Avaliação dos professores vai para o Tribunal Constitucional: uma coligação negativa contra a Educação

Cavaco Silva remete suspensão da avaliação dos professores para o TC

Os inimigos da Educação detêm, há vários anos, o poder de decidir sobre a Educação. Com o Cavaco primeiro-ministro começou o descalabro da obsessão com o sucesso estatístico. O mesmo Cavaco, agora presidente, continua a pôr-se ao lado de uma política contra a Educação, porque, como demonstra aqui o Paulo Guinote, o pedido de verificação de constitucionalidade constitui uma machadada na primeira possibilidade de dar às escolar um primeiro momento de tranquilidade ao fim de seis anos, de conceder aos professores tempo para se preocuparem com o essencial, em vez de continuarem a andar preocupados com um modelo que pode ser de muita coisa, mas não é de avaliação, ao contrário do que afirmam todos os ignorantes atrevidos que insistem em escrever e em falar sobre o que não sabem.

As reacções de CDS e PSD são frouxas, o que não é de admirar, vindo de partidos que votaram a revogação por meros motivos eleitoralistas. A Isabel Alçada, essa insignificância, vê nisto uma boa notícia, mas outra coisa não seria de esperar de quem vê boas notícias em tudo o que seja nocivo para a Educação.

Portugal, no âmbito da Educação, vive em crise há dezenas de anos. Quando se esperaria que a Democracia viesse resolver esse problema, uma coligação negativa tem torpedeado aquilo que devia ser o fundamento de um país. Políticos incompetentes e desavergonhados, produtores de teorias educativas deslumbrados com a sua própria vacuidade vaidosa, comentadores ignorantes e sindicatos distraídos ou colaborantes fazem parte dessa coligação, mas o pior é que a Educação não é uma prioridade cívica de cidadãos que preferem indignar-se com os erros dos árbitros no futebol.

Crise no churrasco

Cena 1. Quatro conhecidos passeim-se à beira Tejo, gozando os raios de um Sol que há muito tardava. Um deles generosamente convida os demais para uma patuscada num rodízio, mas  um dos sortudos (1) declara ter imperiosamente de ir a casa antes do jantar.

Cena 2. Enquanto os outros esperavam no carro, o tal foi a casa e uns dois ou três minutos depois, regressou com uma mochila. Ninguém percebeu o porquê do saco, mas não se colocou qualquer questão. [Read more…]

neoliberalismo e materialismo histórico

Vivaldi: il cimento dell’armonia e dell’inventione

Escrevi ontem um texto comparando o que não tem comparação. Intitulei As minhas memórias e a Segunda morte de Allende, com exemplos de pessoas que não têm comparação. Vamos deixar em paz, por ter tratado mal a quem não devia. Quem leia o texto, saberá. Comparar o neoliberalismo com o materialismo histórico, é como tentar misturar água com azeite.

Bem sabemos, porque já o tenho referido en outros ensaios para este blogue, que o liberalismo é a teoria económica organizada por Adam Smith: essa proclividade, que ele denomina, do homem a trabalhar. Bem como apresenta, ao longo de mais de  a do trabalho nasce os lucros que enriquecem às nações. É natural que um autor de 1776, elabore esse tipo de teoria: era escocês, porém britânico, tutor do filho do Duque de Buccleuch com quem percorreram todo o mundo, conheceram terras, formas de trabalho e estudaram com François Quernay, referido por mim como o fundador da teoria da fisiocracia: a indústria não é um bom investimento, alimentasse com dinheiro, enquanto as plantas, os animais, os cereais, são o fruto da terra que, com trabalho cuidado, como descreveu nos seus textos para a Enciclopédia de D’Alembert e Diderot: Rendeiros (1756) e Cereais (1757). [Read more…]

Um país a afundar

Um barco que há muito começou a meter água, a afundar, encalhado, em agonia. Assim é, assim está Portugal! Como a maioria dos portugueses, senão todos, sinto que caminhamos para o abismo.

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Os políticos não se entendem, criticam, acusam, e nada fazem para tirar o país desta crise sem fim. A oposição conseguiu finalmente o que queria: derrubar o Governo e obrigar o país a recorrer à ajuda externa, sem pensar nas consequências que isso trará para o país, para os portugueses.

Sinto que, para os políticos de hoje, o que interessa é chegar ao poder, custe o que custar. Nem que isso implique arrastar os portugueses para a miséria, onde muitos já se encontram. O PSD não apoiou o PEC IV, levando à demissão do Governo, o que a meu ver, veio agravar ainda mais a situação económica do país – as principais agências de notação financeira baixaram a classificação da dívida pública e dos bancos portugueses, que por sua vez, “fecharam a torneira” ao Estado, tornando insustentável a governação.

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Relectir sobre o país

Um minuto de silêncio para reflectir sobre o que correu mal…

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Já está? Ok, vamos lá fazer essa campanha e ganhar votos. Não se esqueçam de dizer que somos os maiores. Os erros, já sabem, são dos outros. Nós somos os bons.

A economia, parente pobre da “Ajuda Externa”

Ao querer centrar as culpas apenas em Sócrates – e ele é um dos máximos culpados, mas não o único – pratica-se um acto de branqueamento de outros altos responsáveis pela situação económica a que Portugal chegou. Em editorial de hoje, o ‘El País’ é certeiro na análise, quando diz:

A sociedade portuguesa enfrenta agora uma situação paradoxal. A ajuda financeira da UE não significa que os problemas económicos do país tenham terminado; apenas se evita uma situação pior para a insolvência do país, falhar pagamentos. Em troca do resgate europeu, a economia portuguesa terá de aplicar um programa drástico de ajustamento, similar ou mais duro do que o plano de Sócrates reprovado no Parlamento.

