Greve geral ao arrepio dos ensinamentos (neo)liberais

Há dias li por aí que o problema com as greves da CP residia no facto de se tratar de um monopólio estatal. Que, privatizando a empresa e liberalizando o mercado, o problema resolver-se-ia. Strawberry neoliberal fields forever.

A mesma pessoa que brindou o Twitter com o brilhante raciocínio acima, aproveitou para acrescentar que, se fosse num país como o UK, onde o mercado é liberalizado e existem alternativas, tal nunca poderia acontecer.

Entretanto, no mundo real, a propaganda bateu na trave, com estrondo, e saiu do estádio. A culpa, em princípio, terá sido do socialismo.

Calor de Verão

Árvores do Algarve II

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Dia do Caminho de Ferro e dos Ferroviários

caminho-de-ferro_ferroviariosEstá para assinar uma petição a favor da criação do Dia Nacional do Ferroviário.
Do Caminho de Ferro e do Comboio, digo eu. Façam o favor.

Regresso ao Futuro

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[António Alves, Maquinista]

Vivemos na Ferrovia Nacional um momento que se pode considerar histórico.
Aquilo que na filosofia da ciência se chama uma ruptura epistemológica. Estas acontecem quando um obstáculo inconsciente ao pensamento científico é completamente rompido ou quebrado. É o que acontece nos dias que correm no mundo ferroviário português. Um conjunto de factores concatenaram-se para que isso fosse possível: um ministro dedicado e consciente do papel da Ferrovia no futuro do país, um Conselho de Administração da CP tecnicamente competente e empenhado em fazer renascer o Caminho de Ferro e, até, uma mudança de linha, mas sem rejeitar a sua História e mantendo uma continuidade com ela coerente, no mais importante sindicato operacional do setor, o dos Maquinistas.
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A arte de destruir a Linha do Douro

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[Luís Almeida]

Ao longo dos anos, os pseudo ferroviários que administram e definem politicamente as orientações do setor tem-se revelado muito criativos na “arte” de destruir a oferta comercial de linhas ferroviárias um pouco por todo o país.
E quando se pensa que já se viu de tudo, percebe-se que a imaginação não tem limites.
Em 2016, os operadores fluviais do Douro deixam de usar o comboio por falta de fiabilidade e condições de conforto da oferta ferroviária. São os parâmetros mínimos de um transporte ferroviário de sucesso. Estima-se que 30 mil passageiros passaram do comboio para os autocarros.

Em 2017, a CP reage, por pressão dos operadores interessados em vender um produto no Douro que tenha… Douro! Assina-se pomposamente um protocolo em Janeiro e um novo comboio, exclusivo para operadores, começa a circular em Maio. Os mesmos operadores exigem que o mesmo se prolongue até ao Pocinho, a CP não acede mas percebendo finalmente a importância dessa parcela de turismo e a reboque de tudo o que há décadas se faz na Europa em matéria de turismo ferroviário e que se traduz em relevantes receitas para as empresas, lança o Miradouro até ao Tua. [Read more…]

De como as greves da IP estranhamente não afectam a Fertagus: Ou como transformar uma greve na IP numa greve na CP

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maquinistas.org

Segundo a Instrução de Exploração Técnica n.º 6 da IP, Infraestruturas de Portugal (IET 06), a mesa inserida na área suburbana de Lisboa, debaixo do controlo do Supervisor 1, que comanda a circulação entre a Estação de Coina e Pinhal Novo e entre o Barreiro e Pinhal Novo é a mesa 1.3. Debaixo do controlo do mesmo Supervisor 1, está a mesa 1.4 que comanda a circulação de comboios entre o Pinhal Novo (exclusive) e Vale da Rosa. Isto é, tanto os comboios da Fertagus que circulam entre Coina e Setúbal, como os comboios da CP Lisboa que circulam entre Barreiro e Praias do Sado, são controlados exactamente pelas mesmas mesas de operação e respectivos operadores. [Read more…]

O estado a que a CP chegou

José Manuel Rosendo

Ponham um mapa em cima da mesa e decidam qual é a rede de ferrovia que querem para o país. E depois digam-nos. E, já agora, porque é indispensável, digam-nos que CP querem.
Falar da CP, confesso, integra uma grande componente afectiva. Talvez por isso, a situação vergonhosa do transporte ferroviário em Portugal potencia aquela sensação de “vergonha alheia” que por vezes nos invade a alma. Quando se fala da CP é isso que sinto: uma grande vergonha (alheia) pela situação a que a empresa chegou.

