Foi obra sofrer cerca de duas horas a ver a transmissão do Portugal-França por uma estação televisiva canadiana, portanto em inglês e sem os apartes gostosos que a nossa língua proporciona, porque a RTP-Internacional é assim uma espécie de caixote do lixo. Não transmitiu o jogo por este canal e, a partir das 20 horas (de Lisboa), passou a transmitir um programa muito chato e sem graça, sob a batuta dum sujeito com cara de lua cheia e sorriso embevecido. Quando todos esperávamos, por nos parecer decente e lógico, que a normalidade se iria repor com o noticiário da meia noite (de Lisboa) e consequente passeio de imagens da selecção e do país, a RTP-Internacional teve o topete de repetir a xaropada. Tinha razão uma secretária de estado das Comunidades, militante do PSD, que rotulou tudo o que não fosse Europa de Resto do Mundo. Na verdade, a RTP, e não só, trata-nos como um resto deste mundo. Mas quando há eleições ou é preciso dinheiro, lembram-se de nós e aparecem cá, lampeiros, com uma cesta de penduricos para os amigalhaços. Nós, que não somos tão parvos como a RTP nos julga, aprendemos com o tempo a ver as diferenças entre a forma como o Canadá e a nossa ditosa Pátria nos tratam.
Bilhete do Canadá – Iguais e perigosos
É fácil verificar que Rajoy e Passos são iguais como pentes produzidos em linha de montagem. Não interessa espezinhar o país por conta duma clique alemã que domina a União Europeia, o importante é impedir a esquerda de governar ou de manter as suas posições. Esta novela da UE com a Direita vai acabar mal, se os povos atingidos pelo abuso não derem o providencial murro na mesa.
Bilhete do Canadá – Notícias e comentários
Maria Luís Albuquerque – “Se eu fosse ministra, Portugal não sofreria sanções”.
É um argumento de pátio, varinesco que fede. Traduzido, quer dizer: chamo antes que me chamem. Porque, como todo o país sabe e a UE não ignora, quem criou uma situação passível de sanções foi ela mesma, com o pleno apoio do governo a que pertenceu. A pandilha da UE resolveu virar o bico ao prego, usando esta ameaça para tentar denegrir o governo actual. E, claro, está a contar com o apoio de Maria Luís, Passos Coelho, Montenegro, Nuno Melo. Cristas, Rangel, etc., capachos onde Schäuble e Merkel limpam os sapatos.
Comissário europeu avisa: fundos estruturais podem ser congelados a Portugal.
Mais um cachorro amestrado da matilha que os dirigentes da Alemanha aconchegam e nós pagamos.
Miguel Relvas perdeu o curso por decisão do tribunal.
Não perdeu a vergonha porque nunca a teve. O mesmo se diga de quem dirige a Univ. Lusófona: fez o que fez pelo “irmão da loja” e teve o despudor de anular 150 cursos obtidos da mesma forma. E não há ninguém que feche essa chafarica. E outras. [Read more…]
Bilhete do Canadá – Heil Schäuble!
Quem nasceu para escorpião, morde sempre, envenena sempre, porque é essa a sua natureza. É o caso do Ministro das Finanças da Alemanha, o Sr. Schäuble, que gostou de humilhar a Grécia e se prepara agora para humilhar Portugal e Espanha. Porque é isso que transparece das suas ameaças, rosnadas, e depois desmentidas de forma ridícula.
Contra a natureza das pessoas que nascem más e nada aprendem com a História, temos obrigação de as afastar de lugares onde podem fazer mal a milhões de pessoas. E se for caso disso, esmagar o escorpião com a bota. Sem apelo nem agravo.
Para já, estou grata à Inglaterra. É a segunda vez na minha vida que ela me defende de certa gente que domina a Alemanha.
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Bilhete do Canada – Depois queixem-se
Desde que estourou a bomba do Brexit tem havido duas preocupações por parte da nomenklatura de Bruxelas: enquanto Merkel afirma que não há pressa nas negociações de saída da Inglaterra, que não é preciso ser desagradável nesta rampa final, outros sublinham que até o processo estar terminado não cessam os deveres e os direitos de quem decidiu sair.
