A epidemia das “aparições”

As “aparições” de Nossa Senhora de Fátima são, inegavelmente, o fenómeno religioso mais célebre e consequente da História recente de Portugal, tendo alimentado mitos e narrativas mundialmente conhecidos (pelo menos no mundo católico), feito erigir um santuário, arregimentado fiéis e peregrinos, e, inclusivamente, ajudado a legitimar regimes políticos e cruzadas persecutórias no chamado Mundo Livre. Sugestivamente, Fátima nasce republicana, ao sabor do tempo, e é reciclada pela ditadura do Estado Novo, cujo poder político vivia em simbiose com a alta hierarquia da Igreja Católica, na qual se apoiava amplamente, como anticomunista, através da conveniente revelação (muito pouco) mística da conversão da Rússia e do fim do bolchevismo.

Porém, e como veremos, as “aparições” da Cova de Santa Iria, no ano de 1917, não primaram pela originalidade, nem na forma nem no conteúdo. Com efeito, multiplicaram-se, ao longo de toda a História de Portugal, relatos de avistamentos e aparições da Virgem Maria, nos mais variados locais e das mais variadas formas. Algumas, felizmente, ficaram nos anais da História, chegaram até nós e podem ajudar-nos a desmontar aquela que é a construção mitológica, bastante mais política do que espiritual, mais bem-sucedida da contemporaneidade nacional.

Assim, o primeiro fenómeno análogo ao de 1917 de que há registo verificou-se no século XIII, exatos 700 anos antes, em 1217, quando um frade franciscano alegou ter visto a Virgem Maria no cimo da Serra do Montejunto, tendo-se aproximado e conseguido chegar à conversação com o santo avistamento. O conteúdo da conversa, porém, não foi revelado.

No ano de 1758 deu-se aquela que, até Fátima, seria a “aparição” que mais agitaria as almas crentes deste país: o milagre do Cabeço da Ortiga, a uns escassos 3 quilómetros da Cova de Santa Iria, e que se consubstanciou, segundo o relato, no avistamento, por parte de uma pastorinha, da Virgem Maria, que lhe pediu, alegadamente, que fosse erguida uma capela em sua honra naquele mesmo local. A construção, efetivamente, ainda hoje lá está e acolhe, anualmente, a celebração da Virgem milagreira. Este caso ficou registado nas Memórias Paroquiais de 1758, pelo punho do pároco da aldeia, e alcançou a celebridade por essa razão. Terá havido uma anterior, que ficou nos registos da Inquisição em Portugal, da qual se sabe pouco.

No século XIX ainda há uma nova “aparição”, registada em Carnaxide, em 1822, mas o grosso destes fenómenos verificar-se-á ao longo de todo o século XX, com múltiplos e variados avistamentos e “aparições”, consolidando aquilo que pode ser considerado uma verdadeira epidemia de fenómenos deste tipo, com menos diferenças do que semelhanças entre si. Com efeito, logo no ano seguinte às “aparições” da Cova de Santa Iria, registaram-se, no mesmo ano, dois fenómenos análogos, em Ponte de Sor e em São Miguel (Açores). Seguem-se Vila Nova da Coelheira, em 1924; Santa Maria da Feira, em 1934; Baião, em 1938; Vilar do Chão, em 1946; Asseiceira, em 1954; Ladeira do Pinheiro, em 1970; e Montejunto, em 1999, a última de que há registo histórico. Para além da enorme profusão de acontecimentos, é de notar que entre 1971 e 1998 (entre o fim revolucionário do regime autoritário e a consolidação tardia da democracia) nenhum fenómeno deste tipo é relatado, o que certamente se prende com as condicionantes políticas e sociais do tempo em questão, a que a perda de influência da Igreja Católica na vida política nacional não será alheia.

Posto isto, e em jeito de conclusão, gostaria de destacar a falta de originalidade (e até a reciclagem de certos aspetos) que une as “aparições” de Fátima às do século XVIII e XIX e, por imitação evidente ou inspiração forçada, as posteriores a Fátima, ao longo de todo o século XX. Por outro lado, é também de notar o aproveitamento político feito não só pelo regime salazarista (para consumo interno e externo) mas, inclusivamente, pelo Ocidente global, através da elevação de Fátima a verdadeira santa padroeira do anticomunismo, venerada em boa parte do Ocidente capitalista, demoliberal ou autoritário, e presença assídua em propaganda antibolchevista, surgindo como protetora do Mundo Livre face às ameaças do campo socialista (reproduz-se, abaixo, um exemplo paradigmático do que aqui se disse).

