O PAN não é carne, nem é peixe.
É tofu.
Expor ao vento. Arejar. Segurar pelas ventas. Farejar, pressentir, suspeitar. Chegar.
A Hora do Planeta, que Sábado se assinalou um pouco por todo o mundo, é um exercício de hipocrisia equiparável ao do banimento das palhinhas de plástico.
Mas é giríssimo, super instagramável e perfeito para que decisores políticos com responsabilidade directa no desastre ambiental em curso possam limpar a sua imagem e demonstrar, com pompa e virtude, uma preocupação que não têm.
O site do evento fala em dedicar 60 minutos a fazer algo pelo planeta. E acrescenta:
Apenas 60 minutos? Sim, apenas uma hora. Pode não parecer muito, mas a magia acontece quando todas as pessoas, desde a Ásia à África, América do Norte e do Sul, Oceania e Europa, doam uma hora para cuidar da nossa única casa.
Hoje um vizinho decidiu terminar com a vida florescente de um pinheiro com uns bons 15 metros de altura. Quando cheguei vi o estandarte, a moto-serra começou a debitar ruído desesperado e os ramos começaram a cair, seguros por cordas que um operário, empoleirado no alto do tronco, faz descer para a relva. É uma decisão.
Comecei a estudar ecologia pelas páginas do vespertino A Capital, anos ’70, onde um senhor jornalista, de nome Afonso Cautela, nos avisava do mal que andávamos a fazer ao planeta e por junto ao bem-estar humano – esse bem-estar não coincide de todo com a política de terra queimada de alguns: matar tudo, cortar tudo.
Mas obrigaria, se houvesse inteligência para tanto, a extirpar a ganância e a arrogância, factores da queda humana continuada. A bem de alguns PIBs, claro, que enchem de regozijo qualquer ministro das Finanças – isolado na sua cátedra, deixa passar o que não lhe diz respeito. É um especialista, logo sabe cada vez mais sobre cada vez menos, para mal colectivo. A propaganda faz o resto.
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Se a intenção era, apenas, marcar uma posição pessoal e subir um ou dois degraus na hierarquia da coligação governamental que nos põe a cabeça em água e a bolsa em fanicos (para já não falar da dignidade atraiçoada), não havia mesmo necessidade de o Dr. Paulo Portas, na consumação da sua birra, por muitos e por mim também considerada infantil, quiçá irresponsável, nos ter feito pagar mais uns milhões de juros àqueles que teimam em espremer-nos até só sair sangue, que o suor e as lágrimas já se foram, de tão gastos.
É por isso que me concedi o prazer da fuga, não por cobardia, mas porque sentia que estava a perder a serenidade, a lucidez e outras coisas a que comummente chamamos valores (sociais, pessoais, morais, epistemológicos…). [Read more…]
Tenho muito respeito pelas palavras e pela verdade nuclear que as constitui.
Tenho muito medo de poder esvaziá-las ou atraiçoá-las.
As palavras, elas mesmas, têm necessidade de serem ditas, senão não passam de palavras, e eu tenho necessidade de as saber dizer, senão não passo de mero dizente.
Por outro lado, se as palavras têm um sentido para aquele que as diz ou escreve, podem não o ter para aquele que as ouve ou as lê.
O conceito de sentido é fundamental na comunicação. [Read more…]
Algumas ideias avulsas que me ocorre dizer neste dia…
A população mundial chegou aos 7 mil milhões, mas está muito envelhecida e não sabe lidar bem com isso.
Os idosos morrem sós…
O Homem ainda não aprendeu a aceitar as rugas no rosto e no resto do corpo por mais voltas que a Terra dê. Muito menos a natural morte por mais que assista à das plantas e dos animais e de tantos seres humanos ao seu redor.
A esperança média de vida aumentou, mas morremos por doenças diferentes às que matavam no passado. Doenças deste tempo: ansiedade, stress, depressão e outras bem nossas conhecidas. [Read more…]
Li a reportagem sobre Mark Boyle na revista do Expresso (18 Fevereiro). Boyle é um homem de 30 anos que viveu os últimos três sem um tostão.
“Um dia largou tudo para provar que a maioria das nossas necessidades são apenas vontades” e que era possível viver sem dinheiro. Foi feliz. Aprendeu que é possível viver com menos, com muito pouco.
Antes de Boyle, a alemã Heidemarie Schwermer (1942) viveu 15 anos “without money” e o americano Suelo (1961) fez o mesmo. Este ainda vive “quase como homem das cavernas dos tempos modernos”.
