Senta-te e lê com calma.
Enquanto lês
deixa pousar nos lábios
o tal beijo pequenino.
A partir de hoje
somos donos de um segredo bonito.
Se algum dia
a chama-menina crescer
ao sopro de um vento suave
diz-me
que eu saberei dar-lhe o tamanho
da chama que acendi.
Tu não és vulgar.
Na tua cabeça e no teu peito bonito
há imensas flores brancas
adormecidas
tu não és de letras nem de artes
és de asas que anseiam por abrir-se
não de asas que rastejam por aí
tu és simples
feita de natureza e ternura
leve como a brisa da manhã
és uma flor que nasceu ao calhas
no meio da erva seca
e precisa de ser regada
com água pura e cristalina.
Só eu sei tratar de flores assim
por isso me deixei envolver
no teu perfume de terra molhada.
Contigo sonhei
Tudo te ensinei
levei-te a Roma a comprar lindos vestidos
fizemos amor
numa noite prenhe de luar.

(adão cruz)






a última longa-metragem de jim jarmusch, «os limites do controlo» 2009, encontra-se ainda em exibição em portugal. a par de gus van sant e de hal hartley, jarmusch é um dos mais conhecidos cineastas do designado «cinema independente norte-americano». a década de 80 representou a sua afirmação no mundo cinematográfico, pese embora jim pretendesse, originalmente, seguir uma carreira musical. aliás, a sua ligação com o mundo musical está bem presente com john lurie (longe lizards) como protagonista em «stranger than paradise» 1984 e em «down by law»» 1986, este último com a participação de tom waits (que assina a banda sonora de «night on earth» 1991). iggy pop entra em «dead man» 1995 e joe strummer em «mistery train» 1989. tal como a cinematografia de gus van sant, a música tem um papel central na ambiência dos seus respectivos filmes – recorde-se aqui a entrevista que jim jarmusch concedeu ao suplemento do jornal «público» há umas semanas atrás onde é bem específico sobre este tema. em «the limits of control» encontramos a sonoridade de boris. se a américa desolada, emigrante e semi-urbana é o pretexto central para os seus filmes da década de 80, as «noites da terra» entre os estados unidos da américa e a finlândia encerravam definitivamente a primeira fase do seu muito particular cinema. na década seguinte destacam-se duas pérolas arty, o imaginado william blake/johnny deep perdido na américa indígena de «dead man» 1995 – com uma fabulosa roupagem sonora de neil young – e o ghost dog/forrest whitaker, assassino-justiceiro contratado, columbófilo e orientado pelos princípios de Hagakure, «ghost dog: the way of the samurai» 1999 – película pautada pela música hipnótica de rza. o relativo sucesso junto do público chegará apenas em 2005 com «broken flowers» e bill murray numa viagem de um homem celibatário alienado do mundo que plana/viaja em busca de um passado ausente. entre eles, «coffee and cigarettes» reunia encontros im/prováveis que jarmusch filma desde 1986 entre os protagonistas dos seus filmes (e não só) – lá estão iggy pop e tom waits, roberto benigni e steve buscemi, cate blanchett e bill murray, jack e meg white dos white stripes.






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