Panfleto anticomunista impresso pela organização católica internacional Blue Army of Our Lady Fatima, no contexto da Guerra Fria, c. 1950

Cinco questões sobre a celebração do 13 de Setembro, em Fátima

  1. Marcelo Rebelo de Sousa já criticou a DGS por não apresentar antecipadamente as regras sanitárias para a realização deste ajuntamento de milhares, tal como fez a propósito da Festa do Avante?
  2. Qual iniciativa garante melhor o distanciamento social entre os seus participantes: o Avante/PCP ou esta peregrinação/Santuário de Fátima?

  3. Qual é a área disponível por peregrino, considerando a área total do recinto do Santuário? É inferior ou superior à verificada no recinto da Festa do Avante? [Read more…]

Por falar em hipócritas,

PCP reduz lotação da Festa do Avante para um terço
O espaço de 30 hectares das Quinta da Atalaia e do Cabo da Marinha, na Amora, vai assim proporcionar cerca de nove m2 para cada militante ou visitante, entre 04 e 06 de Setembro [DN]

Segundo a porta-voz, a lotação máxima do Santuário de Fátima obedece às orientações acertadas entre a Conferência Episcopal Portuguesa e a Direção-Geral da Saúde e corresponde a “um terço do espaço” que normalmente estava acessível aos peregrinos antes da pandemia. [Notícias ao minuto]

Um santo terço, a muita distância dos 9 m2 por pessoa. Aguadam-se os cartazes do boy Duarte e a pose de fotografia de Estado do Chico Chicão.

A segunda pessoa do plural

Disse-me que pusesse a mesa para dois mas o convidado do senhor engenheiro, a segunda pessoa, vai demorar muito tempo?
— António Lobo Antunes, “A Morte de Carlos Gardel

***

Em português, a segunda pessoa do plural tem tanta importância como as primeira, segunda e terceira do singular e as primeira e terceira do plural e esta realidade deve estar reflectida formalmente (ou seja, no ensino). O caso do padre Carlos Cabecinhas, abundantemente divulgado nas redes sociais, é uma prova daquilo que acabo de afirmar. Convém recordar a teoria dominante: a forma vós é “muito rara em Portugal e limitada a registos dialectais (sobretudo no Norte de Portugal), litúrgicos ou muito formais” e tem “géneros textuais específicos (oratória e textos religiosos)” (pdf). Isso não impede que, felizmente, haja quem defenda a “utilidade no ensino destas formas” — contudo, como veremos, o aspecto “textos históricos” para “os alunos (pelo menos os que seguem Humanidades)” aduzido por Ana Martins, sendo verdadeiro, é demasiado redutor. Já agora, no Brasil, a conversa é outra (pdf).

Quando me dizem que o vós caiu em desuso (pdf), servindo isso de justificação para não ser ensinado, por exemplo, a alunos de português língua estrangeira, instintivamente e, às vezes, admito, um pouco exaltado (ou seja, nem tecnicamente, nem pedagogicamente), alego ter exactamente o mesmo direito à vida que têm outros compatriotas meus, igualmente falantes de português, permanentes utilizadores de vocês (+ terceira pessoa do plural), pronunciadores de dez[ɔ]ito e c[o]mo (“é como queijo”), calçadores de ténis sempre dispostos a fechar as respectivas malas de viagem e os respectivos cacifos com cadeados. Tenho exactamente os mesmos direitos, apesar de pronunciar dez[o]ito (“tens dezoito anos”) ou c[u]mo (“são como divãs”) e de dizer sapatilhas ou aloquete e, para o caso em apreço (o único aqui relevante), recorrer frequentemente ao vós, tendo a minha infância e a dos meus amigos de infância sido fértil em “onde ides?” e “tende cuidado!” dos mais velhos.