Não me vejo a lavar os dentes com osso de choco e sementes de funcho, ou deixar de usar desodorizante e sabonete… ou a tomar banho de àgua fria no inverno… [Read more…]
Tenho falado com alguns poetas sobre o que entendem por poesia poetas de muito nome.
Cada um deles diz-me o que sente mas ninguém me diz que a poesia nasce como nasce a água da fonte.
O homem veio consultar-me sentia sobretudo ao levantar da cama e com os esforços uma dor em barra sobre a tábua do peito que o imobilizava por completo. [Read more…]
Tchaikovsky Rococo Variations
Com todo respeito pelos hippies que amam a natureza e moram conforme ao que a natureza dá, gostava comentar que o ser humano tem evoluído através da História e diversas maneiras, até chegara ser o que agora somos. Ainda mais, dentro da nossa era como ser humano, desde os tempos antes de Cristo, que é a palavra-chave para dividir a evolução actual, muito tem mudado o ser humano em crenças, hábitos, costumes e sabedoria. Calcula-se em Há cerca de 70.000 anos atrás, surgiu o Home sapiens, do qual existem numerosas amostras. Ele teria se apresentado em duas superfícies: [Read more…]
O melhor cabrito do mundo
Não foi só o cabrito. Outros factores houve que nos fizeram deslocar do Porto, de Amarante, de Marco de Canaveses, de Setúbal, de Sever do Vouga, de Vale de Cambra, embora todos sejamos naturais de Vale de Cambra, com raras excepções. E o mais forte de todos foi a amizade que vem dos tempos da juventude. O outro foi a Serra. A magnífica e deslumbrante Serra da Gralheira, estendida pelos seus três contra-fortes, Freita, Arestal e S. Macário. Quem não conhece estes caminhos da Freita, Merujal, Castanheira, Mijarela, Albergaria da Serra, Salgueiro, Manhouce, Cabreiros, e tantos outros tem obrigação de cá vir pois não sabe o que perde. [Read more…]
A mulher que amanha o peixe
Sempre que a vejo no supermercado onde vou, reconheço que não é por acaso. Muito bonita a mulher que amanha o peixe – não sei se amanha se amanhece! -.
Rosto combatido, dorido, olhar sofrido e manso, não sei o que faz desta mulher um poema, se os olhos negros e fundos, se o desenho rasgado da face, se um gesto brusco da natureza revoltada de cansaço. [Read more…]
Adão e Eva expulsos do Paraiso
Falamos de catástrofe quando acontece uma grande desgraça que atinge muitas pessoas. Normalmente e da forma que tenho escrito nestes dias, adjudico o conceito às desgraças que têm acontecido no arquipélago da Madeira, na República do Chile e em toda a Europa do Norte, ao longo deste interminável, inacabável e fustigante, inverno das nossas vidas. Estes anos de 2009 e 2010. Tenho, por engano meu, pensado a natureza como elemento geográfico esquecendo, pelo facto das desgraças que nos acontecem, que o ser humano faz parte da natureza. Ao escrever sobre o ser humano como uma entidade que procura lucro e mais-valia, esqueci-me que estes dois conceitos fazem parte do pensamento das pessoas. O lucro e a mais valia não existem como elementos da natureza. Formam parte do pensamento, do cálculo, da procura da riqueza e do bem-estar, conceitos que fazem parte do pensamento económico do ser humano. Pensamento económico que tenho definido noutros textos como o trabalho que cria um conjunto de leis que presidem à produção e distribuição das riquezas. Donde, riqueza é o resultado da acumulação de bens poupados e investidos para render moeda. [Read more…]
Primeiro foi o Haiti, a semana passada a nossa Madeira e hoje, mal desperto do sono, acedo à Internet e deparo com a calamidade do Chile – um terramoto que, no momento em que escrevo e segundo notícias actualizadas, já conta com 122 vítimas mortais. Certa e infelizmente, este número tende a crescer e bastante; serão muitos mais. Basta atentar no grau de devastação que atingiu a pátria chilena, terra onde tenho amigos, na capital Santiago, de quem nada sei. Já tentei colher informações deles através do facebook, mas as mensagens do chat passam a tal velocidade que torna impossível a leitura, mesmo ao mais célere dos leitores. Através das mensagens, consigo apenas aperceber-me de que há apelos dramáticos de chilenos, localizados em vários pontos do globo, procurando desesperadamente familiares e amigos com quem não conseguem contactar.