Cameron, que pôs o pé na argola e trata agora de limpar-se o melhor possível, respondeu à letra, em sede própria, no parlamento, com aplauso geral: quem trata do timing somos nós, porque cá em casa mandamos nós. E com isto deu a entender que percebeu a jogada da chanceler: fazer de conta, levar tudo em pianinho para que fique tudo na mesma.
Juncker é que, na primeira sessão depois do desastre, perdeu as estribeiras: invectivou a delegação britânica, foi desabrido. Farange não se ficou, passou rodas de inúteis a todos, acusando-os de nunca terem feito nada na vida, de não terem proporcionado um único posto de trabalho.
Se puxam mais por ele e acompanhantes, arriscam-se a que o Farange, que como os malucos diz tudo, conte ali pelo claro o caldinho da estrondosa fuga ao fisco que Juncker ajudou a medrar no Luxemburgo quando foi governante. E mais coisas. Mesmo muito mais coisas.
Ponham-se a puxar por eles e depois digam que têm pouca sorte na vida. Vai linda a peixeirada, vai.
Bilhete do Canadá – A desvantagem da arrogância
Os maus acontecimentos servem para nos ensinar a reflectir. É o que deduzo do resultado das eleições espanholas.
PODEMOS perdeu deputados e foi parar ao terceiro lugar, não por ser da esquerda radical, mas por o seu líder ter escolhido o caminho da arrogância e da sobranceria. Justamente o oposto de Tsipras que, na Grécia, tem aguentado firme com o seu jeito modesto e a sua boa educação. Iglesias levou longe demais a rudeza com que tratou o PSOE e seus dirigentes. O resultado está à vista: de facto, não é com vinagre que se apanham moscas.
Oxalá a esquerda radical dos outros países da UE, incluindo Portugal, olhem para este pormenor com atenção. A Europa, nesta encruzilhada, precisa dos seus jovens, cheios de idealismo e energia, mas sem atitudes ditatoriais. Fartos de ditadores estamos nós todos.
Carta do Canadá – Pega de Caras
Que podemos fazer se estivermos dentro duma arena para onde largaram um touro? Ou fugimos ou o pegamos de caras.
Tal é o caso com a situação criada pela União Europeia, que levou ao referendo de Inglaterra. Porque, de facto, a UE anda, desde há dez anos, pelo menos, a esticar a corda da desigualdade de tratamentos, da política da ameaça e da punição, da imposição (quadrada) dos métodos económico-financeiros alemães que desaguaram no desemprego massivo, na falta de horizontes para a juventude, nos cortes cruéis dos direitos dos trabalhadores, do completo desleixo no que se refere à maneira como os governos seus apaniguados aproveitam alegremente da corrupção, do irrealismo duma moeda (o euro) que não se flexibilizou para facilitar o comércio livre, da falta de controlo de fronteiras e last but not least o espectáculo degradante que está a oferecer ao mundo com a questão dos refugiados. [Read more…]
Apontamento sobre o 10 de Junho
Desejando ser entendida por quem me lê, começo por declarar que não passo cheques em branco a políticos, sejam eles governantes ou presidentes de República, porque já não tenho idade para acreditar no Pai Natal. Posto isto, vamos ao que me traz.
E o que hoje me traz é dizer que achei uma boa ideia a maneira como, neste ano inquieto de 2016, se celebrou o Dia de Portugal com a parada militar no Terreiro do Paço para depois se brindar à Pátria junto da comunidade portuguesa de França, lado a lado com o presidente do país que acolheu esse mais dum milhão de portugueses. Ambas as cerimónias tiveram grande dignidade e aprumo.
Bilhete do Canadá – Pois…
Ontem houve reunião magna de patrões, no P & C da Fátima Campos Ferreira, para se tirar a limpo isso de haver ou não um clima de confiança no governo por parte do lado empresarial. Pelo governo estava Caldeira Cabral, Ministro da Economia. Pelos políticos, apareceu Diogo Feio, deputado do CDS. E em representação da confederação dos patrões, deu um ar da sua graça o inevitável Saraiva.
Diogo Feio, que olha por baixo como os touros manhosos, perdeu-se num mar de generalidades e banalidades com que pretendia denegrir o governo actual e branquear o anterior. O problema deste Diogo é que, visivelmente não tendo preparação para as profundezas técnicas e financeiras, fica sempre feio. Por fora e por dentro. Todo ele é ódio, ressabiamento.
