causa duma instituição os requisitar durante o dia para avaliar o seu comportamento nos estudos, a sua conduta, o seu comportamento pessoal nas suas emoções e interacção com os outros, adultos ou crianças. Fala-se das crianças entre mãe – avó e filha – mãe, entre amigas, entre mães de crianças companheiras. O tema da conversa é sempre o comentário de o que fazer para as educar. Para as apresentar melhor perante os outros, para entender melhor as capacidades de dinamizar a concorrência com o resto da miudagem, hoje tão importante para os habilitar para a vida. Ou, fala-se das crianças entre os pais, tentando entender melhor as suas ideias e os seus objectivos. [Read more…]

Ser Pai. Saber amar incondicionalmente

 

Estou consciente de ter escrito um texto, cujo título era Sermos Pais, a profissão mais antiga e desprestigiada da História? Um texto com citações, debates, definições, comparações, enfim, um texto de erudito que, sem saber como, vai citando, de forma natural, enquanto escreve. Mas, ser pai também é acordar de noite porque um descendente está a asfixiar e a necessitar de ajuda imediata. É a dor da incerteza, é a dor do amor incondicional que não tem descanso, é a doçura convertida em desespero, é a luta com escudo e elmo para manter o mais pequeno. Enquanto travamos esta batalha (verdadeiro milagre da vida) não pensamos, não sentimos, apenas nos concentramos na luta que acaba por permitir a continuação da vida desse ser pequeno a quem tanto amamos. Roxo, brônquios fechados por uma teia fabricada por um indecente vírus que apareceu sem se saber de onde. Ou, sabemos, mas não queremos recordar. Existem bactérias e vírus que nos rodeiam sem nos apercebermos. Não somos capazes de ver ou entender que existem, tão intensa é a nossa alegria ao levarmos o nosso pequeno a passear, a alegria de o poder mostrar aos outros membros da família, aos nossos amigos, exibimo-nos com o pequeno ser que, no dizer de Wilfred Bion em 1961? Cogitations e em 1962? Learning from experience, nasce já no nosso pensamento. Tanto desejamos ser pai, que antes de o conceber, o imaginamos, brincamos, beijamos, andamos às cavalitas, vamos juntando berlindes, temos piões classificados para o dia que…somos capazes de o ver tal e qual se pensou dever ser ou virá a ser. Podíamos partilhar esse prazer com a mãe, mas prazer de pai é prazer solitário, calado, imaginário, ternamente, como se esse homem fosse a mulher que traz a criança no seu ventre. Prazer que dinamiza esse não esperado acordar nocturno em que vimos que o fruto do nosso imaginário, está quase a partir, a deixar-nos. Sem pensar mais, aplicamos essa resiliência de Cyrulnik ou inaudita capacidade de construção humana. Sem saber como, nem de que maneira, o reconstrói e o faz ficar vivo e a saltitar. Alguma frase salta de repente da nossa cabeça: ter filhos é um prazer, mas criá-los, pode ser um martírio e a nossa atitude muda do imaginário de berlindes, à vigilância permanente enquanto o pequeno se faz adulto, e entende o desenvolvimento da vida e, assim, acabamos por viver em paz: sabemos que aprendeu, do nosso próprio exemplo, das nossas noites acordadas e dos nossos dias de observação silenciosa, que a criança percebe nos seus sentimentos inconscientes, esses que ficam gravados na História do indivíduo.

Amor de pai, um Cid Campeador, que nem chora nem tem raiva: vê, ouve, vigia, toma conta, ama e ensina. Com a esperança que os mais novos aprendam o debate com os factos da vida, provem os perigos e afastem-se deles, aceitarem que as palavras ditas e o gesto autoritário, seja apenas um incentivo para continuarem a aprender e a interagir com outros seres humanos.

Este amor de pai, transferido para outros mais novos, em idade ou em saber, trabalha sem descanso a preparar novas ideias para transferir de forma adequada e conveniente, na base do debate, com amplidão de entendimentos, com coordenação com outros saberes, que permita a síntese de uma ideia já provada, com hipóteses de outros autores. É este o processo que dinamiza o saber comparativo, que ensina o amor de pai. Crianças maduras em idade mas fracas em dedicação ao cuidado de si próprias e no respeito a um pai que vela o ano inteiro com o objectivo de ensinar apenas um facto: saber precisa de leituras, de paciência, de confronto consigo próprio, de aceitar os erros pessoais, de saber perguntar, corrigir e melhorar o que tem sido indicado como ausente no debate, aprender as regras para não se afogar, para não ficar roxo por falta de ar, mas sim empenhado em aceitar a experiência de quem mais percebe, pela dedicação imensa ao longo do tempo, transmitida com respeito e a altura adequada à capacidade de entendimento.

Ser pai é ser professor. Ser professor, é a vida sem descanso para avançar nas experiências de transmitir saber e pedagogia ou processo estruturado de retirar ideias do pensamento de outros e ganhar as forças e o oxigénio suficientes e necessários que levam a uma aceitação de si próprio e a uma clara, limpa, serena e tranquila disposição na relação com os que comigo aprendem. Se um pai tem confiança em mim e se permite entender o meu texto, olhar a minha cara no espelho, esse pai pensa de mim o que o seu imaginário já experimentado, criou. Mãos estendidas que ajudam a não sufocar, por falta de saber ou por falta de técnicas que são retiradas do ser mais experiente, no qual acredito porque permite melhorar o amor à vida. Comigo e com os meus colegas de carteira ou de vida. Aos que oiço e ajudo, tanto quanto aprendi ao saber ser independente por aceitar as técnicas da respiração que o meu pai cota, teve a paciência e o amor de me transferir. Ser pai, é o trabalho mais benevolente do mundo. Construído para as novas gerações serem adultas no saber e na idade, ao aceitarem a História e a sua lógica. Nem sempre favorável ao indivíduo, mas aprendida ao longo do tempo, mata os vírus que retiram a capacidade de respirar o ar sadio do saber amar os outros e de me respeitar a mim mesmo.

Rolf Damher – A paixão pelo problema

“Penso que há um caminho para a ciência ou para a

filsosofia: encontrar um problema, ver a sua beleza

e apaixionar-se por ele; casar e viver feliz com ele

até que a morte vos separe – a não ser que encontrem

um outro problema ainda mais fascinante, ou, evidente-

mente, a não ser que obtenham uma solução. Mas mesmo

que obtenham uma solução, poderão então descobrir, para

vosso deleite, a existência de toda uma familia de problemas-

filhos, encantadores ainda que talvez difíceis, para cujo

bem-estar poderão trabalhar, com um sentido, até ao fim

dos vossos dias. Sir Karl R. Popper

Escutem as músicas e esqueçam por alguns minutos a “Face Oculta”. Ela, isto é, os problemas que se amontoam, não vão fugir. Estarão à espera da vossa acção para resolvê-los. Não para mastigar e remastigá-los vezes sem fim. O saudoso Sir Karl Popper – e não só ele – aponta o caminho genérico. Sim, apaixonem-se pela “beleza” dos problemas a resolver. E lembrem-se: O homem cresce com a resistência.

Não “estou sendo irônico”.

P.S. E depois dizem que os germânicos são muito secos e apagados e que só os “latinizados” têm temperamento. Aqui sim “estou sendo irônico”.