Enquanto se aguarda o lançamento, a 30 de setembro, do novo trabalho de Basia Bulat (Tall Tall Shadow), nada como recordar:
A veia artístico/cultural do PSD de Lagos
O Laboratório de Actividades Criativas, em Lagos, a cuja direcção me orgulho de pertencer, tem promovido ao longo dos últimos anos uma residência artística dedicada à Arte Urbana. Como consequência, a cidade de Lagos conta hoje com uma colecção de arte urbana de que poucas se podem gabar – especialmente cidades de dimensão comparável -onde pontuam nomes como os portugueses Paulo Arraiano, Gonçalo Mar, Daniel Heime, Pantónio, Jorge Pereira ou os artistas internacionais António Bokel, Vasmoulakis, Seiner, C215, Bezt ou ROA.
Este ano lançámos mais uma edição que inicia exactamente hoje e conta com autores como Add Fuel, Draw, Natalia Rak, Onur, Samina e Wes 21 além dos já referidos Bezt ou ROA.
Mas não é esta a notícia (podia bem sê-lo). Há pouco mais de duas semanas, ROA, um dos mais conceituados artistas mundiais de arte urbana, executou dois murais na cidade de Lagos a nosso convite, que funcionaram como “entrada” para a edição que hoje começa. Eis um desses murais:
Ora, hoje mesmo, pela manhã, o PSD de Lagos, cujo programa eleitoral, entre o bla-bla do costume, diz respeitar muito as associações locais e declara ter como preocupação muito importante a cultura e as artes, assoberbado pela febre comunicativa que nestas alturas dá aos partidos, esqueceu-se do seu programa e decidiu que os seus próprios “artistas” valiam mais, eram mais estéticos e importantes do que um pobre flamingo de pernas para o ar.
Vai daí, e como, a julgar pelo slogan, está a resolver resolver coisas, resolveu fazer isto, danificando mesmo a pintura: [Read more…]
A Sondagem do Porto Canal
Ontem estive, calmamente, a ver o debate entre os candidatos a Gaia no Porto Canal. Aguardei até ao final para conhecer/confirmar os resultados da sondagem Porto Canal/Pitagórica para a Câmara de V.N. Gaia, a exemplo do que se passou em debates anteriores.
Esperei, esperei e nada. A não ser que a tenham publicado enquanto escrevo este post, continuo a aguardar. Por saber que foi feita, por até conhecer (por boa fonte) os resultados e pelo facto de, tornada pública, se perceber a lógica de tudo o que aconteceu ontem. O Porto Canal que conheço, os seus brilhantes profissionais, merecem que continue a aguardar e não a pensar outras coisas…
Inquérito eleitoral, Autárquicas 2013
No decorrer da campanha eleitoral, o Aventar, aproveitando recursos do concurso de blogues que realizamos há dois anos, vai promover um inquérito, que tecnicamente não é uma sondagem sobre as eleições autárquicas.
A cidadania em cartaz
Albert Einstein revisitado, num cartaz para as eleições autárquicas de Coimbra que bem o poderia ser de tantos concelhos.
Duas notas: o traço corresponde ao Mondego que por aqui passa, há outra versão com a linha em tempos muralhada da cidade. Por mim falta ali uma outra cor, o azul da CDU (em quem votei várias vezes e que foi convidada a participar neste movimento de cidadãos assumidamente de esquerda mas que apenas obteve o apoio declarado do BE e MAS), que na maior parte destes anos se governou com PS, PSD e CDS, mas compreendo as razões da candidatura independente dos Cidadãos por Coimbra na escolha dos seus alvos.
40 anos de neoliberalismo, de Pinochet aos nossos dias
A data de 11 de Setembro de 1973 está para o neoliberalismo como a de 7 de Novembro de 1917 para o leninismo. Curiosamente os leninistas (seja lá o que isso for) comemoram a sua, mas a maioria dos neoliberais é discreta, entretendo-se neste dia com um crime bem menor.
