Recado do 25 de Abril a Mário Soares

Seja bem-vindo quem vier por bem

Zeca Afonso

Com esta entrevista, Soares, no habitual uso e abuso do papel de paternalista supremo da democracia portuguesa, critica Blair, o famoso “socialista” do New Labor, curiosamente grande inspirador das políticas de Guterres e, a seguir, de Sócrates – recordo-me de Francisco de Assis, no anos 1990,  elogiar o Tony pela sábia refundação trabalhista, através da 3.ª via (É dele e da conservadora Thatcher, antes, que emergiu a moda das PPP).

Leio também que o presidente honorário da ‘comissão de anciãos’ da política portuguesa dispara, forte e feio, contras  políticas neoliberais, incriminando Merkel e Sarkozy. Teria  razão, se não estivesse desacreditado pelo apoio a Sócrates. Usando o mesmo sentido e o tom, com que acaba de elogiar Pedro Passos Coelho. Justamente um político confesso do neoliberalismo que Soares diz condenar – do dizer ao condenar, vai alguma distância. Talvez pela influência da visita (secreta?) de Soares a Coelho um dia destes, este último se tenha apressado a criar  a ilusão de ser defensor do sistema público de saúde, em mensagem de Páscoa, em vídeo,  no ‘Facebook’.

Há ainda um considerável número de portugueses com dificuldades em acreditar nestes jogos de cintura e contorcionismos dos políticos do bloco central; o tal bloco que, pela terceira vez em cerca de 30 anos, traz até nós a ajuda externa (agora, FMI-CE-BCE), com a uma esperada e pesada carga de sacrifícios.

Dr. Mário Soares, estamos a poucas horas de comemorar o 36.º aniversário do 25 de Abril e permita-me sugerir que tome em conta o seguinte: “Seja bem-vindo quem vier por bem”, como dizia o Zeca Afonso. Seria útil que, ao menos uma vez, escutasse e respeitasse a voz do Zeca, isto é, a voz dos cidadãos anónimos que sentem as derivas ao Abril de 1974. Dos que, como eu, aqui em pleno Alentejo gritarão: Viva o 25 de Abril! A despeito do abandono, das carências, do desemprego e das injustiças sociais a que estamos sujeitos. Coisa bem diferente do que se passa nos locais que frequenta.

Um Pilatozinhos de trazer por casa

No programa A torto e a Direito, um dos temas consistiu na clamorosa total falta de ética da maioria dos agentes políticos deste regime na sua fase derradeira.  Discutia-se a indecência e baixeza que se foi instalando nos últimos anos, aliás visivelmente despoletada pela starlet Joana Amaral Dias, quando em 2009, decidiu divulgar a recusa a um convite feito pelo PS. De Amaral Dias passou-se para o processo autofágico do PSD, onde pontificam excelsas cavidades cranianas como Capuchos, Mendes e outros liliputianos sacholadores desta leira de misérias.

 O convidado de hoje foi Rosado Fernandes – disse que …”não sou monárquico mas já não sou republicano” – e como conhecedor de um passado ainda bastante recente, traçou similitudes entre a actual situação e o período da crise final do reinado de D. Carlos. Para além de referir a estatura política e humana do monarca, discorreu de forma muito perceptível acerca dos ensimesmamentos dos principais Partidos do regime de então. Estranhamente paralelos ao PSD e ao PS, o Partido Regenerador e o Partido Progressista enveredaram por uma espiral de teimosias, ódios pessoaais e destilar de venenos que foram fatais ao sistema constitucional. O homem honesto e que gostava de mandar, era Franco. D. Carlos era o Rei. Sabe-se o que depois sucedeu.

 Comparemos as personagens presentes no palco da nossa desgraçada política de 2011 e vejamos a diferença. Se as superestruturas do PSD e do PS fazem jus aos seus antepassados Regeneradores e Progressistas, a verdade é que hoje e por suprema desgraça, já não existe qualquer João Franco à disposição de um país faminto de decisão, lisura e competência. Muito menos ainda existirá na chefia do Estado, alguém  que mesmo através da imaginação de uma realidade paralela, seja sequer um mísero sucedâneo de Carlos I de Bragança. Até um escrupuloso neutral como D. Luís I, faria melhor e seria mais respeitado que qualquer oculto chefe de dissidências partidárias e em funções pretensamente salomónicas. Em fim de Páscoa, sabemos quem é o nosso Pilatos, também este, um subalterno governador regional de um certo Império na forja.

