Ministro comete crime de apresentar queixa crime contra a Sábado por esta ter praticado um crime

O Direito, ah, o Direito, essa ciência inexacta e críptica e, pelos seus meandros e alçapões, por vezes tão maligna. O esforço que é necessário fazer para esclarecer alguns cidadãos dos seus obscuros desígnios.

Não será certamente o caso de bem intencionados “jornalistas”, a quem o interesse do público à informação rigorosa e isenta, intensa luz que os guia na sua ânsia de verdade, tantas vezes lhes inunda a ética e a deontologia. Esses sabem que o Direito é o agente da mais pérfida censura quando contra eles se vira.

Tomemos como exemplo um hipotético título jornalístico:

“Tiago Brandão Rodrigues cometeu um crime”

Tiago Brandão Rodrigues não é uma hipótese. É uma pessoa. E vá, ministro da Educação. Digamos que o hipotético título é de um órgão de comunicação social detido pelo grupo Cofina, insuspeito de lançar ataques ideológicos nos seus pasquins. E assentemos em que esse órgão é uma revista. Digamos, a “Sábado”. Decerto que não se importará de emprestar o seu reputado nome a este pequeno exercício de pedagogia.

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Embrulha!

Alexandra Leitão, Secretária de Estado da Educação, usa texto enviado pelo Ministério da Educação do governo anterior ao Tribunal de Contas para esclarecer a ilegalidade dos contratos de associação em zonas onde não exista carência de escolas públicas.

Dá gosto ver os peões da direita a rebolarem os olhos ao levarem com os seus próprios argumentos.

E se uma escola pública recebesse o mesmo que uma privada com contrato de associação?

O Director do Agrupamento de Escolas de Figueira de Castelo Rodrigo declara que, em 2015, lhe teriam sobrado 469 817 €. E esta, hein?

Directores de escolas de Coimbra em defesa da Escola Pública

Isto é muito simples: os defensores de privilégios à custa de dinheiros públicos estão necessariamente contra a escola pública e a favor do incumprimento da Lei. A hipocrisia grassa.

Ontem, graças a uma iniciativa da FENPROF, houve uma conferência de imprensa em Coimbra, com a participação, entre outros, de três directores de escolas públicas, homens conhecedores do terreno, que explicam tudo de modo claro e sucinto, desmontando, inclusivamente, a alegada superioridade do ensino privado.

No primeiro vídeo, ouvem-se as palavras do meu amigo Augusto Nogueira, Director da Escola Secundária D. Dinis; depois, Paulo Costa, Director do Agrupamento de Escolas Rainha Santa Isabel; finalmente, o Manuel Rocha, Director do Conservatório de Música de Coimbra.

Isto é muito simples: basta ouvir quem sabe. Os vídeos estão a seguir ao corte. [Read more…]

Luís Montenegro ignora o país…

…e preocupa-se com as pessoas. Com pessoas? A besta quadrada está em vias de extinção?

A favor dos contratos de associação

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O pessoal da caranguejola pafiosa continua a divertir-me e a preocupar-me. Neste momento, diverte-me um bocado mais, porque não está no poder. Preocupa-me, porque poderá voltar a estar. A última causa a que resolveram dedicar-se é a da defesa dos colégios, o que é cómico, tendo em conta que os colégios não foram atacados.

Primeiro, enquanto governo, perverteram os contratos de associação, permitindo a abertura de turmas em escolas privadas ao lado de escolas públicas, quando os contratos de associação, re-re-re-re-repita-se, foram criados para suprir a falta de oferta pública e não para financiar a concorrência de colégios ou de cooperativas a escolas do Estado.

Depois, fingem que há um levantamento comuno-marxista-norte-coreano-guerrilheiro-ateu-demoníaco-sindicalista-nogueirista contra os colégios. O diálogo não é de surdos, mas é com gente que se finge surda. O actual governo e os partidos que o apoiam dizem “Queremos rever os contratos de associação.” e a caranguejola pafiosa responde que é uma vergonha, que é um ataque aos privados e até a Nosso Senhor. O actual governo e os partidos que o apoiam falam na necessidade de racionalizar recursos e os caranguejoleiros dizem que há um ataque à liberdade de escolha dos pais e dos encarregados de educação. [Read more…]

O “Guia Nuno Magalhães” para o “Estado-pessoa-de-bem”

Contratos que o Estado pode rasgar: pensões, salários, prestações sociais, feriados. Contratos que o Estado não pode rasgar: financiamento de colégios privados.

