É preciso e é urgente

Alguém ajude Marcelo Rebelo de Sousa a terminar o mandato com dignidade….

É agora (vamos)

 

É agora (a saída das tropas dos quartéis)

Um dia

Montenegro escolheu a degradante

Sebastião Bugalho, a negação do mérito e o festival de memes que aí vem

Sebastião Bugalho, um jovem de 28 anos cujo percurso profissional e de vida se resume a ter andado na escola e ao comentário político que faz nas TVs e jornais, foi o escolhido por Luís Montenegro para liderar a lista da AD às Europeias.

Representa a total negação do mérito, numa lista repleta de laureados pela lealdade ao líder.

É a rendição total de Montenegro ao mediatismo e à política do espectáculo.

E é mais uma cedência à extrema-direita, colocando-se à AD disponível para esgrimir arremessos de lama na arena do espalhafato populista.

Vai correr muito mal.

Que lhes sirva de lição.

Dois dias

Três dias

Passos Coelho e os que comem criancinhas

No tempo do salazarismo, havia um faduncho anticomunista que servia para alimentar o medo do papão leninista-estalinista-siberiano. Incluía, o dito faduncho, versos como “Maldita seja a Rússia soviética!” e “Malditos os que comem criancinhas!”. Quando se pensava que já não seria possível reencontrar um discurso tão primário, eis que Passos Coelho reaparece para reavivar fantasmas em que ele próprio não acredita, mas que lhe dão jeito para a campanha em que se integra, juntamente com outros intelectuais do mesmo calibre, como Paulo Otero ou João César das Neves, alguns dos autores que integram a colectânea “Identidade e Família”.

Descaindo os cantos da boca, de modo a imitar uma gravitas de estadista, Passos Coelho disse que há uma «sovietização do ensino».

Um dos mitos alimentados pela direita tola

(ou pela direita que fala para tolos)

é o de que a Escola Pública é uma verdadeira madraça dominada por comunistas e outros parentes desgraçadamente próximos que andam a catequizar as pobres criancinhas, que, a não serem comidas ao pequeno-almoço, hão-de transformar-se, por força da doutrinação, em futuros comedores de criancinhas, em consumidores de drogas pesadas, médias, leves e pesos-pluma e em heterossexuais convertidos em quaisquer outros sexuais que tentarão obrigar toda a população a mudar a orientação sexual. [Read more…]

Factura da electricidade a subir, IRC a descer

Sabem o que era mesmo bom para este país ir para a frente?

Sacrificar parte da receita fiscal para reduzir o IRC à EDP.

Se os camaradas do Partido Comunista Chinês nos vão aumentar a factura da electricidade, é porque estão mesmo aflitos e o aumento de 40% nos lucros em 2023 não lhes chega para pagar as contas. O socialismo sufocou-os, coitados.

Quatro dias

Cinco dias

Seis dias

O império contra-ataca

Não podemos dizer que fomos apanhados de surpresa. Podemos dizer que estivemos distraídos, e isso é legítimo. Mas os sinais estavam todos lá, há muitos anos, e Paulo Núncio fez questão de nos avivar a memória, dias antes da eleição de 10 de Março, quando afirmou, sem rodeios, que:

Em 2015, o governo do PSD e do CDS foi dos primeiros governos do mundo a tomar medidas no sentido de dificultar o acesso ao aborto.

Nuno Melo chamou-lhe “uma afirmação de grande respeito democrático”, mas aquilo as palavras de Núncio puseram a nu foi um ataque deliberado à democracia.

A lei do aborto, aprovada na sequência do referendo de 2007, em que o “sim” venceu com 59,25%, foi subvertida pelo preconceito ideológico do governo liderado por Pedro Passos Coelho. E não era apenas o direito ao aborto, sufragado da forma mais directa possível pelos cidadãos, que estava sob ataque. Era o Estado de Direito e o princípio da separação de poderes. Não compete ao governo, titular do poder executivo, minar o normal funcionamento do poder legislativo, cuja sede é Parlamento. [Read more…]

Sete dias

Oito dias

Fiscalmente em choque

Com que então, o choque fiscal do governo Montenegro no IRS são os 1327 milhões do sOcIaLiSmO mais uns trocos. O Sá Carneiro e o Humberto Delgado vão ser pequenos para os charters de jovens emigrados a fazer fila para regressar a Portugal. Agora é que este país vai para a frente.

