La Casta

03-10-2014 19h23

Outubro, Montanha, quarto crescente.

Carta muito aberta à srª ministra da Justiça e militante do PPD agora PSD

ppd velharias

Isto quem nasce para o que é, não tem remédio, já dizia um tal de Calvino e a vida demonstra como é verdade. Por isso, srª ministra, estou consigo, pedófilos é base de dados pública com eles, enquanto não se pode meter um ferro em brasa na testa com um P bem visível, que aquilo não é gente, é gado.

Esta coisa do P de pedófilos avivou-me a memória, como o tempo muda e tanta novidade se alcança. Veja lá, srª ministra, que a palavra se existia no meu tempo não era usada. Mas agora acorda-me outras recordações.

Ao final da tarde, à saída das aulas, era limpinho, lá estava na sua  carrinha o Amadeu Paneleiro estacionado à porta do Liceu, ostentando a sua obesidade, como agora se diz, que naquele tempo era só gordo.

No circuito do currículo oculto, esta também só aprendi mais tarde, depressa e entre colegas nós os mais putos ficámos sabedores do negócio, tempo dos primeiros cigarros comprados avulso e estranheza por um dia aparecer um colega dos mais tesos com um maço cheio: [Read more…]

Altruísmos

AI COIMBRA

Um dos tiques mais irritantes da comunicação económica e empresarial dos nossos dias – tributário do “politicamente correcto” que tantos veneram – é a persistente ideia de que uma empresa abre, não para ter lucro mas para, de modo altruísta, “criar postos de trabalho”. Agora mesmo foram autorizados em Coimbra – com potenciais efeitos devastadores sobre o tecido social e económico da cidade – mais dois hipermercados em pleno tecido urbano central da urbe, um deles na sua avenida axial. E como se comunica a golpada?

“Duas empresas vão criar em Coimbra 100 postos de trabalho”. O habitual servilismo jornalistico não cuida de saber quantos empregos esta operação vai destruir – obviamente muitos mais do que os que vai criar -, quais os seus efeitos funestos no pequeno comércio da baixa coimbrã e na relação dos habitantes com as áreas mais nobres da sua cidade. Que lhes importa isso se – não sei se já vos disse… – vão ser criados 100 – postos -100 de trabalho? Digamos todos em coro: “Obrigado, sr. Belmiro!”.

Francisco Martins, 1946-2014

Julho faz mal às guitarras. Dez anos após a morte de Carlos Paredes perdemos outro grande, Francisco José Martins. Sobre o homem ler aqui e aqui. Mais composições:

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Carlos Paredes não morreu há 10 anos


Manual de Anatomia Coimbrã: esqueleto, rio, músculos, povo, ruas e vísceras, dissecados por Mestre Carlos Paredes, a partir de uma variação de Artur Paredes a uma cantiga de José das Neves Elyseu.

Um povo oprimido por alguns

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Quando a imagem da Rainha Santa Isabel entra na cidade de Coimbra é recebida com um discurso de saudação, lido pelo responsável da paróquia de S. Bartolomeu. Tal como há dois anos, o padre António Jesus Ramos não se esqueceu de que a rainha santificada é padroeira da cidade mas também dos pobres. E não, não foi de caridade que falou, mas dos que andamos “vergados ao peso da opressão de alguns que se julgam donos do mundo“. Como isto se passa na minha aldeia não é notícia nacional. Ora leiam com atenção:

Dona Isabel de Portugal! Rainha Santa!

É com olhos carregados de espanto que todos observam esta enorme multidão que aqui se juntou, espontaneamente, vinda de todos os bairros da cidade, das vilas e aldeias das redondezas, e muitas de tão longe, que podem chamar à sua caminhada uma verdadeira peregrinação. Por isso é natural que nos façamos a pergunta sobre a razão de tão vasto ajuntamento, reconhecendo, à partida, que figura pública alguma, das que hoje por aí se pavoneiam em busca de algum aplauso que satisfaça a sua vaidade mal dissimulada, será capaz de fazer reunir. [Read more…]

Contribuições para um debate sobre o estado da nação

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da série ia a passar no meu bairro, jjc, 2014.

