Elon Musk e outros palermas

A propósito da polémica Elon Musk/Twitter, tenho dificuldade em decidir-me sobre o lado mais palerma desta equação:

  • Se o daquela esquerda que arranca cabelos porque aquilo agora é do Musk, porque liberdade de expressão e não-sei-quê, mas que estava perfeitamente confortável com accionistas que já lá estavam, tipo o primo do Bin Salman, como de resto está confortável com o Bezos no Washington Post ou o Zuckerberg na META, ambos conhecidos pelo seu profundo compromisso com a democracia.
  • Se o daquela direita que quer fazer dele um herói anti-globalista e anti-sistema, quando o Musk é o homem mais rico do mundo, perfeitamente integrado no sistema e na elite global, e a sua SpaceX vive de contratos com o Estado americano. Só este ano foram 2 mil milhões de dólares. Pagos pelo cofre cuja chave está na mão de Joe Biden, que é precisamente o inimigo público n°1 dessa mesma direita.

Não consigo decidir. Ambos os lados estão fortíssimos na palermice. Alguém lhes diga que o Twitter é uma empresa privada e não um organismo público com a missão de defender a democracia. E que o Elon Musk quer ganhar dinheiro e introduzirá as mudanças que quiser para rentabilizar o Twitter segundo a sua visão.

E que só lá está quem quer.

Elon Musk, camarada de Jinping

Elon Musk defendeu a capitulação e transformação de Taiwan em região administrativa especial chinesa. Pequim adorou a ideia, reabriu a porta aos carros da Tesla, e os neoliberais ficaram todos calados, como ratos, a contemplar mais um triunfo do mercado livre e da mão invisível.

Elon Musk fala putinês

Mas a direita não o tenta cancelar. Porque o fascínio por quem tem muito dinheiro e negócios altamente lucrativos, ainda que financiados com milhões de dólares do Tesouro americano, se sobrepõe SEMPRE a “questões menores”. O mesmo motivo que a faz berrar contra o comunismo para de seguida se transformar num fofinho cachorrinho bebé, quando lhe perguntamos se devemos fechar a porta daa democracias liberais a mão de obra escrava – mas extremamente rentável – que Pequim vende aos seus heróis e financiadores. Talvez a solução seja o PCP convidar Musk para actuar no Avante 2023.

Parasitismo

“Tele-trabalho é fingir que se trabalha” – disse um bilionário que nunca trabalhou na vida

Elon Musk, Twitter e liberdade de expressão: a desconstrução de uma fraude

Elon Musk a viver acima das suas possibilidades

Para adquirir o Twitter, pela astronómica soma de 40 e tal mil milhões de euros, Elon Musk teve que se endividar, pese embora o seu net worth seja suficiente para cobrir as suas despesas. Estará o sr. Tesla a viver acima das suas possibilidades? Se não está, parece.

Elon Musk, o Twitter e os outros

A tentativa “hostil” de Elon Musk tomar conta do Twitter tem sido tópico de discussões acesas. Podemos confiar tão poderoso instrumento de geração e partilha de informação a um homem só, ainda por cima tresloucado? Que ameaça poderá representar este homem, tão poderoso, com ainda mais poder?

É interessante assistir a esta discussão, quando o próprio Twitter tem, entre os seus accionistas, um príncipe Saudita e vários fundos abutres. Quando Bezos é dono do Washington Post e a grande maioria da imprensa mundial está nas mãos de oligarcas do bem. E mesmo que Musk tomasse conta do Twitter, que é uma empresa privada como outra qualquer, ainda ficaria a anos-luz de Mark Zuckerberg.

Qual será, então, a nova ameaça que o dono da Tesla representa?

Suspeito que nenhuma. Suspeito, aliás, que terá incomodado alguém com poder, para estar agora debaixo de fogo. Ou então é circo para entreter o povo, que se vai esquecendo que o essencial não é quem manda nas redes, mas a ausência de regulação sobre o imenso poder das tecnológicas.

A culpa é… do Socialismo?

Notícia da TVI

Enquanto dois mil bilionários tiverem mais riqueza do que 60% da população mundial, continuará a haver desigualdade.

Ninguém é ou se torna milionário ou bilionário a trabalhar honestamente. As maneiras de o conseguir passam por heranças e/ou exploração selvagem de trabalhadores (horários de trabalho não balizados, salários perto de 0, mão-de-obra infantil, etc), o que constitui um dos mais pesados e prolíficos motores do capitalismo.

O próximo passo? Taxar realmente as grandes fortunas. Ilegalizar offshores. Mudar as leis do trabalho.

Enquanto não se tiver mão nisto, continuando com a lenga-lenga da “liberalização da economia”, continuaremos a ver as desigualdades acentuarem-se. Ninguém trabalha o suficiente para ser milionário; e atrevo-me a dizer que quem é milionário… não trabalha; arranja quem trabalhe para ele. E “ele” – o milionário – explora as necessidades de quem para ele trabalha ao máximo. Só assim se justifica esta acumulação pornográfica de dinheiro, que insulta a inteligência de quem trabalha.

Não existe bom e mau capitalismo.
Existe capitalismo.
E é assim que este funciona. 

E como os reaccionários neo-liberais e neo-fascistas tanto gostam de nos neo-enganar: a culpa, essa, deverá ser, apenas e só… do socialismo. Está na cara!