Eu é que sou o pai da criança!

crato_14A partir do momento em que um país se abre ao mundo, após quarenta e oito anos de clausura, é natural que a Educação beneficie, porque as ideias entram, o saber espalha-se, os livros circulam, as mentalidades mudam, enfim, tudo aquilo que a História da Educação em Portugal já sabe e mais saberá no futuro, esse sítio em que o passado fica mais distante e menos presente.

Ainda assim, os que se preocupam verdadeiramente com o assunto vivem insatisfeitos, especialmente quando se fica com a impressão de que o Ministério da Educação é uma instituição cujo principal objectivo é atrapalhar a vida das escolas, introduzindo alterações sobre alterações, sempre com a colaboração de departamentos universitários ou de cliques partidárias.

De qualquer modo, repita-se, as melhorias são evidentes e naturalmente demoradas, porque a Educação leva o seu tempo e porque há, como vimos, quem goste de a atrasar. [Read more…]

Efectivamente, os contatos são inadmissíveis

When Dante loses his way in the dark wood, he is “Nel mezzo del cammin di nostra vita” in keeping with the allotted biblical life span (Psalm 90).

— Adolph Prier (Countercurrents: On the Primacy of Texts in Literary Criticism)

***

Contudo, Ralph Hasenhüttl (sim, exactamente, com <ü>) não pensa assim. No sítio do costume? Nem por isso: no jornal da irresponsável resistência silenciosa.

a-bola-2122016

No sítio do costume, temos um clássico (ver página 7). De facto, já andamos nisto desde Janeiro de 2012.

dre2122016a

Desejo-vos um óptimo fim-de-semana.

Deixem o Tua em Paz!

vale-linha-do-tua

Filipe Esperança

Se há assunto que tem vindo constantemente para as luzes da ribalta é o recente (ou não) caso da Vale do Tua.
Mas… por onde começar a relatar toda esta patranha de peripécias?
Pelo início, obviamente. Estávamos no final de 1991, e foi já depois de constantes ameaças de encerramento que a CP, mandatada pelo Governo e por uma constante de encerramentos ferroviários desde 1988, decidiu encerrar o troço da Linha do Tua compreendido entre Mirandela e Macedo de Cavaleiros. Basta uma rápida pesquisa no Google para compreender que este infeliz acaso deixou a última porção do troço (Macedo de Cavaleiros – Bragança) completamente isolada da restante rede, sem ligação ferroviária, e com transbordos rodoviários que eram demorados e pouco articulados. Dias depois, um descarrilamento em Sortes viria a ditar “temporariamente” o fim dos comboios na Linha do Tua, entre Mirandela e Bragança. Temporário ou não, a verdade é que foi preciso esperar pelo dia 14 de Outubro de 1992 para que surgisse uma nova “machadada” nesta importante infraestrutura: pela calada da noite, e durante um forte apagão nas comunicações locais, a CP levava (pela via rodoviária) os comboios e carruagens presentes nas Estações de Bragança e Macedo de Cavaleiros, e sob a justificação de que o material precisava de “manutenção”.
Jamais, em tempo algum, os transmontanos duvidariam da palavra da CP ou dos seus responsáveis… mas a verdade é que o comboio não regressou a Bragança. [Read more…]

Ideias feitas

Carlos Araújo Alves

Nunca a direita entrincheirada aceitará que Estaline, ao derrotar Hitler, permitiu que a Europa continuasse a viver em Democracia, nem a esquerda entrincheirada aceitará que Fidel, apesar da inicial libertação do seu povo do colonialismo, da constituição de um dos melhores sistemas públicos de saúde e de ensino, fosse um ditador feroz.
A vida é tecida destas contradições, cuja falta de liberdade de quem se mete em trincheiras de ideias feitas não consegue ver, quanto mais aceitar.

Paulo Macedo: do elogio ao governo à presidência da CGD

pm

Já a polémica em torno das declarações de rendimentos da administração da CGD liderada por António Domingues tinha rebentado, surgia uma notícia no DN que dava conta de críticas tecidas pelo ministro da Saúde do anterior governo, Paulo Macedo, que condenava o “ruído enorme” que estava a ser feito em torno das propostas fiscais inscritas no OE17:

Temos um cenário em que há criação de novos impostos, mas sem ser a criação desses novos impostos, há de facto uma estabilidade no resto das outras medidas fiscais comparando com outros orçamentos. Mas, em termos de ruído, tivemos um ruído enorme que afeta os investidores e sobre isso não há nada a fazer.

[Read more…]

Lettres de Paris #34

On prend le pied de Montaigne

img_1624
et la force serait avec nous… é o que se diz do hábito de tocar no pé da estátua, bastante descontraída por sinal, como já vos contei outro dia, de Montaigne na Place Paul-Painlevé, mesmo ao lado da livraria Compagnie e mesmo em frente a uma das entradas da Sorbonne. Já tinha reparado várias vezes no extraordinariamente dourado pé esquerdo de Montaigne, estátua, mas só hoje me lembrei de indagar porquê. Afinal é um ritual semelhante a muitos outros, em várias cidades do mundo (assim de repente lembro-me da estátua de St John of Nepomuk na Charles Bridge em Praga ou o pé esquerdo de um dos santos da Catedral de Santiago de Compostela).
 
Tocar o pé esquerdo da estátua de Montaigne é assim um ritual conhecido pelos muitos estudantes que povoam o Quartier Latin. Aprendi isto hoje, depois de pesquisar no google. Parece que para passar exames, orais, concursos, etc, devem os estudantes ou candidatos acariciar o pé de Montaigne e saudá-lo, quer dizer, saudar a estátua, não o pé, bem entendido. Diz-se que a superstição se estende a todos os tipos de votos. Amanhã experimento. Aliás, poderei experimentar todos os dias que aqui estiver. Já tenho por hábito dizer interiormente ‘Bonjour Monsieur Montaigne’ quando passo pela interessante estátua de Paul Landowski, por isso basta-me a partir de hoje acariciar-lhe o pé e formular um qualquer desejo. Não é que tenha muitos, mas hei-de seguramente descobrir alguns. Depois vos contarei se deu resultado o ritual.