Até pode ser que esteja enganado, mas pareceu-me ouvir, há pouco, na SIC Notícias, Carlos Zorrinho, num debate com Ângelo Correia, a defender que a dívida deveria ser renegociada, porque a obsessão com o défice pode pôr em causa o tecido produtivo e o tecido social. Se não estou enganado, este é o mesmo Carlos Zorrinho que foi Secretário do Estado do segundo governo – por assim dizer – de Sócrates. A não ser que esteja a incorrer em erro, Sócrates foi o mesmo que acusou Louçã de demagogia, quando este defendeu, no debate para as últimas legislativas, que a dívida deveria ser renegociada. Se for tudo assim como eu estou a dizer, teremos de chegar à conclusão de que Louçã teve razão antes do tempo (ou a tempo) e o PS só consegue ter razão depois do tempo ou quando está na oposição. Corrijam-me, caso esteja enganado, mas este Zorrinho, em se apanhando novamente Secretário de Estado ou Ministro, terá um ataque da maleita conhecida actualmente como vieguismo e passará a defender, convictamente, o contrário do que defendia antes de ter – adoro esta, juro! – “responsabilidades governativas”. Votai neles outra vez, meus filhos, votai.
Francisco José Viegas
O Ajuste Directo ao Projecto «O Douro nos Caminhos da Literatura»: A resposta de Elísio Summavielle
Foi hoje introduzido no V. blogue, um texto assinado por Ricardo Santos Pinto -“A promiscuidade e as ligações perigosas de Francisco José Viegas“, cujo conteúdo, em que sou particularmente atingido, e ferido na minha honra, está pejado de mentiras caluniosas. Concretamente, nele é referido um projecto, do qual só conheço o resultado final (a produção de 7 DVD relativos à obra de 7 escritores durienses), e com o qual não tive absolutamente nada que ver, quer na ideia, quer na tutela, na responsabilidade executiva, quer a qualquer outro título. São por isso completamente falsos os TODOS dados ali constantes sobre essa matéria, e sinto-me por isso lesado pessoalmente pelo vosso gesto irresponsável. Quero, no entanto, ainda acreditar que V. Exas se fiaram em fontes urdidas de má fé, e por isso aguardo que o referido texto seja rapidamente retirado do V. blogue, com o pedido de desculpas que me é devido. Caso contrário, assistir-me-à o Estado Democrático de Direito, em que teimo acreditar. Como em tudo na vida, há limites, na honra e na integridade dos indivíduos, que não podem ser ultrapassados.
Sem outro assunto, atento,
Elísio Summavielle
Francisco José Viegas
Porque reconheço em Francisco José Viegas uma enorme integridade, não posso deixar de reagir a alguns posts que aqui no Aventar têm sido publicados, nomeadamente, este escrito pelo Ricardo Santos Pinto.
Todos temos direito a opiniões próprias. E quase todas as opiniões devem ser respeitadas. Agora fazer extrapolações de alguns factos reais para, expressa e literalmente, se pôr em causa o carácter de um Homem bom, sério e competente, é algo que nos deve inquietar. Assim:
1.- No ajuste directo em causa, a empresa adjudicatária denomina-se “Ideias e Conteúdos – Produções em Comunicação – Sociedade Unipessoal, Lda”., que, como a própria firma diz, tem apenas um sócio que se chama Ana Paula de Sousa Bulhosa (informação pública disponibilizável em qualquer Conservatória do Registo Comercial).
2.- O montante do ajuste, obviamente, que não foi entregue a FJV, mas sim à empresa adjudicatária que, presumo, com ele deve ter pago os necessários custos de produção (estudos, projecto, deslocações, filmagens, staff, etc.), bem como, garantido a sua legítima margem de lucro.
3.- Sinceramente, não sei nem posso asseverar que 138.600,00€ são ou não exagerados para pagar a produção de 7 documentários (para TV e DVD) de aproximadamente 1 hora cada. O que sei é que, na minha confessada ignorância, o valor em causa não me sugere, sem mais, quaisquer suspeitas.
4.- FJV foi a pessoa escolhida para coordenar e apresentar os referidos documentários. Como não disponho de quaisquer informações privilegiadas, presumo, novamente, que deva ter recebido honorários por tais serviços. O que é natural, normal e legítimo.
5.- Em defesa da verdade, o ajuste foi efectuado pela Direcção Regional de Cultura do Norte e não pela Secretaria de Estado da Cultura ou pelo Ministério da Cultura de então.
6.- O pagamento do montante da adjudicação teve o co-financiamento do Programa Operacional Regional do Norte, da Fundação EDP, da RTPN e das autarquias de Mesão Frio, Peso da Régua, Lamego, Sabrosa, Sernancelhe, Moimenta da Beira, Tabuaço, Mogadouro e Freixo de Espada à Cinta.
7.- A opinião dominante aponta no sentido dos referidos documentários além de possuírem qualidade, proporcionaram à região retorno económico (como resulta de breve procura na net).
