a selecção e a seleção. Efectivamente. Porque ‘selecção’ ≠ ‘seleção’.

Foto: Lars Baron/Getty Images.
Expor ao vento. Arejar. Segurar pelas ventas. Farejar, pressentir, suspeitar. Chegar.
a selecção e a seleção. Efectivamente. Porque ‘selecção’ ≠ ‘seleção’.
Foto: Lars Baron/Getty Images.
«O Presidente da República felicita muito calorosamente a seleção nacional de Futsal [sic]». Exactamente.
Foto: EPA/GERRIT VAN KEULEN
Finalmente, acabou o tempo em que jogávamos à grande e à francesa e voltamos a jogar à “quase que era” e à portuguesa. Confesso, tinha saudades!
«Seleção é um sonho, mas quero consolidar-me no Benfica». Efectivamente, ‘selecção’ ≠ ‘seleção’.
«João Félix assobiado e insultado na chegada à concentração da Seleção». Efectivamente: ‘selecção’ ≠ ‘seleção’.
Exactamente, RTP. Da selecção.
Como sabemos, ‘selecção’ ≠ ‘seleção’.
E o Acordo Ortográfico (de 1990, no caso em apreço) serve para quê?
Serve para inglês ver.
Efectivamente. Viva a selecção.
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Segundo A Bola (efectivamente: o resistente que se cala), o «capitão da Seleção […] fa[ɾ]tura frente à Letónia». Efectivamente: fartura e *seleção.
O Correio da Manhã, por qualquer razão que me escapa, refere-se a Cristiano Ronaldo como capitão da selecção brasileira: “capitão da seleção nacional“. Como sabemos, ‘selecção’ ≠ ‘seleção’.
«Seleção é derrotada por 1 a 0» (13/06/2016 0:51). «Ambiente calmo em Saint-Étienne à espera da seleção» (13/06/2016 9:05). Seleção? Seleção?
Segundo o Jornal de Notícias: «Mãe de Cristiano Ronaldo em Fátima a rezar pela seleção». Seleção? Efectivamente.
Segundo a TSF. Efectivamente, como sabemos, ‘selecção’ ≠ ‘seleção’.
(«novo equipamento da seleção nacional») é muito parecido com o da selecção portuguesa. Efectivamente, como sabemos, ‘selecção’ ≠ ‘seleção’. Exactamente.
© EPA|Joel Ford (http://bit.ly/1cVJP11)
De facto, como podemos ler no Público de ontem: “Portugal dominou mas Brasil venceu nos penáltis por 1-3“. Por qualquer motivo, na redacção do jornal O Jogo há quem, apesar do título (Portugal eliminado pelo Brasil), creia que o Brasil perdeu: “A Seleção Nacional de Sub-20 perdeu“. Convém sempre recordar que ‘selecção’ ≠ ‘seleção’ — por exemplo, há pouco mais de um ano, a selecção jogou com os Camarões e a seleção jogou com a África do Sul.
Também convirá, durante a tal “discussão mais focada sobre as matérias mais controversas“, explicar que, em português europeu, Contact Mechanics and Lubrication não corresponde exactamente a Mecânica do Contato e Lubrificação. Exactamente: hoje, no sítio do costume.
© Lusa (http://bit.ly/1mmlQYz)
Uma marca de cervejas pôs “Paulo Bento a dar táctica [sim, exactamente: ‘táctica’ e ‘tácticas’] para unir os portugueses à Seleção”. Seleção? Seleção. Felizmente, existe concorrência.
Lembramo-nos todos certamente daquilo que foi escrito, há mais de um ano, acerca da aplicação do Acordo Ortográfico de 1990: “o AOLP90 já foi quase plenamente aplicado, como o Estado determinou, sem problemas de maior”. Efectivamente, plenamente aplicado e sem problemas de maior.
Convém que os responsáveis por um anúncio com quase quatro anos aproveitem a resposta do actual presidente da Comissão Europeia – “é importante respirar, ter uma pausa, pensar, reflectir…” –, admitam aquilo que salta aos olhos de todos (no Expresso não se adopta o Acordo Ortográfico de 1990) e acabem com este triste e deprimente espectáculo. Porque “a coisa mais normal do mundo” é um português escrever ‘reflectir’. Reflectir? Sim: reflectir.
“Ajude Paulo Bento a escolher os 23 jogadores da seleção nacional”. Seleção? Sim: seleção.
© Nike (http://swoo.sh/1fFroHB)
O Record diz-nos que foi “revelada a camisola oficial da Seleção [sic] para o Mundial“. Aparentemente, os jogadores da selecção brasileira passarão a envergar uma camisola igualzinha à dos colegas que jogam na selecção portuguesa. Sim, porque ‘selecção’ ≠ ‘seleção’.