Saraiva, que é um trabalhador reciclado em patrão, tendo por isso o fanatismo dos cristãos novos, ia anuindo em meio sorriso agradado, mas prudente, mais esperto do que o Feio, sempre a ver para onde soprava o vento.
De repente, Fortunato, um industrial do calçado pegou num pedregulho e desalinhou o formigueiro. [Read more…]
Bilhete do Canadá – O Viveiro dos Medíocres
António Esteves Martins demitiu-se do seu lugar de correspondente da RTP para a Europa, que exercia desde 1991. E disse claramente à direcção da televisão estatal porquê: não estava para aturar as insinuações e intrigas de Victor Gonçalves, um que exibe boquinhas em cú de galinha sempre que, armado em chico esperto, se põe a fazer perguntas repetitivas aos entrevistados à laia de inspector policial que quer apanhar o criminoso de qualquer maneira. A direcção da RTP não respondeu a Esteves Martins, calou-se, o que diz bem da sua ausência de coluna vertebral. Não é novidade, mas regista-se.
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Carta do Canadá – Essa coisa dos subsídios
Aquase seis quilómetros de Portugal, sigo com desgosto as manifestações e contra-manifestações que se desenrolam à roda da decisão governamental de cortar os subsídios às escolas privadas nos locais onde existem escolas públicas aptas a prestar educação às crianças e jovens. Desgosta-me ver multidões de crianças vestidas de amarelo, manipuladas e mentalizadas por pais e professores, a brincarem aos contestatários de cartaz em punho. Desgosta-me que se queira atribuir ao caso uma conotação ideológica quando, na verdade, apenas se trata de dinheiro. Tudo isso soa a falso.
Portugal é um estado laico que respeita a liberdade religiosa. Pessoalmente, acho saudável que os países não sejam governados por autoridades religiosas, sempre inclinadas a cair na intolerância. No passado e no presente abundam os exemplos. Assim sendo, se houver um módico de decência por parte de quem hoje reclama, o estado português teria de sustentar escolas protestantes, hindus, muçulmanas e por aí fora, ao mesmo que garantiria o funcionamento completo das escolas públicas. Não creio que haja países com capacidade para tanto e Portugal, depois da política de empobrecimento (e rebaixamento) levada a cabo pelo governo anterior, é hoje um país com grandes dificuldades.
Clama-se pela liberdade de escolha do lado católico, e clama-se muito bem. [Read more…]
Bilhete Do Canadá – Cheira Mal / Cheira A Petróleo
PRÓS & CONTRAS de ontem à noite. Bem interessante e pedagógico, porque foi o frente a frente de duas concepções de mundo – os humanistas que amam a natureza e os burocratas que a ignoram. No caso, as forças vivas que ali representavam milhares de algarvios e os mercenários que eram a imagem dos patrões gananciosos. A estes, cheirou a petróleo. Aos primeiros, cheirou mal que ande uma empresa a esburacar o chão para descobrir um óleo sujo que tantos danos tem causado ao ambiente e que, por isso e por extracção desenfreada, está em queda livre. Por toda a parte se reconhece a urgência das energias alternativas para se tentar travar o aquecimento global que pode acabar numa tragédia, mas os gananciosos não querem ouvir, querem secar os poços de petróleo até à última gota porque isso ainda lhes vai dando uns dinheirinhos. Um contrato com uma companhia cujo dono é, pelos vistos, um sabe-tudo, a avaliar pelos vários ramos de negócio em que anda metido mas que, até provas em contrário, é um analfabeto funcional, é apontado como estando pejado de ilegalidades. Contrato que o governo Passos – Portas se apressou a fazer pouco tempo antes das eleições, devidamente assinado pelo ministro do Ambiente daquela mixórdia governativa, de seu nome Jorge Moreira da Silva, um pequenote sempre empertigado. Levaram, os servidores do patrão e o anterior governo, uma coça em forma dada por algarvios que não querem ver a sua terra estragada. E fizeram-no com as letras todas, terminando em beleza por um poema de Miguel Torga. A opinião pública nacional, segundo o gráfico mostrado várias vezes, estremeceu, abriu os olhos e votou contra a golpaça passista.