O epicentro do pedido de resgate foi o sistema financeiro, com particular protagonismo dos banqueiros; banqueiros estes que, com afiada ganância e em concertação com os grandes empreiteiros de obras públicas e sociedades advogados, inundaram o Estado de dívidas de PPP’s  e outras – o actual PR foi quem, como PM, inaugurou a moda em Portugal. Outros seguiram-no. Já aqui, em Janeiro passado, chamávamos a atenção para o facto de haver banqueiros interessados na entrada do FMI em Portugal.

A economia foi engolida pela onda de alienações a estrangeiros de unidades industriais e da destruição das produções agrícolas e pesqueiras. O turismo, o comércio dominado pelas grandes superfícies, mais as exportações da Auto-Europa, de uns vinhitos, de cortiça desvalorizada e ainda uns trocos formam parte substancial do nosso PIB .

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Sócrates, nunca mais

A cena é exemplarmente elucidativa. Após a intervenção de Teixeira dos Santos na Assembleia da República aquando do debate do chamado PEC IV que ditaria a queda do governo, Sócrates abandona ostensivamente o hemiciclo sem ouvir o que a oposição, toda a oposição, tinha para lhe dizer. Foi o último acto parlamentar deste “tiranete da Beira”, deste vendedor de ilusões intrinsecamente mentiroso, que acrescentou agora a este “currículo”, mais uma faceta – a cobardia. Sócrates foi o primeiro “rato” a abandonar o barco, quando lhe competia ser o último. Definitivamente, Sócrates não presta. E recorrendo agora “a todos os truques para falsificar a sua responsabilidade”, este malabarista de feira foi “o homem errado no momento que podia ter sido certo”. Porque vaidoso, egocêntrico, arrogantemente convencido de um talento que, de facto, não possui, rodeou-se de apparatchiks e, “a partir de 2009, sentou no Conselho de Ministros, a mais completa colecção de jarrões de sala que alguma vez se viu em Portugal em volta de uma mesa”, conforme ironia feliz de Helena Matos. [Read more…]

A imagem final

Teixeira dos Santos visto pelo Le Monde

Sócrates e Teixeira dos Santos no El País.

Pelo menos, desta vez, a culpa não morreu solteira

Com ar grave mas azedo. Com um aspecto cansado mas sempre preocupado com a imagem. Sempre pronto para dizer que ‘todos’ os portugueses têm de compreender o pedido de ajuda financeira de Portugal. Que ‘todos’ temos de colaborar.

Já a culpa pelo estado lastimável do país, seja financeiro, económico e social, não morre solteira. Desta vez temos a quem apontar o dedo. A quem pedir responsabilidades. Quem? À oposição, claro. Sim, que os Governos de José Sócrates não têm culpa nenhuma, não são responsáveis. São uns pobres coitados que agora ficaram com o menino nas mãos.

Já nem é um caso de falta de vergonha ou aldrabice. É patológico.

o saber sexual das crianças. desejo-te, porque te amo

Bellini, Norma, Area Casta Diva, Maria Callas

Nota introdutória e intercalada: este texto forma parte de um livro publicado no ano 2000, Afrontamento, Porto, apresentado na Guarda por Daniel Sampaio. Intercalo estas palavras na minha multidão de blogues, para calar um pouco o debate político que até o dia de hoje, tenho endereçado aos leitores.

Estas crianças crescidas, são o resultado das estratégias reprodutivas dos seus ancestrais, como vamos ver no capítulo 3. O seu saber, é manipulado ao contrário do ensinado pelos pais, pelos parentes. O seu saber é levado pela conjuntura dos tempos e das reacções dos seus pares. Eu insisto de que as crianças estão feitas para fugirem deles, das formas mais complexas possíveis. (Iturra 1997 c). Em pequenos, da sua vista. Em adultos, da sua vigilância

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A Avenida do Centrão desemboca no FMI

Percorremos a longa ‘Avenida do Centrão’ desde 1985, com Cavaco, Guterres, Barroso e Sócrates – Santana praticamente não contou. Estafámos tudo o que houve para estafar. De bolsos vazios, andrajosos e descalços, desembocámos no abismo: FMI!.

Falar de abismo é exagero? Não, estou certo. Evitem-se comparações com o passado. O mundo hoje é muito mais complexo. Uns conselhos: leia-se o que escreveu aqui Joseph Stiglitz; tome-se em atenção o lucro do FMI gerado pelas ajudas à Grécia e Irlanda, segundo o blogue ‘Ironia d’Estado’; e ainda mais uma achega, olhe-se para a evolução dos juros de financiamentos a 10 anos aos Estados da Grécia e da Irlanda, após intervenção do FMI:

Grécia

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Irlanda

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Fonte: Bloomberg, aqui e aqui.

Depois das “ajudas” da UE e FMI – ambas em 2010, em Maio à Grécia e em Novembro à Irlanda – as taxas de juro da dívida pública de um e outro país registaram um movimento ascendente acentuado: ontem, 6 de Abril, a Grécia pagava 12,72%/ano e a Irlanda 9,37%/ano.  [Read more…]

Gracias (em homenagem aos que se seguem)

Sócrates AnjinhoO momento da encenação. Detalhe das preocupações de um homem prestes a dizer aos portugueses que vão de mal a pior. É de ver o vídeo do ensaio.