E não estou sozinho: há mais meliantes que praticam algumas destas patifarias em português actual. Por exemplo, [Read more…]

Eles estão de volta…

… ainda que em formato aligeirado: Fátima, Futebol e Festival.

Sim, em tempos de geringonça tudo é possível.

فاطمة‎‎ Fāṭimah

Scarsellino_-_Driving_of_the_merchants_from_the_temple_-_Google_Art_ProjectFátima, Fátima.
Expulsão dos vendilhões do templo.
© Scarsellino – Google Art Project

As aparições e os efeitos do medronho

Manuel Tão

Isto já está a tornar-se enjoativo. Em Portugal, não há notícias senão as relacionadas com videntes e aparições. Fosse eu vidente e já teria ganho o Euromilhões.
Quanto às aparições, bastam três ou quatro goladas de medronho e “vê-se muita coisa” logo a seguir.

Religião? Que tal pedir uma segunda opinião?

Problemas de saúde? Precisa de uma segunda opinião? Esqueça lá a medicina convencional e passe na repartição mais próxima da Igreja Maná, uma ponte com o divino onde tudo se cura, ao vivo e em directo, pelo preço certo em dízimo.

Antes de soltar a gargalhada, caro leitor, tenha em consideração que vive num país onde muitos milhares de pessoas acreditam (mesmo) que descendem de uma personagem mitológica chamada Adão, a quem Deus retirou uma costela para criar Eva, sua cara-metade, tendo ambos sido posteriormente expulsos do Paraíso, culpa de uma cobra matreira que fez da mulher pecadora (só podia ser ela, que os homens, é sabido, pecam muito menos), levando-a a comer a maçã proibida. Considere ainda que igual número de pessoas acredita que o mundo foi inundado para castigar os excessos pecaminosos da humanidade, tendo Deus ordenado a construção de uma arca que permitiu salvar um par de cada espécie, para evitar o destino dos pobres dinossauros. E não esqueça que, já esta semana, no santuário de Fátima, celebrar-se-ão 100 anos de uma data em que, reza a lenda, três crianças terão visto uma divindade descer dos céus. Diga-me, caro leitor, se o seu filho de nove anos chegar tarde a casa para jantar, depois de uma tarde no pastoreio, e lhe disser que viu a Virgem Santíssima, a pairar sobre uma azinheira, vai acreditar nele?

Foi o que me pareceu.

[Read more…]

Fátima, Futebol e Festival da Canção…

 

… onde Portugal é representado por um Salvador cujo coração carece efectivamente de salvação, correndo o risco iminente de colapsar.

Com esta conjugação cósmica, o fim do mundo português será pois a 13 de Maio, com o Governo, Autarquias Locais e empresas públicas a tolerarem o ponto à malta no dia prévio para que – eis a razão – possa arrumar as suas coisas em Paz. Resta saber se terá epicentro no joelhódromo, no Marquês ou em Kiev, com a milagrosa conversão da Rússia à ilharga.

Porém, nihil obstat. Está tudo bem assim e não podia ser de outra forma.

Pensos Higiénicos de Fátima

fatima_lencos-bolso-renova-special-edition
Depois do consolador dildo de cristal, do ar abençoado em lata e das garrafinhas de água, chegou agora o momento dos lenços de papel Renova.
São os pensos higiénicos são a seguir?

Isto de usar a laicidade do Estado para tudo e mais alguma coisa é sempre muito bonito

até ao dia em que chegue um governo verdadeiramente laico que decrete a extinção de todos os feriados religiosos.

Manifestação divina

Angry Birds na Cova da Iria

via Uma Página Numa Rede Social

Pagaram, não foi? 

Não vejo qual é o escândalo. A artista explica a obra (ups!, lá se vai a mística), encarregado-se da vertente plástica (em vez de esferovite).

“A minha obra é feita em plástico e não em esferovite como a outra.”

“Não é uma coisa pendurada entre duas palmeiras”

“A minha obra acende-se à noite e é fluorescente.”

É “em PVC com um sistema de iluminação de cor verde, para poder dar aquela ideia da fluorescência”.

[post actualizado]

Versão Brasileira

terco_gigante_fatima_joana_vasconcelos_brasil

Tem bolinhas de esferovite, “alumínio, madeira e lâmpadas de LED“.
A arte não tem preço!