 

Os contratos de associação em 3 minutos

Esta não é uma discussão ideológica. É uma discussão de boa gestão e políticas públicas. Não há qualquer racionalidade em pagar duas vezes pelo mesmo serviço.

A explicação simples e objectiva do Ricardo Paes Mamede.

via Geringonça

O contrato de associação do Colégio Paulo VI em Gondomar

Este post já tem 5 anos, mas dado que a Caranguejola aproveitou o assunto para dar os primeiros sinas de vida, parece-me fazer todo o sentido a sua republicação.

O post do João José Cardoso sobre a manifestação das escolas privadas em Lisboa fez-me querer saber quais são as 93 escolas que têm contratos de associação no país. Aqui estão elas.

Reparei que uma das escolas que mantém contrato de associação é o Colégio Paulo VI, em Gondomar. Estamos em presença de um bom colégio, mas não é isso que está em causa.

Porque o que está em causa é o seguinte: é um colégio que não cumpre o principal requisito das escolas com contrato de associação – oferecer educação gratuita a uma região que não dispõe de oferta pública. É que, em redor do Paulo VI, a menos de 1 ou 2 km, existe uma extensa rede de escolas públicas, todas com capacidade para albergar mais alunos. No total, são 47 escolas primárias (1.º Ciclo), 7 escolas E B 2 3 (2.º e 3.º Ciclos) e 4 Escolas Secundárias – Gondomar, Rio Tinto, S. Pedro da Cova e Valbom. São números que respeitam apenas à cidade de Gondomar e às freguesias limítrofes e que não contabilizam, por isso, as freguesias mais afastadas da freguesia-sede, como Jovim, Foz do Sousa ou Melres.
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Violência no Colégio

Foi mais ou menos isto que aconteceu, há meia dúzia de anos, no Colégio Paulo VI em Gondomar. Um aluno do 1.º ciclo destruiu uma sala de aula durante um ataque de fúria, provocado por um distúrbio do foro psicológico.
Acto contínuo, o aluno foi convidado a deixar o colégio. O Encarregado de Educação ainda argumentou com os problemas emocionais do seu educando, a professora saiu em sua defesa, mas a decisão estava tomada. A mãe teve de encontrar à pressa uma escola pública que o acolhesse. O aluno foi diagnosticado e rapidamente enquadrado no Ensino Especial. Apesar de continuar a ter Necessidades Educativas Individuais, é hoje um menino que adquiriu uma grande capacidade de auto-controle.
Esta história nunca poderia ocorrer no sentido inverso. Ou seja, um aluno do 1.º Ciclo nunca poderia ser expulso da sua escola e, ao mesmo tempo, ser acolhido de braços abertos por um colégio privado.
Porque a Escola Pública é democrática, universal, inclusiva. O ensino privado não.

Vou abrir uma escola nova

Aluno-tipo da minha futura escola

Aluno-tipo da minha futura escola


Entusiasmado com a proposta de Paulo Portas para a reforma do Estado, decidi abrir uma escola nova logo que possível. Já falei com alguns dos meus colegas – só quero os que dão melhores notas – e já estabeleci algumas regras básicas.
Na minha escola, só entrarão os melhores alunos. Média de 4 pelo menos. Alunos com nível 3 borda fora. Penso que a lei vai permitir, certo? Afinal, pelo que percebo, isto vai ser uma espécie de contrato de associação como nos colégios.
Espero que o Estado não boicote o meu projecto. Seria inconcebível! É que os nossos filhos devem poder escolher a escola, mas ninguém garante que a escola os escolha a eles. É assim que deve ser e não podia ser de outra forma.
Acho que vai ser um sucesso. Daqui a 3 anos a minha escola vai estar no topo dos «rankings»!

A arte da mentira em João Almeida

Houve Prós e Contras, coisa rara, pela segunda semana consecutiva. Os cortes orçamentais no estado discutidos por quem é pró e por quem é contra.

João Almeida e Ricardo Arroja levaram uma monumental coça, como se pode perceber pelos blogues do costume (queixando-se da irmã do secretário de estado dos supositórios, senhora que tantas vezes promoveu programas onde só a direita debate).