Coimbra é uma lição

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Outono de 1570: o jovem rei Sebastião viaja até Coimbra, entra numa aula, e é recebido com uma enorme pateada. De imediato mete a mão à espada mas é serenado: tratava-se de uma tradição académica de reverência a sua majestade, uma honraria rara, uma praxe, dir-se-ia tempos mais tarde, e o rei sorriu, agradeceu, e segundo um cronista voltou todos os dias repetindo-se o enxovalho.

Verão de 2014: numa comemoração os governantes são interrompidos por

um grupo de estudantes repúblicos, empunhando cartazes e interpelando e interrompendo os oradores, recorrendo a linguagem rude e até a insultos.

As “provocações” estudantis fizeram-se sentir com particular intensidade durante a intervenção do presidente da Câmara de Coimbra, Manuel Machado. Neste contexto, o orador seguinte – o secretário de Estado da Cultura, Barreto Xavier – recusou-se a falar.

A enxovalhar governantes desde o séc. XVI, isto é que é uma tradição académica, centenária, património da Humanidade. Mai nada.

 

Imagem

Primavera

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Coimbra, Praça Velha, Maio de 2014

O 25 de Abril em Coimbra


Há horas que são de todos, imagens do 25 de Abril em Coimbra, sobretudo a partir do espólio do Formidável fotografo Fernando Marques. Sem som. [Read more…]

S. João Baptista

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Milagre fotográfico ocorrido aos 7 dias de Março de 2014 no Café S. Cruz, em tempos igreja de S. João Baptista de S. Cruz, e do qual fui mero intermediário.

A praxe em Coimbra é bué de voluntária

Eis um exemplo de completa ausência de pressão sobre os novos estudantes, que como diz o presidente da DG têm um primeiro contacto com a AAC e só depois com estes colegas mais velhos que carinhosamente lhes concedem o livre arbítrio de serem ou não humilhados, perdão, praxados.

No ano seguinte estarão a fazer o mesmo aos novos alunos, e etc. etc. etc.

Ainda há reitor? onde pára a polícia? o bullying não chega às universidades?

Coimbra não é vossa

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Para quem não está a ver como é a vida na cidade que viu nascer a tal de praxe, passo a  narrar. Quinze dias do ano em particular, e muitas das terças e quintas em geral, as leis por aqui não são iguais para todos.

Hordas de bêbados atravessam as ruas a qualquer hora da noite berrando, no intervalo de elas  em coro exigirem mais caralho que as foda e eles mais cona que os satisfaça, Coimbra é nossa. Todas as regras sobre ruído e manifestações públicas são mandadas às malvas com a cumplicidade amedrontada da PSP, Polícia Municipal e Ministério Público.

Este estado de excepção leva a que o sono dos indígenas e aqui emigrantes seja um direito perdido num território com  uma constituição à parte, a que podíamos acrescentar  a esterqueira em forma de vómitos e detritos vários que temos de suportar na manhã seguinte. Mas é considerado normal numa cidade onde por exemplo o saque e a vandalização não são perseguidos, um longo historial de burlas nas contas  das festas académicas não é investigado, um simples roubo no Museu Académico é narrado ao contrário. [Read more…]

A verdadeira tradição coimbrã

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Praxe, tradição, universidade, boémia, andam estas palavras metidas no mesmo novelo,  a ver se o desenrolamos, fica o desenho de um jantar,  para quem anda baralhado:

Tradição coimbrã é quando dois cotas veteranos entram no Zé Manel, são sentados na mesma mesa onde um jovem casal já debica as espinhas porcinas, caloiros, e coincidindo nos cogumelos aporcalhados em segunda degustação a Isabel pede o verde da travessa de grelos, travessa para quantos? quatro, como estamos sentados, ora essa.

Naturalmente, depois de nos agradecerem o corte no refogado , pagaram silenciosamente a verdura que salvou a segunda arremetida proteica, não é para meninos, o Zé Manel conhecido internacionalmente como dos Ossos.

Coimbra e tradição, não é de esquerda nem direita, é para quem sabe.

A ilustração, Zappa na Retrete,  viveu em forma de poster durante décadas no Zé Manel, ao lado de outro clássico com moscas, e desapareceu, como outras preciosidades, após uma Asae qualquer. Que se saiba o “conselho de veteranos” não se manifestou.