Nove dias

A vingança serve-se num prato irrevogável

Foi há 11 anos que Paulo Portas apresentou a sua demissão irrevogável, rapidamente revogada com uma melhoria do pacote ministerial, partidário e salarial. Pedro Passos Coelho, aparentemente, guardou esta para momento oportuno. A luta pela hegemonia entre as direitas está ao rubro.

Notas sobre o incidente israelo-iraniano

Três pontos prévios, sobre o incidente israelo-iraniano deste fim-de-semana:

  1. Israel está a levar a cabo um massacre na Faixa de Gaza. O nível de brutalidade da sua ação supera largamente o de Putin na Ucrânia. Não há justificação possível para a desproporção da resposta ao ataque terrorista de 7 de Outubro.
  2. O ataque de Israel ao consulado iraniano na Síria viola o direito internacional e a Convenção de Viena. E acontece não porque Israel se sentiu ameaçado pelo Irão, mas porque se julga acima da lei.
  3. Ao nível interno, Israel ainda é uma democracia. No plano externo é um regime desestabilizador, dos mais violentos e dos que mais desrespeita o direito internacional e as suas instituições.

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Dez dias

Quem nos dera isto em Portugal

Ora imaginem isto em Portugal: um ministro da Economia que se disponibiliza para, durante uma hora, responder seriamente, num formato de webinar, a todas as perguntas que cidadãos lhe queiram colocar. Sem mídia, sem politiquice, falando abertamente e informando com conteúdo sólido e sem slogans políticos. E que termina o encontro com um amigável “voltarei de bom grado”.  E que, por acaso neste webinar foi tratado por você, mas noutros foi tratado por tu, sem que isso lhe tenha causado qualquer mossa.

Foi o que aconteceu mais uma vez na série de webinars “Europe Calling”, sob o tema: “Como pode a transformação na Europa ser bem sucedida?- Um diálogo de cidadãos europeus” com Robert Habeck, Vice-Chanceler e Ministro Federal da Economia e da Acção Climática da Alemanha, no qual participaram mais de 7.000 pessoas

E assim fica bem patente a diferença entre o que acontece em Portugal, onde a sociedade civil organizada é sistematicamente menosprezada pelos governantes, e a seriedade com que é encarada noutros países.

E isto é um indicador de muita, muita coisa.

Marcelo condecora Spínola

Às escondidas. Aguarda-se o anúncio de um feriado nacional dedicado ao terrorismo fascista.

Pedro Passos Coelho mudou.


Em 2010, Pedro Passos Coelho publicou um livro intitulado “Mudar”. Nessa altura muitos acreditaram e apoiaram de forma inequívoca a sua candidatura a líder do PSD e, mais tarde, a Primeiro Ministro de Portugal. Eu fui um deles.

Nesses anos, a blogosfera era muito forte e era normal que os lideres políticos dos principais partidos reunissem com diferentes bloggers para explicar as suas ideias e, simultaneamente, ouvir a dos blogues. Tornaram-se comuns os “jantares com bloggers” e foi dessa forma que conheci Pedro Passos Coelho. Não concordava com tudo – as nossas diferenças na questão, entre outras, da Regionalização eram profundas. A sintonia existia, sobretudo, na sua visão liberal nos costumes e em parte da sua visão liberal para a economia. O resto é história.