É natural: a “argumentação” resume-se ao clássico não há alternativas, vivemos acima das nossas possibilidades desde o 25 de Abril (dantes é que era bom); a k7 ideológica do costume em forma de ladainha quando encontra pela frente quem a desmascara acaba mal. E depois mente-se.

João Almeida à falta de melhor, dedicou-se às lendas e narrativas:

Poupar milhões com professores para despejá-los aos milhões nos colégios privados

Todos os anos, o Orçamento de Estado despeja 300 milhões de euros nos colégios privados por um serviço que a escola pública está perfeitamente apta a prestar, por menos dinheiro, tanto a nível de infra-estruturas como de recursos humanos.
A desculpa é sempre a mesma. Os contratos de associação começaram numa altura em que a rede pública não cobria a totalidade do território nacional. Hoje em dia, é argumento que já não colhe. Há escolas em todo o país e a sobre-lotação é um problema que não se coloca.
Esta situação, que é uma das maiores vergonhas nacionais, ganha contornos de especial gravidade agora que se fala do despedimento de milhares de professores que já estão no sistema. A explicação oficial é a de que não há dinheiro para pagar a esses professores porque não há alunos suficientes. Mas já há dinheiro para pagar 300 milhões por ano (o equivalente ao que se gasta com o RSI) para manter quase 1900 turmas, o equivalente a uns 50 mil alunos.
Isto vai muito mais além da mera discussão ideológica. Continuar a engordar meia dúzia de grupos económicos à custa do Orçamento de Estado (o mesmo que pagará depois os subsídios dos professores a despedir) é mais do que uma política errada. É um verdadeiro crime.

Cortes na Educação

Não sabemos onde vão cortar, mas sabemos onde de certeza NÃO vão cortar.

Quero uma escola só para os meus filhos, com um emblema do meu clube e que sirva bacalhau à Braz duas vezes por semana

Penso que será consensual afirmar que, numa determinada área geográfica, é justo que o Estado assegure a existência de espaço e tempo escolares suficientes para a população aí residente. A partir do momento em que isso esteja assegurado, com ou sem contratos de associação, por que razão deverá o dinheiro dos contribuintes servir para pagar mais espaços e tempos do que os necessários? Faria algum sentido abrir mais estações de correios ou mais centros de saúde do que os necessários? Do mesmo modo, não faz sentido o fecho indiscriminado de escolas ou o encerramento cego de centros de saúde, mas gastar mal dinheiro (a mais ou a menos) é um dos principais passatempos do Estado português.

Colide essa questão com a da tão apregoada liberdade de escolha? Por um lado, sim, sobretudo se estivermos a falar de uma faixa da população com limitações económicas e/ou que não valorize devidamente a escola. Este mesmo grupo deveria ser alvo de uma atenção especial por parte dos responsáveis pelas políticas educativas e sociais, sabendo-se, no entanto, que o verdadeiro problema está no facto de que as políticas educativas e sociais são, na realidade, manobras de relações públicas realizadas às ordens do Ministério das Finanças.

No meio desta luta a favor da manutenção indiscriminada dos contratos de associação, estão pais que desejam que o Estado lhes pague o privilégio de escolher a escola preferida para os filhos, independentemente de a zona onde vivem já ter tempo e espaço escolares suficientes. No meio desta luta, estão empresários que buscam o lucro fácil proporcionado pelas parcerias público-privadas que continuam a sugar dinheiro do Orçamento de Estado. No meio desta luta, estão muitas personalidades ligadas à Igreja, em busca de uma evangelização mais fácil, graças ao usufruto do dinheiro até daqueles que não são crentes. No meio desta luta, estão escolas que cometem abusos repetidos e silenciados sobre os seus funcionários. No meio desta luta, está muita gentinha que não sabe usar o direito a discordar. No meio desta luta, estão escolas que devem ter contrato de associação e escolas que não devem ter.

Blogger Convidado: Anadia e os Colégios de S. João Bosco e de Nossa Senhora da Assunção

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Agradeço desde já ao Aventar a simpatia de publicarem este texto. Pretendo expor a situação que se passa no concelho de Anadia, relativamente à polémica dos Contratos de Associação.

Em Anadia, os pais dos alunos de dois colégios, o Colégio São João Bosco (mais conhecidos aqui pela alcunha “os padres” ou “os Salesianos”) e o Colégio de Nossa Senhora da Assunção (conhecido pela alcunha “as freiras”) aderiram ao Movimento SOS Educação ( e, nas “freiras”, chegaram a encerrar a respectiva escola.

