Sondagem dá empate técnico PS/PSD

A TSF divulgou uma sondagem da Marktest onde o bloco central, ou  melhor dizendo o próximo governo,  aparece empatado.

Não querendo dar demasiada importância a sondagens nesta altura do campeonato, fica mesmo assim desvendado o que há de comum entre Pedro Passos Coelho e Jorge Jesus.

O itinerário da troika

Depois de Atenas, Dublin. A seguir Lisboa. Independentemente dos problemas de usura ,  o Sol e os suaves fins de tarde lisboetas são mais aconchegantes do que o ar cinzento de qualquer cidade do norte europeu. Natural, portanto, que os nórdicos da troika prefiram o ambiente amistoso do Sul aos plúmbeos ares nortenhos. Até porque estes problemas sociais, alheios aos interesses financeiros, não os comovem.

O rumo da rota, na lógica de factores climático-sociais, funda-se em outras motivações. Sinteticamente reduzidas pelo libelo países periféricos. Como quem diz suburbanos para, de forma diplomático-hipócrita, não lhe chamar marginais – no sentido puro da definição de marginalidade, i.e., parte do tecido social económica e politicamente  excluído. No fundo, os muitos que a sociedade convencionou discriminar em nome de minoritários interesses, em submissa obediência a normas de ganância de poderosos.

Um a um, os tais países periféricos, na lógica referida, são naturalmente delinquentes e marginais. Constituem o grupo visado pela troika (FMI-CE-BCE), que actua em obediência às ordens dos chefes supremos. Mas, em simultâneo, esses países ocupam os espaços mais aprazíveis para se trabalhar em dias soalheiros. De facto, se o critério fosse a dimensão da dívida, então o itinerário seria, por exemplo, aquele que o quadro seguinte, interpretado a rigor, justificaria:

País da Zona Euro População Dívida em USD (biliões) Dívida em Euros (biliões) Dívida ‘per capita’ €
         
Bélgica 10.500.000 1.354 933 88828,53
Espanha 45.100.000 2.313 1.593 35328,26
França 63.800.000 5.002 3.446 54006,51
Grécia 11.100.000 504,6 348 31314,64
Irlanda 4.200.000 2.312 1.593 379194,18
Portugal 10.600.000 484,7 334 31498,53

Outros países poderíamos acrescentar, mas fiquemos por aqui. Bruxelas e Paris, nesta época, estão longe de oferecer os fins-de-tarde de ‘bocadillos y mirar las golfas’ e, por conseguinte, Madrid poderá ser a próxima anfitriã da troika. Prevalece o valor do Sol e do Sul sobre a dívida e o Norte.

(Ver: dívidas externas de países e demografia da UE)

Já apagaram a luz?

As 20 pessoas mais influentes da história

No De Rerum Natura, encontrei um post de Carlos Fiolhais que resultou de uma busca que o mesmo fez procurando as pessoas que mais influenciaram a história mundial. Do livro “The 100: A Ranking of the Most Influential Persons in History“, de Michael H. Hart, Fiolhais apresenta-nos uma lista reduzida aos primeiros vinte nomes. Naturalmente que estas listas são sempre questionáveis e haverá quem ache que algumas destas pessoas estão a mais neste top ou que outras se encontram ausentes.

Tal como é dito no título, o que aqui se considera é a influência que estas pessoas  exerceram no rumo da história, não deixando de ser curiosa a importância atribuída a líderes e fundadores de religiões ou, no caso de cientistas, inventores ou exploradores, a referência à religião que professavam.

Da justiça, ou falta dela, destes destaques julgará o leitor. Eis as 20 pessoas mais influentes da história: [Read more…]

E os banqueiros, pá?

Continuam as  negociações com o FMI & filiais. Até gente decente se tem prestado ao papel ridículo de participar numa coisa que não existe – o FMI não negoceia: empresta, manda e lucra. Hoje foi a vez do patrão dos patrões aproveitar para se queixar de uma tolerância de ponto, como o ridículo não mata, o homem continua de boa saúde.  Supomos que deve ter aproveitado para pedir por todos os santinhos que não obriguem os seus filiados a pagar impostos (convém lembrar que pelo número de empresas que declaram não terem lucros Portugal não está em crise, é a própria crise).
Não há é notícias de os senhores que mandaram chamar o FMI terem sido recebidos pelos negociadores. Convém lembrar que o FMI foi chamado porque os bancos portugueses se recusaram a emprestar mais dinheiro ao estado que os alimenta, recordar que instrumentos como os certificados de aforro foram destruídos por este governo para não concorrerem com a banca e  já agora que o problema não é a dívida pública mas sim a privada, que estes cavalheiros  foram estimulando ao longo de anos. Eles sim, têm muito que negociar, e aposto que serão ouvidos. O resto tem tanto de farsa como de mentira.