Pena foi o Jorginho Bilderberg não ter aparecido. Escusou-se por ter a agenda cheia. Pois. Vê-se pelas fotografias em que faz de pimenteiro da alta galheta de vinagre que anda pelo país, com um ar desgraçado, a carpir mágoas por já não ser primeiro ministro. Corajosos rapazes.
Bilhete do Canadá: RTP e jornais
Noite de 19 de Maio. RTP.
PALAVRAS E ACTOS. Moderado por Carlos Daniel. Convidados, João Galamba (PS) e Nuno Melo (CDS). Não há nada a fazer com Nuno Melo e a sua desonestidade intelectual. Usa a chicana e a regateirice como armas para esconder a ignorância e a impreparação. É abissal a diferença entre ele e Galamba. Mas Melo é deputado europeu. Grande gamela os europeus andam a sustentar…
NOTICIÁRIO. António Costa, após anunciar o Simplex, pegou no brinquedo, divertiu-se e divertiu: pôs uma vaca a voar. Levar certas coisas na gozação é a melhor maneira de estar ao lado do povo, que é trocista e gosta de rir.
DOS JORNAIS. Duarte Marques, aquele que vem de Mação como o super-juiz, está radiante: foi encarregado de entregar à FCT os documentos fornecidos ao PSD pelo fulano que fez uma falsa denúncia contra o ministro da Educação. Há tipos assim, vivem das queixinhas e das manobras pidescas. Porque será que isso tem a ver com a mediocridade, a inferioridade?
Carta do Canadá – Os brasis
Eu sei de vários Brasis. Tenho-os encontrado ao correr dos anos. O primeiro Brasil que eu encontrei foi o da música, dos sambinhas meio ingénuos, meio marotos. Era o tempo de Carmen Miranda. Ficou-me esse gosto pela batida brasileira (tão próxima da batida angolana), aquele jeito solto de rimar o pão nosso de cada dia. Depois veio o tempo das greves académicas em Portugal, da ditadura no Brasil, e a descoberta de Bethania, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Tom Jobim – a fazerem o contraponto de resistência às toadas baianas de Dorival Caymi e às figuras esculpidas em prosa por Jorge Amado. E a descoberta, deslumbrada, da poesia brasileira, que leio tanta vez.
Carta do Canadá: Respeitinho é bonito
Para compreenderem melhor o que vos vou contar, digo-vos que a cantora Celine Dion é para o Canadá o que Amália Rodrigues é para Portugal: um ícone. O que se compreende porque, desde muito nova a bela voz de Celine prendeu este povo, que passou a seguir atentamente o crescer da menina que é conhecida em todos os continentes. Viu-a casar com o seu empresário, René, viu nascer-lhe os filhos, acompanhou-a na longa e tremenda luta do marido contra o cancro.
Quando René morreu e se soube que a cantora desejava sepultá-lo no Quebeque, a província que a viu nascer, o governo dessa província imediatamente a informou que oferecia um funeral de estado. Convenhamos que foi um exagero, porque não se tratava do funeral da artista mas do seu empresário e marido, ambos impecáveis, é certo, mas sem estatuto para cerimónias de estado. Os governos às vezes são assim desgovernados. Seja como for, a cantora aceitou sensibilizada e ficou a saber que agência funerária tinha sido escolhida. [Read more…]
Bilhete do Canadá: Capitalismo liberal
Vai um aranzel e peras nas tvs cá deste lado do mar.
Nos Estados Unidos, a Apple, a Microsoft e a General Electric têm perto de 2 triliões de dólares escondidos através da loja do Panamá. Estão sem pagar ao fisco do seu país uma pipa de massa. Deve ser por isso que, em oposição a Obama, os republicanos gritam que o país não aguenta um serviço nacional de saúde universal e gratuito. Trump e a rapaziada fina do clube dele é o que dizem.
Mas há mais: já foram detectadas 50 companhias dos Estados Unidos que gastam anualmente 20 biliões de dólares a sustentar lobbies, que são aquelas fábricas de luvas para oferecer a políticos, jornalistas e ofícios correlativos.
São Capitalismo liberal, sem regras, é mesmo ordinário.
E por ordinário, então o SOL lá fechou?