Facebook de Sócrates assaltado

facebook leaks

A coisa aqui está preta

Muita careta para engolir a transação


que a gente está engolindo cada sapo no caminho

No fundo, eu sou um sentimental

Todos nós herdámos do sangue lusitano uma boa dose de lirismo

além da sífilis, claro

Mas foi bonito, pá

Ainda mal tinha sido

e já era

A ajuda internacional

O internacionalismo monetário chegou, ganhou:

O FMI teve lucros em quatro dos últimos seis anos fiscais – entre 2005 e 2010 – e já reviu em alta de 63 por cento as previsões de resultados operacionais para este ano, graças aos empréstimos aos países europeus em dificuldades. Expresso

e os banqueiros vão à sopa dos pobres:

O Governo prepara-se para formalizar a constituição de um fundo de contingência para garantir a capitalização dos bancos portugueses. O objectivo, apurou o Negócios, é criar garantias que assegurem o sucesso nos testes de stress europeus, cujos resultados serão conhecidos em Junho. Jornal de Negócios

A esta última notícia roubo (também tenho direito a roubar qualquer coisinha) um comentário assinado Olisipone. Com algumas reservas, mas merece:

QUAL BANCA PRIVADA??? Para começar, se eles não têm dinheiro para respeitar os critérios de Basileia III, isso significa logo à partida que não têm nem 8% de capital!!! Depois, se como disse aqui há tempo o Min. das Finanças, com o novo imposto sobre os Passivos da Banca o Estado contava ter uma receita de 170 milhões, aplicando uma taxa de 0,00015%, isso significa que os Passivos são de 113,3 mil milhões!!! E em terceiro lugar, a Banca portuguesa tinha no mês passado 39 mil milhões emprestados pelo BCE!!! Ou seja, são apenas agiotas que cobram juros emprestando dinheiro que não é deles.

E quanto ao título desta notícia, “Estado-accionista de Bancos privados”, é um total absurdo que sequer se pense em tal solução. Eles devem é ser todos nacionalizados, até porque mais de 10% da Dívida Pública está nas mãos dos Bancos portugueses, que cobram ao Estado 5 a 9% de juros sobre o dinheiro que o BCE lhes emprestou a 1%!!!

A nacionalização permitiria logo anular esta fatia da Dívida. E ainda lhes vão emprestar mais dinheiro??? Ou comprar-lhes acções emitidas na hora e que não valem um tostão furado???

Diogo Leite Campos a mamar do estado

O ex-professor catedrático da Universidade de Coimbra vai auferir uma pensão de 3240,93 euros, valor que soma à reforma que já recebe do Banco de Portugal, de onde se aposentou como administrador em Fevereiro de 2000. O fiscalista exerceu aquele cargo entre os anos de 1994 e 2000. CM

Mesmo reformado Leite Campos é sócio da Leite de Campos, Soutelinho & Associados – Sociedade de Advogados, RL, que em 2010 facturou à conta do estado pelo menos 17000€ em pareceres. Recentemente abandonou a PLMJ:  “Quase a atingir os 65 anos, Diogo Leite de Campos tem que reformar-se e deixar de prestar serviços para a sociedade”, explicava o DE.

Dicionário do futebolês – remate denunciado

João Pinto, antigo defesa direito do Futebol Clube do Porto, considerou que “Prognósticos só no fim do jogo” é a sua melhor tirada. A verdade é que esta frase, ainda que involuntariamente, constitui uma lição que deveria ser aproveitada pelos comentadores de futebol.

De uma maneira geral, o comentador de futebol gosta de se apresentar como um adivinho, sendo vulgar ouvi-lo antever os actos dos futebolistas ou as decisões dos treinadores. É por isso que podemos ouvir frases como “O jogador vai rematar eeeee… passou a bola ao colega.” Sendo certo que o futebol resulta de treino constante, não se confunde com o xadrez, porque o tempo para pensar é muito menor. Logo, querer saber aquilo que um futebolista vai fazer, quando o próprio não sabe, até pode passar por falta de respeito.

O comentador, na realidade, deveria emitir juízos sobre o que se passou e não sobre o que ainda não aconteceu. No entanto, mesmo quando fala do passado, não consegue deixar de tornar implícito que já sabia que o acontecido tinha de acontecer.

A expressão hoje dicionarizada é muito usada para explicar por que razão uma grande penalidade foi defendida. Vários guarda-redes já explicaram de que modo conseguem fazê-lo, sendo unânimes na afirmação de que a pressão está toda sobre quem marca. Na maior parte dos casos, o homem da baliza escolhe um lado e lança-se o mais tarde possível. Quando a bola vai ao seu encontro, a remate foi denunciado; se, por acaso, a bola e o guarda-redes se desencontrarem, o avançado passa a ter mérito absoluto. [Read more…]

o 5 de outubro aconteceu no 25 de abril…ou não

o 25 de abril

A Liberdade guiando ao Povo, de Eugène Delacroix, 1833.

A data do 25 de Abril de 1974, é o dia histórico de Portugal, ou assim parecia ser. Tínhamos a esperança de ter ganho a liberdade das diversas ditaduras que governaram o nosso País, ao longo de mil anos de escravidão de reis, conservadorismo, domínio de Espanha sopre a primeira Monarquia europeia a segui a dos Capeto, que acabaram guilhotinados em 1789, na revolução francesa. O nosso País nunca matara um monarca, mas sim se rebelaram contra eles ao longo de quase quatrocentos anos de domínio dos reis da Espanha que fizeram de Portugal mãos uma colónia Ibérica, recuperando, pensávamos, a liberdade em 1640, Aconteceu no dia 1 de Dezembro de 1640, a revolta que deu origem à Restauração da Independência, lutando contra a tentativa de anulação da independência do Reino de Portugal por parte da Dinastia Filipina de Espanha, e que vem a culminar com a instauração da Dinastia Portuguesa da casa de Bragança.

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