Dura Praxis, Sed Estupidus

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Em 1974 o  fim da censura fez de Escuta Zé Ninguém de Wilhelm Reich um sucesso de vendas, que arrastou a publicação de mais obras do autor, um discípulo chanfrado de Freud com um bocadinho de Marx mal lido à mistura.

Numa delas, O Combate Sexual da Juventude se bem me recordo, explicava o sucesso da Juventude Hitleriana junto dos adolescentes arianos por uma razoável liberdade sexual que reinaria nos acampamentos mistos, tipo campismo com quecas. Desconheço a veracidade de tal, mas recordo-me de na altura ter meditado no ascetismo que vigorava em grande parte da esquerda não sendo bem assim na direita, e cheirou-me a esturro. Assim foi, o assunto queimou-se.

A “restauração da praxe” nessa mesma década em Coimbra não foi fruto dessa leitura, mas vista hoje à distância até parece. [Read more…]

Em Coimbra a 21 de Janeiro de 1974 (…) rua Antero de Quental

Uma cruz carrega-a quem quer, ou se sujeita. Faz 40 anos alombo a minha, uma delas, ainda sou do tempo – quando as cruzes também mediam o fígado -, porque me sujeitei e depois porque assim a mandei estar.

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Pago, custou caro, teve seu tempo. Pago o preço de fiel na seita, acreditando em deuses miraculosos que eram filhosdaputa fabulosos. Como todos os deuses em todas as seitas. Como se fecha um puto de 14 anos com dois polícias, uma tarde, num vão de escada com a luz de Janeiro a passar sobre a Praça, ali mesmo abaixo, e a máquina de escrever, seu peculiar silêncio e som, a banda sonora do interrogatório, tarde fora. [Read more…]

Prá-Kys-Tão

Num mundo perfeito quem saísse de casa para ir estudar numa universidade ia viver para uma república. Aprendia o que tinha para estudar e a viver com os outros. O mundo é como é, e as repúblicas de Coimbra estão a sofrer um ataque que já foi tentado na década de 80, e que desta vez ameaça ter sucesso. Pela primeira vez uma lei das rendas não as contempla.

Há que defendê-las uma a uma, até porque não se sabem unir. A Real República Prá-Kys-Tão está desde 1951 na mais bela das casas, a Casa da Nau, e precisa de fazer obras:

Para ajudar, é aqui.

Na minha montra não te sentas

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Largo das Ameias, Coimbra, 2013.

Coimbra, património criminal da impunidade

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Em 24 horas duas reportagens televisivas atiraram à nossa cara como em Coimbra se lecciona uma aula de criminalidade impune, consciente desleixo de quem a podia punir, pura corrupção. A despeito de as ovelhas e carneiros que somos não terem cara, mas mero embora ternurento focinho.  [Read more…]

O ensino privado em Portugal, uma gordura do estado

Em Janeiro de 2011 publiquei aqui este mapa. A amarelo as escolas públicas de Coimbra, a verde as privadas, sustentadas pelo estado. Agora, finalmente, uma reportagem televisiva, na TVI mostra o escândalo. Pelo meio tanta mentira sobre a necessidade de os contratos de associação servirem para substituir o estado onde este não chegava.

Ironicamente no mesmo dia em que foi publicado um novo estatuto do ensino particular, legalizando o que foi um roubo ilegal durante décadas.  A Parceria Público Privada da educação não passa de mais do mesmo: empresários, e uma igreja, tudo encostado ao estado.

Veja a reportagem de Ana Leal: [Read more…]

Não há becos sem saída

 

Latada

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Fotografia de Pedro Frias, via A Cabra.

A praxe da praxe

Embora me tenha oposto, e muito,  à restauração da praxe (a de Coimbra, é claro, fotocópias bem ou mal tiradas não merecem nem uma linha) devo dizer que deixei de o fazer com grande empenho. Posso agora gozar com os meus amigos então praxistas, com o clássico “estás a ver o que vocês arranjaram?” de preferência quando eles e elas passam assegurando aos gritos que querem é foder. O deprimente espectáculo da Queima das Fitas também serve, para qualquer humano que tenha bebido menos de duas cervejas antes e a quem reste o mínimo de bom senso. Em segundo porque tenho coisas mais importantes para fazer.