Em Fátima

Foi instalado um terço gigante da autoria de Joana de Vasconcelos. Mesmo assim, Francisco mantém a visita programada.

Os milagres e os vendilhões do santuário

Os milagres acontecem todos os dias. A criança que é salva por um bombeiro, o emprego que aquele pai desesperado consegue encontrar, o grupo de jovens que vai a lares visitar idosos, solitários, acamados e sem família, uma mãe solteira com três filhos e dois empregos, que consegue ter tempo assistir à peça de teatro na escola e não falha um jogo dos filhos ao Domingo, um voluntário que deixa tudo para ajudar refugiados num país distante. Todos os dias, sem dogmas ou literatura ficcional. [Read more…]

Fado, Futebol e Fátima – ao fim de 43 anos, nada mudou!

Uma República Laika

laika

Laika como a cadela russa conhecida por ter sido o primeiro ser vivo terrestre a ser lançado no espaço. E não laica por assumir uma posição oficialmente imparcial no domínio religioso, não apoiando nem descriminado nenhuma religião.

De acordo com as versões oficiais, Laika morreu, como aliás antecipadamente se sabia, cerca de uma semana após o lançamento do Sputnik 2, em 3 de Novembro de 1957. No entanto, a experiência, que visava testar a capacidade de resistência animal no espaço, não traria grandes contributos para o conhecimento científico da época, tanto mais quanto a cadela morreu, afinal, devido ao pânico e ao sobreaquecimento, algumas horas depois de o satélite ter sido lançado.

O Sputnik 2 viria, com o cadáver de Laika a bordo, a dar 2.570 voltas ao redor da Terra, até incendiar-se na atmosfera no dia 14 de Abril de 1958, depois de 162 dias em órbita. Menos, é certo, do que o Governo que pretende decretar agora, a pedido dos bispos, tolerância de ponto na função pública, no dia 12 de Maio.

Não depositando grande expectativa na fundamentação desta decisão, seja ela assente no respeito pelos sentimentos religiosos maioritários do povo, em razões de segurança ou nas eleições autárquicas que se avizinham, todas elas ilegítimas e desapropriadas, e não obstante a aparente complacência da esquerda, resta saber quanto tempo demorará a tornar-se cadáver um Governo que comete o pecado de violar os princípios republicanos em que se diz sustentar.

 

Uma decisão vergonhosa de um Governo ridículo

A decisão do Governo de dar tolerância de ponto aos funcionários públicos por causa da visita a Portugal do chefe de Estado do Vaticano é das decisões mais vergonhosas e mais ridículas dos últimos anos.
Podia relembrar que é apenas um chefe de Estado em visita a Portugal – um entre muitos. Podia relembrar que Portugal é um país laico segundo a Constituição da República que este Governo jurou respeitar. Podia destacar que todos têm o direito de ir a Fátima se quiserem – metem um dia de férias e, se for autorizado, lá vão eles.
Podia ainda informar que nesse dia os meus alunos tinham um teste marcado. Que outros meus alunos iam ao teatro. Que havia um Dia Aberto para os alunos das Escolas Básicas irem conhecer a Escola Secundária. Que havia consultas e operações marcadas nos Centros de Saúde e nos Hospitais. Julgamentos nos Tribunais. E por aí fora.
Podia dar um sem-número de argumentos, mas acho que não vale a pena. Esta decisão não tem ponta ponta por onde se lhe pegue.
A patranha das visões, uma das maiores patranhas do último século, fica para depois, porque não é isso que está em causa. Tiago Barbosa Ribeiro percebeu-o e merece por isso os maiores elogios. Infelizmente, o Governo não o percebeu, porque eleitoralmente lhe interessa não perceber. Da mesma forma que o Presidente da República e a Direita não o perceberão, porque são beatos.
Como eleitor da Esquerda, espero que pelo menos o Bloco e o PCP condenem firmemente esta decisão. Se não o fizerem, mostrarão que são tão hipócritas como todos os outros.

A bem da economia

Os santos portugueses precisam sempre de milagres ocorridos pela entranja. Pelo que se vê, já somos auto-suficientes em azeite, tomate, frutas sortidas, vinho, legumes. Mas não em milagres. Esses, temos de importar.