O assalto ao poder democrático chileno perpetuado perpetrado por Pinochet/Kissinger seria mais um golpe de estado no quintal norte-americano não tivesse o general optado por um novo modelo económico, o dos discípulos de Milton Friedman. O Chile seria o laboratório para as experiências de capitalismo em estado de pura selvajaria, o tubo de ensaio de Thatcher e Reagan, hoje em estado de avançada aplicação em Portugal.
O mesmo Chile que via ali terminada a experiência de um primeiro grande governo de unidade popular, uma coligação de todas as esquerdas que, pesem os erros e hesitações, demonstrava já os seus frutos, naturalmente boicotados pela CIA e pelos privilegiados chilenos em estado de aflição.
Quarenta anos depois, e se Allende está longe, Mujica e o governo do Uruguai estão bem próximos. Para derrotar os herdeiros ideológicos de Pinochet (se dúvidas tiverem vejam como o guru Alberto Gonçalves nem sequer disfarça muito) não conheço outro caminho.
Os onze da fatalidade
11 de Setembro de 1973. Eu estava em Munique pela terceira vez, sem poder resistir a ver de novo certas pinturas de certo museu. Nesse dia vi, desfilando pela rua, um grupo de gente morena exibindo cartazes, em alemão. Vestiam de negro e alguns choravam. Por ter ouvido alguns falando espanhol, abeirei-me e quis saber o que se passava: eram chilenos e contaram-me da morte de Allende, do golpe militar brutalíssimo de Pinochet. Golpe ajudado pelos Estados Unidos da América a pretexto de que estava iminente um regime pró-soviético a partir de Santiago. Por essas, e por muitas outras, é que os americanos são odiados na América do Sul. E não só, mas adiante.
(Por esse tempo, em Portugal, a ditadura continuava a encher prisões e a reprimir o povo de todas as maneiras, agitando o papão do comunismo. Tal como o rapaz da história popular, tanto gritou a esse lobo que, quando ele de facto nos apareceu em força, em 1974/75, o povo levou algum tempo a acreditar. Digamos mesmo que só acreditou quando o PCP, sempre triunfalista e sempre com o pé a fugir para o estalinismo, sem vocação nenhuma para a democracia, começou a fazer tratantadas gravíssimas. Depois foi o que sabe: o povo unido, muito centro esquerda e muito senhor do seu nariz, acabou por aplicar o irremediável xarope de marmeleiro). Por uma noite cálida, dias antes, em Paris, nos jardins do Palais Royal, um poeta exilado há vários anos perguntou-me como ia o regime. Respondi-lhe que estava a caír de podre. Adiantou-me: “É também o que penso. Mas olhe que vai caír nas mãos de uns políticos que enfiarão o país num banho de lama. E depois, será o banho de sangue”. Quando penso na lama em que Portugal está mergulhado, sinto um medo quase físico de que o poeta possa ter sido profeta. [Read more…]
Votos brancos e nulos
Conversa da treta para eleições
Governo diz que descida de impostos é prioritária, mas não se compromete. Eu também acho importante pagar impostos mas não me comprometo.
Bullying centrista
Imbuídos do espírito autárquico que marca este mês de eleições, Passos Coelho e Nuno Crato vão inaugurar escolas já inauguradas e em funcionamento. É sempre um momento muito bonito: o autarca feliz, o Passos a cortar a fita e a tirar a bandeira, as pessoas a bater palmas, tudo a fazer de conta que a escola é nova… Mas quando tudo parecia bem, eis que toda a felicidade se desmorona quando o embuste é denunciado pelo candidato do CDS-PP à Câmara Municipal de Oliveira do Bairro.
Que reguilas estes centristas, sempre a passar a perna aos amigos coligados! E o Pedrinho, coitado, sempre a levar tanga deles…
Comentários Recentes