Se calhar é altura de fazer esse história. A da ilegal restauração do que formalmente continua suspenso, do empenhamento na altura do comércio local hoje em vias de extinção, das forças vivas da direita conservadora, que hoje coram ao verem passar o vómito generalizado e a queca pública.

Há um aspecto que  não mudou na praxe, e no fundo é a sua essência: a divisão de um universo de iguais entre mais velhos e mais novos, a iniciação voluntária ou constrangida  à submissão pública, a penitência vá-se lá saber de quê pela humilhação, e o treino para um grupo, neste caso um curso, que se julga superior aos outros.  Essa é a verdadeira questão, foi isso que se criticou ao longo de séculos (sim, séculos, sempre houve por um motivo ou outro quem se opusesse a esta barbárie) e é isso que continua para mim em causa, embora pouco empenho.

Com o tempo entendi e compreendi que a vocação nacional de muitos para serem enrabados pelos governantes e outros poderes tem direito a treino. O sado-masoquismo necessita de uma certa aprendizagem. Se gostam das troikas, dos Relvas, dos isaltinos (não é por acaso, é por isto mesmo que Oeiras é o concelho com mais licenciados), merecem o meu respeito. Praxem-se uns aos outros. Mas não se queixem depois do desemprego jovem, da emigração, e outras cenas assim. Desamparem a loja e não chateiem.

Aviso à navegação: pensem bem antes de comentarem. Mentirosos serão tratados abaixo de caloiro, estado que como é sabido está uns graus abaixo do de polícia e outros tantos abaixo do de cão.

A resistência em construção

Quem pensa que podemos sair do buraco onde nos meteram sem os partidos de esquerda está muito enganado. Os partidos de esquerda que pensam chegar a algum lado sem a mobilização dos que estão fartos de partidos e se querem manter independentes não vão longe.

Como se conjuga uma e outra coisa tem sido o problema.

Começou por se fazer na rua, em manifestações que, melhor ou pior geridas, colocaram a mobilização noutro patamar. Estas eleições permitiram ensaiar outro degrau. Falo dos movimentos de cidadãos independentes com ou sem apoio de partidos, e em particular daquele onde estou, o dos Cidadãos por Coimbra.

Juntar organicamente as mais diversas e pessoais vivências de esquerda é complicado. Inclui paciência, tolerância, e naturalmente conflitos, mal-entendidos, chatices: faz parte do fazer política. Só os que se fazem com a política não sabem o que isso é. Procurar consensos, e eles não sendo obrigatórios ajudam ao caminho, dá trabalho.

A transparência, a participação, o combate aos negócios autárquicos de todos os dias, unem. Como o pensarmos os vizinhos como a medida da cidade, aquilo a que sempre se chamou e tem de voltar a ser orgulho, o sermos progressistas.

Falta muita gente, organizada ou não? falta. Lá chegaremos.

Aquilo que já foi feito, a uma semana dos resultados, é promissor. Vários percursos na esquerda, várias correntes, muitas já históricas, e sobretudo quem nunca teve nada que ver com isso, todos sabendo que acima está aquilo que nos une, muito mais forte do que os divididos. Nada como amar a cidade e concelho onde vivemos para nos facilitar a vida:

[youtube http://www.youtube.com/watch?v=ZMwuZaoDxWQ]
Vídeo do Tiago Cravidão, digamos que a produção foi minha.

A cidadania em cartaz

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Albert Einstein revisitado, num cartaz para as eleições autárquicas  de Coimbra que bem o poderia ser de tantos concelhos. 

Duas notas: o traço corresponde ao Mondego que por aqui passa, há outra versão com a linha em tempos muralhada da cidade. Por mim falta ali uma outra cor, o azul da CDU (em quem votei várias vezes e que foi convidada a participar neste movimento de cidadãos assumidamente de esquerda mas que apenas obteve o apoio declarado do BE e MAS), que na maior parte destes anos se governou com PS, PSD e CDS, mas compreendo as razões da candidatura independente dos Cidadãos por Coimbra na escolha dos seus alvos.

Terreiro da erva

Demolição no Terreiro da Erva, Coimbra, 2013, fotografias jjc

Mais depressa se apanha um mentiroso que um coxo

Esta fotografia (que está no 31 da Armada) seria uma fotografia gira, se não fosse uma montagem.