Ontem, surpreendentemente, pelo menos para mim, ouvi incrédulo parte da sua intervenção na apresentação de um livro. Um livro com um enorme cheiro a mofo. Não escondo que a sua última intervenção no Algarve já me tinha deixado desconfortável mas, inocência minha, pensei que era uma “coisa” combinada com Montenegro para piscar o olho ao eleitorado do Chega que, como se viu, era forte no Algarve. Afinal, não. O seu discurso ontem confirmou que este Pedro Passos Coelho já não é o mesmo que escreveu “Mudar”. Mudou. E com essa mudança afasta todos aqueles que, como eu, são de uma direita que é liberal nos costumes. Aliás, ainda não ouvi a IL pronunciar-se sobre o que aconteceu ontem na apresentação do livro “Identidade e Família”. E a minha pergunta não é inocente: a IL representa uma direita mais liberal que a minha mas que nos costumes é idêntica. E essa direita não se revê, minimamente, naquilo que aconteceu ontem. E a IL já deu a entender que apoiaria uma candidatura de Pedro Passos Coelho a PR. E muitos dos mais importantes lideres da IL foram “passistas”. 

Quanto ao tema, a ideia de “família tradicional” que sempre nos venderam é uma “fake news” como a história facilmente ensina. Como diz o outro: “estudassem”… 

Passos Coelho, o falso Dom Quixote

 

Dom Quixote combatia moinhos de vento, pensando que eram gigantes. Passos Coelho diz às pessoas que está a combater gigantes, mesmo sabendo que são moinhos de vento. Dom Quixote teria um défice cognitivo, Passos é astuto até à perfídia.
Passos Coelho quer, sobretudo, pastorear eleitorado, mantendo o gado junto, porque pode vir a precisar dele daqui a poucos anos, quando voltar à política donde finge que saiu.
Para manter junto o eleitorado que se dividiu entre AD, IL e Chega, parece acreditar que terá de ser extremista. Assim, à boa maneira do simplismo maccarthista ou do salazarismo básico, aponta o papão comunista, esquerdista ou esquerdalho, falando em “sovietização do ensino” e fazendo de conta que a Escola é uma fábrica ideológica habitada por profissionais ideologicamente uniformes e igualmente destituídos de qualquer ética. Esta espécie de argumentação faz parte da vulgata direitralha.
Passos não é burro, mas acredita profundamente na burrice de quem o ouve. É um Ventura barítono, um virtuoso da mentira.

Zaporijjia e a segurança das Centrais Nucleares

No plano inicial do 11 de Setembro constavam 10 alvos, um desses alvos era a central nuclear de Inidian Point que fica a 60 km de Nova Iorque. Segundo a informação recolhida, a central nuclear foi retirada da lista de alvos porque foi considerado que as consequências poderiam ser muito mais nefastas do que o pretendido.

Até 2001, as estruturas das centrais foram projetadas para resistir ao embate de um pequeno avião de turismo, da categoria de um pequeno Cessna. Na altura julgou-se que o pior cenário poderia ter origem num erro de um piloto de um avião desta categoria que voa a mais baixas altitudes e que eventualmente se aproximasse demasiado de uma central. 85% das centrais nucleares existentes foram projetadas para este cenário. Depois do 11 de setembro de 2001, esse paradigma mudou. Um avião de linha poderia servir de projétil contra uma central. Realizaram-se simulações para tentar avaliar a capacidade das centrais existentes para resistir a um embate de um avião de linha, mas na esmagadora maioria dos casos os resultados não foram divulgados e muitos mostraram que em determinadas condições os danos causados nas centrais nucleares poderiam causar um acidente muito grave. Poucas foram as centrais que reforçaram as estruturas. Por exemplo, os reatores de Zaporijjia estão parcialmente protegidos por uma estrutura envolvente ao edifício de cada reator quase da altura da cúpula. Esta estrutura pode ser muito eficiente para um embate de um avião de linha ou um projetil de artilharia, mas pode ser facilmente contornada por um míssil com boa precisão.

No entanto, para que um acidente grave possa ocorrer não é necessário atingir o edifício do reator. [Read more…]

ISDS, terrorismo económico de fato e gravata

Fala-se pouco sobre isto. Tirando a Ana Moreno, que passa a vida a alertar-nos para os perigos do terrorismo económico de fato e gravata. O futuro de democracia está nas mãos deles. À beira deles, os novos fascistas são crianças a brincar no recreio. Com esta gente, todo o cuidado é pouco.