Bilhete do Canadá
Grande tem sido o alarido na comunicação social por causa da prestação gratuita que Diogo Lacerda Machado tem dado a vários dossiers quentes da economia, a pedido do ministro António Costa.
Para tudo é preciso sorte, até para andar na política.
Que o diga Passos Coelho, entronizado secretário geral do PSD pela diligência (proclamada) de Marco António Costa, e que levou para o governo Miguel Relvas quando subiu a primeiro ministro. Marco António tem um farfalhudo rabo de palha na Câmara de Gaia e Miguel Relvas, para além de ter vigarizado uma licenciatura, tem rabos de palha vistosos em vários sectores do país, do Brasil e de Angola.
Que o diga, também, Paulo Portas que, depois de tantas trapalhadas que arranjou pela vida fora, é agora vice-presidente duma organização representativa dos industriais, diz que de borla. Como se essa corista da política, que só aceita trabalhar em palácios, vivesse do ar.
Em nenhum dos dois casos houve alarido na comunicação social nem deputados apareceram a exigir provas.
Moral da história: Pedro Passos Coelho e Portas são uns sortudos, porque a comunicação social é uma lástima e o parlamento um pátio.
Carta do Canadá – Os rapazes do Paraíso
Há poucas semanas a minha velha amiga Gisélia (Constantino de solteira), que há 50 anos geme saudades de Tomar em Angra do Heroísmo, fez o habitual telefonema que me faz reviver os tempos do bibe aos quadradinhos vermelhos e brancos, as botas de atanado e a pasta cheia de ilusões. O pai da Gisélia, muito moreno e cortês, era dono de uma perfumaria pequenina mesmo ao lado do Café Paraíso. Tinham família na Estrada da Serra, onde eu vivia com os meus pais, pessoas que eu conhecia desde Angola. Acho que conheci a Gisélia e o rio Nabão ao mesmo tempo. Depois, crescemos e cada uma foi para seu lado. A Gisélia acabou por me descobrir no Canadá e quando telefona, dá-me sempre novidades: ou está nos Açores o filho do António Campos, o farmacêutico de Santa Cita, ou terminaram as obras do mercado, ou caiu de vez o eucalipto dos Silveiras. Há semanas, dizia eu, comunicou que o Graça, do Café Paraíso, me mandava um beijo e tinha ficado com pena de não me ver quando fui a Portugal. Fiquei tão contente! Falámos do outro Graça do Paraíso, o Joaquim. E do Artur.
Carta do Canadá – Um pequeno esclarecimento
Há dias apareceu na televisão um angolano importante, um angolano visivelmente ligado ao regime de Angola, que parecia muito zangado com Portugal e os portugueses. Barafustou contra o facto de haver políticos e outras figuras importantes de Angola que estão a ser investigadas pela justiça portuguesa por se ter verificado que estão metidos em negócios pouco claros com portugueses pouco sérios. O sujeito não estava contra os suspeitos, estava fulo com a justiça lusa. É uma posição interessante, não há dúvida.
O zangado homem angolano deixou um aviso solene: ou a justiça portuguesa deixa em paz os tais suspeitos, e a imprensa portuguesa deixa de dar notícias sobre o assunto, ou então Angola deixa de comprar o que precisa a Portugal, assim apanhando um grande rombo nas exportações. Coisa séria. E eu a julgar que Angola deixou de importar em grande quantidade a Portugal porque está a braços com uma crise económico-financeira brava, causada pela queda do preço do petróleo e porque os dirigentes desse país puseram todos os ovos na cesta do petróleo.
Bilhete do Canadá – demais é moléstia
No telejornal de 2ª feira à noite, José Rodrigues dos Santos, de olhos muito abertos, empertigado e em voz vitoriosa, anunciou ao país que o Eurogrupo exigia Plano B e medidas de austeridade imediatamente. Dali a pouco, António Esteves Martins dizia, a partir de Bruxelas, que o Eurogrupo estava a “fazer voz grossa a Portugal” por achar que a Comissão Europeia trata o nosso país com brandura. O balão empertigado baixou a voz, esvaziou um pouco e ficou com aparência de surpreendido.