As religiões fazem mal à saúde, mental e não só

Esta fotografia de Andres Serrano representa um crucifixo mergulhado em urina. Piss Christ tem sido vítima da intolerância religiosa, e acaba de ver destruída mais uma impressão em Avignon, às mãos de uma turba de fundamentalistas católicos.

Mais um episódio a juntar, por exemplo, à democrática forma como o governo de Madrid lida com o direito à manifestação dos ateus.

Sempre achei que a fé move a inteligência para partes do corpo que não lhe foram destinadas pela natureza. Problema de quem a tem, à fé, e desde que não mova o seu comportamento no sentido da imposição do seu peculiar modo de ver o mundo aos outros, por mim tolerância absoluta.

Para haver uma piada no episódio acresce que a turba, apoiada pelo episcopado, se queixava de cristianofobia. Aqui me confesso: temo as religiões, sobretudo quando se transformam em turba. Esta gente, que acha natural termos de levar com a sua iconografia por tudo o que é sítio, esquece-se que isso ofende o comum dos mortais, já para não falar do notório mau-gosto. Algumas das obras de arte que mais mexem comigo representam JC na cruz, lamentos, deposições, e outros episódios da mitologia católica, mas logo por azar o que anda por escolas, hospitais, quartéis e outros espaços públicos é por regra cópia de obras vulgaríssimas.

Depois os muçulmanos é que são os únicos maus da fita, os fundamentalistas, etc. etc. Fossem todos ler poesia ao invés dos seus livros “sagrados”, e o mundo estaria muito melhor do que está.

Adenda: este texto, no centenário da Lei de Separação da Igreja do Estado, é dedicado aos milhares de portugueses que ao longo de séculos foram torturados, humilhados e assassinados por motivos religiosos, e a todos os que durante os mesmos séculos foram obrigados a professar e sustentar a religião oficial do estado.

Saúde e Fraternidade para todos, em particular para os comentadores que tanto se esforçaram para confirmar o que escrevi.

Engulam este esperma

Aqui está mais uma matéria a considerar pela troika, vulgarmente conhecida por FMI.

Por cá, habituaram-se a que tudo seja “à  borla”. A  polémica chega agora da maternidade Alfredo da Costa e o telejornal da SIC Notícias, dizia existir um grande mal estar pela decisão de exigir o pagamento pelo fornecimento de esperma a casais inférteis.

O citado artigo chega directamente de clínicas catalãs, especializadas neste tipo de ordenha e “diz-se que” cada unidade, monta até aos 350€, fazendo empalidecer qualquer bandeirada cobrada por outro bem conhecido sector de actividade. Os Estado português paga o produto e aplica-o a quem dele necessite. Um bom negócio para os fornecedores, até porque matéria prima não faltará, levando-nos a questionar o porquê de não existir por cá quem o faça. Resta-nos saber se os sempre excitados catalães ofertam a sementinha, ou se também cobram pelo serviço. Isto leva-nos a várias hipóteses, algumas delas bem passíveis de equívocos ou pelo menos, de umas boas gargalhadas.

Esta é mais uma e… lá se vai o ADN de Afonso Henriques. Já temos os Seats que chegam da Catalunha e agora, esperma pago pelos contribuintes e que  alguns pretendem receber gratuitamente. Com um bocadinho de surrealista lata, ainda poderão vir um dia dizer que o filho é “primo” de Salvador Dali.

Abandono escolar diminuiu: mais cosmética estatística

O secretário de Estado da Educação considerou esta terça-feira que Portugal fez “progressos notáveis” nos últimos anos, destacando a redução do abandono escolar em 2,5 pontos percentuais, no ano passado, para 28,7%, em parte devido às vias profissionais.

Os “progressos notáveis” no âmbito do combate ao abandono escolar só são possíveis graças a um governo constituído por especialistas em maquilhagem estatística, assim nas Finanças como na Educação, perdoai-lhes as ofensas (ou não).

As escolas, na realidade, não podem comunicar os casos de abandono escolar: há, portanto, alunos que estão matriculados, mas que não frequentam as aulas ou têm uma assiduidade baixíssima, mantendo-se no sistema, pelo menos, até ao final do ano, onde entrarão, no máximo, nas estatísticas das reprovações. Pelo meio, os professores ainda são obrigados a simular – é a palavra certa – planos de recuperação para alunos que, de facto, abandonaram a escola.

Aliás, o conceito de abandono escolar até poderia chegar ao ponto de incluir os alunos que vão às aulas e não trabalham ou não querem aprender. São tantos, ainda, os problemas por resolver na Educação em Portugal que a divulgação de estatísticas enganadoras só pode contribuir para agravar as deficiências, porque cria a ilusão de que se está no caminho certo.

A quantidade de vezes que os dois últimos governos já anunciaram números de sucesso na Educação poderia ser sintoma de que ultrapassámos a Finlândia. A comunicação social, como de costume, limita-se a desempenhar o papel de gravador colocado à frente dos responsáveis políticos: não é jornalismo, é publicidade eventualmente gratuita.