Ambos os colégio se situam a menos de 1,5 quilómetros da EB 2,3 de Anadia (conhecido por “o ciclo”) e da Escola Secundária Camilo Castelo Branco (o “liceu”), como é possível ver na imagem. [Read more…]

Os lobbies de Maria de Lurdes Rodrigues, essa minúscula personagem a que a História dedicará menos do que um rodapé

À medida que o tempo passa, fica cada vez mais claro que a antiga Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, dedicou todo o seu mandato à destruição da Escola Pública e que todas as medidas que tomou tiveram como único objectivo a imolação do prestígio dos professores junto da opinião pública. Há que saber ganhar a vida e Maria de Lurdes Rodrigues conseguiu parcialmente atingir os seus objectivos: apesar de os professores continuarem hoje em dia a estar entre os profissionais mais confiáveis junto da opinião pública, Maria de Lurdes Rodrigues garantiu o ordenado milionário, na FLAD, para o qual trabalhou ao longo de quatro longos anos.
Moralmente corrupta, Maria de Lurdes Rodrigues nunca «conseguiu» ver que a generalidade dos contratos de associação já não se justificava perante a oferta pública existente e que os mesmos não passavam de uma descarada defesa do ensino privado à custa da Escola Pública. Foi fácil bramir junto dos portugueses o fantasma dos sindicatos de professores, mas perante os lobbies dos Colégios Privados, já não teve pejo em acolher todos seus interesses e preocupações. Ao longo dos anos, Colégio de S. João de Brito e quejandos continuaram a receber milhões de euros da mama do Estado sem que Maria de Lurdes Rodrigues sentisse o mínimo impulso interior que a levasse a alterar a situação. [Read more…]

Os colégios de Coimbra e o direito à desigualdade

Finalmente foi apresentado o estudo sobre Reorganização da Rede do Ensino Particular e Cooperativo com “Contrato de Associação”, em boa hora encomendado à Universidade de Coimbra. Logo atacado por ter sido dirigido por um conhecido militante do PS, já que por pudor ainda não disseram o que lhes vai na alma e podiam assumir sem vergonha: tal estudo só poderia ter sido encomendado à Universidade Católica, é claro.

Bem, a Carta Educativa do Município de Coimbra foi elaborada pelo conhecido militante do PSD José Manuel Canavarro e já concluía que

A capacidade da rede de escolas existente é, em termos de salas de aula, globalmente suficiente face às necessidades actuais. Em particular no que respeita às escolas públicas, a taxa de ocupação é de 73% em termos agregados e de 60% no caso das escolas secundárias.

o que só demonstra que em Coimbra ainda há uma Universidade a sério.

Numa leitura rápida do que foi hoje publicado, e respeita a Coimbra, fica finalmente denunciado o escândalo de os contratos de associação roubarem descaradamente alunos à rede pública, criando um gueto social absurdo, conforme tenho escrito e repetido. Destaco estes dados: [Read more…]

Escolas com contrato de associação – uma tragicomédia em dois ou três actos, no máximo

O Aventar pratica a pluralidade. Imagine o leitor que até adeptos do Futebol Clube do Porto há por aqui, o que prova que não é possível ser-se mais tolerante. No meio desta pluralidade, houve três de nós (dois são do FCP, mas enfim…) que se têm vindo a dedicar, mais amiudadamente, à árdua tarefa de denunciar a existência de algumas escolas que traem o que está estipulado nos contratos de associação que assinaram. A pluralidade do Aventar pratica-se, igualmente, na caixa de comentários e as críticas feitas pelos três aventadores têm suscitado um debate animado que, sem dúvida, engrandece o blogue, mesmo quando houve lugar a alguma agressividade e a alguns mal-entendidos, a par de outras contribuições mais cordatas, mesmo que discordantes. Entretanto, apercebi-me de que há um défice de texto dramático neste n(v)osso blogue e resolvi juntar tudo: as pequenas dramatizações que irei publicar terão o objectivo de sintetizar algumas opiniões nossas e satirizar as reacções de alguns comentadores. Para representar os aventadores criei o Antunes (que não é mais do uma lyoncificação dos nomes João José Cardoso, Ricardo Santos Pinto e António Fernando Nabais); para representar os comentadores mais irados, fiquei-me por um festivo “Comendador”, até pela paronímia. Espero que alguns não gostem e que levem a mal. [Read more…]