O povo chileno não merece isto, ou mais correctamente, a estrondosa maioria dos seres terrenos, seja onde for, não merece tão severos e desvatadores castigos das forças naturais. Porém, a Natureza reage com eloquência e discricionário poder de revolta aos desmandos dos humanos. Para infortúnio dos mais humildes e indiferença dos mais poderosos, entre os quais os principais líderes políticos que, em Copenhaga e como agora usa dizer-se, continuaram a assobiar para o lado e a proporcionar substanciais reforços de contas em bancos de ‘offshore’. Até quando? Não sei e duvido que alguém tenha resposta convincente.
Para os interessados em acompanhar em directo o que está a suceder no Chile, sugiro que acedam ao sítio tv-de-chile.
Hoje a TVI vai lançar uma grande reportagem do que pode acontecer se, em Portugal, tivermos uma tragédia natural como aquela que assolou o Haiti. Ora, numa altura como esta, em que estamos a ser assolados por outras tragédias, de índole económico, convinha qualquer coisa mais alegre.
Continuando neste tom negro da espuma dos dias, temos os dados económicos a piorar de dia para dia e o Rangel a vociferar em Estrasburgo pela Liberdade de Imprensa. Para melhorar, nada como os perigos da internet.
O Mundo está mesmo a ficar perigoso.
Madrugada de 28 de Fevereiro, duas e trinta, à volta disso, andava eu a fazer ronda no Quartel, ali na Av. de Berna onde hoje está uma faculdade de Sociologia. Do outro lado da Rua a Igreja de Nossa Senhora de Fátima.
Como o pessoal era diligente e a ameaça pequena, estava a conversar na parada com dois soldados, já não me lembro sobre quê, mas naquela situação e com aquela idade devia ser sobre a guerra colonial que se mostrava cada vez mais aguerrida e cada vez mais próxima de quem vestia farda.
De repente, os camions ONIMOG, que tinham enormes pneus e eram grandes e pesados começam aos saltos ali a cinco metros de nós. Ainda o meu cérebro não tinha descodificado os sinais e há uma espécie de “burburinho” a crescer do mais profundo, um ronco ameaçador, paralisante. A sensação é que não há saída, não se percebe, estamos cercados por algo que não vemos e não compreendemos. Imediatamente a seguir, os prédios onde estavam as camaratas com duas centenas de homens a dormir começam a abanar, estranhamente, o único som familiar são os vidros a partirem-se.
Lembro-me bem, que este som familiar, que eu conhecia, foi uma espécie de conforto, era algo que fazia parte da matriz e que me permitiu comparar, situar, estabilizar, compreender…
As paredes rachavam com um som cavo o que me levou a pensar na situação dos homens que lá estavam dentro. Mandei os dois soldados que permaneciam ao meu lado, um para cada camarata, acordar o pessoal que já encontramos a meio caminho na fuga generalizada. Há conversas cruzadas e sem nexo, interrompidas pelo badalar lúgubre dos sinos da Igreja defronte, resultado dos abanões que o edificio da Igreja sofrera. Irrompe um silêncio sepulcral…
A natureza descansa para novo ímpeto, desta vez definitivo ou esgotada ? É uma interrogação que só obtem resposta com novos abanões agora mais ténues, sem os silêncios aterradores do primeiro, o que paradoxalmente traz alguma paz aos corações em tumulto. Devagar a natureza volta à vida, com os sons de que não damos conta mas que estão presentes no dia a dia, sem os quais não reconhecemos a matriz por onde nos guiamos. Começamos a voltar “à vidinha…” que tanto criticamos…
Nos meses seguintes houve muitas receitas de calmantes e antidepressivos…
Quem é que aqui escreveu sobre felicidade?
Ver mais artigos sobre este assunto em Sismos, discussão no Aventar
Já sabem: “(…) Por isso o nosso cérebro filtra tudo o que é complicado, impenetrável e incalculável. O que resta é um aspecto parcial – aquilo que já conhecemos. Porém, como este aspecto parcial se encontra entrelaçado
com o todo que não queremos ver, cometemos muitos erros – o fracasso é logicamente programado… todos os pequenos, cómodos e tão humanos erros de pensamento pelos quais, no melhor dos casos, só paga um e, no pior, todo o globo (..)”.
No presente caso, o dinamarquês Björn Lomborg têm razão, pois evita cair no paralogismo da maioria que “querendo o bom, cria o caos” of. Dörner – “The Logic Of Failure: Recognizing And Avoiding Error In Complex Situations”).