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É que ontem foi dia mundial de fotografar a lua, também brinquei mas a minha foto não é para aqui chamada, foi para quem não podia estar a ver a lua comigo, Coimbra & amores, e também brincou o Paulo Abrantes, que fez esta sequência:

Brincar ao postalinho falso é batota, e utilizando uma imagem velha da alcáçova universitária (a sua iluminação já não é, e ainda bem, esta), é foleirada.

Correcção:

Esclarecido através de um amigo comum o local onde a fotografia foi tirada, resta-me pedir publicamente desculpa ao visado: a imagem é autêntica, é tudo uma questão de ângulo.

Coimbra não é uma lição

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Mais emblemática e conhecida, a demolição de todo um bairro, incluindo diversos colégios universitários, para construir uma obra prima do mamarrachismo chamada universidade do Estado Novo, não é filha única de uma cidade cuja história se caracteriza por isso mesmo: demolir.

Tivemos uns séculos de presença árabe: não sobra um calhau. O espaço mais simbólico da fundação de Portugal, o Mosteiro de Santa Cruz, levou no século XVI com um camartelo que destruiu, por exemplo, o espaço onde o primeiro rei se quis sepultar. Outra torre, já no século XX, foi derrubada antes que caísse em cima de um passante.

Do castelo procuram-se vestígios entre o casario que levou em cima. Igrejas arrasadas, ou transformadas em mau gosto revivalista como S. Tiago, são ao pontapé.

A cidade que nasceu de uma ponte sobre o Mondego, e recebeu nome de um bispo foragido, é agora, em parte, património mundial, diz a Unesco. O nosso melhor edifício universitário, o Colégio da Sapiência, de S. Agostinho ou dos Órfãos não conta, o maneirismo deve ficar mal nas fotografias.*

A parte chama-se Universidade de Coimbra. Às vezes gosto de imaginar como seria um sossego a minha aldeia, sem a dita ter vindo para aqui de vez num dia em que João II se vingou sabe-se lá de quê.

Mas nada  iguala o Mondego, rio da minha aldeia, muito menos o Tejo, nem a aldeia chamada Coimbra. É a minha aldeia, e a partir de agora património mundial,  vai dar-lhes mais trabalho dar cabo dela. E sim, estou contente, parabéns a todos os que se esforçaram por isso, e vou fingir que não me lembro de todo o seu património destruído.


* Afinal dizem-me que está, embora não conste de um folheto distribuído à população.

Túmulo

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Túmulo, Santa Clara-a-Velha, Coimbra. Fotografia jjc

O Café S. Cruz faz 90 anos

Deve estar dado como demodé ter um café, esses simpáticos estabelecimentos que em séculos mudaram o mundo.  Como por aqui já narrei ainda sou cliente principalmente de um, o mui distinto Café S. Cruz que hoje perfaz 90 anitos, coisa pouca, o edifício vai a caminho dos 500 e é monumento nacional.

Em tempos idos, perante a necessidade de escolher um edifício quinhentista para um trabalho académico, e andando com pouca vontade de defrontar as eternas dificuldades de uma igreja aberta ao culto, locais onde nunca foi consumidor, optei por este, complicado, fui avisado por quem sabia e mais sabe do assunto, mas até eu olhando muitas vezes para as mesmas paredes consigo encontrar qualquer coisa que justifique a nota. Não me dei mal. Mais tarde, e porque gosto pouco da ciência em circuito fechado, cravei uns amigos e chegámos à um livrito, a ideia era tê-lo ali à disposição dos visitantes que chegam, dizem Ah! isto parece uma igreja, e foi mesmo.

A coisa correu mal, a vereação da câmara achou que o café que a serve (e é propriedade do município) não valia uns tostões investidos em livros (investidos, a proposta foi que garantissem a compra de alguns exemplares da brochura, baratucha, oferecem coisa bem piores quando recebem alguém), e ficou o ficheiro.

Hoje é um bom dia para oferecer o texto a quem o queira ler. Teria uns acrescentos para lhe colocar mas fica assim, como estava em 1999. Detalhes técnicos à parte a história tem a sua graça, e continua deturpada por aí, a começar pela página oficial dos monumentos, já foram avisados há muito tempo, sem efeito.

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