Escolas com contrato de associação – uma espécie de ponto da situação

Separar o trigo do joio é do interesse do País e das escolas

Os textos acerca do Colégio Rainha Santa, em Coimbra, do Colégio Paulo VI, em Gondomar, ou do Grande Colégio Universal, no Porto, não tiveram como objectivo criticar a existência de escolas privadas com contrato de associação (e, se assim o pretendessem os seus autores, estariam no seu pleno direito). Limitaram-se a analisar casos específicos, tendo demonstrado que, nas três situações, as referidas escolas estão na proximidade de escolas públicas, para além de, ao que tudo indica, seleccionarem os alunos, quebrando, de uma penada, duas regras impostas pelo contrato de associação, tal como, aliás, está anunciado no site “Escolas com contrato de associação”. Situações como estas já deveriam ter sido analisadas, há vários anos, e deveriam estar mais que resolvidas.

No entanto, com a sensibilidade de um mamute numa loja das mais finas porcelanas, a Direcção-Geral das Finanças para os Assuntos Educativos, vulgo Ministério da Educação, recebeu ordens para reduzir as despesas relativamente a todas as escolas com contrato de associação, indiscriminadamente. Esta tendência taurina do governo para baixar a cabeça e ir em frente tem como inevitável consequência fazer pagar o mesmo a justos e pecadores. Não deixa, também, de ser verdade que as escolas com contrato de associação parecem estar a agir em bloco, certamente acreditando que a união faz a força, mas correndo o risco de se misturarem justos e pecadores.

É urgente separar o trigo do joio e descobrir quais são as escolas que merecem manter o contrato de associação e as que não merecem. Se isso não for feito, as que não merecem continuarão a receber dinheiro a que não têm direito, mesmo que com cortes, e as cumpridoras verão diminuído o orçamento. José Canavarro tem aqui uma proposta que me parece sensata. [Read more…]

Grande Colégio Universal: mais dúvidas acerca de uma escola com contrato de associação

Visitando o site das escolas com contrato de associação, é possível saber moradas, telefones, endereços electrónicos, tudo, o que é muito útil. Numa passagem recente, resolvi espreitar a cidade do Porto e descobri, por exemplo, que o Grande Colégio Universal fica na Rua da Boavista, na proximidade, portanto, de muitas escolas estatais. Como se justifica, então, para começar este contrato de associação?

Para além disso, é possível ler, na secção “Perguntas e Respostas” do site da associação, a seguinte informação:

• O que são contratos de associação?

São contratos assinados pelo ME com escolas de gestão privada, através dos quais o ME se compromete a pagar o serviço educativo que estas prestam – em montante equivalente ao custo por aluno no ensino estatal – de modo a que os alunos abrangidos pelo contrato possam frequentar a escola gratuitamente.

Depreende-se do sublinhado que uma escola com contrato de associação não possa cobrar mensalidades. No entanto, se entrarmos na ligação “Perguntas frequentes”, na página do Colégio Universal, descobrimos um preçário. [Read more…]

Pela liberdade de escolher a Escola dos nossos filhos

A realidade sócio-económica dos alunos das Escolas Privadas vai mudar com a liberdade de escolha


O Aventar é um blogue plural e nem todos temos as mesmas opiniões acerca de tudo. E a verdade é que depois de tudo o que tenho lido e ouvido sobre os contratos de associação e sobre o ensino privado v ensino público, mudei um pouco de ideias. Confesso que passei a defender que todos os pais deviam poder escolher a escola para os seus filhos. Mais: exijo essa liberdade de escolha. Este post do João Miranda convenceu-me definitivamente.
Quero pagar para ver a nova realidade sócio-económica das escolas públicas e privadas e, se possível, num lugar de primeira fila. Onde poderei ver os putos do Bairro do Aleixo ou de Miragaia, no Porto, a entrarem pelo Colégio de Nossa Senhora do Rosário adentro, cumprimentando com educação as freiras e os padres; os miúdos do Ingote ou do Bairro da Rosa, em Coimbra, a invadirem de forma muito ordeira o Colégio Rainha Santa; a chavalada de Chelas e do Bairro da Quinta do Mocho, em Lisboa, a ocuparem os melhores lugares do Colégio de S. João de Brito.
Mas há uma condição: as escolas privadas não poderão escolher os alunos, terão de aceitar tudo o que lhes calhar em sorte.
Acreditem, vai ser divertido… e o melhor que podiam fazer à Escola Pública.