Passo a explicar: sou filho, neto, sobrinho, primo e tenho muitos amigos ferroviários. Nasci numa terra – Pinhal Novo – que, também ela, cresceu a partir de uma “Estação de comboios”. Ainda hoje – embora pela negativa – a linha ferroviária marca a vida de Pinhal Novo, cortando-a literalmente a meio. A electrificação da via e a anulação de passagens de nível deixou-nos duas pontes – de difícil utilização pedonal – e um túnel que convém evitar, principalmente durante a noite. Cerca de 30 mil habitantes divididos pelas linhas do comboio. [Read more…]

O debate sobre o futuro da Linha do Douro

Luís Almeida

A Associação Vale d’Ouro e a Câmara Municipal da Régua vão promover no próximo dia 15 de setembro a partir das 16h30 no Auditório Municipal da Régua um debate sobre a Linha do Douro com o objetivo de colocar na agenda nacional a exploração da ligação transfronteiriça e chamar a atenção para as oportunidades que esse investimento poderá ter na região que contará com a presença do Secretário de Estado das Infraestruturas, Guilherme W. d’Oliveira Martins.
Apesar de diversos estudos elaborados ao longo dos anos confirmarem uma vocação estratégica deste eixo ferroviário para o país e para a península ibérica, no contexto transfronteiriço, a situação da Linha do Douro tem-se vindo a deteriorar e o seu contributo para a economia tem vindo a ser negligenciado. O turismo é hoje uma das fortes vocações desta linha ferroviária mas o potencial deste corredor está muito longe de estar esgotado. [Read more…]

O favor que afinal não é favor nenhum.

[fb maquinistas]

Os horários de caminho de ferro são um intrincado bailado horário, onde um comboio avariado no Sul pode significar o atraso de um comboio no Norte de Portugal, mesmo sem qualquer atraso intencional para garantir ligações.
Um comboio especial circula fora do horário planeado, muitas vezes através de vários eixos horário diferentes. Isto torna o seu encaixe algo de muito complicado.
Uma das maneiras de encaixar um comboio rápido de passageiros fretado e garantir que o mesmo tenha tempos de viagem idênticos aos comboios regulares rápidos é aceitar pequenos atrasos nos comboios mais lentos causados pela ultrapassagem do comboio especial rápido.

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CP: como destruir um serviço público para vender a preço de saldo

Imagem: Público via Maquinistas.org

A situação actual em que se encontra a CP é vergonhosa e indigna de um país desenvolvido da Europa Ocidental. Num momento em que os nossos parceiros europeus investem na ferrovia, em Portugal assistimos à degradação de infraestruturas e equipamentos, às constantes supressões de comboios, atrasos e avarias, enquanto a imprensa afiliada aos interesses privados trata de doutrinar a opinião pública, estendendo a passadeira vermelha para a “inevitável” privatização.

As grandes empresas ferroviárias europeias, claro, estão já com os olhos postos em Portugal. Porque o negócio da ferrovia nacional é atractivo e, bem gerido – não confundir com a gestão medíocre de boys partidários – será seguramente um negócio lucrativo. Para não falar nos subsídios públicos que virão indexados ao negócio. E nas cativações do Dr. Centeno, que deixarão de dar o ar da sua graça. É que já estamos em Agosto, e dos 44 milhões de euros (quase nada) previstos no OE18 para investimentos da CP, pouco mais de 10% foi executado. Assim é fácil destruir um serviço público.

A CP e o colapso programado da linha do Douro

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Carlos Almendra Barca Dalva


Uma nota prévia:
a CP deixou de alugar comboios charter às empresas de turismo e excursões no Douro há vários anos. Razão? – não há comboios disponíveis. Há vários anos.

Outra nota prévia: em 2015, e apesar das condições de exploração sofríveis e da vetustez dos comboios disponíveis, as receitas dos bilhetes cobriram as despesas operacionais na linha do Douro. É um caso raro na Europa ter uma linha de cariz regional a pagar a sua própria operação com as receitas. É mesmo o único caso em Portugal.
Explicando melhor: a linha do Douro é única via férrea que “não dá prejuízo”. A linha de Cascais dá prejuízo, a linha de Sintra dá muito prejuízo, só para termos uma ideia do que estamos falar. A linha do Douro cobriu as despesas operacionais num ano em que a CP já não alugava comboios, num ano em que a CP abdicou de transportar 180.000 passageiros em comboios charter. Teria sido uma média de +500 passageiros/dia a um valor nunca inferior a 10 euros/pessoa.

