O Orçamento de Estado visto por um leigo

AC

Tal como a esmagadora maioria dos portugueses, tenho muitas dificuldades em perceber as linhas com que se cose um orçamento de Estado. Recebo informação através da imprensa, dos actores políticos e dos vários grupos de interesses que gravitam em torno dos cofres do Estado, dos funcionários públicos às clientelas partidárias, e tento juntar as peças. E a primeira conclusão a que chego é que nós, portugueses, nos encontramos numa posição perto da irrelevância no que toca a esta matéria. A nossa soberania está hoje nas mãos de Bruxelas e a tendência, tanto quanto me é dado a entender, é para piorar. Claro que, perante o poder do regime europeu, existem duas abordagens possíveis: a abordagem Pedro Passos Coelho, que consiste em aceitar toda e qualquer imposição sem contestação, e a abordagem que defino como patriótica, que consiste em negociar e defender o interesse nacional, que me parece ter sido aquilo que António Costa fez. Manuela Ferreira Leite defendeu mesmo que o governo saiu vitorioso da negociação. Estes sociais-democratas… [Read more…]

Equívoco

Não é que PSD e CDS não se atrevessem a negociar com Bruxelas. Apenas nunca estiveram interessados em fazê-lo. Sendo isto óbvio para muitos, não está de mais lembrá-lo.

Dívida pública aumentou 5,3 mil milhões de euros em 2015

mas o mais certo é ter sido culpa do Centeno. Ou do BE. Ou do PCP. E Bruxelas? Nada a dizer? Nem um puxãozinho de orelhas?

Bem-vindos a Bruxelas

Hellhole

© Ancienne Belgique #hellhole

Hellhole?

A sério? Hellhole? There you go again, Mr. Trump. There you go again.

Acordo Ortográfico de 1990: Iniciativa de Referendo

Recolha de assinaturas em Bruxelas (entre 5 e 15 de Setembro).

Discurso do grande Cacique Cavalo Cansado

índio

“A zona do euro são 19 países (…) mas se a Grécia sair ficam 18 países”
“Há muito tempo que eu pensava que (…) as coisas iam acabar mal”
“A zona euro irá sobreviver com a mesma força que teve no passado”
“Eu também digo que não entendo esta jogada”
(Declarações de Aníbal Cavaco silva)


Perplexo com estas declarações e receando ser parcial ao comentá-las, socorri-me da opinião do ilustre Grande Chefe Cavalo Cansado, sábio e prudente cacique de além mar, chefe dos Apanhas Na Tola, glória das pradarias do Oeste. Assim falou o venerando chefe:
[Read more…]

“… que se projecta na actualidade e no futuro”

Cunhal

Ao chegar a casa, depois de me deparar com um invulgar interesse de Ricky Gervais por determinados aspectos do folclore português hodierno, fiquei a saber, através da comunicação social amiga do Acordo Ortográfico de 1990, que, na próxima semana, no Espaço “Couloir Chevale [sic e já lá vamos]” do Parlamento Europeu, aqui em Bruxelas, será inaugurada uma exposição sobre Álvaro Cunhal, com o título «Vida, pensamento e luta: Exemplo que se projeta [sic] na atualidade [sic] e no futuro».

Cunhal 2

[Read more…]

Concurso musical internacional Rainha Elisabeth da Bélgica 2013

A final, em directo.

Marx em Bruxelas

Marx le retour affiche-marx-officiel

Jésus ne pouvait pas descendre, c’est donc moi qui ai fait le déplacement

Quem morar por estas bandas, não deve perder o Marx de Michel Poncelet, em cena até 25 de Maio.

De regresso ao mundo dos vivos, Marx explica, sem intermediários, mas de forma bastante crítica, as suas ideias. Uma excelente interpretação do texto de Howard Zinn, em que os fragmentos dedicados ao tempo presente são transportados, de uma forma extremamente fina, do Soho nova-iorquino original para Bruxelas, espaço concreto do espectador que se deslocou ao Théâtre de la place des Martyrs. Um monólogo em que Poncelet consegue dar-nos uma perspectiva realista e notável dos participantes da narrativa e interagir com quem se encontra no acolhedor espaço da sala de espectáculos. E mais não digo, se não, estrago a surpresa.

Post scriptum: Quem não morar por estas bandas, pode sempre ver a interpretação que deixei há uma semana ou comprar o livro do Zinn (esta é a edição que possuo). Creio que ainda não haverá tradução portuguesa, mas há Marx, le Retour (o texto interpretado por Poncelet) e Marx en el Soho.

A contradição de Bruxelas

O resgate dos bancos espanhóis depende do défice, no entanto o resgate conta para o défice. Lá como cá, cumprir é impossível.

O PEC 4 e os 80 mil milhões de euros a ele associados

O jornal i sumariza em 15 etapas o caminho que, de 11 de Março até à passada quarta-feira, nos levou ao FMI. Constata-se como a estratégia partidária esteve sempre à frente de tudo o resto. Sempre.

Queria indignar-me mas faltam-me as palavras. Resta-me a reconfirmada desilusão das jogadas para manter o poder.