Segundo estes títulos do jornal A Bola, André Almeida e Cédric terão sido convocados para a ‘seleção’. Assim sendo, Felipão está de parabéns: trata-se de dois jovens muito promissores e que, obviamente, não podendo jogar na selecção, merecem uma oportunidade alhures.
Desconhece-se o que terá levado A Bola a abandonar a excelente prática de pôr entre aspas palavras criadas pelo AO90.
Aliás, para quem andar distraído, talvez valha a pena indicar que ‘dececionado’ não existe em português do Brasil.
Bem-vindos ao fabuloso mundo da “unidade essencial da língua portuguesa“.
Desejo-vos um óptimo fim-de-semana.
Hoje, joga a Selecção.
Ao contrário daquilo que acontece noutros jornais (embora, lá no fundo…), no L’Équipe conhece-se a diferença entre Selecção e Seleção.
Sim, está bem, ‘ao’ em vez de ‘ão’: acontece aos melhores.
Post scriptum: O excelente título do Público daria para estarmos uma ou duas horas entretidos com jogos semelhantes a este — “seleção evitará recessão na receção?”, “a recessão da seleção na hora da receção?”, “mais vale uma receção sem recessão do que uma seleção a voar”… —, mas hoje é sexta-feira.
Não há nada como o Estado para resolver o problema das empresas privadas.
Há duas vantagens na pontaria do Bruno Alves. Não, não estava a pensar nas questões traumáticas dos adversários.
A primeira vantagem é a possibilidade de ler o que se escreve no Record. A ser verdade, nem encontro palavras para descrever.
A segunda e verdadeiramente importante é a possibilidade, nova, do país se voltar para o que o Ministério da Educação se prepara para fazer com a Educação Física e com o Desporto Escolar. O Miguel explica.
Não sou o fã número um da seleção. Mas já fui.
Estive nos cafés, no tempo da Escola Secundária, a ver Portugal ser campeão na Arábia Saudita. Andei também pelos estádios a ver Portugal ser Campeão do Mundo em 1991, no arranque da mais fabulosa geração de futebolistas que o nosso país teve.
Cresci com eles e maravilhei-me com os feitos deles nas grande competições, até … Mudar tudo.
Para mim a seleção não é um clube. Nunca sofri pela seleção como pelo BENFICA, nem pouco mais ou menos. É um defeito meu, eu sei. Quem não os tem?
Mas com o Scolari foi a ruptura porque nunca me identifiquei com a bandalheira que aquele tipo gerou à volta da equipa, ainda que, do ponto de vista dos resultados, tenha estado bem. [Read more…]
…eram previsíveis, exceptuando, talvez, os casos de Custódio e de Miguel Lopes.
Quim, Bosingwa, Hugo Viana, Nuno Gomes ou Ricardo Carvalho não fazem parte da convocatória. Nelson Oliveira, revelação desta época, integra o plantel como se adivinhava.
Eis a lista completa:
Guarda-redes
Rui Patrício
Eduardo
Beto [Read more…]
Quando Paulo Bento veio substituir a nada saudosa personagem que anteriormente ocupava a cadeira de seleccionador nacional, torci o nariz. Confesso que, se dependesse de mim, Paulo Bento não seria o actual treinador da selecção.
Enganei-me. Estava demasiado habituado à figura de Paulo Bento treinador do Sporting, belicoso, excessivamente interventivo, semeador de discórdias. Mas Paulo Bento, seleccionador nacional, mostrou ser o homem certo para o lugar, distendido, arredado dos focos mediáticos, com uma panóplia de bons jogadores à sua disposição com quem não tem que lidar no dia-a-dia, sem medo de errar a cada passo e, por isso, proibir-se de ousar.
Paulo Bento pegou num lote de jogadores descrentes e derrotados, e levou-os ao primeiro lugar do seu grupo de apuramento. Devolveu-lhes alegria, criou uma equipa, livrou-se de jogadores de segunda linha, e, ao contrário da triste personagem precedente, pô-la a jogar de acordo com o talento prometido pela soma das partes.
Moral da história em véspera de eleições: uma boa vassourada é muitas vezes necessária. A Federação Portuguesa de Futebol teve, nesse cenário, muito mais sorte do que o povo português e podia escolher um entre dezenas de treinadores nacionais e estrangeiros. O povo português, pelo seu lado, só tem dois treinadores efectivamente candidatos a treinar o país. Se uma vassourada é bem-vinda, a possibilidade de escolha é demasiado curta. Por mim, o treinador que aí vem também não se sentaria na cadeirinha do poder. Desta vez temo não me enganar.
Depois do interregno para aulinhas e preleções teóricas, passado o pesadelo do professor, eis-nos de regresso ao futebol como deve ser: selecionador em vez de professor, jogadores em vez de alunos. Agora o motor já tem turbo, não está afinado mas atinge rotações elevadas sem medo de tentar.