Basta pedir os números à CP.

Mas vamos à situação actual. 
A linha do Douro tem, desde há muitos anos, cinco comboios diários em cada sentido no entre a Régua e o seu terminus, a estação do Pocinho.
Um grupo de amigos pretendia organizar uma viagem no Douro em Agosto. Feita a pesquisa no site da CP, o grupo verifica que, dos actuais 5 comboios, a partir de 5 de Agosto passariam a ser apenas 3. Portanto, um decréscimo de 40% na oferta de comboios, e isto em plena época alta, a mesma época alta em que a GNR é amiúde chamada às estações do Pinhão e Régua para serenar os ânimos dos “clientes” que não conseguem encontrar lugar nos comboios.

Época alta, corte de 40% nos lugares a partir de 5 de Agosto.
No país “melhor destino turístico”. No Douro, “Património da Humanidade”

Mas tudo isto é premeditado.
Se não, atente-se na correspondência trocada com a empresa. O email de resposta, recebido a 12 de Julho, contém um texto que diz que “existiu actualização de horários a partir de 05 de Agosto”. Ora bem, meus senhores, faltam 3 semanas para as alterações!
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É também digno de embaraço o facto de os horários serem alterados no pico do Verão. Não há memória de tal. Será porque as pessoas estão de férias, as empresas estão encerradas, os políticos estão de férias e, como é Verão, ninguém repara?
O problema, meus senhores, é que no Douro repara-se, e muito.

A amigos meus, a CP assegura que o facto de desaparecerem 2 de 5 comboios em cada sentido no Douro e a partir de 5 de Agosto se deve a um “erro de pesquisa”. Então, o email-modelo recebido, já a contar com esse “erro”, é o quê, meus senhores?
Mentir é feio.
Para contextualizar, é de recordar que a linha do Douro padece da falta de comboios há muitos anos. Há mais de 10, há mais de 15, talvez 20.
É, pois, escusado, andarem a empurrar o problema com a barriga.

A CP sem comboios

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[maquinistas.org]

Em altura de greves é frequente vermos repórteres televisivos de microfone em punho a disparar perguntas frenéticas às pessoas directamente lesadas cuja resposta, sendo tão óbvia, torna o motivo da reportagem burlesco, não pretendendo defender utentes mas sim atacar quem de facto exerce um direito.
É vê-los nas urgências dos hospitais: “então, a greve dos médicos causou-lhe muito transtorno? e agora quando terá nova consulta?”…ou na estação do Cacém: “a que horas vai chegar ao emprego? esta greve traz-lhe muitas dificuldades”… como se as greves tivessem sentido prático se os efeitos não se fizessem sentir.

No último mês foram suprimidos na CP centenas de comboios não por efeitos de greves mas por falta de material circulante, por avaria, falta de mão de obra na EMEF, falta de investimento. Chegamos ao cúmulo do serviço ferroviário ser substituído por camionetas na Linha do Oeste, no Algarve, no Minho, no Alentejo, no Vouga, comboios que deviam ser feitos com Pendulares substituídos por material a cair de maduro sem que isso se reflicta no preço do bilhete, encerram-se troços por não haver comboios a circular como aconteceu na semana passada entre Caldas da Rainha e Coimbra na Linha do Oeste. Milhares de passageiros prejudicados.
Custos acrescidos com o aluguer de camionetas.
Perda de imagem e valor sem que se questionem os responsáveis.

Senhores jornalistas, considerando que o senhor Presidente da CP numa greve em Junho alegou prejuízos de 1,3 milhões de euros , que tal perguntarem-lhe quanto é que a CP já perdeu neste processo de degradação programada ?

A novela Bruno Carvalho acabou, as crianças tailandesas felizmente saíram da gruta, o Benfica ainda não começou a jogar , os incêndios tardam , o Pontal ainda vem longe.
Vamos entrar na silly season com os motivos de reportagem a escassear.

Senhores jornalistas, porque não ir por esse país fora, pelas estações ferroviárias do Algarve ao Minho fazer aquela pergunta sacramental que tanto gostam de fazer em alturas de greve :

“então, a falta de comboios está a causar-lhe muito transtorno???”