Entretanto, desde ontem à noite, é conhecida a capa do SOL com um assunto bombástico:

Quando José Sócrates assinou em Bruxelas, no passado dia 11 de Março, o acordo com as medidas do PEC 4 ficou também estabelecido que a esse acordo se seguiria um pedido de ajuda externa a Portugal no valor de 80 mil milhões de euros, apurou o SOL junto de elementos da Comissão Europeia (CE) envolvidos nas negociações.

São 14 horas e não encontrei até ao momento uma única referência ao assunto em outro órgão de comunicação social. Nem a desmentir, nem a questionar, nem a confirmar. Não devo ter, certamente, procurado bem. Só pode.

 

Adenda [15h00]

Reacções:

Uma mala de cartão e um posto dos correios

Cansado da dura labuta, como a de todos os que passam o dia a usar o CU*, perdão, o CC** para mandar currículos por mail digitalmente assinado, coisa que impressiona de sobremaneira todo e qualquer empregador disposto a pagar até 800 euros (ilíquidos) por um licenciado, dizia, cansado dessa vida, decidiu-se Antomílio Pinto de Sousa (o nome é apenas uma coincidência) por uma vida melhor.

Ainda a mala não estava toda desmanchada e já tinha um emprego de prestígio, dizia-lhe o patrão, onde “todos os que eram alguém em Bruxelas acabavam por passar”, facto que ele atestava de cada vez que levantava os olhos da louça para olhar através da janela da copa.

[Read more…]

No coração da UE

Quem chega ao aeroporto de Bruxelas terá pela sua frente labirínticos corredores em jeito de emaranhado de escadas e passadeiras, como que funcionando de aviso àqueles que se dirigem à Comissão. São instalações funcionais, mesmo assim, e sem exuberância novo-riquista em moda nalguns jardins à beira mar plantados. [Read more…]

Café Central – O Tango ‘Mano a Mano’

José Sócrates é um político cercado por desventuras, uma das quais confessada, mas falsa: a solidão, por falta de parceiro da oposição com quem dançar o tango. Passos de Coelho, lembre-se, reagiu e afirmou publicamente estar indisponível para tal dança.

Desde a reabertura do ‘Café Central’, quem quis percebeu que o discurso de ambos é melífluo e simulado. Até porque, eles e respectivas tribos são impotentes para contrariar as ordens de Bruxelas, sob a poderosa batuta do par Merkel – Karkozy; com notória ascendência da alemã.

Ontem, conforme testemunho do Diário de Notícias, e da imprensa em geral, rosas e laranjas aprovaram na Assembleia da República o chamado PEC II; não, sem que antes essa pesada figura do ‘Cavaquistão’, Fernando Ruas, tivesse forçado o Ministério das Finanças a prescindir de controlar a admissão de trabalhadores por parte das autarquias.

Todavia, outras perversidades resultaram do acordo parlamentar entre PS e PSD: (i) efeitos da retroactividade do IRS aplicado aos rendimentos dos cidadãos; (ii) a isenção da redução das retribuições de assessores e todo um punhado de contratados políticos.

Os contributos para a crise assentam, em grande parte, no esforço do cidadão comum – assalariados do Estado e de entidades privadas, pensionistas vulgares (há os invulgares!) e desempregados. Os políticos, certamente a contragosto e por vergonha, lá contribuirão com 5% das respectivas retribuições, ao contrário dos tais assessores e contratados.

Com reclamações das minorias de direita e de esquerda, as tribos do ‘Café Central’ brindaram a aprovação do PEC II com ‘espumante da Bairrada’ – os tempos vão maus para ‘Moët et Chandon’ ou outros champanhes de renome. E, assim, no átrio do ‘Central’ os cabeças de cartaz, José e Pedro, dançaram mesmo o ‘Mano a Mano’, cujo último verso reproduzo:

“p’ayudarte en lo que pueda cuando llegue la ocasión’.

E ao José e ao Pedro não faltarão ocasiões para nos tanguear. O resto é conversa fiada. 

E davam grandes passeios ao Domingo…

Em devido tempo e no local correcto, a caixa de comentários, já me pronunciei sobre este «post» do Tiago Mota Saraiva: acho vergonhoso que um Partido político, como é o caso do Bloco de Esquerda no Parlamento Europeu, ande a pagar viagens a bloggers para que eles possam visitar gratuitamente Bruxelas e possam ver, «in loco», como se vive bem na Europa.
Soube na altura, por fonte que me solicitou sigilo, que Fernanda Câncio também esteve presente nessa passeata, a par de outros que o assumiram, como Maria João Pires, também do Jugular, ou um tal de Paulo Pena. Não o revelei exactamente por causa desse pedido, mas agora que o Nuno Ramos de Almeida o tornou público, fui libertado do compromisso.
Não sei, nem me interessa, se o convite partiu de Rui Tavares ou de outro Deputado europeu do Bloco de Esquerda. Também não me interessa muito o súbito amor entre Fernanda Câncio e o Bloco. O que me interessa, isso sim, é que o meu dinheiro – sim, o meu e o de todos os contribuintes – seja desperdiçado por Partidos políticos que julgam que na Europa se pode gastar à tripa-forra. Nem que seja para convidar pessoas para darem grandes passeios ao Domingo – pessoas cujo interesse é completamente nulo para Portugal no contexto do Parlamento Europeu.
Um discurso, o do Bloco de Esquerda, que contrasta muito com a prática que acabamos de ver. Começo a pensar que, um dia no poder, o Bloco acabaria por ser mais do mesmo.