Abrantes goes to Nuevas Oportunidás*

É muito giro quando esses que assinam com nome fictício apresentam gráficos muito bonitos mas sem indicarem a fonte dos dados. É que a curva apresentada para Portugal em nada se assemelha a esta

Dívida Pública em percentagem do PIB 1850-2011

Bem, devem andar todos excitados depois de terem aprendido Excel nas Novas Oportunidades.

 

* Spanglês técnico

Governo adopta a política do «Não pagamos»*

Como já aqui referi algumas vezes, é muito fácil baixar o défice, para tal bastando não pagar a quem de direito.

Governo anula défice com gastos em atraso e serviços em ruptura

Governo anula défice com gastos em atraso e serviços em ruptura
20 Abril 2011

Execução orçamental do primeiro trimestre chegava para colocar as contas equilibradas no final do ano. Mas resultados estão a ser obtidos com relatos de restrições de gastos expressivas e vários atrasos de pagamentos. (…)

E no entanto, há esse grande líder que acusou ontem o PSD de “não estar a servir o país” por desvalorizar os fantasiosos fantásticos dados da execução orçamental. Que estraga as negociações para o resgate. Sim, porque como se sabe, tal como a maioria dos portugueses, esses senhores da troika apenas vão ler as notícias enviadas às mijinhas para os jornais, com dados parciais e preparados para jornalista ver a que os jornalistas depois dizem ter tido acesso. Além disso, sabemos perfeitamente que o governo tem sido exemplar na apresentação das contas ao longo dos seus seis anos de governação (se descontarmos os sucessivos orçamentos rectificativos, a sucessão de PECs e as sucessivas correcções aos valores do défice). Uns mal intencionados que só querem o pote, é o que é (excepto os socialistas que só lá querem ficar por amor).

* NÃO PAGAMOS, NÃO PAGAMOS, NÃO PAGAMOS, NÃO PAGAMOS!

jubilação

jubilação
Prof.Doutor Xavier Pina Prata, reconhecido como a figura chave na criação e desenvolvimento, em Portugal, da Terapia Familiar e na Concepção Sistémica da Intervenção Organizacional.
Ainda lembro desse ano de 1982, era o mês de Abril, todos me queriam explicar o que tinha acontecido messe mês, oito anos antes. A ditadura portuguesa tinha sido derrubada. O meu querido amigo Xavier (Pina Prata), que colaborava connosco para podermos ter um Conselho Científico que orientasse ao recentemente fundado ISCTE, em 1979, no edifício que hoje em dia denominamos velho, com uma catrefada de cientistas jovens, ou já doutores ou em vias de o ser, Doutores doutorados éramos apenas três: Mário Murteira, doutorado na Suborne com o comunista italiano Piero Sraffa, fugido da Itália devido à perseguição aos do seu partido, asilou-se em França entendeu que adquiria uma mais-valia aceitando o seu pedido de asilo.
Tinha sido professor de Maria Carrilho, antes de ser socialista e refugiada na Itália pela perseguição aos comunistas portugueses desse tempo, e Maria lutava dentro desse partido para derrubar a ditadura. [Read more…]

A minha guerra colonial

Setembro de 1972. Escola Prática de Infantaria, em Mafra. EPI – Entrada Para o Inferno. Vivia-se um dos períodos mais intensos da guerra colonial. Uma parte do convento abria- se diante de mim numa voragem de tácticas, de fogo real, de crosses para a Ericeira, de slides na foz do rio Lisandro. Granadas, G3, campo de infiltração, progressão nocturna que, no entendimento do capitão que metralhava de perdigotos os cadetes das redondezas, “às vezes demora dias”! E o alferes instrutor, bronco como um bacamarte, a inverter os pronomes nas respostas às questões dos cadetes instruendos em fase de aprendizagem acelerada nas artes da guerra: “Não foda-me, nosso cadete”. “Fique descansado, meu alferes.” O que eu queria era que não me fodessem a mim.

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TBD: actualizar as desculpas

desculpas que já não funcionamComo se sabe, o Parlamento emana sabedoria e exemplos para a vida. Por isso, duas iluminadas deputadas do PS propuseram em 2010 eliminar quatro feriados e programar outros junto ao fim-de-semana. Quando constatei que Ricardo Rodrigues, nessa altura, declarou que essas ideias mereciam o “consenso na bancada” socialista pressenti que nos iriam fanar alguma coisa. Fomos felizmente salvos pela justiça socrática, que é reconhecidamente bem menos assertiva do que a salomónica, e foi dada a benesse de uma tarde de tolerância de ponto para a função pública. Finalmente, recomendo aos leitores do Aventar que se abstenham de seguir as notícias do resto da semana, já que se  prevê uma enorme onda de indignação por parte das deputadas Teresa Venda e Rosário Carneiro, as proponentes desse projecto de resolução sobre os feriados.

 

cartoon primeiro saído aqui