Cul-de-sac

Num rasgo de generosidade, Passos Coelho já não quer só o apoio ou a passividade política do PS: convida-o, formalmente, a integrar a coligação de governo. Aí, o CDS, já em estado de stress histérico, pareceu desatinar de vez. E podemos ver a seráfica Cristas a perder a cabeça numa simples entrevista televisiva, patenteando o engraçado espectáculo de alguém com um património vocabular curto e competências discursivas limitadas a tentar exprimir a sua aflita indignação. Finalmente começa a escancarar-se aquilo que se insinuava já nas intervenções de algumas figuras da direita intelectualmente mais ágeis: o pecado original da direita – com total prejuízo do PSD – foi a disparatada coligação pré-eleitoral que retirou ao PSD toda a agilidade negocial – lá se foi a hipótese do bloco central… – e brindou o CDS com uma percentagem absurda de deputados, à qual jamais chegaria deixado a si próprio. Dá vontade de perguntar que estranha força de chantagem este partido tinha sobre o seu parceiro para obter tal vantagem. Agora, enclausurado no beco em que se meteu, o PSD limita-se a ir ensaiando umas variações ressabiadas e um tanto rascas, enquanto vê o seu partenaire CDS, num delírio de declarações proto-fascistas, cortando cerce qualquer saída do buraco em que se meteram. É que minutos depois de Passos Coelho ter convidado António Costa para integrar a coligação de direita, Assunção Cristas veio dizer do líder do PS coisas que aqui não se reproduzirão por uma questão de simples decência. Mas que nos estimula a imaginação sobre o que aconteceria se todas estas figuras se encontrassem na mesa da governação. Alguém falou aí em estabilidade?

Vamos então falar de trair os eleitores

Passos pergunta a Costa se quer entrar num Governo com a coligação [E]

Um arrumador de carros interpela Sísifo

Sísifo, ouvelá, que leve era essa pedra, man. Olha aqui para o pessoal, à fome e à sede de tudo, da boa, do pão, da cama, dum corpo quente. A roupa rasgada e os dedos escuros de lama e sangue seco. A cheirar vielas, como os cães, a meter as mãos nos caixotes, a farejar o que se apanha, a metê-lo à boca. A olhar de lado, a olhar com medo. A pensar no mal. A não querer fazê-lo. A juntar moedas como quem junta tempo, um dia mais, umas horas, um naco de vida, ainda quente, ainda pulsante.

A empurrar o calhau pelo monte acima, com as mangas da camisa negras, os sapatos rotos, eram de um morto, foi a viúva que mos deu. A empurrar para nada, só para não doer tanto, a empurrar para começar de novo e nem é amanhã, é já daqui a bocado. [Read more…]

Ó mãe, aquele menino bateu-me

passos sentiu-se gozado por costa

Passos sentiu-se gozado” na última reunião com Costa. Não sejas piegas, ó Pedro, que já és crescidinho e até tens um pin na lapela que te dá super poderes.

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Veremos se daqui sai um saco de gatos

Há uma maioria que votou na esquerda mas não existe uma força de esquerda maioritária. Se o PS, PCP e BE não avançarem com uma proposta de governo composta pelos três partidos, limitando-se, alternativamente, a uma proposta de governo PS com apoio parlamentar do BE e do PCP, terá a esquerda uma derrota em toda a linha. Em primeiro lugar, não se conseguirão estabelecer como alternativa a uma minoria de direita. Em segundo lugar, ficará claro que a abertura do BE e do PCP foi meramente táctica. E, por fim, Costa acabará a dar força à coligação de direita, que esta capitalizará afirmando-se como o garante da estabilidade.

SACO-DE-GATOS

(corrigido)

«Se não tivermos uma política comum de taxação das grandes empresas, vamos ter outros Luxleaks.

Jean-Claude Juncker bem pode pedir desculpas, mas a realidade é que quando ele foi primeiro-ministro do Luxemburgo permitiu que as grandes multinacionais pagassem 1% ou 2% em impostos no seu país, enquanto as pequenas e médias empresas em França ou na Alemanha pagam 20% ou 30%. Quando se governa assim o próprio país, como se pode pretender dar lições à Grécia sobre a modernização do seu sistema fiscal?»
Piketty_to_euronews_global_conversation_otc2015
[Thomas Piketty a Isabelle Kumar/The Global Conversation | Euronews]

Europa austeritária: uma década de crescimento perdida

2014+12thomas pikkety

«No final de 2017, com sorte alcançaremos o nível de PIB de 2007.»
[Thomas Piketty]

A Trofa, os jornalistas e a imprensa regional

Foi ontem, numa terra onde eu nunca tinha estado, que senti o quanto valeu a pena. Decorria em Vila Nova de Famalicão  o [primeiro] Encontro de Imprensa Regional e lá fui, à procura dos pares, saber como páram as modas a norte – onde os jornais são mais antigos, são muitos e ainda empregam muita gente. Tinham passado apenas umas horas desde que o Sindicato dos Jornalistas emitiu um comunicado a propósito do (inenarrável, mas real) caso da apresentação pública na Trofa, a semana passada, de que tive conhecimento por aqui mesmo, num post do João Mendes. [Read more…]

V.N. de Gaia: uma bancarrota em perspectiva com a chancela do PSD

LFM MAC

Uma auditoria do Tribunal de Contas às autarquias portuguesas revela que Vila Nova de Gaia é o segundo município mais endividado do país, com uma dívida que ascenderá a aproximadamente 300 milhões de euros, encontrando-se, por esse motivo, à beira da bancarrota.

Governada pelo social-democrata Luís Filipe Menezes entre 1997 e 2013, a Câmara de Gaia contou com o incontornável Marco António Costa como nº2 do executivo, responsável pela pasta das finanças entre 2005 e 2011, um período marcado pela má gestão, swaps tóxicos e especulação financeira que valeu à dupla 19 juízos de censura por parte do Tribunal de Contas numa auditoria preliminar às contas da autarquia divulgada em Junho passado[Read more…]