A Justiça nas mãos dos ricos

À justa, lá conseguiu a direita subir ao poder para revigorar as furadas receitas neoliberais que, por via dos serviçais mídia e de um dedo indicador apontado para o INTA (There is no Alternative), continua a propagar o afamado “trickle-down effect” – o mesmo que, comprovadamente, vem aumentando a concentração da riqueza e a desigualdade no mundo inteiro.

Aquilo que o PS (que finge ser de esquerda) já vinha praticando há 8 anos, que levou a aumentos de PIB e a maior pobreza, será agora aplicado a fundo e descaradamente. Lucros privados, custos públicos, privatizações, Portugal vendido ao desbarato, o mercado em roda livre. [Read more…]

O Secretário de Estado da Educação que nega Alterações Climáticas

Temos um Secretário de Estado da Educação com um discurso negacionista sobre as alterações climáticas. Na era da desinformação não poderia haver melhor escolha.

Numa altura em que já tinham sido publicados 5 relatórios do IPCC que compilavam dezenas de milhares de artigos que davam uma consistência muito sólida à origem do aquecimento global nas atividades humanas, o atual secretário de estado escolheu um artigo que questionava parcialmente os resultados do IPCC (um exercício normal em ciência, também se avança com os erros) para discorrer o seguinte:

  • o aquecimento global estagnou no início deste século e, tudo indica, assim permanecerá até cerca de 2030
  • o oceano Atlântico a (provável) principal explicação para o fenómeno (…) a acção humana não é o factor dominante nessa relação
  • Mas mais do que fácil, foi útil acreditar. Politicamente útil. Porque o que verdadeiramente interessa é o carácter político da alegada relação causal entre a acção humana e o clima. Essa não foi um acidente, foi deliberada. E não foi imposta pela ciência, foi mesmo uma opção ideológica. Para alimentar os activismos e moralizar debates. Para fixar o modo de vida ocidental como raiz da ameaça à sustentabilidade do planeta. Para impor como solução a ruptura com esse modo de vida. Para, no fundo, fazer do aquecimento global o alibi para legitimar a luta contra o capitalismo e a defesa do socialismo. Durante décadas, funcionou. Manifestos, protestos, agendas fracturantes. Houve de tudo. Agora, está na hora de virarmos a página.
  • Olhando para trás, é de certo modo chocante verificarmos que tanta gente tenha escolhido acreditar numa relação de causalidade tão fragilmente demonstrada em termos científicos. Sim, porque a questão-chave nunca foi reconhecer que há aquecimento global ou que a acção humana pode contribuir para o efeito estufa (isso está efectivamente demonstrado), mas sim o estabelecer de uma relação causa-efeito entre a acção humana e esses fenómenos climatéricos. Esse salto lógico, que nunca foi devidamente sustentado, foi rápida e acriticamente aceite.
  • O que está em causa é uma dupla lição. A de que o homem não controla tudo. E a desta importante derrota política. A de uma corrente ideológica que usou a ciência para esconder o seu radicalismo contra o capitalismo. Pela ciência se ergueu. Pela ciência caiu.

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Excedente Orçamental

Fui à Conservatória da Trofa, de manhã, para tratar de um documento para o meu filho.

Já lá não ia há algum tempo, e deparei-me com um serviço com evidentes sinais de degradação, falta de pessoal e equipamentos fora de serviço.

A máquina das senhas não funcionava.
O ecrã onde acompanhamos as senhas estava desligado.
Os poucos trabalhadores de serviço estavam com ar exausto.

Uma hora e meia após ter lá chegado, fomos informados que o documento em questão já não poderia ser tratado hoje.

Tinham ficado “sem sistema”.

Algumas das pessoas, fartas da espera, exaltaram-se.

Como se a culpa do mau funcionamento do famoso sistema fosse dos funcionários da Conservatória.

Eu limitei-me a perguntar se havia previsão para o problema estar solucionado.

Não havia.
Viemos embora.
Uma hora e meia perdida para nada.

O excedente orçamental também é isto.