InterCidades Lisboa-Évora, a tragédia de uma empresa

ic-lisboa-evora[Rui Elias Maltez]

Desde há uma semana a ser feito com recurso às Automotoras 2240, não as adaptadas para o serviço da Covilhã, mas usando as vulgares automotoras para IR ou Regionais, leia-se suburbanos, que foi para isso que foram construídas em 1977, talvez comprometendo a capacidade do serviço regional de Tomar.
Existem hoje muitas causas possíveis para esta situação, como a falta de locomotivas, falta de carruagens, indisponibilidade da EMEF para libertar o material em intervenção mais cedo, também por falta de recursos humanos nesta empresa.
Um destes factores, ou a acumulação de todos , e o desastre acontece. Mais um desastre decorrente dos poucos recursos materiais de uma empresa que o Estado está a condenar a uma lenta e dolorosa morte, e que não permite à CP ganhar com uma publicidade agressiva e eficaz aos seus serviços e com bons resultados.
A tragédia de uma empresa pública de transporte ferroviário de passageiros que quer vender os seus serviços, angariar clientes através das suas políticas de marketing eficaz e, que no fim, não tem meios para responder à crescente procura.
Uma tragédia portuguesa.
Fotografia de Andrew Donnely, Oriente, 15 de Junho de 2018.

O roubo de um comboio de Lisboa

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José de Lisboa

Estamos a ser roubados.
Com intensidade e duração variáveis, o património ferroviário português tem sofrido nas últimas décadas muitos atentados, saques e roubos, uns velados e outros mesmo na luz do dia, como é o caso que quero denunciar.

Está a poucas horas ou dias de desaparecer, sob a forma de sucata de luxo, a primeira automotora elétrica de corrente monofásica 25 kV em Portugal e no mundo inteiro, conhecida como “Unidade Tripla Eléctrica” número 2001, ou seja, UTE 2001. [Read more…]

O legado de Manuel Queiró na CP

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Foto Ricardinho Rodrigues
Por Miguel Castro Araújo

Foi oficializada na passada sexta-feira a substituição do Conselho de Administração da CP. Entretanto, correu pelas redes sociais uma petição, supostamente em nome dos utentes e trabalhadores, para a manutenção do eng. Manuel Queiró na presidência da empresa. Pergunta-se, quais utentes?
Os do Alentejo sem comboios ou os do Oeste que passaram a ver os seus comboios suprimidos ou substituídos, quando têm sorte, por autocarros?
Os do Douro que suportam, devido a sanitários entupidos, as cada vez mais mal cheirosas automotoras “camelas”?
Os da linha de Cascais com comboios a caírem de velhos? Quais trabalhadores?
Os da CP Carga, à força privatizados e hoje a viverem tempos de grande incerteza?
Os da CP, casa mãe, que nunca foram tão poucos e nunca tiveram tão más condições materiais de trabalho, pois são eles que têm que fazer o impossível para colmatarem as avarias e falta de comboios, atrasos constantes, as bilheteiras sem condições mínimas de conforto e de equipamento informático?
Vamos lá fazer uma análise cuidada à herança deixada por Manuel Queiró nos quatro anos que presidiu aos destinos da transportadora ferroviária. Assim de memória, é-nos difícil encontrar um presidente, e a CP tem tido uma série deles muito maus, que de uma assentada só, tenha descapitalizado tanto a empresa.
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Menos carruagens nos comboios da linha de Sintra

O número de comboios mantém-se, já que os horários não foram alterados. Mas os comboios parecem “mais curtos”, o que deverá estar relacionando com o encostar de carruagens que deviam ter feito a revisão de meia vida e não a fizeram. É um problema que este governo tem que resolver, nomeadamente pela reversão dos cortes introduzidos por Sérgio Monteiro, secretário de Estado da tutela no anterior governo.

A CP, actualmente liderada por Manuel Queiró, porém, decidiu “encostá-las” (expressão usada na gira ferroviária) porque tal implicaria um investimento de um milhão de euros para cada uma. Dois anos antes, o PET (Plano Estratégico dos Transportes) apresentado pelo então secretário de Estado da tutela, Sérgio Monteiro, reduzira a oferta de transportes públicos no âmbito do processo de ajustamento da troika, pelo que parte do material circulante deixou de ser necessário. [Público]

Fica a nota para os saudosos do anterior governo e para os entusiastas do presente executivo.