Não vou endeusar Paulo Bento – não seria a minha escolha para o cargo- mas vê-se que já existe mudança de atitude, vontade de jogar e, suponho, acabaram-se as desculpas esfarrapadas e as liçõezinhas de moral. Bem sei que não se deitam foguetes antes do apito final, que a bola é redonda e tudo pode acontecer. Escrevo este texto durante o intervalo, neste momento Portugal ganha por 2-0. Aconteça o que acontecer, ganhe ou perca, a seleção mudou, há velocidade, os jogadores ocupam as suas posições naturais, Carlos Martins e João Moutinho são finalmente titulares. Assim gosto mais, escusado era ter-se perdido o tempo que se passou em experiências pseudo-educativas.
Há umas semanas, algures entre o Teams e o Zoom, o cronista apresentou, entre outros artigos, os New Methods for Second-language (L2) Speech Research, do Flege — e achou curiosa a serendipidade do próximo parágrafo que lhe caiu ao colo, o dos new methods do nosso querido Krugman. A serendipidade. Nada encontrareis igual àquilo. Nada. Garanto. […]
Como escreve Natalie B. Compton, “um urso fez uma pausa para uma extensa sessão fotográfica“. Onde? Em Boulder, CO, nos Estados Unidos da América.
N.B.:
Debate político entre Aventadores. A Esquerda, a Direita, e não só.
A actualidade em análise com as opiniões dos participantes no Aventar sobre a actualidade.
Debate sobre política, sociedade, actualidade, entre outros.
As músicas escolhidas pelos participantes do Aventar com espaço para entrevistas e apresentação de novas bandas, tendências e sonoridades.
Aqui reinam as palavras. Em prosa ou poesia. A obra e os autores.
Amanhã, em Liège, no Reflektor, Thurston Moore Group (com Steve Shelley). Depois de amanhã, em Courtrai (Kortrijk, no original), Lee Ranaldo, com os fabulosos The Wild Classical Ensemble. Só nos falta a Kim Gordon.
Pais pedem aulas extra para compensar efeitos das greves de professores
o Novo Banco começou a dar lucro. 561 milhões em 2022. E tu, acreditas em bruxas?
Durão Barroso não é nem padre, nem conservador: é José, não é [xoˈse], pois não, não é. Irá casar-se (com alguém). Não irá casar ninguém.
no valor de 3 milhões de euros, entraram no país de forma ilegal? Então o Bolsonaro não era o campeão da honestidade?
fixou o preços dos bens essenciais, em 1980, para combater a inflação. O nosso Aníbal já era bolivariano ainda o Chávez era uma criança.
Enforcamento, ataque cardíaco e quedas de muitos andares ou lanços de escadas, eis como se “suicidam” os oligarcas na Rússia contemporânea. Em princípio foram gajos da CIA. No Kremlin são todos bons rapazes. Goodfellas.
Retirar “referências racistas” dos livros/filmes de 007? Qualquer dia, ”Twelve Years a Slave” ou “Django Unchained” serão cancelados.
Foi para isto que vim ao mundo? Estava tão bem a baloiçar num escroto qualquer, tão descansadinho.
E uma linguista chamada Emily M. Bender está preocupada com o que irá acontecer quando deixarmos de nos lembrar disto. Acrescente-se.
Foto: New York Magazine: https://nym.ag/3misKaW
Exactamente, cacofonia. Hoje, lembrei-me dos Cacophony, a banda do excelente Marty Friedman. Antes de ter ido para os Megadeth, com os quais voltou a tocar anteontem. Siga.
Oh! E não se atira ao Pepê? Porquê? Calimero, Calimero. Aquele abraço.
O que vale é que em Lisboa não falta onde alojar estudantes deslocados e a preços baratos.
Onde? No Diário da República e no Porto Canal. That is the question. Whether ‘tis nobler in the mind to suffer… OK.
Maria de Lurdes Rodrigues escreveu uma crónica intitulada “Defender a escola pública”. Em breve, uma raposa irá publicar um livro intitulado “Defender o galinheiro”
Lição n.º 1: Concentrar elementos do mesmo campo semântico. Exemplo: “Erguemos os alicerces necessários para podermos afirmar hoje, com confiança, que não começámos pelo telhado. A Habitação foi sempre uma prioridade para nós“.
“Lucros do banco Montepio quintuplicam para 33,8 ME em 2022” MAS “Montepio fechou 89 balcões e reduziu 527 trabalhadores de outubro de 2020 a dezembro de 2022”
Acrescente-se este artigo do Público à lista de leituras recomendadas.
há um contraste de vozeamento. Direis que *caceiteiro não existe. Existe, sim, garanto-vos. Esteve aqui. Hoje. No Aventar. E é palavra candidata a Palavra do Ano 2023. E só tenho direito a um terço do prémio.
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