O Colégio Paulo VI em Gondomar, um colégio com contrato de associação, admite a selecção dos alunos no seu Regulamento Interno

Pelo meu post anterior, já ficou provado à saciedade que o Colégio Paulo VI em Gondomar nunca poderia ter contrato de associação com o Ministério, visto que a condição principal para ter contrato de associação é não existir oferta pública na região. E em volta do Colégio Paulo VI, para além das 4 Escolas Secundárias do concelho de Gondomar e das inúmeras Escolas Secundárias do Porto e arredores, o que não falta é oferta pública (pode ter havido uma razão histórica para a assinatura deste contrato. Agora já não há).
Depois, há a questão da selecção de alunos. Uma escola com contrato de associação tem de aceitar todos os alunos da sua área de residência – é o que diz a lei. O Colégio Paulo VI não o faz. Selecciona os alunos pelo seu aproveitamento escolar e assume-o no seu Regulamento Interno:

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Paulo VI, o Colégio que tem um contrato de associação no centro de Gondomar e que selecciona os alunos


O post do João José Cardoso sobre a manifestação das escolas privadas em Lisboa fez-me querer saber quais são as 93 escolas que têm contratos de associação no país. Aqui estão elas.
Com espanto, verifiquei que uma das escolas que mantém contrato de associação é o Colégio Paulo VI, em Gondomar. Estamos em presença de um bom colégio, mas não é isso que está em causa.
Porque o que está em causa é o seguinte: é um colégio que não cumpre o principal requisito das escolas com contrato de associação – oferecer educação gratuita a uma região que não dispõe de oferta pública. É que, em redor do Paulo VI, a menos de 1 ou 2 km, existe uma extensa rede de escolas públicas, todas com capacidade para albergar mais alunos. No total, são 47 escolas primárias (1.º Ciclo), 7 escolas E B 2 3 (2.º e 3.º Ciclos) e 4 Escolas Secundárias – Gondomar, Rio Tinto, S. Pedro da Cova e Valbom. São números que respeitam apenas à cidade de Gondomar e às freguesias limítrofes e que não contabilizam, por isso, as freguesias mais afastadas da freguesia-sede, como Jovim, Foz do Sousa ou Melres. [Read more…]

Não se justifica o apoio ao ensino privado

Actualmente, são quase 100 as escolas privadas que contam com o apoio do Estado através da concessão de subsídios aos seus alunos. No total, cerca de 300 milhões de euros do Orçamento de Estado são todos os anos canalizados para essas instituições.
Há uma razão histórica. Os contratos de associação começaram numa altura em que a rede pública não cobria a totalidade do território nacional. Hoje em dia, essa razão já não se justifica. Há escolas em todo o país e a sobre-lotação é um problema que se coloca cada vez menos, sobretudo no interior e nas grandes cidades, em que o número de alunos é cada vez menor.
Contribuir para o ensino privado é desvalorizar a escola pública. Como se pode entender que o Estado pague a elevada mensalidade a um aluno quando haveria lugar para ele, sem acréscimo de custos, numa escola oficial?
Dou um exemplo entre muitos que poderiam ser dados: no centro do Porto, no eixo Batalha / Campanhã, fechou nos últimos anos o histórico Rainha (Escola Secundária Rainha Santa Isabel) e a Escola Secundária Carlos Cal Brandão. Mesmo em frente, virado para a Biblioteca Municipal, o Colégio de Nossa Senhora da Esperança, um dos mais miseráveis estabelecimentos de ensino que conheci, propriedade da Misericórdia do Porto, continua com o contrato de associação e até alargou a sua oferta do 9.º para o 12.º ano.
Numa época de cortes a torto e a direito, são 60 milhões de contos que vão direitinhos para os bolsos dos privados. Enquanto isso, escolas públicas fecham, professores com horário zero continuam sem trabalho (mas com salário) e milhares de professores profissionalizados pelo Ministério da Educação continuam no desemprego. É por tudo isto que saudo a iniciativa do Governo de rever completamente estes contratos.
Assumo que esta é, acima de tudo, uma questão ideológica.