Quanto aos comboios compostos por carruagens de dois pisos, que também fazem serviço suburbano na linha de Sintra, estão sempre mais lotados do que os correspondentes compostos por carruagens de um piso. Possivelmente, terão menos capacidade. Mas, mesmo que não seja o caso, há uma enorme diferença entre os dois tipos de carruagens. Nas de dois pisos, os passageiros viajam em pé nas escadas, onde não existem suportes para se segurarem. É uma questão de tempo até alguém cair devido a uma redução de velocidade.

Avaliações por contingentes

jn_besAntónio Alves

Esta notícia prova a ignorância e estupidez generalizada dos gestores portugueses ao mais alto nível. Este sistema de avaliação e gestão dos “recursos humanos”, chamado “stack and rank”, já foi abandonado praticamente em todo o lado. Foi uma moda de gestão, maligna como muitas outras, que contribuiu para a queda e destruição de muitas empresas pela profunda desmotivação e sentimento de injustiça que induzia nos trabalhadores. A Microsoft, que o adoptou, e posteriormente abandonou, admitiu que foi um dos principais causadores da sua década perdida em que se viu ultrapassada pela Google.

Não me espanta que esteja a ser adoptado no Novo Banco. Afinal aquilo agora é dirigido por um tipo que, infelizmente, passou pela CP onde demonstrou que, apesar da verborreia, era completamente oco. Um tal de Ramalho que andava nos comboios a dizer que ia, em 10 anos, transformar a CP na maior e melhor transportadora ferroviária da Ibéria

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Fila indiana na CP

Na estação da CP de Entrecampos pede-se aos estrangeiros que saibam ler inglês para se deslocarem em fila indiana, que é o que se imagina que se pretenda com a expressão “single file”.

À falta de organização da estação e aos WC pagos, mas que às 20:00 já encerraram – como se sabe, as necessidades estão sujeitas a marcação -, soma-se esta pérola, menor, é certo, mas desnecessária. Senhores administradores da CP, quando corrigirem a gafe, aproveitem o balanço e coloquem sinalética decente na estação. E, já agora, se não for pedir muito, evitem fechar o que é suposto estar disponível para quando é preciso.

É disto que se trata quando se fala em esquemas

Pelo relatório de actividade do TdC de 2015, divulgado ontem, ficámos a saber de um esquema que estava em curso pela social-democracia-sempre.

Em Julho do ano passado, o TdC recusou o visto a 11 contratos entre a CP e a Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário (EMEF), no valor de 354 milhões de euros, por terem sido negociados num momento em que decorre a privatização da EMEF.
 
O TdC considerou que estes contratos, cuja duração chega aos dez anos, poderiam dar vantagem aos investidores privados que ficarem com a EMEF, conferindo-lhes receitas garantidas por um largo período de tempo.  [Jornal de Negócios, 08 Junho 2016]

No artigo, esqueceram-se de acrescentar que era uma privatização a ser feita em cima da campanha eleitoral. Tudo normal.

Agora é esperar sentado que a insurgência militante explique, com gráficos todos pipi, as maravilhas destes negócios encostados ao Estado. Tal como fizeram com afinco para os Estaleiros Navais de Viana do Castelo e para a TAP.

Vandalismo não é arte…

Infelizmente 3 jovens perderam a vida, o que se lamenta, mas não queiram fazer do revisor bode expiatório. Os “artistas” vandalizavam propriedade que não lhes pertencia, utilizando violência para levar por diante os seus intentos, que um zeloso funcionário terá procurado contrariar. Portugal ainda não está transformado num paraíso de grunhos que se julgam acima de regras ou Leis…

Leitura complementar aqui.

Um mapa do abandono

rede_ferroviaria_1974_2015
Daqui.

Estações de comboios no centro da cidade é regra na Europa

comboios estacoes centrais na europa

Só um país com parolos no poder, suportados por parolos que os elegem, teria a ideia de retirar do centro da cidade uma estação de comboios.

A ver: Santa Apolónia: fora de linhas.

A ler: Santa Apolónia, que Manuel Salgado quer fechar, é a terceira estação do país

Porto Boavista Casa da Música

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Como destruir o Estado em 3 Passos

PRIMEIRO: pega-se num pau-mandado (ou criminoso, é à escolha) e mete-se numa empresa pública em lume brando.

SEGUNDO: aumenta-se a temperatura até ferver, permitindo, deste modo, que o pau-mandado possa torrar todo o dinheiro disponível através de medidas desastrosas previamente delineadas pela máfia.