Jacinta e Francisco, Santos.

E Lúcia? Fica a ver navios?

lúcia

Nah… Este pode ser só o teaser para o cartaz do próximo dia 13 de Maio em Fátima.

 

Avé Maria que tudo $erve

Sabem o que é que Jesus fez quando viu os vendedores a vender no templo? Sim, arrasou com as bancas e expulsou os vendilhões do templo. Não existindo um Jesus, onde andas tu, Autoridade Tributária?

Provas cegas

Como saber se o ar enlatado é mesmo de Fátima? Depois de o inalar, verá aparições.

Milagre?

http://www.noticiasaominuto.com/pais/515326/homem-encontrado-morto-em-basilica-do-santuario-de-fatima

Garantias

Lembro patrioticamente a Cavaco Silva que omitiu, nas garantias exigidas a António Costa, a consagração do futuro governo a N.ª Sra. de Fátima. A dona Maria não vai gostar deste esquecimento.

Três efes

Nossa Senhora, que já nos salvou da esterqueira do Prestige (Portas dixit), foi convocada para a campanha. Mais os velhinhos, as criancinhas, e “a fé nas pessoas”, essas enternecedoras pieguinhas dispostas a dar mais uma oportunidade a quem prometeu e não cumpriu.

Conta o Expresso:

“Tem fé nos resultados?”, pergunta o repórter. Passos agarra a chance e vai ao bolso. Exibe. A cruz. A direita gosta disto.

[Read more…]

O quarto milagre de Fátima: desceu o desemprego

Estagiário_a (IEFP) - Vended_ - http___net-empregos.com_detalhe_anuncio_livre

Hoje foi dia de propaganda do IEFP. Apareceram uns números com “estimativas” do número de empregados em Portugal e tudo (sendo estas cálculos baseados em sondagens, sempre gostava de conhecer a amostra e a margem, de erro).

A malta do costume despeja aquilo com a inutilidade de quem diz ao desempregado e seus familiares que como ele se recorda ainda ontem pegou ao serviço. A chatice é que os desempregados ainda votam.

Voltando à realidade: este anúncio de um estágio pago por todos nós para alguém ir vender santinhos em Fátima, das 9h às 20h (e vais com sorte, por aqueles lados a vida nocturna é muito sossegada), é uma excelente amostra do emprego criado por este governo. Ou de como o governo subsidia o empreendedorismo, enquanto corta nas prestações sociais.

Azinheirices

Fatima_children_with_rosaries

O 31 que vai pelo 31 da Armada, porque José Maria Barcia assinalou “uma alucinação de meninos com fome e frio que se tornou num dos maiores produtos de marketing da Igreja Católica“, com uma caixa de comentários que é um primor, não é bem uma questão religiosa: contam-se por dezenas as tentativas da santa aliança ICAR/talassas para através de uma aparição parirem um movimento de ataque à República. Fátima é isso, embora a coincidência com o ano da Revolução Soviética lhe tenha dado um folgo maior. Há aquela parte teológica de servir como mais um exemplo do politeísmo e paganismo dos homens do Vaticano (desde JP I), mas não me meto nessa guerra.

Num blogue monárquico compreende-se que lhes tenha doído.

Cavaco: entre o delírio e a inspiração divina

Cavaco desfocado

A minha dúvida relativamente a Cavaco Silva é se existe algum tipo de estratégia por trás de declarações deste nível de inconseguimento  ou se se trata apenas de perda progressiva de lucidez. Apesar de ambas as opções me parecerem válidas, estou mais inclinado para a segunda, até porque momentos de falta de lucidez são coisa a que o senhor Aníbal nos vêm habituando. Claro que, entre o batalhão de assessores e restantes membros da sua dispendiosa corte, alguém o deveria ter avisado que o Passos e Maria Luís já tinham informado o país sobre a inevitabilidade do efeito BPN sobre os contribuintes. A menos que Nossa Senhora de Fátima lhe tenha aparecido e revelado que estaria pronta para inspirar uma solução alternativa. Não seria a primeira vez que a sua inspiração intercedia por nós. Afinal de contas, ontem foi 13 de Outubro