Não é a primeira vez que o locutor Rodrigues dos Santos se comporta desta maneira. Dir-me-ão que pode ser garotice, falta de educação, reacção de direita raivosa, exibicionismo, leviandade. Não sei o que possa ser. Mas sei que Rodrigues dos Santos é pago com o dinheiro dos contribuintes. Portanto, não pode tomar atitudes destas, ninguém o autorizou a tal. Os noticiários têm de ser lidos com clareza e neutralidade, porque se trata de um serviço fornecido a TODOS os portugueses. Ainda por cima acontece esta mancada no dia em que a RTP estava a celebrar os seus 59 anos de vida. Foi duma deselegância gratuita. En passant digo que gostava de ouvir uma aula de Comunicação Social dada por este rapaz na universidade onde tem um gancho.
Em contrapartida, no PRÓS E CONTRAS que seguiu Ramalho Eanes e Jorge Sampaio deram uma nobre lição de democracia e boas maneiras, apontando as falhas que nos trouxeram a esta situação, mas não insultando ninguém e apontando para o futuro. O mesmo se diga dos emigrantes portugueses que foram ouvidos e vistos via satélite, ou ao vivo na sala. Como dizia o refrão da revista: isto é outra loiça.
Carta do Canadá: Jornalismo é servir
Com tempestade de chuva, neve ou granizo; com temperaturas glaciais ou calores tórridos; debaixo de fogo ou de tiroteio; contra tudo e apesar de tudo, médicos, enfermeiros, bombeiros, padres e membros da comunicação social, têm de correr em socorro de quem precisa, têm de arriscar tudo para salvar ou informar, que o mesmo é dizer dar o grito de alerta para que outras ajudas venham ou consciências acordem. Para os que escolheram estas profissões, não há domingos nem feriados, não há garantias de noites de Natal sem perturbação, de dias de aniversários celebrados sem interrupção. Tudo pode acontecer. A tudo é preciso responder presente. Porque escolher estas profissões é escolher servir o próximo, sem distinção de raça, género ou posição social.
Bilhete do Canadá = ronda pelas gordas dos jornais
PASSOS COELHO: “PSD estará sempre preparado para governar”.
TRADUÇÃO: Dirigido pela dupla imbativel Passos-Relvas, o PSD está sempre pronto para ir ao pote.
ANTÓNIO BARRETO: “Sem capital mas com berreiro” (referindo o orçamento aprovado)
TRADUÇÃO: está com ouvidos delicados desde que trabalha para aquele merceeiro a quem não falta capital e está a fazê-las pela calada.
Carta do Canadá: Ofensa e hipocrisia
Encontro na blogosfera e nos jornais online referência ao cartaz da autoria do Bloco de Esquerda para festejar o ter sido aprovada a lei que autoriza casais do mesmo sexo a adoptar crianças. Vejo que Pedro Mota Soares, do CDS, ministro da Segurança Social no anterior governo, considera o cartaz “ofensa gratuita à sensibilidade de muitos portugueses”. Registo, com apreço e respeito, que Marisa Matias, ligada ao Bloco de Esquerda, considera esse mesmo cartaz “um erro”. Antes de prosseguir clarifico já a minha posição: é, de facto, um erro e um acto de estupidez que vai funcionar como um tiro no próprio pé desse movimento político. Nem mais errado nem mais estúpido do que as piadolas, às vezes ordinárias, que certos humoristas de serviço ao regime, assim como uns apresentadores sem tino, fazem à volta da Igreja Católica e seus valores. O amor do público por esses (erradamente) tidos por humoristas não tem aumentado, pelo contrário. A mim só me apetece perguntar aos piadistas e ao BE: porque se metem só com a Igreja Católica? Não há mais religiões praticadas em Portugal? Será porque quem se mete com as outras religiões leva, e o Charlie Hebdo que o diga? Como reagiriam se as pessoas fizessem chacota dos familiares directos dos chefes do BE? É que se não perceberam ainda o tipo de relação que os cristãos têm com as figuras sagradas, então não sabem em que mundo andam nem em que país vivem. Portanto, eu acho lamentável esse cartaz e concordo com a Marisa Matias (que alem de ser decente, é uma mulher inteligente e vê longe). Não me regozijo com esta mancada do BE, até tenho pena que um movimento em que há gente nova com tanto valor tenha caído nesta tentação estúpida e inútil. [Read more…]
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