TERCEIRO: servir o pau-mandado em público onde este irá dizer que essa empresa pública é mal gerida pelo Estado e, como tal, deverá ser privatizada.

Há aqui uma coisita que me intriga. Qual será a parte do crime que as instituições responsáveis não entendem. Mais claro do que isto só a ponte Vasco da Gama. [Read more…]

20 de Abril de 1974

foz-do-tejoFronteira ferroviária de Barca d’Alva, Linha do Douro. © George Woods.

Comboios de Novo Parados no dia 1

linha-sintra-comboioNa terça feira não há serviços mínimos.
Como também já vem sendo hábito, nos dias 31/12, e 2/1, os comboios também não andarão.

Instruções para o ano novo: o manual do perfeito grevista

chaplin

A greve é, só por si, um abuso, tal como o protesto, no fundo. A democracia e produtos derivados, aliás, devem permanecer num recanto da consciência e não devem ser exibidos em público, a fim de evitar atentados ao pudor.

O único grevista bom é, então, um grevista despedido, de preferência antes de chegar a pensar em fazer greve, porque isso já é, no fundo, uma heresia, um ataque à infalibilidade do governo e um desrespeito pelos nossos proprietários que só nos querem bem. E se o caminho for o empobrecimento de cada um de nós, há que aceitar, porque ínvios são os caminhos dos senhores e não nos cabe a nós alcançar os segredos da dívida interna.

Se, ainda assim, alguém sentir um impulso incontrolável por protestar ou por fazer greve, que saiba manter essa tara num recanto escondido do lar, longe na rua, longe, até, do cônjuge ou dos filhos. O cidadão responsável deverá fazer greve às escondidas, como deverá ser às escondidas que se dedicará às reprováveis práticas do onanismo. Aliás, num mundo ideal, em circunstâncias extremas, deveria ser normal a mulher bater à porta da casa de banho e perguntar, indignada, ao homem solitário: “Estás outra vez a fazer greve, grande porco?”

O grevista é, por definição, um milionário que ignora possuir uma fortuna. Assim, o grevista ganha sempre mais do que aquilo que é lícito e tem sempre mais direitos do que deveria ter, pela simples razão de que há sempre alguém que ganha menos, está desempregado ou teve papeira já na maioridade.

A greve deveria ser, no máximo, um direito reservado aos sem-abrigo, na condição de que estejam tão subnutridos que não tenham força sequer para balbuciar. O facto de não terem emprego faz deles, ainda, os grevistas ideais.

Felizmente, o nosso governo tem sabido contornar as maçadorias provindas de uma Lei cada vez menos Fundamental e antevê-se um mundo privatizado em que, por exemplo, os estivadores tenham medo de fazer greve. Já não faltará muito para que Portugal seja um paraíso semelhante à Coreia do Norte, graças à firmeza dos nossos queridos líderes.

Moro No Porto

Sou um privilegiado

Quase todos os transportes públicos da Grande Lisboa vão estar paralisados no dia 25, dia de Natal, em cumprimento da greve aos feriados que se iniciou a 1 de Novembro

No Porto, só os STCP o farão.

Os ferroviários, a CP e uma greve que me chateia

Como muitos outros portugueses que pagam mas não utilizam auto-estradas, pontes tipo Vasco da Gama, e outras parcerias para privados, sou uma queixosa vítima da greve no Natal, às suas horas extraordinárias, dos ferroviários.

Fico mesmo pior que estragado com greves assim. Um deste dias apanhei na TSF um manhoso que se gabava de ter deixado a CP pronta a privatizar. Imaginam o que fez ao serviço público? está feito.

E lá irei, de camioneta, com este governo que não fechou nenhuma das tais auto-estradas inúteis, mas já encerrou uns bons quilómetros de ferrovia, e nunca mais vai de carrinho

Os comboios sobreviverão? duvido, a ordem é fechar, e onde há lucro para todos pagarmos, privatizar, prejudicando o país.

Estou mesmo furioso com esta greve. Furioso com aqueles para quem os direitos dos trabalhadores são trucidáveis. Sem passagem de nível. E também sem paciência para essa malta minúscula que se queixa da greve sem se lembrar da última vez que andou de comboio, há tanto, tanto tempo, eras tu uma criança… alguns nem antes de nascerem, coitados, que comboio é coisa de pobre.

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