8.- Por último, mas de maneira nenhuma menos importante, a decisão de fazer os documentários através da referida empresa estava tomada pela DRCN em Janeiro de 2009; Elísio Costa Santos Summavielle só se tornou Secretário de Estado da Cultura em 31 de Outubro desse ano.
A promiscuidade e as ligações perigosas de Francisco José Viegas
O Governo anunciou recentemente a criação de um novo organismo, a Direcção-Geral do Património Cultural. O Aventar sabe de fonte segura que Francisco José Viegas se prepara para nomear Elísio Summavielle como director-geral desse organismo. Elísio Summavielle, relembre-se, foi Secretário de Estado da Cultura no segundo Governo de José Sócrates.
Dando mostras de um súbito sentido democrático, invulgar na política portuguesa, Francisco José Viegas reconduziu também dois elementos que tinham sido nomeados por Elísio Summavielle, Manuel Correia Baptista e Henrique Parente.
Dando mostras de um súbito sentido democrático. Ou se calhar não.
Em 18 de Maio de 2010, o então Secretário de Estado da Cultura, Elísio Summavielle, entregou por Ajuste Directo o projecto «O Douro nos Caminhos da Literatura», constituído por 7 DVD’s sobre escritores durienses, no valor de 138.600 euros. Pagaram o projecto, entre outros, a Estrutura de Missão do Douro e a Fundação EDP. Tudo gente boa, como se sabe…
E quem foi o feliz contemplado por esse Ajuste Directo e o responsável pela concepção e apresentação dos DVD’s? Acertaram, o actual Secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas.
Há coisas fantásticas,não há?
Em defesa da Linha do Tua contra o chefe Mexia, o capataz Passos e o secretário Viegas (por ordem de importância)
Nestas coisas da Energia, já se sabe, quem manda em Portugal é o Mexia da EDP. O seu humilde capataz, o Passos – burro mas suficiente para o que é necessário fazer – lá vai executando, de gatas, as medidas do chefe. Quanto ao Viegas, entretido que anda a cobrar as entradas dos museus aos Domingos, ainda nem deve ter percebido muito bem que uma via férrea centenária quase única e uma paisagem Património da Humanidade também fazem parte do seu pelouro. Seja ele qual for.
Neste caso, nem sequer temos desculpa. O facto de sermos governados por um ignorante e iletrado, de quem nada se espera em termos de defesa do património natural e edificado do nosso país, não dá a ninguém o direito de cruzar os braços perante o atentado criminoso que se prepara para o Vale do Tua e a sua inacreditável linha ferroviária.
Para quem não sabe, a Linha do Tua foi equiparada, pelos mais reputados engenheiros, em termos de dificuldade, às Linhas ferroviárias dos Alpes Franceses ou Suíços. Pela sua beleza e rigor técnico, merecia ser classificada como Património Nacional ou, mesmo, Património Mundial da Humanidade.
Ao invés, querem destruí-la. Para dar lugar a uma Barragem, que representará menos de 4% da produção de energia existente de norte a sul. Uma Barragem! Um monte de betão, tão do agrado dos novos engenheiros de Portugal. Os pequenos economistas que hoje mandam no país [Read more…]
Fazer mais com menos
No país que não planeia, no país que só pensa em fechaduras depois de ter deixado a chave na porta durante tanto tempo, no país que, por isso, nunca prevê crises, reagindo sempre tarde de mais, o investimento não existe, pelo menos o investimento como acto racional em que os ganhos não se meçam apenas pela redução imediata da despesa.
Um estudo recente demonstra como, a prazo, a intervenção atempada de um psicólogo pode contribuir para a redução das despesas de saúde. Num país sujeito aos ditames bancário-franco-alemães, conclusões destas serão absolutamente desvalorizadas e os recursos humanos fundamentais serão sempre encarados como um desperdício financeiro ou, na melhor das hipóteses, usados com base na precariedade de quem trabalha.
No mesmo país inculto em que o sensacionalismo e o voyeurismo têm sucesso garantido, o país em que os currículos escolares parecem servir o objectivo de garantir a ignorância, uma medida como a de acabar com a gratuitidade semanal de acesso aos museus é, com certeza, poupança, mas dificilmente será investimento. Que Francisco José Viegas, escritor e antigo director de uma revista literária, dê a cara por perdas destas é um sinal de que um homem culto não é necessariamente um defensor da cultura.
Sempre com o objectivo de disfarçar o desinvestimento, o governo continuará a cantar o refrão “Fazer mais com menos”, sabendo-se que, na realidade, as palavras “mais” e “com” só servem para disfarçar.
Francisco José Viegas, a “liberdade artística” e a ingerência dos tecnocratas…
…que defendem menos estado (até nas águas, por exemplo) e o impõem onde, verdadeiramente, não devem.
Já aqui notei a inconsistência das declarações “literárias” do secretário de Estado da Cultura sobre liberdade artística e as práticas de programação que preconiza para a Cinemateca Portuguesa, Companhia Nacional de Bailado e Teatros Nacionais, numa perspectiva que, por absurdo (?) e em última análise, os poderia tornar veículos de uma “cultura” oficial emanada do aparelho de estado.