Quanto ao especialista português Filipe Duarte Santos, pode ser que ele tenha razão que a culpa é do CO2, para mim uma hipótese dúbia. Todavia, quando à hipótese defendida por ele – “é essencial a reflexão sobre a possibilidade de prosperidade sem continuar com o crescimento económico, crescimento esse que tem uma elevada responsabilidade no aumento das emissões de CO2” –, isto segundo as leis sistémicas da evolução não faz sentido. É um daqueles paralogismos pelos quais no pior dos casos paga todo o globo. [Read more…]
Na nova e sofisticada loja dos CTT, a abarrotar de produtos para turistas (facilmente identificáveis por representarem sardinhas e/ou serem feitos de cortiça) e até “tablets e smartphones recondicionados”, mas em que a mesa de trabalho dos funcionários encolheu de tal modo que já nela não cabem os envelopes maiores, hoje a máquina das senhas […]
Autoria da foto (e os meus agradecimentos): http://permanentereencontro.blogspot.com/2012/12/amores-de-perdicao.html
A propósito desta notícia de hoje.
Debate político entre Aventadores. A Esquerda, a Direita, e não só.
A actualidade em análise com as opiniões dos participantes no Aventar sobre a actualidade.
Debate sobre política, sociedade, actualidade, entre outros.
As músicas escolhidas pelos participantes do Aventar com espaço para entrevistas e apresentação de novas bandas, tendências e sonoridades.
Aqui reinam as palavras. Em prosa ou poesia. A obra e os autores.
Já sabia que o tolinho recebe conselhos do cão, mas não contava que começasse o percurso a lamber a mão do establishment.
Maria Luís Albuquerque, Aguiar Branco, Poiares Maduro, Teresa Morais e Castro Almeida deram à costa no montenegrismo. E parece que o dr. Arnaut, da ANA, também lá vai. Cheirará a poder? Ou a privatizações?
A acusação é de um grupo de militantes que abandonaram ontem o partido. André Ventura agradece.
Para o Kremlin a comunidade LGBT é “extremista” e a sua actividade deve ser banida. Já Yitzhak Pindrus, do partido United Torah, que integra o governo israelita, garante que são mais perigosos que o Hamas e que o Hezbollah.
Primeiro-ministro que se demitiu das funções assume no seu governo demissionário a pasta do ministro que se demitiu do governo demissionário e que já tinha tentado demitir-se antes, mas o primeiro-ministro à altura não deixou.
Contra Pedro Nuno Santos, contra a Geringonça e a favor de deixar um governo minoritário PSD/IL governar, para manter o CH do lado de fora da cerca sanitária.
Olhando para todos os envolvidos na “operação influencer“, e dos investimentos de milhões e milhões a que se reporta a matéria, será que António Costa e Silva ainda continua convencido que é Ministro da Economia?…
Fernando Medina, Ana Catarina Mendes, Mariana Vieira da Silva e até Duarte Cordeiro. E, claro, Pedro Nuno Santos. Todos eram falados, todos podiam suceder a Costa. Até que o tsunami aconteceu e o discreto José Luís Carneiro emergiu.
Malhou no PM todas as semanas. Sem excepção. Ainda assim, saiu na sua defesa. O regime está estar mesmo por um fio.
e descobrir o que terá acontecido ao cê da Acção.
O novo speaker da câmara dos representantes, Mike “MAGA” Johnson, é um nacionalista cristão. Em 2019 afirmou “Não queremos estar em democracia”. Pragmático.
Neste desastre em curso que vivemos, algo positivo aconteceu: a inflação desceu pelo segundo mês consecutivo, para o valor mais baixo desde Outubro 2021. Melhor que um pontapé nas costas.
de Nathan Fletcher para os Metallica, só este “*guitarist of Nirvana” de Conan O’Brien & Co. para o Novoselic.
Excelente artigo de Slavoj Žižek, no DN, sem paywall.
um terrorista massacrou 22 pessoas e feriu + de 50 em Androscoggin, Maine. A liberdade de todos comprarem armas como quem compra pão tem corrido maravilhosamente nos EUA.
Depois de Santana Lopes ter vindo “esta quarta-feira afastar-se da corrida presidencial”, era ter atalhado imediatamente: «Já que fala nisso, então “agora facto é igual a fato (de roupa)”»?”
O artigo do Pedro Magalhães, no Expresso, é o resumo perfeito do país que temos e, sobretudo, do país que a maioria dos portugueses quer ter. Ide ler que não tem paywall.
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