Eis o que, sobre o assunto, diz Augusto M. Seabra num artigo apropriadamente intitulado SOS Cultura:
Francisco José Viegas pretende que os teatros nacionais, companhia de bailado e cinemateca discutam com o seu gabinete a programação e que sejam tidos em conta os resultados de bilheteira – em 35 anos de Democracia nunca assistimos a nada assim na Cultura! Depois acrescenta que “não porá em causa nem um milímetro a autonomia artística”, o que é uma evidente contradição. [Read more…]
Cultura: a vez da autonomia controlada
O secretário de estado da cultura, Francisco José Viegas, certamente em consonância com o primeiro ministro, declarou em conferência de imprensa o seu amor pela autonomia artística. No entanto
O secretário de Estado defendeu, por outro lado, que a programação destas entidades deverá ser discutida com o seu gabinete e que os resultados de bilheteira serão tidos em conta. “Vamos valorizar os resultados das bilheteiras nos cinemas e nos teatros”, disse. Mas, sublinhou, isto “não porá em causa nem um milímetro da autonomia artística” daquelas entidades. Trata-se de uma “questão ética” – “não acho justo que uma companhia, um encenador ou produtor não manifeste preocupação com as questões de público.”
A nova estrutura, que foi explicada em detalhe pelo secretário de Estado, extingue a OPART (que agrupava a CNB e o São Carlos) e cria estas cinco EPE, que terão gestão financeira centralizada no ACE. “A gestão deve ser entregue a especialistas de gestão para que as EPEs se possam concentrar na programação”. Quanto à necessidade de discutir o conteúdo desta programação, Viegas frisou que “não significa impor” alguma coisa. “Defendemos um repertório de primeira linha para os teatros nacionais e queremos ser informados sobre o que vai ser feito”, afirmou.
E se o secretário de estado, ou alguém por ele, não concordar com as opções tomadas? A autonomia mantém-se? E como é que não se altera um milímetro a autonomia artística se a programação fica condicionada pelas “questões de público”?
Admito que FJV pretenda, com estas medidas, quebrar alguns círculos viciosos que há muito se instalaram nestas estruturas. Escusa é de falar em autonomia artística.
Coisas Práticas: definições políticas
Francisco José Viegas, escritor, jornalista, editor e novo secretário de estado da cultura, reuniu crónicas num livro e chamou-lhe Dicionário de Coisas Práticas.
No final final da apresentação acrescentou duas definições que, supostamente por razões práticas, não couberam no dicionário: uma é que um ministério (qualquer um, dada a generalidade da afirmação) é um gueto. Outra é que uma secretaria de estado é, afinal de contas, um jogador que pode não abrir o jogo (pelo menos para já).
Reconheço que aprecio o imaginário “série B” de FJV. Todos sabemos, nem que seja pelas aventuras de Jaime Ramos, que com o jogo aberto é mais difícil fazer bluff.
A excelência na Blogosfera nacional!
“A pornografia televisiva em redor do Haiti vai no mesmo sentido. Eduardo Pitta fala do assunto — e bem. De um milhão, o número de vítimas passa a meio milhão; de meio milhão está agora em 50 mil, mas há quem avance 200 mil. Mas ajuda-ajuda-ajuda, vê-se pouco”. – uma posta fantástica, como sempre, de FJV no seu A Origem das Espécies.
Provavelmente, o melhor blog nacional “a solo”. Os seus “cantinho do hooligan” são melhores que ler A Bola, o Record e O Jogo por junto!
O regresso de Jaime Ramos
Atarantados com as questões bíblicas, esquecemo-nos, ou deixamo-nos distrair, do novo livro de Francisco José Viegas, “O Mar em Casablanca”. E, isso sim, é imperdoável. Com a devida vénia, permitam-me que transcreva aqui parte do parágrafo inicial. Um retrato impressionista de uma paisagem outonal, a do Passeio Alegre tomado pela mais portuense melancolia:
“(…) Noites destas eram vulgares quando vinham as primeiras neblinas de Novembro – e as manchas de nevoeiro passavam pelos feixes de luz amarelada dos candeeiros da ponte. Nuvens baixas, podia ser. Nuvens que tinham descido até à cidade e a deixavam molhada. Primeiro, pegajosa, manchada de poeira. Depois, com o tempo, apenas molhada, escorregadia, obrigando o trânsito a circular com lentidão, as portas dos cafés a fecharem-se. Não havia ainda o frio do Inverno, rigoroso, silencioso – ao longe, o rumor nas ruas, despedindo-se do dia. Folhas de árvores arrastadas pelo vento, juntamente com lixo e jornais abandonados nos parques.”
É o regresso do detective Jaime Ramos, inspector da PJ do Porto. Haverá quem desdenhe a comparação, mas, se Mafalda teve direito a estátua em Buenos Aires, fosse eu autarca no Porto e erguia uma estátua a Jaime Ramos. Com cigarrilha entre os dedos e o rosto do Ben Gazzara.
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